171 – O registro de terras e os vizinhos de Antonio e Bento Rodrigues Gomes

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Quando o Trem de História iniciou a série sobre os Pioneiros de Leopoldina surgiram indagações sobre como foram feitas as primeiras concessões de terras a particulares em Leopoldina. Assim, a viagem de hoje começa contando como isto se deu.

O ponto de partida é ter em mente que não houve concessão de sesmarias após a Independência, em 1822. E que dali em diante, até 1850, esteve em discussão o ordenamento jurídico sobre a propriedade da terra no país. Finalmente, em 1850 foi aprovada a chamada Lei de Terras[1] e a 30 de janeiro de 1854 o governo baixou o Decreto nº 1318 que regulamentou a mencionada Lei e criou os mecanismos para sua execução.

Entre estes mecanismos estava a obrigatoriedade dos proprietários de terras particulares levá-las a registro. Este registro se fazia através de declarações de área, localização e confrontações da propriedade, informadas ao Padre que fazia, então, o Registro de Terras em livro próprio. Uma declaração baseada unicamente em medidas muitas vezes acrescidas da expressão “pouco mais ou menos” e poucas referências além da indicação de um curso d’água, cachoeira ou montanha; e confrontações tão imprecisas que às vezes o declarante “A” omitia “B” que em registro mais adiante declarava “A” como vizinho. 

No caso de Leopoldina, este procedimento de registro foi realizado entre 21 de fevereiro e 20 de abril de 1856 e o documento gerado se encontra no Arquivo Público Mineiro[2]. Trata-se de um caderno com 23 folhas utilizadas em frente e verso, nas quais foram feitos 95 lançamentos, sendo que em alguns deles há mais de uma propriedade descrita e há caso de propriedade com vários sócios, onde todos são mencionados num só registro.

Ressalte-se, ainda, que o registro era feito por Freguesia. Assim, lembrando que a Vila Leopoldina era um imenso território que abrangia outras freguesias, como Santa Rita do Meia Pataca e Bom Jesus do Rio Pardo, por exemplo, é fácil imaginar que é necessário consultar mais de um daqueles livros para abranger todos os proprietários que aqui viviam. Sem contar que diversos proprietários fizeram o registro em freguesias então vizinhas, como Santo Antônio de Pádua, o que foi o caso de residentes no então extenso distrito de Conceição da Boa Vista.

Outro fato a destacar é que após o registro da propriedade era necessário demarcá-la, atitude que nem sempre foi tomada de imediato, por razões as mais diversas.

Segundo Lígia Osório Silva[3], para iniciar o processo de medição era preciso fazer um requerimento ao Juiz Comissário, figura que não pertencia aos quadros da Magistratura. Entretanto, parece que no interior o papel era exercido pelo Juiz de Direito e Juiz Municipal, conforme se observa nos processos de Leopoldina analisados pelos autores desta série. O Juiz nomeava, com aprovação dos interessados, os profissionais que realizariam o trabalho, como o agrimensor e os “louvados” que eram as duas testemunhas de todo o processo.

Conforme ficou dito anteriormente, na época da chegada dos pioneiros os cursos d´água eram os principais marcadores para localização das propriedades. Mas é bom lembrar que nem todos cursos conservam hoje a denominação usual do início da história do lugar. No esquema adiante, por exemplo, é o caso do Córrego das Palmeiras que já se chamou João Ides e, do Córrego das Virgens, cujo primeiro nome foi Recreio, conforme consta em registros e processos de divisão das propriedades. Há, também, a hipótese de que o atual Ribeirão Jacareacanga tenha sido inicialmente denominado Córrego do Bagre, em referência à propriedade que Bento Rodrigues Gomes formou na barra do córrego deste nome.

Com base nas fontes citadas, os autores desta série montaram o esquema[4] abaixo para facilitar a localização das antigas fazendas na área que se estende a nordeste do centro urbano de Leopoldina em direção ao distrito de Ribeiro Junqueira. Nele as iniciais indicam: AV = Águas Vertentes; B = Boa Vista dos Barbosas; BL= Barra das Laranjeiras; CB = Cachoeira do Bagre; F = Fortaleza; Rc = Recreio; Rs = Residência; S = Santana dos Miranda; SC = Santa Cruz.

A fazenda Águas Vertentes, de Antonio Rodrigues Gomes, fazia divisa com as propriedades de seu irmão Bento Rodrigues Gomes e também com Antonio Carlos Teles Faião, Antonio Joaquim Teixeira, João Gualberto Ferreira Brito, José Thomaz de Aquino Cabral e Mariana Pereira Duarte.

O Trem de História pretende trazer algumas informações sobre estes confrontantes e esclarecer casos como o de Antonio Carlos da Silva Teles Faião[5] que não indicou o nome de sua propriedade. Mas isto vai ficar para a próxima viagem, porque a carga de hoje está completa. Até lá.

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA

Publicado na edição 423 no jornal Leopoldinense, agosto de 2021


Fontes consultadas: 
[1] Lei nº 601 de 18 de setembro de 1850 
[2] Registro de Terras de Leopoldina, Arquivo Público Mineiro, Seção Colonial, TP 114, nº 11 
[3] SILVA, Lígia Osorio. Terras devolutas e latifúndio: efeitos da Lei de 1850. Campinas, SP: Editora da Unicampo, 1996. p.168 
[4] Decalque de recorte da Carta do Brasil 1:50 000 - 1977 - Folhas SF-23-X-D-II-4 Cataguases e SF-23-X-D-V-2 Leopoldina - Instituto de Geociências Aplicadas de Minas Gerais - Diretoria de Geodésia e Cartografia 
[5] Registro de Terras de Leopoldina, Arquivo Público Mineiro, Seção Colonial, TP 114, nº 8.

166 – O surgimento do Arraial do Feijão Cru: revisão de literatura

Nesta edição comemorativa do aniversário da cidade, mais uma vez, à moda da Coluna Trem de História o espaço é ocupado com um tema vinculado à história do lugar. Agora, numa viagem que pretende conduzir o leitor ao surgimento do distrito, procurando fazer a revisão de algumas informações repetidas e que merecem ser pensadas a partir de novos documentos encontrados.

O Padre e a Capela

De início é bom que se repita que a mais antiga informação sobre o surgimento do distrito do Feijão Cru foi obtida na obra de Sinval Santiago[1], base para a investigação sobre a existência da capela de São Sebastião do Feijão Cru em 1831 como querem alguns. E é bom que se diga, também, que houve alguma dificuldade em estabelecer os limites do território onde nasceu o arraial e que não foi encontrada, até o momento, a provisão para erigir a capela. Sobre isso, aliás, existe a declaração de um memorialista de São João Nepomuceno de que várias capelas da região teriam sido erigidas por ocasião de invasão do território mineiro por parte de um padre de Santo Antônio de Pádua, sob ordens do bispo do Rio de Janeiro.

Mas como falar em “invasão do território mineiro” quando, na verdade, o limite da província mineira ainda não estava bem definido naquela área, conforme estudo[2] sobre as divisas entre Rio de Janeiro e Minas Gerais. Além disso, segundo o processo[3] de concessão de título ao padre Vicente Ferreira Monteiro de Castro, desde a década de 1820 o religioso atuava na região sob orientação do então Bispo do Rio de Janeiro. E é sabido que a paróquia de São Sebastião do Feijão Cru, assim como outras da margem direita do Pomba em seu trecho final, só foi transferida para o bispado de Mariana muito tempo depois, pelo decreto pontifício[4] de 16.07.1897.

O vale do Pomba e o Distrito da Pomba

Para Sinval Santiago[5], “todo o vale do Rio Pomba até sua foz no Paraíba, inclusive Santo Antônio de Pádua (hoje município fluminense) pertencia naquele tempo ao município do Pomba”.

Tal afirmativa provoca reflexão visto que, segundo Pizarro[6], em 1812 foram criados os curatos da Aldeia da Pedra (hoje Itaocara) e de Santo Antônio de Pádua, ambos subordinados à Matriz de Santíssimo Sacramento de Cantagalo.

Neste caso talvez a interpretação de Santiago tenha origem na menção de Pizarro ao “distrito da Pomba”, nome que então se dava ao entorno da foz do rio Pomba no Paraíba do Sul. Até porque o próprio Pizarro[7] não deixou dúvidas ao se referir aos dois curatos como São José da Leonissa e Santo Antonio no Rio da Pomba, ambos no distrito de Campos dos Goitacazes.

A criação dos Distritos

Santiago informa que entre 1830 e 1834 “a criação dos distritos era feita por meio de resoluções das Câmaras Municipais em observância ao Decreto Imperial de 11-IX-1830”[8]. Acrescenta que os distritos “Tesouro do Feijão Cru e Santíssima Trindade do Descoberto” foram criados[9] pela Câmara de Rio Pomba com base em tal normativo.

Na verdade, o referido Decreto era de setembro e não de novembro de 1830, como se observa na Coleção das Leis do Império do Brazil[10], e “Manda eleger Juizes de Paz em todas as capelas filiaes curadas, e providencia quanto aos limites de seus districtos”.

No artigo 3º o Decreto estabelece que “Os districtos das capelas, para que devem nomear-se, e de todas as outras, em que já existem nomeados Juizes de Paz, serão marcados pelas Camaras Municipaes, em cujo termo estiverem as mesmas capelas, com tanto que cada uma delas não compreenda menos de setenta e cinco fogos.”

Ainda é de Sinval Santiago[11] a informação de que “uma carta de lei provincial mineira, de 12.08.1834 mudou a legislação sobre a criação de distritos, que passou daí por diante a ser da alçada do Presidente da Província”.

No entanto, o dispositivo que trata do assunto é a Lei nº 16, de 12.08.1834 promulgada pela Regência do Império e não pela Assembleia Provincial Mineira e ela “Faz algumas alterações e adições à Constituição Política do Império, nos termos da Lei de 12 de outubro de 1832” que diz, no Art. 10: Compete às mesmas Assembleias legislar: 1º) Sobre a divisão civil, judiciária e eclesiástica da respectiva Província…

A freguesia do Pomba e o Feijão Cru

É também de Santiago a informação sobre a constituição da Freguesia de São Manoel do Pomba, citando os nomes das capelas filiais existentes em 1829, sem incluir a suposta Capela de São Sebastião do Feijão Cru.

De fato, o decreto de criação da Vila do Pomba[12] de 13.10.1831 não cita São Sebastião do Feijão Cru nem São José do Paraíba. Sabe-se que o distrito de São José do Paraíba só foi criado[13] pelo decreto de 14.07.1832.

Registre-se que o artigo 3º do Decreto Imperial de 11.09.1830 declarava que a criação de novos distritos estava sujeita à comprovação de que ali existiam, no mínimo, setenta e cinco fogos, ou seja, 75 unidades formadas por moradias uni ou multifamiliares.

Talvez por esta razão, em 25.08.1831 foi enviado um ofício para o Curato de São José do Paraíba, que entre outras providências solicitava o envio da relação de habitantes do Curato. Este ofício teve resposta a 01.11.1831, sendo acompanhada pela Relação dos Habitantes do Curato de S. Joze da Parahiba, Termo da Nobre e muito Lial Villa de Barbacena[14]. Tal relação teria subsidiado a decisão de criar o Distrito de São José do Paraíba em 1832.

Importante destacar que no dia 19.11.1831 o Juiz de Paz do Curato do Meia Pataca assinou documento de igual teor que seguiu acompanhado da relação de moradores daquela localidade. O Juiz de Paz de São João Nepomuceno fez o mesmo no dia 22 daquele mês e ano e encaminhou anexo à lista dos moradores do Curato de Mercês do Kagado. Os moradores do Curato do Espírito Santo[15], cuja sede atual é o município de Guarará, seguiram a mesma trilha com documento datado de 10.12.1831.

Curiosamente, quando compulsadas as listagens mencionadas, observa-se que alguns moradores listados no Meia Pataca aparecem, posteriormente, em fontes relativas ao Feijão Cru. Parte deles residente no território que em 1851 compôs o então criado Distrito da Piedade[16]. Entre os moradores do Curato do Espírito Santo, algumas famílias viviam na área que em 1839 passou a constituir o Distrito de Bom Jesus do Rio Pardo[17], atual município de Argirita; ou, que em 1852 se tornou o Distrito de S. A. Aventureiro[18]. Tanto na listagem de São João Nepomuceno como na da futura Guarará constaram moradores que residiam no território que em 1858 passou a ser o Distrito de Dores do Monte Alegre[19], hoje Taruaçu. E na relação de São José do Paraíba constam 142 fogos, entre os quais 62 chefiados por moradores do território que mais tarde viria a se tornar o Novo Corato de S. Sebastiam do Tezouro do Municipio da Pomba, conforme identificado por Manoel Ferreira Brito que nele atuava como Juiz de Paz em 1835.

Diante de todos estes documentos parece difícil aceitar o ano de 1831 como sendo o da criação do distrito do Feijão Cru.

O curato do Tesouro do Feijão Cru e o distrito de São Sebastião do Feijão Cru

Recorde-se que a exigência do número mínimo de 75 fogos ainda permanecia quando o já então Curato do Tesouro do Feijão Cru, devidamente provido de um Juiz de Paz, teria recebido o ofício de 08.05.1838 cobrando resposta a uma correspondência aparentemente do ano de 1835. Tal ofício foi respondido em setembro de 1838 e encaminhado capeando a Relação Nominal dos Habitantes no Destricto de S. Sebastião do Feijão Crú, Termo da Villa da Pomba[20] com a seguinte descrição:

“Pertence este Destricto assima mencionado, ao Termo da Villa da Pomba, Commarca do Rio Parahibuna, hé Curato, e os seos limites com os Destrictos vezinhos são os seguintes = Devide com o Destricto da Aldeia da Pedra, que fica a Norte, em a Barra do Riacho denominado Pirapetinga, que dista deste Arraial dez legoas, a Sul devide com o destricto do Espirito Santo em distancia de seis legoas, e com o Destricto de S. José da Parahiba na distancia de quatro leguas, e de tres com o Destricto de Sta. Rita do Meia Pataca, contada estas do lugar da Povoação do mesmo.”

Verifica-se, pois, que entre julho de 1832 quando foi criado o distrito e paróquia de São José do Paraíba e setembro de 1835 quando Manoel Ferreira Brito assinou como Juiz de Paz, foi criado o Curato do Tesouro do Feijão Cru. E entre esta última data e a resposta ao ofício de maio de 1838, o Curato havia sido elevado a distrito e paróquia, como se observa a seguir:

“Incluzo envio a V. Ex.ª a relação nominal dos habitantes deste Destricto, que V. Ex.ª em Officio de 8 de Maio pp. Determinou que se organizasse e envia-se, por Ter assim rezolvido a Assemblea Legislativa Provincial. Rogo a V. Ex.ª relevar algumas faltas, que encontram na mencionada relação. / Deos guarde a v. Ex.ª / Districto de S. Sebastião do Feijão Crú em 7 de setembro de 1838 / Ilmo. E Exmo. Snr. Prezidente da Provincia. / João Ferreira da Silva.

Vale registrar que a declaração de João Ferreira da Silva está no Arquivo Público Mineiro capeando a Relação Nominal com assinatura de Manoel Ferreira Brito em 1835.

Concluindo, então, a viagem de hoje, resta reafirmar que, pelos documentos hoje disponíveis, não resta dúvida de que o Distrito de São Sebastião do Feijão Cru foi criado entre setembro de 1835 e maio de 1838.

Parabéns Leopoldina, pelos 167 anos da sua emancipação administrativa!

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA

Publicado na edição 419 no jornal Leopoldinense, abril de 2021

Fontes consultadas:


[1] SANTIAGO, Sinval Batista. Município de Rio Pomba - Síntese Histórica. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1991.
[2] CANTONI, Nilza. Disputas de Limites entre Rio e Minas. Mono. Petrópolis-RJ: 1996. Disponível em <https://cantoni.pro.br/2005/05/27/disputas-de-limites-entre-rio-e-minas/>
[3] Arquivo Nacional, COACE/COADI cx 939 pact 131: Processo de Concessão do título de Cônego da Capela Imperial ao Padre Vicente.
[4] TRINDADE, Cônego Raimundo. Instituições de Igrejas no Bispado de Mariana. Rio de Janeiro: SPHAN, 1945 p.132.
[5] Idem, p. 90
[6] ARAÚJO, Joze de Souza Azevedo Pizarro e. Memorias Históricas do Rio de Janeiro e das Províncias anexas a jurisdição do vice-rei do estado do Brasil. Rio de Janeiro: Impressão Regia, 1820 vol 5 p. 230
[7] Idem, vol. 7 p.212
[8] SANTIAGO, op.cit. p.85
[9] Idem, p.86
[10] Colecção das Leis do Imperio do Brazil 1830. Rio de Janeiro: Typograhia Nacional, 1876. Parte 1 p.29
[11] SANTIAGO, op.cit. p.86
[12] Coleção das Leis do Imperio do Brazil 1831. Rio de Janeiro: Typograhia Nacional, 1875. Parte 1 p.134
[13] Idem, p.31
[14] Arquivo Público Mineiro: CX 07 DOC 07, Termo de Barbacena, Comarca do Rio das Mortes, Mapa da População do Curato de São José do Paraíba - 1831.
[15] Arquivo Público Mineiro: CX 07 DOC 03, Termo de Barbacena, Comarca do Rio das Mortes, Mapa da População do Curato do Espírito Santo - 1831
[16] Lei Mineira nº 533 de 10 de outubro de 1851
[17] Lei Mineira nº 147 de 6 de abril de 1839
[18] Lei Mineira nº 575 de 4 de maio de 1852
[19] Lei Mineira nº 947 de 8 de junho de 1858
[20] Arquivo Público Mineiro CX 03 DOC 06, Termo da Vila da Pomba. Mapa da População do Feijão Cru - 1835.

Senhor Bom Jesus do Rio Pardo: 182 anos

Para marcar o aniversário do Curato, recordamos alguns de nossos escritos sobre Argirita.

6 de abril de 1839: criação do distrito de Rio Pardo

A Lei Mineira número 147, em seu artigo 1º, determinou a elevação a Distrito de Paz de vários curatos, entre eles o de Senhor Bom Jesus do Rio Pardo. 

Atualizado em 06/04/2015

Acidentes Geográficos e Antigas Fazendas de Argirita

Localizar as antigas propriedades de uma região é tarefa um tanto espinhosa. 

Publicado em 20/09/2002

Argirita

Cartografia: O Senhor Bom Jesus do Rio Pardo, distrito de Leopoldina, é hoje o município de Argirita.

Publicado em 23/05/2012

Autoridades do distrito do Rio Pardo

Antes da organização do distrito, o povoado tinha sua representação no…

Publicado em 08/01/2003

Contagem Populacional: recenseamentos realizados em Leopoldina

O recenseamento realizado no Brasil em 1872, por ordem de Dom Pedro II, encontrou…

Publicado em 12/07/2004

Da Toscana e da Sardegna

… parte delas se radicou no território de um distrito que hoje é o município de Argirita

Publicado em 20/06/2009

De Minas para o Espírito Santo

…motivo que trouxe os Alves Araújo, Ribeiro Soares e demais parentes para os sertões do rio Pardo

Publicado em 21/03/2003

Distrito de Bom Jesus do Rio Pardo

Neste documento observa-se que o território do novo distrito compreenderia a Aplicação das Dores que mais tarde foi elevada a distrito do município de Leopoldina

Atualizado em 06/04/2014

Escolas em Argirita

Há 132 anos o jornal O Leopoldinense publicava anúncio de um internato para meninas no então distrito de Rio Pardo

Publicado em 28/08/2013

Indígenas em Leopoldina

…nem sempre o que foi publicado sobre o assunto condiz com o registrado em fontes documentais.

Publicado em 19/04/1997

Indígenas no Rio Pardo

A identificação das tribos que habitavam a zona da mata mineira antes da chegada do homem livre só pode ser feita através de documentos remanescentes da Junta Militar da Conquista e Civilização dos Índios.

Publicado em 27/05/1996

Moradores de Taruaçu e Argirita

Lista Geral dos Votantes de São João Nepomuceno e Livro das Atas de Eleições de Bom Jesus do Rio Pardo..

Atualizado em 01/02/2021

Patrimônio de Bom Jesus do Rio Pardo

Vídeo: Quem doou terras para constituir o Patrimônio do padroeiro do atual município de Argirita?

Publicado em 08/01/2021

Pioneiros Esquecidos

Ter a primazia em alguma circunstância valorizada pela sociedade é prêmio almejado por muitos caçadores da fama.

Publicado em 12/08/1994

Posse de autoridades de Bom Jesus do Rio Pardo

Autoridades empossadas pela Câmara Municipal de Leopoldina em Rio Pardo, atual Argirita.

Publicado em 05/03/2002

Professorado antigo em Leopoldina

…definida a localização da Escola no distrito de Rio Pardo, atual município de Leopoldina.

Publicado em 18/03/2013

Raízes no Rio Pardo

Mauro de Almeida Pereira, autor de “Os Almeidas, os Britos e os Netos em Leopoldina”, foi quem direcionou meus passos para Argirita.

Publicado em 13/07/2001

Recontos de um Recanto – 4: Argirita

Vamos, hoje, às terras da atual cidade de Argirita, o antigo arraial do Bom Jesus do Rio Pardo.

Publicado em 09/07/2002

Moradores de Taruaçu e Argirita.

Instrumento de pesquisa composto a partir da Lista Geral dos Votantes de São João Nepomuceno e do Livro das Atas de Eleições de Bom Jesus do Rio Pardo. O ano de nascimento dos moradores foi estimado pela idade informada no alistamento eleitoral. Abrange o período de 1851 a 1867, sendo que a partir de 1854 as duas localidades eram subordinadas administrativamente à Vila Leopoldina.

152 – As diligências de São Martinho

Quando o militar Pedro Afonso Galvão de São Martinho atendeu à ordem do Governador da Capitania para assumir como chefe a diligência de 1784, é certo que ele estruturou a empreitada valendo-se do conhecimento de outros militares que lhe antecederam na região. Como, por exemplo, Manoel Rodrigues da Costa, um dos primeiros a serem convocados por Cunha Menezes, que já conhecia uma boa parte dos então temíveis Sertões do Leste. Como, também, Tiradentes, que há muito se achava na ocupação de ronda do mato. E, certamente, com a experiência de muitos outros membros da sua diligência.

Pelas cartas trocadas entre os militares e o governador, é possível verificar que no dia 12 de maio de 1784, o grupo estava em São Manoel do Pomba, povoado que se iniciou oficialmente com a missa celebrada pelo Padre Manoel de Jesus Maria em dezembro de 1767. E num tempo relativamente curto, no dia 22 do mesmo mês, conforme registrou em carta Galvão de São Martinho, a diligência já estava nas margens do Rio Paraíba do Sul.

Segundo Falabella[1], nesta primeira entrada o grupo chefiado por São Martinho, após deixar para trás o povoado de São Manoel do Pomba, “marchou para Roça Grande, atravessando o rio Pardo, Serra Feia, Terra Corrida, despontando à margem do Paraíba”.

Registre-se que a mais antiga referência ao topônimo Terra Corrida é do período das diligências ordenadas por Cunha Menezes. O Porto do Cunha, nomeado em homenagem a este governador da Capitania, foi criado entre 22 de maio e 5 de junho de 1784 como se depreende das cartas de Galvão de São Martinho para Cunha Menezes. Já os topônimos Roça Grande e Serra Feia só aparecem a partir das Cartas de Sesmarias concedidas na década de 1810.

Oficialmente as duas diligências, de 1784 e 1786, tinham como objetivo estancar o desvio do ouro pelas então ‘zonas proibidas’, denominação que remete ao fato de que não era permitido ao homem livre se estabelecer nesta região da zona da mata. Embora se saiba, conforme afirma Clélio Erthal [2], que

“depois que São Martinho abriu o caminho da Mata nos sertões de leste, o tráfico ilegal por ali se intensificou bastante, dele participando ostensivamente até militares e civis ligados ao governo de Minas. O cabo José de Deus Lopes e o anspeçada Bernardo dos Reis, das Guardas do Cunha e do Louriçal, por exemplo, mantiveram com os invasores estreitas relações”

Mas é certo que antes da segunda diligência, Cunha Menezes escreveu uma carta na qual procurou divulgar a informação de que permitiria o estabelecimento de quarenta pessoas e duzentos escravos na região trilhada pela tropa, que se estendia desde a cidade de Rio Pomba até o Porto do Cunha.

Paisagem do Porto Velho do Cunha

Se dúvidas existem ainda hoje quanto a serem ou não oficiais essas ocupações, o fato é que na última década do século XVIII foram concedidas algumas sesmarias no início do percurso da diligência e, em 1810, tais concessões já chegavam às margens do Rio Novo. E é certo, também, que alguns dos beneficiários eram parentes dos membros da tropa comandada por Galvão de São Martinho. Entre eles, dois sobrinhos de Tiradentes e suas respectivas esposas, beneficiados com quatro sesmarias em 1813. Duas delas em território que mais tarde marcaria a divisa do Curato do Feijão Cru com o distrito de Bom Jesus do Rio Pardo (atual Argirita).

As diligências de 1784 e 1786 contribuíram para a fixação de pontos de passagem que mais tarde serviriam para indicar a localização de terras requeridas em sesmaria. Interessante observar que, através de informações de viajantes estrangeiros que estiveram no Brasil no início do século XIX, especialmente de Eschwege[3] e Langsdorf[4], foi possível identificar e/ou confirmar alguns pontos do trajeto destas diligências. Porque estes viajantes que estiveram nas Minas colheram informações e passaram pelos mesmos trechos que os militares haviam fiscalizado.

O assunto não esgotou, mas o Trem de História precisa fazer uma parada. Fica a promessa de que na próxima viagem falará sobre os caminhos do homem livre na Mata Mineira. Até lá.

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA

Publicado na edição 405 no jornal Leopoldinense de 30 de maio de 2020

Fontes consultadas:

[1] Castro, Celso Falabella de Figueiredo. Os sertões do leste: achegas para a história da Zona da Mata. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1987.

[2] ERTHAL, Clélio. Cantagalo: da miragem do ouro ao esplendor do café. Niterói; do autor, 2008, p.46.

[3]ESCHWEGE, Wilhelm Ludwig von. Jornal do Brasil. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 2012

[4] SILVA, Danuzio Gil Bernardino da (org). Os Diários de Langsdorff - 3 volumes. Rio de Janeiro: Fiocruz. 2012

Distrito de Bom Jesus do Rio Pardo

Há 175 anos o Curato de Bom Jesus do Rio Pardo era elevado a Distrito de Paz pela Lei Mineira número 147 do dia 6 de abril de 1839. Neste documento observa-se que o território do novo distrito compreenderia a Aplicação das Dores que mais tarde foi elevada a distrito do município de Leopoldina com o nome de Taruaçu. Lembrando que entre 1854 e 1962 o Distrito de Rio Pardo, atual município de Argirita, pertenceu a Leopoldina.

Efemérides Leopoldinenses: Agosto

Memorial Diário da História de Leopoldina, com acontecimentos do mês de agosto.

1 de agosto

1882

O Relatório da Presidência da Província informa que, no ano de 1881, foram contratados 9 (nove) imigrantes europeus para trabalhar na fazenda do Socorro, município de Leopoldina. [1]


2 de agosto

1866

Joaquim Martins Ferreira Júnior, irmão de Félix Martins Ferreira que dá nome à praça principal de Leopoldina, é nomeado Inspetor Paroquial da Freguesia de Madre de Deus do Angu, então subordinada à Vila Leopoldina. [2]

1882

No alistamento eleitoral de 1881, Leopoldina aparecia com 734 eleitores. O Decreto nr 3122, de 7 de outubro de 1882, alterou alguns dispositivos da Lei nr 3029 de 9 de janeiro de 1881, principalmente no que diz respeito a renda e idade dos candidatos a eleitores. A idade mínima passou de 25 para 21 anos. Foi uma revisão e o número de eleitores em Leopoldina passou a ser de 754.

Libertação de Escravos

No ano de 1882 foram libertados 24 escravos em Leopoldina, por conta da 3ª cota do Fundo de Emancipação distribuída por 70 municípios mineiros.  O município foi também contemplado na 4ª cota, distribuída em 1882. [3]


8 de agosto

1882

Professor Firmino Machado de Moraes é nomeado para a Escola de Conceição da Boa Vista. [4]


9 de agosto

1883

Entre as decisões da Sessão Ordinária da Assembleia Legislativa Provincial consta a alteração das divisas entre os distritos de Tebas e Rio Pardo (hoje Argirita), com transferência de diversas fazendas para Tebas. [5]


12 de agosto

1882

Moradores de Angustura encaminham Petição à Assembleia Legislativa Provincial para que a Freguesia seja desmembrada de Leopoldina e anexada a São José do Paraíba. [6]


14 de agosto

1895

Mais uma Escola Pública Feminina é inaugurada em Leopoldina.


16 de agosto

1889

– Elevação do Curato da Piedade a Freguesia, no município de Leopoldina.

Lei Mineira nº 3798, Coleção de Leis Mineiras do Arquivo Público Mineiro

– Aprovação de artigos aditivos às Posturas da Câmara Municipal de Leopoldina e a Tabela de Impostos estabelecida pela mesma Câmara.

Resolução 3809, 3813 e 3828


19 de agosto

1866

José Batista Duarte Castro é ferido em batalha da Guerra do Paraguai.

Notícia da Guerra do Paraguai


22 de agosto

1882

Professor Angelo de Souza Nogueira é nomeado para a 2ª cadeira de Leopoldina. [7]


28 de agosto

1881

Escolas no distrito leopoldinense de Bom Jesus do Rio Pardo, hoje município de Argirita.


29 de agosto

1864

O Curato de Santana do Pirapetinga, pertencente à Vila Leopoldina é desmembrado de Conceição da Boa Vista e elevado a Distrito.

Lei Mineira nº 1240, Coleção de Leis Mineiras do Arquivo Público Mineiro


Referências:

[1] Fala de Theophilo Ottoni, 1 de agosto de 1882, pag. 66

[2] Portaria da vice-presidência da Província de Minas Gerais, 16 de agosto de 1866, publicada no Diário de Minas, 28 de agosto de 1866, edição 65, pag.1

[3] Relatório de Antonio Gonçalves Chaves para a Assembleia Provincial de Minas em 2 de agosto de 1883, páginas 64 e 66.

[4] Relatório de Antonio Gonçalves Chaves para a Assembleia Provincial de Minas em 2 de agosto de 1883, pag. AD15.

[5] Jornal Liberal Mineiro de 23 de agosto de 1883, edição 88, página 1

[6] Jornal Liberal Mineiro, 4 de setembro de 1882, edição 100, pag. 4

[7] Relatório de Antonio Gonçalves Chaves para a Assembleia Provincial de Minas em 2 de agosto de 1883, pag. AD15

Efemérides Leopoldinenses: Outubro

O mês de outubro na história de Leopoldina.

1 de outubro

1874

Resultado do Recenseamento de 1872.

5 de outubro

1893

Publicados os Estatutos da Sociedade Anônima Arcádia Leopoldinense, destinada à instrução da mocidade.

8 de outubro

1873

A Assembleia Legislativa Provincial de Minas decreta que o Curato do Rio Pardo torna-se Freguesia. A Lei Mineira n. 2027, de 1 de dezembro do mesmo ano, em seu artigo 3º confirma a decisão.

Lei Mineira nº 2027, Coleção de Leis Mineiras do Arquivo Público Mineiro.

Na mesma data a Assembleia autoriza a presidência da província a contribuir com a construção de uma estrada de rodagem entre a estação ferroviária de Santa Izabel (hoje Abaíba) e Dores do Pomba (hoje Itapiruçu).

1874

Inauguração das primeiras estações da Estrada de Ferro Leopoldina: Porto Novo (Além Paraíba), Pântano (depois Antônio Carlos, atual Fernando Lobo) e Volta Grande. A estação de São José, localizada entre a Porto Novo e a Pântano, só foi construída mais tarde, com o objetivo de desafogar a estação Porto Novo que era o ponto de ligação da Estrada de Ferro Pedro II com a Leopoldina.

Fonte: Jornal do Commercio, 10 de outubro de 1874, edição 281, pag. 3

9 de outubro

1831

Encaminhada para o governo provincial a primeira contagem populacional com moradores do Feijão Cru.

1895

José Feijó Monteiro de Rezende vende prédio do Bairro da Grama para a Casa de Caridade.

10 de outubro

1851

Criação de novos distritos que em 1854 viriam a compor o território da Vila Leopoldina.

1871

Companhia Estrada de Ferro Leopoldina, obtém concessão para a construção de uma linha de bitola de um metro, ligando Porto Novo do Cunha a Leopoldina. Posteriormente houve mudança na concessão e a Estrada de Ferro Leopoldina passou a ligar Porto Novo ao Meia Pataca, com o ramal Vista Alegre dando acesso à sede do município de Leopoldina.

Lei Mineira nº 1826, Coleção de Leis Mineiras, Arquivo Público Mineiro

1895

Primeira Sede do Colégio Imaculada Conceição.

12 de outubro

1894

Morre o Padre Muniz, sacerdote que dedicou seus últimos anos de vida aos paroquianos da Piedade, hoje Piacatuba.

13 de outubro

1817

Concedida a Fernando Affonso Correia de Lacerda, uma sesmaria com limite no Córrego do Feijão Cru, Distrito de Santo Antônio do Porto do Ubá, Termo de Barbacena.

14 de outubro

1817

Concedida a Jeronimo Pinheiro de Lacerda, uma sesmaria também com limite no Córrego do Feijão Cru, Distrito de Santo Antônio do Porto de Ubá, Termo de Barbacena.

16 de outubro

1861

Leopoldina é elevada a Categoria de Cidade pela Lei Mineira nº 1166.

17 de outubro

1895

Acervo da Câmara Municipal de Leopoldina: patrimônio cultural desaparecido.

18 de outubro

1883

Criação do distrito do Tapirussu que havia sido criado como distrito policial um ano antes.

1883

Criadas duas cadeiras de instrução primária em Thebas, sendo uma para o sexo feminino e outra para o masculino

Lei Mineira nº 3127, Coleção de Leis Mineiras do Arquivo Público Mineiro

19 de outubro

1866

A Secretaria da Presidência de Minas Gerais oficiou ao Ministério da Guerra, pedindo informações sobre a morte, na Guerra do Paraguai, do voluntário Candido Silva Brandão que ocupava o ofício de 2º tabelião em Leopoldina.

Diário de Minas, 9 de janeiro de 1867, edição 160, pag 1

20 de outubro

1882

Criada outra escola de instrução primária para o sexo masculino

Lei Mineira nº 2902, Coleção de Leis Mineiras do Arquivo Público Mineiro

23 de outubro

1882

Cedido território do então distrito da Piedade, hoje Piacatuba, para ampliar o território de Cataguases.

Lei Mineira nº 3049, Coleção de Leis Mineiras do Arquivo Público Mineiro

25 de outubro

1881

O então “districto dos Thebas, município de Leopoldina”, é elevado à categoria de Freguesia.

Lei Mineira nº 2848, Coleção de Leis Mineiras do Arquivo Público Mineiro

28 de outubro

1878

O empresário Custódio José Martins da Costa Cruz obtém concessão de privilégio para construção, uso e gozo de uma estrada de ferro entre Recreio e São Francisco do Glória.

Lei Mineira nº 2452, Coleção de Leis Mineiras do Arquivo Público Mineiro

29 de outubro

1874

Fuga de criminosos na Cadeia de Leopoldina, envolvendo o assassino de João José de Souza Lima, crime ocorrido em maio de 1874 na Freguesia do Espírito Santo do Empoçado, atual Cataguarino, distrito de Cataguases.

Autoridades do distrito do Rio Pardo

Capítulo da História de Argirita publicado em 2003.

Antes da organização do distrito, o povoado tinha sua representação no padre que dava assistência aos moradores e no Juiz de Paz, eleito em assembléia da unidade administrativa a que pertencesse o território.

Dos padres trataremos em outro capítulo. Para identificar os primeiros Juizes de Paz seria necessário encontrar o livro do cartório notarial de Rio Pomba, sede administrativa da época. Infelizmente, segundo informações que nos foram passadas pela Prefeitura de Rio Pomba, um incêndio destruiu o acervo relativo ao período que nos interessa.

O primeiro livro cartorial do Distrito do Espírito Santo abrange os anos de 1839 a 1845. Encontra-se no Arquivo da Prefeitura Municipal de Mar de Espanha, muito danificado, com pouquíssimas páginas em condições de serem lidas. Outra fonte, o primeiro livro cartorial do Distrito do Rio Pardo, iniciado a 19.02.1841, pertencente ao acervo do Arquivo da Prefeitura de Leopoldina, em fase de restauração. Em nenhum dos dois livros foram registradas informações sobre os Juizes de Paz em exercício até 1851.

Entre abril de 1841 e julho de 1851, estando o Rio Pardo subordinado a São João Nepomuceno, no Arquivo da Prefeitura Municipal daquela cidade deveriam ser encontradas as Atas de Assembléias Eleitorais. Surpreendentemente porém, nada foi localizado até o momento que dissesse respeito a eleições deste distrito. Desta forma, a informação mais antiga que conseguimos apurar, através de documento encontrado no Arquivo Público Mineiro, é a que trata da Qualificação de Eleitores do Rio Pardo em fevereiro de 1851. Pela ata ficamos sabendo que o Juiz de Paz era Antônio Bernardes de Carvalho e que os eleitores escolheram para a formação da mesa os senhores João Evangelista Coimbra, Custódio Dias Moreira e Antônio Júlio da Paixão.

Morador do 3º quarteirão, Antônio Bernardes de Carvalho nasceu por volta de 1800, era lavrador, e em 1853 estava casado com Maria Bárbara Nunes, mãe de Felisberto Rodrigues Pereira Brandão. De um relacionamento anterior com Ana Maria da Assunção, Antônio Bernardes tivera os filhos Carlos José Jacinto de Carvalho, Antônio Alves de Oliveira Carvalho e Maria Antônia de Jesus, esposa de Felisberto Rodrigues Pereira Brandão.

João Evangelista Coimbra era solteiro em 1851, carpinteiro de profissão, nascido por volta de 1818, residente no 4º quarteirão de Rio Pardo. Segundo escritura de compra e venda de bens de raiz encontrada no Livro 3 do Cartório de Notas de Argirita 1862-1867, era filho de Joaquim Manoel de Coimbra e Teodora Messias Candida de Assis, provavelmente os primeiros moradores do território onde mais tarde foi criado o distrito de Tebas. Segundo algumas fontes documentais, o pai de João Evangelista seria o Manoel Joaquim de Tebas que deu origem ao nome do distrito. .

Custódio Dias Moreira nasceu em 1798, era lavrador, residente no 6º quarteirão, casado. Assim como a família Coimbra, os Dias Moreira foram numerosos na região.

Antônio Júlio da Paixão foi negociante, nasceu por volta de 1815 e em 1851 residia no 1º quarteirão, casado. É um dos nomes mais freqüentes entre os chamados “homens bons” que dominaram a política do Rio Pardo segundo nos mostram os documentos.

É sugestivo observar que os três mais votados para compor a mesa eram residentes em quarteirões diferentes. Considerando que João Evangelista Coimbra obteve 56 votos e o seu quarteirão contava com 28 eleitores, que Custódio Dias Moreira teve o mesmo número de votos e residia num quarteirão com 31 eleitores, e que Antônio Júlio da Paixão ficou com 40 votos sendo de um quarteirão com 14 eleitores, julgamos válido supor que os três tinham influência política também fora dos limites de sua própria jurisdição. Lembremo-nos que a expressão “curral eleitoral”, de sentido tão pejorativo hoje em dia, teve origem na liderança exercida por moradores sobre seus vizinhos de quarteirão.

Já em 1853, segundo nos informa Celso Falabella, Inácio Nunes de Moraes foi um dos eleitos para o cargo de Juiz de Paz do Rio Pardo. No período que vai de julho de 1851 a abril de 1854, o distrito esteve subordinado a Mar de Espanha e as Atas Eleitorais deveriam estar nos livros daquele município. A exemplo do ocorrido em São João Nepomuceno, também ali não logramos êxito nas buscas. Sabe-se que naquela época eram 2 os eleitos para o cargo. No mesmo período em que Celso Falabella cita Inácio Nunes de Moraes, sabemos que Antônio Júlio da Paixão exercia o mesmo cargo. Desconhecemos o número de votos de cada um e, conseqüentemente, qual deles era o 1º e o 2º.

É a partir de 1854 que se torna mais fácil acompanhar a história do Rio Pardo porque, subordinado a Leopoldina, teve a maioria de seus registros preservados pelo Arquivo da Prefeitura daquela cidade. Ainda assim encontraremos um intervalo sem documentos, já que em 1868 a cidade de Mar de Espanha requisitou e conseguiu administrar Rio Pardo por algum tempo.

Resumindo o que pudemos apurar temos então os seguintes detentores do cargo de Juiz de Paz do Distrito de Bom Jesus do Rio Pardo, de acordo com o ano em que foram empossados:

1851

  • Antônio Bernardes de Carvalho

1853

  • Antônio Júlio da Paixão
  • Inácio Nunes de Moraes

1857

  • 1º Gonçalo de Souza Lima
  • 2º Cândido José de Barros
  • 3º Inácio Nunes de Moraes
  • Antônio Júlio da Paixão toma posse em substituição a Gonçalo de Souza Lima

1859

  • José Vieira da Silva, eleito por Dores do Monte Alegre
  • Manoel Dornelas da Costa, eleito por Dores do Monte Alegre

1860

  • José Furtado de Mendonça, eleito por Dores do Monte Alegre

1861

  • Firmino Antônio de Lima

1862

  • 1º Antônio Júlio da Paixão
  • 2º Francisco Antônio da Cunha
  •  3º Cândido José de Barros
  • 4º Joaquim José Coimbra
  • José Joaquim Barbosa, especial de Dores do Monte Alegre.

1863

  • 1º Albino Silvino de Lima e Melo
  • 4º Joaquim Soares Ferreira, eleito por Dores do Monte Alegre

1865

  • 1º Emygdio José de Barros
  • 2º Francisco Antônio da Cunha
  • 3º Antônio Bernardes de Carvalho, eleito por Dores do Monte Alegre.
  • 4º João Antônio Martins
  • 1º Felisberto Rodrigues Pereira Brandão, especial de Dores do Monte Alegre.
  • 2º José Vieira da Silva, especial de Dores do Monte Alegre.

1866

  • 1º Jacob Dornelas da Costa
  • 3º Manoel Luiz Pereira
  • 4º José Antônio Nunes de Moraes, eleito por Dores do Monte Alegre.

1867

  • Francisco Antônio da Cunha

1877

  • Francisco Rosa Cândido

1881

  • 1º Joaquim Pereira de Sá
  • 4º Antônio Hermogêneo Dutra

1883

  • 1º Valério de Souza Meireles
  • 3º Joaquim Teixeira de Meireles
  • 4º Antonio Cardoso Brochado Júnior

1888

  • Antônio Hermogêneo Dutra

1891

  • José Maria Furtado de Souza

1892

  • José Teixeira Meireles

1894

  • 1º Manoel Marinho da Cunha
  • 2º Jerônimo Fernandes das Chagas

Muitos deles serão citados em outros capítulos por sua participação em outras atividades ou por fazerem parte de famílias melhor estudadas. Faz-se necessário acrescentar, ainda, as seguintes autoridades:

  • Antônio Bernardino Damasceno tomou posse como Fiscal do distrito a 16.02.1883;
  • Antônio Rodrigues de Barros, indicado para Fiscal do distrito a 30.07.1877;
  • Antonio Júlio da Paixão tomou posse como Vereador em Leopoldina a 09.04.1862 e como 3º substituto de Juiz Municipal, também em Leopoldina, em 05.03.1866;
  • João Antonio da Costa Coimbra, Vereador empossado em Leopoldina a 07.01.1881;
  • João Evangelista Coimbra, Vereador suplente empossado em Leopoldina a 09.10.1862;
  • Joaquim Pereira de Sá, Vereador com posse em Leopoldina a 07.01.1887