Piacatuba no cinema

Há dois dias, no jornal O Globo, saiu uma notícia sobre filmagens que estão sendo feitas na zona da mata mineira, destacando o distrito de Piacatuba. O erro primário de citar o distrito como cidade e município deve ser creditado ao desconhecimento de quem escreveu a matéria. Ainda assim, a notícia merece ser divulgada, especialmente entre os leopoldinenses, já que representa um momento de valorização de nosso belo distrito. E, principalmente, por demonstrar que a preservação do casario significa cuidar de um patrimônio cultural que rende dividendos.

Um filme passou por aqui

150 anos do maestro Nepomuceno

Luiz Rosseau Botelho, no livro Dos 8 aos 80, declara que o maestro da Lira Leopoldinense tinha o apelido de Tingo. Segundo fontes orais, trata-se de Antonio Vieira Nepomuceno, nascido em Leopoldina no dia 15 de setembro de 1867, filho de Laurinda Matilde da Conceição e Marciliano Vieira Nepomuceno, carpinteiro habilidoso também referido com o nome de Marcelino, sendo filho de João Evangelista Nepomuceno.

Marciliano e Laurinda tiveram oito filhos, sendo seis nascidos em Leopoldina e os mais velhos em São João Nepomuceno. Provavelmente a família vivia na divisa daquele município com o distrito de Piacatuba.

Antonio Vieira Nepomuceno casou-se em Leopoldina, no dia 10 de setembro de 1892, com Gabriela Spinola, nascida em Conceição da Boa Vista, filha de Custódio José da Silva Spínola e Ignez Maria de Magalhães.

Um dos irmãos de Gabriela foi José Custódio da Silva Spínola, inventor de máquina de beneficiar café cuja patente foi registrada em 1900. José Custódio, segundo Luiz Eugênio Botelho, era proprietário do Engenho Santa Helena, de beneficiamento de arroz e café, localizado aproximadamente nos fundos do atual edifício Bazar Renê. Lembrando que, naquela época, a Rua Presidente Carlos Luz ainda não tinha a extensão que hoje conhecemos. O local onde funcionava o Engenho era, provavelmente, o mesmo no qual existiu o Mercado Municipal na década de 1960.

77 – Hamilton Vasconcelos , o fotógrafo.

O trem de história segue hoje para uma nova viagem. No seu contínuo embarque e desembarque de personagens que fizeram a história da cidade, prepara-se para falar de um destacado fotógrafo leopoldinense. Mas antes de recepcioná-lo no vagão, percorre um pouco os caminhos trilhados pela fotografia no Brasil.

O primeiro percurso desta viagem lembra que as primeiras imagens fotográficas no país datadas de 1832, foram tomadas por Hércules Florence[1], considerado por isto o pioneiro da fotografia no Brasil. Aliás, o país é um dos pioneiros em fotografia, graças principalmente ao imperador D. Pedro II, um grande apreciador da arte desde jovem, que em 1840 adquiriu em Paris um daguerreótipo[2] e fez muitas imagens. Outros fotógrafos ficaram famosos no Brasil como Buvelot, Prat, e Victor Frond [3] e o mais destacado, Marc Ferrez[4], foi o profissional que retratou muitas paisagens brasileiras e nos deixou uma obra de inestimável valor.

Sobre Ferrez é justo lembrar que, nascido no Rio de Janeiro, abandonou os estudos em Paris e voltou ao Rio onde trabalhou como gravador e litógrafo. Participou de uma expedição científica da Comissão Geológica do Império do Brasil, quando fotografou pela primeira vez, em plena selva, os índios botocudos (1875). Sua obra se destacou pelo registro da natureza do país e da transformação radical da paisagem urbana do Rio de Janeiro no início do século XX.

E foi na época retratada por Ferrez que nasceu[5], no dia 26 de janeiro de 1902, em Piacatuba, município de Leopoldina, filho de Francisco Alberto Lopes de Vasconcelos e Ana Francisca Nunes o personagem desta viagem: Hamilton Vasconcelos. Sua trajetória na arte fotográfica não ficou restrita ao município de Leopoldina, tendo trabalhado também em municípios vizinhos.

Em 1925, Hamilton já exercia a profissão que abraçara. Segundo informações de seu filho Joaquim Barbosa Vasconcelos, Hamilton “foi um autodidata, interessando-se e aprimorando cada vez mais a arte que abraçou. Entre seus clientes estavam muitos italianos”.

Joaquim recorda que na época

“em Leopoldina havia apenas dois fotógrafos, mas meu pai, pela qualidade de seu trabalho, era sem dúvida o mais requisitado. Até 1962 ele exerceu sua profissão, sendo interrompido apenas durante a segunda guerra mundial, porque todo o material fotográfico era importado da Alemanha. Na maioria de suas fotos ele assinava ‘Foto Hamilton’. Desenvolveu uma técnica impressionante para retocar os negativos, do qual tirava todos os defeitos, como se fosse um Photoshop[6] hoje”.

É ainda do filho Joaquim a informação de que a família teria se transferido para Leopoldina em 1941, para que o fotógrafo pudesse dispor de um espaço melhor e mais adequado para instalar o seu laboratório.

Hamilton Vasconcelos teve grande importância e valor na sua cidade natal e na região. Entre as imagens que nos legou encontram-se as que enfeitam a imaginária “plataforma” desta parada.


Notas:

[1] O francês Antoine Hercules Romuald Florence chegou ao Brasil em 1824 e estabeleceu-se em Campinas (SP) onde realizou uma série de invenções e experimentos. Era pintor e naturalista. Em 1833 fotografou, através de câmera escura, com uma chapa de vidro sobre papel sensibilizado para a impressão por contato.

[2] É um processo de reprodução de imagem criado pelo francês Louis-Jacques~Mandé Daguerre em 1839. Um processo que utilizava uma camada de prata, aplicada sobre uma placa de cobre e sensibilizada em vapor de iodo. Foi empregado no Brasil até por volta de 1870.

[3] LAGO, Pedro Corrêa e LAGO, Bia. Fotografia do Século XIX. Rio de Janeiro: Capivara Editora, 2008. p.30.

[4] Marc Ferrez nasceu no Rio de Janeiro em 1843 e faleceu na mesma cidade em 1923. Trabalhou como gravador e litógrafo. Aprendeu fotografia e tornou-se um fotógrafo com obras premiadas no exterior. Recebeu do Imperador o grau de Cavaleiro da Ordem da Rosa. Registrou a transformação radical da paisagem urbana do Rio de Janeiro no início do século XX. Um álbum de fotografias 1906-1907 sobre a arquitetura da avenida Central, hoje Avenida Rio Branco, é sua obra mais conhecida.

[5] Cartório de Registro Civil de Piacatuba, Leopoldina, MG, lv 6 cas fls 7.

[6] Photoshop é o nome comercial de um software desenvolvido pela Adobe Systems Incorporated para edição de imagens.

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA

Publicado na edição 331 no jornal Leopoldinense de 16 de maio de 2017

Sesquicentenário de Nascimento

No dia 23 de dezembro de 1865, nasceu em Leopoldina o menino José, filho de José Alexandre Costa e Delfina Honorata de Jesus. Neto materno de João Ignacio de Moraes e de Anastácia Felisbina de Jesus, naturais de Conceição de Ibitipoca, atual município de Lima Duarte, MG. Filhos de João Ignacio e Anastácia migraram para a região de Piacatuba na época da formação do distrito.

Banda Vinho Vermelho Blues em Piacatuba

Banda Vinho Vermelho em Piacatuba

O Restaurante e Cachaçaria Gerais de Minas , de Piacatuba, Leopoldina, MG, convida para a segunda edição do Blues da Independência dia 13 de setembro, às 21:30h, este ano com a banda Vinho Vermelho Blues.

Igrejas em Leopoldina no ano de 1854

Segundo o Relatório do Presidente da Província Francisco Diogo Pereira de Vasconcellos, em 25 de março de 1855, no ano de sua emancipação administrativa Leopoldina contava com 3 igrejas matrizes e 1 capela. Na descrição constante da página 18 do relatório, informa-se que “uma das matrizes precisa de reparos orçados em 4.000$000; uma está quase a desmoronar-se, e da outra não há informações”.

Analisando diversas fontes, com destaque para os livros paroquiais ainda existentes, é lícito supor que a matriz necessitando de reparos seria a da sede municipal. Dela temos apenas vagas referências sobre a localização no então denominado Morro da Matriz.  A mais antiga imagem que encontramos já é do segundo prédio, conforme consta no livro de Roberto Capri, publicado em 1916.

Talvez a matriz que se encontrasse em pior estado fosse a de Nossa Senhora da Piedade, no atual distrito de Piacatuba, uma vez que na década seguinte teria sido reconstruída.

Na época da emancipação administrativa, estavam também subordinadas à então Freguesia de São Sebastião da Leopoldina a Matriz do Senhor Bom Jesus do Rio Pardo, no atual município de Argirita, e a Capela de Nossa Senhora da Conceição da Boa Vista, no atual distrito do mesmo nome, município de Recreio, das quais não temos imagens ou dados precisos. Além disto, os demais distritos que compuseram o novo município também contavam com suas capelas e matrizes, não citadas no relatório de 1855.

Primeiro Batismo em Piacatuba

O mais antigo registro de batismo encontrado nos livros paroquiais de Leopoldina é da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade, no distrito de Piacatuba, dia 20 de abril de 1851.

Da criança batizada e de seus pais não temos notícia. Quanto a Francisco José de Miranda, trata-se do pai de Cláudio José de Miranda, padrinho da criança.