Semana Anjosiana 2023

Pela passagem do 109º aniversário de falecimento do poeta Augusto dos Anjos, o Museu Espaço dos Anjos, localizado na casa que o poeta habitou em Leopoldina, convida para as atividades da semana.

Os Almeida, os Britos e os Netos em Leopoldina

Se você descende dos Almeida Ramos, Ferreira Brito e Gonçalves Neto, povoadores do Feijão Cru, a primeira edição eletrônica do livro do Mauro de Almeida Pereira, publicada em 1999, está disponível neste endereço.

A segunda edição eletrônica, com acréscimos por Nilza Cantoni, foi publicada em 2010 e está disponível aqui.

Outros acréscimos foram publicados desde então, a pedido de membros das famílias envolvidas, na forma de relatórios específicos de cada grupo. Portanto, você pode buscar pelos nomes na caixa de pesquisa disponível na lateral esquerda para quem acessa por tela grande ou no final da tela, para quem acessa por dispositivos móveis.

Se tiver dúvidas ou quiser informações adicionais, entre em contato pelo formulário abaixo e informe nome e época em que seus antepassados viveram no município de Leopoldina.

Localização dos Reis Meireles em Leopoldina

O visitante Luciano Meirelles de Miranda fez um comentário importante sobre determinada propriedade que pertenceu a um antepassado dele, oferecendo oportunidade para atualizar alguns escritos. O assunto havia sido abordado, em julho de 2022, pelo visitante Gustavo Medeiros. O texto comentado, dessa postagem, é o seguinte:

“O casal deu entrada na Hospedaria Horta Barbosa no dia 28 de junho de 1897, acompanhado de 6 filhos. Saíram no dia 4 de julho de 1897 para trabalhar na Fazenda Bela Vista, de Antonio Belizandro dos Reis Meireles, localizada no então distrito de Rio Pardo, hoje município de Argirita.” 

Luciano perguntou se seria possível saber a localização da propriedade e vamos desenvolver o tema.

Em primeiro lugar precisamos chamar a atenção para o fato de que Antonio Belizandro teria chegado à Vila Leopoldina em 1867, quando comprou 240 hectares de terras no distrito de Rio Pardo[1]. Pelo que foi possível apurar, a compra teria sido de uma fração da fazenda Monte Alegre que havia sido formada na década de 1830 pelo casal Manoel Joaquim Ferreira e Leocádia Francisca de Assis, como se vê em A Fazenda Monte Alegre.

Quando Manoel Joaquim Ferreira faleceu, em 1847, a fazenda Monte Alegre foi avaliada pelo equivalente a 1.790 hectares. Em 1867, quando Leocádia faleceu, seu segundo marido sacramentou uma decisão dela no sentido de doar terras para a formação do patrimônio de Santo Antônio que viria a ser o distrito de Tebas, criado em 1880. Entre 1850 e 1860, ocorreram várias operações de compra e venda de partes da Monte Alegre que ainda assim chegou a 1874 com área de 890 hectares.

Portanto, as referências de moradia dos Reis Meireles no distrito de Rio Pardo precisam ser analisadas com cuidado porque ele comprou área da Monte Alegre que deu origem ao então arraial que a partir de 1880 passou a ser o distrito de Santo Antônio de Tebas. No entanto, não havia clareza a respeito e diversas fontes o citam como residente no Rio Pardo.

O segundo ponto a observar é o nome Fazenda Bela Vista. Antes de termos acesso aos processos de divisão das propriedades do município de Leopoldina, sabíamos que havia muitas fazendas homônimas sendo que ao sul do município havia pelo menos duas Boa Vista e três Bela Vista. Há seis anos iniciamos um longo processo, ainda não concluído, de identificação das antigas propriedades. Uma das estratégias para distinguir as homônimas foi comparar as confrontações e o tamanho das propriedades originais, segundo as declarações formais dos agrimensores nomeados judicialmente para as medições.  Para tanto, foi necessário estudar as Antigas Unidades e Instrumentos de Medida.

Outro instrumento importante foi a cartografia produzida em 1926, por trazer nomes de antigas propriedades que ainda existiam. Descobrimos, então, que na área provável onde foi formada a fazenda Monte Alegre[2], que deu origem ao arraial de Tebas, em 1926 existiam duas propriedades com o nome de Bela Vista cuja distância em linha reta de uma sede a outra era de aproximadamente 4 km. Oras, se a fazenda Monte Alegre media 18 km2, parece provável que as duas Bela Vista fossem sítios da mesma fazenda.


Figura 1 – Recorte da Carta Geográfica de Cataguases Folha nº 20 S2 E3

Quando transportamos a localização das duas propriedades em 1926 para cartografia atual[3], descobrimos que uma delas ficava na atual divisa entre Leopoldina e Argirita, ou seja, em território do distrito de Tebas.

Figura 2 – Imagem gerada pelo Open Street Map em 19 abril 2023

A corroborar nossas conclusões de que Bela Vista era o nome dado a dois sítios, encontramos informações no processo de inventário de Antonio Belizandro[4] e em divisões de propriedades que ele possuiu.

Segundo a Divisão amigável do imóvel Vargem[5], de 1917, a propriedade media 239 ha e 58 ares. Pertenceu a Antonio Belizandro que possuía partes nas também contíguas Bela Vista e Concórdia, das quais a Vargem fazia parte, mas mantendo-as sempre separadas como, aliás, ficou definido no inventário dele: Sítio na divisa de João Lopes [13.068 ares]; Sítio do Vargedo [17.182 ares]; Terras na Barra de São Bento [3.872 ares]; Sítio do Queira-Deus [5.808 ares]; Sítio da Vargem [10.164 ares]; Sítio do Severino [2.420 ares]; Sítios do Retiro e Alemão [8.228 ares]; Sítio Córrego das Flores [2.420 ares]; Sítio do Aniceto [3.871 ares]; Terras na Grota do Bicame [9.680 ares]; Terras na Grota do Thomaz Ilhéo [22.022 ares]; Terras na Grota do Marcos [9.680 ares]; Fazenda da Concórdia, composta de partes compradas de Joaquim Francisco de Oliveira e sua mulher; uma parte comprada de Herculano Cesar e sua mulher; e uma parte comprada de Francisco Antonio de Souza. Somando-se as três partes, a área da Concórdia, que no passado fora uma fazenda de cerca de 970 hectares, em 1917 não chegava a 20% disso. Importante ressaltar que há imprecisões nas medidas informadas em duas seções do mesmo inventário, tendo sido lançados acima os valores mais altos.

Em 1914, na Divisão Judicial da Fazenda Santa Clara[6], nome que teria sido dado ao que fora a parte da Concórdia pertencente a Antonio Belizandro, os quinhões foram os seguintes: Joaquim Teixeira de Meireles – 58 hectares; Lidia Augusta de Rezende Silva – 9 hectares; Amelia Deolinda de Andrade Rezende – 7 hectares; Horacio de Rezende Meireles – 31 hectares e Ozorio de Rezende Meireles – 24 hectares.

Em 1920, a situação Bela Vista foi incluída entre os Estabelecimentos Rurais[7] identificados pelo então Serviço Nacional de Estatística. Seu proprietário era José Teixeira de Meireles, filho de Antonio Belizandro. A área da Bela Vista, ou parte dela, constitui atualmente a Comunidade dos Coelhos[8] e ali está a Escola Municipal Carlos Rubens de Castro Meireles, nome de um neto de José Teixeira de Meireles falecido em 1968 que também foi homenageado em rua de Leopoldina[9].

Figura 3 – Google Earth, localização aproximada da Comunicade dos Coelhos, distrito de Tebas, Leopoldina, MG

Embora não tenha sido possível estabelecer definitivamente a localização dos Reis Meireles em Leopoldina, esperamos ter contribuído com informações que ajudem a refletir sobre o assunto.


Fontes Consultadas:

[1] Processo 38403994 Divisão amigável da Fazenda [Monte Alegre] dos Montes Claros 
[2] Commissão Geographica e Geologica de Minas Geraes. Recorte da Carta Geográfica de Cataguases Folha nº 20 S2 E3. São Paulo, Cayeiras e Rio: Secção Cartographica da Companhia Melhoramentos. Weisflog Irmãos incorporada), 1926. 
[3] Open Street Map <https://www.openstreetmap.org/#map=12/-21.5751/-42.7793&layers=N> 
[4] Processo 38402519 Inventário de Antonio Belizandro dos Reis Meireles 
[5] Processo 38404735 Divisão amigável do imóvel Vargem 
[6] Processo 38404326 Divisão da Fazenda Santa Clara 
[7] Brasil-Ministerio da Agricultura, Industria e Commercio. Estabelecimentos Ruraes Recenseados no Estado de Minas Geraes. Rio de Janeiro: Typographia da Estatistica, 1924. v. 2 
[8] Imagem do Google Earth com localização aproximada da Comunidade dos Coelhos 
[9] RODRIGUES, José Luiz Machado e CANTONI. Nilza, Nossas Ruas, Nossa Gente. Rio de Janeiro: do autor, 2004

Moradores do Feijão Cru há 190 anos

No dia 2 de novembro de 1831, o Juiz de Paz Manoel Moutinho da Rocha encaminhou para o governo provincial a Relação dos Habitantes do Curato de São José do Paraíba, Termo da Nobre e Muito Leal Vila de Barbacena. Nesta contagem foram encontrados 142 fogos, ou seja, 142 moradias uni ou multi familiares.

Estudos sobre as famílias listadas indicam que a partir do número 80 estavam os moradores do que viria a constituir o Curato de São Sebastião do Feijão Cru alguns anos depois. Nem todos, porém, foram mencionados nas fontes existentes sobre os primórdios da unidade administrativa que seria emancipada como Vila Leopoldina em 1854. Tomando por datas limite o censo de 1831 e o registro de propriedades em 1856, foram incluídas na análise destes 25 anos as duas contagens populacionais do Feijão Cru, de 1835 e 1843.

Verificou-se, assim, que 34 chefes de família de 1831 já não constavam do censo de 1835. Numa análise reversa, para testar a hipótese de que os chefes teriam falecido mas seus sucessores continuavam na localidade, foram buscados os filhos ou cônjuges deles, sem sucesso. Entretanto, considerando que não havia regularidade no método de informar nomes e sobrenomes, é possível que alguns nomes de 1831 estejam na relação de 1835 com nomes diferentes.

Reduzido o grupo de 1831 para 28 famílias, repetiu-se o processo comparativo com o censo do Feijão Cru de 1843 constatando-se que 22 permaneciam na localidade. Entre as que se ausentaram a partir de 1835, foi possível verificar que duas se transferiram para a província fluminense e uma se transferiu para o Espírito Santo.

Chefes das famílias que estavam no Feijão Cru desde 1831 até a emancipação da Vila Leopoldina:

  • Antonio Gomes Moreira
  • Antonio Rodrigues Gomes
  • Bento Rodrigues Gomes
  • Bernardo José da Fonseca
  • Bernardo José Gonçalves Montes
  • Feliciano José da Silva Rodrigues
  • Francisco Barbosa da Silva
  • Francisco Joaquim de Almeida Gama
  • João Gualberto Ferreira Brito
  • João Ides de Nazareth Filho
  • João Gonçalves Neto
  • Joaquim Cesário de Almeida
  • Joaquim Ferreira Brito
  • Joaquim Machado Neto
  • José Ferreira Brito Júnior
  • José Joaquim Cordeiro
  • Manoel Antonio de Almeida
  • Manoel Barbosa de Souza
  • Manoel Ferreira Brito
  • Manoel José Monteiro de Barros, filho
  • Manoel Rodrigues Coelho
  • Romão Pinheiro Corrêa de Lacerda

Memória Leopoldinense

Título da coluna de Luciano Meneghetti no jornal Leopoldinense, agora com versão no perfil “lucleopoldinense” no You Tube. Visitem, curtam, conheçam o grande acervo de imagens de Leopoldina da coleção deste que é também um artista plástico de lindas obras.