46 – 106 anos da Colônia Constança

Em abril de 2010, quando se comemorou o Centenário de Fundação da Colônia Agrícola da Constança e os 130 anos de Imigração Italiana em Leopoldina, a professora Natania Nogueira sugeriu que seus alunos pesquisassem em suas famílias a presença de imigrantes. Como resultado foram realizados vários trabalhos individuais ou em duplas com entrevistas, fotografias e informações obtidas com os familiares ou vizinhos daqueles estudantes.

Abria-se ali a questão colocada por Verena Alberti[1] sobre “até que ponto uma história de vida permite compreender a história da sociedade?” Um questionamento que a própria autora responde dizendo-se convencida de que “experiências individuais podem ampliar nosso conhecimento sobre o mundo”.

Contar a história de indivíduos para se chegar à história da cidade vem sendo o carro de primeira classe deste imaginário Trem.

Isto começou com o estudo sobre a Colônia Constança, que resultou em um conjunto de informações até então desconhecidas pelos próprios descendentes daqueles estrangeiros que viveram em Leopoldina entre o final do século XIX e o início do seguinte.

A partir dos textos publicados em jornais da cidade desde 1999, que culminaram com o caderno especial do Jornal Leopoldinense, de abril de 2010 e com a divulgação dos estudos na rede mundial de computadores ao longo de todo o tempo, levou-se aos leitores um pouco da trajetória dos usuários de 409 sobrenomes de imigrantes, o que certamente funcionou como estímulo para muitas famílias se interessarem pelas próprias origens.

Semelhante trilho percorre o Trem de História ao relembrar, nos 106 anos da Colônia, sobrenomes de pessoas que fazem parte da história do município de Leopoldina.

Abolis, Agus, Albertoni, Amadio, Ambri, Ambrosi, Andreata, Andreoni, Andreschi, Anselmo, Antinarelli, Antonelli, Antonin, Anzolin, Apolinari, Apova, Apprata, Arleo, Aroche, Artuzo, Bagetti, Balbi, Balbini, Baldan, Baldasi, Baldini, Baldiseroto, Baldo, Baqueca, Barbaglio, Barboni, Barra, Bartoli, Basto, Battisaco, Beatrici, Beccari, Bedin, Bellan, Benetti, Bergamasso, Berlandi, Bernardi, Bertini, Bertoldi, Bertulli, Bertuzi, Bestton, Betti, Bighelli, Bigleiro, Bisciaio, Bogonhe, Boller, Bolzoni, Bonini, Bordin, Borella, Bovolin, Brandi, Brando, Breschiliaro, Bresolino, Bronzato, Bruni, Bugghaletti, Bullado, Buschetti, Cadeddu, Cagliari, Caiana, Calloni, Caloi, Calza, Calzavara, Campagna, Campana, Cancelliero, Canova, Capetto, Cappai, Cappi, Capusce, Carboni, Carmelim, Carminasi, Carminatti, Carrara, Carraro, Casadio, Casalboni, Casella, Cassagni, Castagna, Castillago, Cataldi, Catrini, Cavallieri, Cazzarini, Cearia, Ceoldo, Cereja, Cesarini, Chiafromi, Chiappetta, Chiata, Chinelatta, Chintina, Ciovonelli, Cobucci, Codo, Colle, Columbarini, Contena, Conti, Corali, Corradi, Corradin, Cosenza, Cosini, Costa, Costantini, Crema, Cucco, Dal Canton, Dalassim, Dalecci, Dalla Benelta, Danuchi, Darglia, De Angelis, De Vitto, Deios, Donato, Dorigo, Duana, Eboli, Ermini, Estopazzale, Fabiani, Faccin, Faccina, Fachini, Falabella, Falavigna, Fannci, Fanni, Farinazzo, Fazolato, Fazzolo, Federici, Fermadi, Ferrari, Ferreti, Ferri, Fichetta, Filipoli, Filoti, Finamori, Finense, Finotti, Fioghetti, Fiorato, Fofano, Fois, Fontanella, Formacciari, Formenton, Fovorini, Franchi, Franzone, Fucci, Fuim, Galasso, Gallito, Gallo, Gambarini, Gambato, Gasparini, Gattis, Gazoni, Gazziero, Gentilini, Geraldi, Geraldini, Gessa, Gesualdi, Ghidini, Giacomelle, Giamacci, Gigli, Gismondi, Giudici, Giuliani, Gobbi, Gorbi, Gottardo, Grace, Graci, Grandi, Griffoni, Grilloni, Gripp, Gronda, Gruppi, Guarda, Guardi, Guelfi, Guerra, Guersoni, Guidotti, Iborazzati, Iennaco, La Rosa, Lai, Lamarca, Lami, Lammoglia, Lazzarin, Lazzaroni, Leoli, Lingordo, Locatelli, Locci, Loffi, Longo, Lorenzetto, Lorenzi, Lucchi, Lupatini, Macchina, Maciello, Magnanini, Maiello, Maimeri, Malacchini, Mamedi, Mancastroppa, Mantuani, Manza, Maragna, Marangoni, Marassi, Marcatto, Marchesini, Marchetti, Marda, Marinato, Mariotti, Marsola, Martinelli, Marzilio, Marzocchi, Matola, Matuzzi, Mauro, Mazzini, Meccariello, Melido, Meloni, Melugno, Menegazzi, Meneghelli, Meneghetti, Mercadante, Mescoli, Meurra, Miani, Minelli, Minicucci, Misalulli, Mona, Monducci, Montagna, Montovani, Montracci, Morciri, Morelli, Moroni, Morotti, Nacav, Naia, Nani, Netorella, Nicolini, Nocori, Pacara, Pachiega, Padovan, Paganini, Pagano, Paggi, Panza, Pasianot, Passi, Pavanelli, Pazzaglia, Pedrini, Pedroni, Pegassa, Pelludi, Pengo, Perdonelli, Perigolo, Pesarini, Petrolla, Pezza, Piatonzi, Picci, Piccoli, Pierotti, Pighi, Pinzoni, Piovesan, Pittano, Pivoto, Piza, Porcenti, Porcu, Pradal, Prete, Precisvale, Previata, Properdi, Rafaelli, Raimondi, Ramalli, Ramanzi, Ramiro, Rancan, Ranieri, Rapponi, Ravellini, Reggiane, Richardelli, Righetto, Righi, Rinaldi, Rizochi, Rizzo, Roqueta, Rossi, Sabino, Saggioro, Sallai, Saloto, Samori, Sampieri, Sangalli, Sangiorgio, Sangirolami Santi, Sardi, Scantabulo, Scarelli, Schettini, Sedas, Sellani, Simionato, Sparanno, Spigapollo, Spoladore, Steapucio, Stefani, Stefanini, Stora, Taidei, Tambasco, Tartaglia, Tazzari, Tedes, Testa, Tichili, Toccafondo, Todaro, Togni, Tonelli, Tosa, Traidona, Trimichetta, Tripoli, Trombini, Valente, Vargiolo, Varoti, Vavassovi, Vechi, Venturi, Verona, Veronese, Vigarò, Vigeti, Viola, Vitoi, Zaccaroni, Zachini, Zaffani, Zamagna, Zamboni, Zamime, Zanetti, Zangirolani, Zaninello, Zannon, Zecchini, Zenobi, Ziller, Zini e Zotti.

A todos eles Leopoldina deve respeito e gratidão.

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA – Publicado no jornal Leopoldinense de 16 de abril de 2016


[1] ALBERTI, Verena. Biografia dos avós: uma experiência de pesquisa no ensino médio. Rio de Janeiro: CPDOC, 2006. p.1

Os Meneghelli em Leopoldina

Por solicitação de visitante deste blog, republicamos informações sobre esta família, com atualizações.

CANDIDO MENEGHELLI e LUIGIA MARCOMINI foram pais de GIOVANNI MENEGHELLI nascido a 21 de julho de 1858 em Gazzo Veronese, Verona, Veneto, Italia, conforme Certificato di Famiglia emitido pelo Ufficio Anagrafe de Gazzo Veronese. Ele passou ao Brasil casado com LAVINIA ZAFFANI que, segundo a mesma fonte, nasceu no dia 21 de abril de 1863 em Casaleone, Verona.

A família chegou ao Brasil em 1895, tendo sido registrada na Hospedaria Horta Barbosa, em Juiz de Fora, no dia 31 de outubro, como passageiros desembarcados do Vapor Sempione, conforme livro SA 884 fls 6 família 48. No dia 4 de novembro, deixaram a Hospedaria com destino a Leopoldina, para trabalhar em fazenda do distrito que hoje tem o nome de Abaíba.

Dos filhos do casal sabemos que:

– CORINA MENEGHELLI nascida a 09 de julho de 1885 em Gazzo Veronese, casou-se com Elias Piccoli, filho dos italianos Luigi Piccoli e Maria Borella, no dia 30 de janeiro de 1904, conforme registro no Cartório de Registro Civil de Providência, Leopoldina, MG, lv 1 cas fls 168 termo 1;

– EVARISTO MENEGHELLI nasceu no dia 03 de outubro de 1886 em Gazzo Veronese. Casou-se com Giuseppina Battisaco, filha dos italianos Antonio Francesco Battisaco e Antonietta Stefani, no ano de 1909, também no distrito de Providência, conforme lv 2 fls 71 daquele Cartório;

– SALMISTA SECONDO MENEGHELLI nasceu no dia 02 de setembro de 1888 em Gazzo Veronese;

– ARISTEA REGINA MENEGHELLI nasceu no dia 23 de outubro de 1890 em Gazzo Veronese. Casou-se no dia 17 de fevereiro de 1912 com Giuseppe Conti, filho dos italianos Vincenzo Conti e Antonia Artuzo, conforme Arquivo da Diocese de Leopoldina, Secretaria Paroquial da Matriz do Rosário, Leopoldina, MG, lv 5 cas fls 197 termo 14 e Cartório de Registro Civil de Leopoldina, MG, lv 5 fls 104 termo 8;

– APOSTOLO ANGELO MENEGHELLI nasceu no dia 28 de agosto de 1892 em Gazzo Veronese, conforme indica o citado Certificato di Famiglia. Mas não desembarcou com a família, o que nos leva a crer que tenha falecido antes de 1895; e,

– CROCILLA MARIA MENEGHELLI nasceu no dia 03 de maios de 1895 em Gazzo Veronese.

Já vivendo no distrito de Providência, o casal Giovanni Meneghelli e Lavinia Zaffani teve os filhos:

– JORGE nascido no dia 23 de abril de 1902 conforme Cartório de Registro Civil de Providência, Leopoldina, MG, lv 3 fls 52; e,

– ANA MARIA nascida no dia 09 de abril de 1907 conforme Cartório de Registro Civil de Providência, Leopoldina, MG, lv 3 fls 120.

Quando escrevíamos a história da Colônia Agrícola da Constança e da Imigração em Leopoldina, publicada em abril de 2010 e disponível neste endereço, recebemos mensagem de descendente dos Meneghelli informando que o casal teve mais dois filhos no estado do Espírito Santo: MARIA e CIRILO MENEGHELLI.

Segundo este correspondente, em 1920 Giovanni Meneghelli era proprietário rural no município de Alegre, ES. Esta informação veio se somar a muitas outras que apuramos sobre as migrações internas dos italianos que inicialmente se estabeleceram no município de Leopoldina.

Entre as 1867 pessoas de sobrenome italiano que identificamos no início do projeto, conseguimos informações mais detalhadas de apenas 406. Entre as demais, expressivo foi o número dos que saíram em busca de terras mais baratas e melhores condições de sobrevivência em outras localidades, principalmente depois de instalada a Colônia Constança, em 1910. Muitos por não terem conseguido um lote. Alguns por não terem alcançado boa produtividade na terra que lhes foi financiada.

Mais detalhes sobre a migração interna podem ser vistos na obra acima indicada.

Resta-nos, para concluir, informar que nasceram em Leopoldina alguns netos do casal Giovanni-Lavínia:

– ELENA, filha de Elias Piccoli e Corina Meneghelli, nasceu no dia 04 de dezembro de 1911, conforme Cartório de Registro Civil de Providência, Leopoldina, MG, lv 4 fls 6;

– MARIA LUIZA, irmã de Elena, nasceu no dia 06 de fevereiro de 1914, conforme Arquivo da Diocese de Leopoldina, Secretaria Paroquial da Matriz do Rosário, Leopoldina, MG, lv 15 bat fls 17 termo 163. O registro civil foi feito algum tempo depois no Cartório de Registro Civil de Providência, lv 4, fls 42-v, no qual consta nascimento a 06.12.1914, data incompatível já que a criança foi batizada no dia 26 de abril de 1914;

– ANTONIO, filho de Evaristo Meneghelli e Giuseppina Battisaco, nasceu no dia 10 de janeiro de 1910 conforme Cartório de Registro Civil de Providência, lv 3 fls 190;

– JOSÉ PASCOAL, irmão de Antonio, nasceu no dia 13 de abril de 1911 conforme Cartório de Registro Civil de Providência, lv 3 fls 51;

– JORGE, irmão de Antonio e José Pascoal, nasceu no dia 02 de julho de 1914 conforme Cartório de Registro Civil de Providência, lv 3 fls 167.

Também nasceram em Leopoldina os filhos de ARISTEA REGINA, a única filha do casal Meneghelli que permaneceu no município. Casada com Giuseppe Conti, Aristea teve os filhos:

– EMILIO nascido no dia 11 de maio de 1913 [Arquivo da Diocese de Leopoldina, Secretaria Paroquial da Matriz do Rosário, Leopoldina, MG, lv 14 bat fls 83 termo 351];

– ANAYR nascida no dia 25 de julho 1914 [Arquivo da Diocese de Leopoldina, Secretaria Paroquial da Matriz do Rosário, Leopoldina, MG, lv 15 bat fls 60v termo 59];

– ABILIO nascido no dia 25 de junho de 1916 [Arquivo da Diocese de Leopoldina, Secretaria Paroquial da Matriz do Rosário, Leopoldina, MG, lv 16 bat fls 58v termo 486];

– JOÃO nascido no dia 23 de julho de 1918 [Arquivo da Diocese de Leopoldina, Secretaria Paroquial da Matriz do Rosário, Leopoldina, MG, lv 17 bat fls 64 termo 3;

– MARIA nascida no dia 05 de outubro de 1919 [Arquivo da Diocese de Leopoldina, Secretaria Paroquial da Matriz do Rosário, Leopoldina, MG, lv 18 bat fls 39v termo 182] e falecida no dia 11 de março de 2012 conforme Obituário 2012 publicado em 22.03.2012 no Leopoldinense On Line . Era casada com EMILIO BARBOSA DE OLIVEIRA;

– ANTONIA nascida por volta de 1924; e,

– LUIZ CONTI nascido por volta de 1928.

Da geração seguinte sabemos apenas da bisneta Maria Emília de Oliveira, filha de Maria Conti e Emílio Barbosa de Oliveira. Maria Emília é casada com ANTONIO CARLOS DE ALMEIDA TAVARES com quem tem três filhos: Alexandre, Heloisa e Eliana.

Ressaltamos que os sobrenomes deste grupo familiar, como de resto de todos os descendentes de imigrantes que viveram em Leopoldina, sofreu alterações. Algumas tão profundas que impedem reconhecê-los nos descendentes atuais. Para tornar viável nosso trabalho, conforme explicamos no livro acima indicado, definimos como procedimento metodológico que manteríamos a ortografia encontrada no mais antigo documento, preferencialmente obtido no país de origem.

Colônia Agrícola da Constança e Igrejinha da Onça

No artigo anterior o Trem de História falou de opinião e política e terminou prometendo mudar o rumo da viagem no vagão de hoje. A razão para a mudança foi o cansaço. Para quem não é do ramo, política é um tema pesado e cansativo.

Cumprindo o prometido, o Trem de hoje segue por outros trilhos e recolhe cargas da Colônia Agrícola da Constança que completa neste mês de abril seus 105 anos de criação. Já a Capela da Onça comemora o Centenário de inauguração em 2015.

De início é bom lembrar que a Colônia surgiu da combinação de diversos fatores como os econômicos e políticos. Não nos parece possível eleger um deles como proeminente, embora a proibição do tráfico de escravos, que estimulou a busca de alternativas para o aumento da produção agrícola, possa ser tida como importante para o surgimento do núcleo. Principalmente se considerado que a economia da região dependia de um número cada vez maior de trabalhadores e estes não existiam no território nacional.

Começaram a chegar os imigrantes, antes mesmo do fim do regime escravocrata. Algumas fazendas, segundo consta, passaram a contar com escravos e trabalhadores livres em suas terras, até que os primeiros migraram para a periferia da cidade.

Aos poucos surgiram e se propagaram os sistemas de parceria e colonato como reguladores da nova relação de trabalho. E a experiência do Senador Vergueiro, em São Paulo, deve ser considerada como elemento difusor do sistema.

Agregando experiências diversas surgiram, então, as primeiras colônias destinadas a imigrantes estrangeiros, que foram sendo aperfeiçoadas. É evidente que uma instituição, como uma Colônia, não provém de causa isolada. Ela surge, na maioria das vezes, como resultado de diversos fatores que perpassam a vida do grupo social na qual é criada. E as razões que levaram à criação da Colônia Agrícola da Constança não são muito diferentes das demais coirmãs. O estudo sobre ela ainda carece de mais pesquisas, uma vez que os trabalhos realizados até aqui sempre estiveram focados na vida dos colonos que nela se instalaram, motivados pela vontade de conhecer homens e mulheres comuns que viveram na Colônia e nos seus arredores. Gente que tinha muita história para contar e, como sugeriu o filósofo alemão Walter Benjamin, relatadas na medida certa possibilitou “escovar o passado” recoberto com a poeira do tempo e trazer para a luz do sol, a importância da Colônia Agrícola da Constança e dos italianos que constituíram o seu núcleo mais ativo e permanente. De importância tal que fez a cidade contar, em 1911, com um Agente Consular Italiano, o Sr. Angelo Maciello, representante de Sua Majestade Vittorio Emanuelle III, Rei da Itália na época.

Uma Colônia que não era pequena. Pois contava, segundo os relatórios anuais encaminhados pelo Administrador à Secretaria Estadual de Agricultura, inicialmente com 60 lotes demarcados. No ano seguinte, eram 65 e, em 1911, este número aumentou para 68. Lotes devidamente cercados e com uma casa de morada coberta de telhas, vendidos principalmente aos imigrantes que ali passaram a cultivar toda sorte de produtos, a maioria deles para serem comercializados na cidade ou na “venda de secos e molhados”, Casa Timbiras, que ficava na entrada do Bairro Boa Sorte e que se transformou num verdadeiro entreposto comercial para uma vasta região.

E quando se recorda a Colônia e a Venda do Timbiras é forçoso tomar o “Caminho do Imigrante” e chegar à Igrejinha da Onça. “Caminho do Imigrante”, um sonho que ainda persiste de dar este nome à via secundária que liga a Igrejinha à entrada do Bairro Boa Sorte.

 

Capela de Santo Antònio de Pádua na Colônia Constança

Igreja de Santo Antonio de Pádua que comemora 100 anos e foi escolhida como símbolo dos estudos sobre o Centenário da Colônia por ser a imagem a que sempre se referiam os entrevistados no curso daquelas pesquisas, quando abordados sobre a vida dos mais antigos. Símbolo a que todos se referiam com um misto de saudade e orgulho.

A capela foi construída com a participação e o trabalho dos habitantes da Colônia e das propriedades das imediações. A escritura pública de compra e venda de uma quarta de terra (12.100 m2), lavrada pelo 2º Ofício de Notas de Leopoldina em 21.08.1912, é testemunha inconteste da influência italiana, pelos sobrenomes dos vendedores e compradores: Jesus Salvador Lomba e sua mulher Maria Magdalena Lomba (Proprietários do lote nº 04 da Colônia). Luciano Borella, Otavio de Angelis, Luigi Giuseppe Farinazzo, Ferdinando Zaninello, Agostino Meneghetti e Fausto Lorenzetto. A compra teve a destinação registrada no livro do Cartório: – “imóvel para nele ser edificada uma Capela consagrada a Santo Antonio de Pádua”.

Terminado este breve passeio pelas lembranças desta parte da zona rural do município, o Trem de História volta ao perímetro urbano para, no próximo número do Jornal, falar de outra data importante para a nossa história, a da emancipação do Feijão Cru como Vila Leopoldina.

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA
Publicado no jornal Leopoldinense de 16 de abril de 2015

Dia do Imigrante Italiano

logomarca da coluna Trem de História

Desta vez o Trem de História deixará os trilhos para lembrar o Dia Nacional do Imigrante Italiano, criado pela Lei Federal nº 11.687, de 02.05.2008 e comemorado no próximo dia 21 de fevereiro.

E o faz para prestar uma justa homenagem aos imigrantes italianos que se instalaram no município de Leopoldina a partir de 1880, aos que viveram na Colônia Agrícola da Constança e a todo oriundi que ajudou a transformar a economia da cidade, abalada pelo fim da escravidão e do ciclo do café.

Uma necessária interrupção da história que se conta para avivar um pouco mais a desses imigrantes. Dessa gente simples e constantemente esquecida pelos livros de história tradicional/oficial da cidade.

Alguns aqui chegaram depois de um breve tempo residindo em diferentes núcleos de colonização do país. Outros, em número bem maior, vindos diretamente de uma hospedaria, do Rio de Janeiro ou, de Juiz de Fora, onde foram contratados por fazendeiros daqui. Houve, ainda, aqueles que escolheram Leopoldina por alguma razão especial, como cartas de parentes ou amigos que já se encontravam no município. Todos, com vontade e disposição férrea de vencer. De realizar, com o suor do rosto, o sonho de adquirir liberdade trabalhando em terra própria. Porque para o italiano, ser dono da terra onde trabalhava era sinônimo de liberdade, de ser dono do próprio nariz. E para isto não poupava esforços. Ainda mais quando o possuir terra lhe possibilitava trazer para perto de si o parente ou agregado menos afortunado.

E é bom que se diga que o interesse inicial pela pesquisa sobre a imigração em Leopoldina, especialmente a italiana, não teve outro objetivo senão o de tirar o pó que recobre a história desta gente trabalhadora e importante para a cidade. Um interesse que surgiu com o estudo sobre as antigas famílias que viveram por aqui, quando se observou nos livros das paróquias, entre os anos de 1872 e 1930, uma frequência assídua de sobrenomes não portugueses entre os noivos, os pais e os padrinhos das crianças.

Nesta pesquisa e no texto que dela resultou – A Imigração em Leopoldina vista através dos Assentos Paroquiais de Matrimônio – constatou-se que 10% dos noivos do período de 1890 a 1930 eram imigrantes. E destes, 9% eram italianos e o 1% restante era formado por portugueses, espanhóis, sírios, açorianos, franceses, egípcios e nativos das Ilhas Canárias. Um contingente significativo, carente de um estudo melhor sobre suas vidas e importância para o município, estatisticamente com forte presença de descendentes daqueles imigrantes que, chegados no último quartel do século XIX, aqui se estabeleceram e muito contribuíram para o desenvolvimento econômico e social. Entretanto, não se tem notícia de qualquer movimento permanente no sentido de manter viva a memória destes conterrâneos por adoção.

Foi, inclusive, neste sentido que há alguns anos foi encaminhada à Câmara Municipal de Leopoldina uma sugestão para nomear como “Caminho do Imigrante” parte do trajeto que eles faziam quando, de seus lotes na Colônia Agrícola da Constança, demandavam a cidade. Uma forma simples e barata de perpetuar a nossa gratidão a estes bravos. Mas nossos vereadores da época talvez não tenham entendido o significado da proposta. Da mesma forma, por ocasião das comemorações do Centenário da Colônia Agrícola da Constança e dos 130 anos de Imigração Italiana em Leopoldina, falou-se na inclusão do dia 21 de fevereiro como data comemorativa no calendário da cidade, mas ao que parece a ideia morreu recém-nascida.

Perderam-se, assim, duas oportunidades de homenagear este pessoal que, com muito trabalho e dedicação, conseguiu galgar os degraus mais elevados da escala social e colocar seus descendentes em posições de destaque como médicos, advogados, professores, empresários, comerciantes, etc.

Registre-se mais uma vez, para encerrar, que o Trem de História não é conduzido por historiadores, mas apenas por dois apaixonados por Leopoldina e sua história, dotados de ousadia para vez por outra escrever sobre estes “silêncios”, estes fatos que ficaram “abandonados” ou, esquecidos pelos historiadores.

Em verdade o assunto merece outros vagões. Mas o Trem de História precisa voltar aos trilhos e seguir a viagem sobre A Imprensa em Leopoldina (MG) entre 1979 e 1899 no próximo Jornal. Até lá.

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA
Publicado no jornal Leopoldinense de 16 de fevereiro de 2015

104 anos de criação da Colônia Constança

No dia 12 de abril de 1910 era oficializada a criação da Colônia Agrícola da Constança, no município de Leopoldina.

Decreto de Criação da Colônia Agrícola da Constança

Dia Nacional do Imigrante Italiano

A Lei federal nº 11.687, de 02.06.2008, instituiu o dia 21 de Fevereiro como Dia Nacional do Imigrante Italiano. Leopoldina é uma cidade com forte presença de descendentes daqueles imigrantes que, chegados ao município no último quartel do século XIX, aqui se estabeleceram e contribuíram para o nosso desenvolvimento econômico e social. Apesar disso, não temos notícia de qualquer movimento permanente no sentido de manter viva a memória destes nossos conterrâneos por adoção.

Onde está a proposta encaminhada por José Luiz Machado Rodrigues à Câmara Municipal de Leopoldina, há mais de quatro anos, propondo nomear como Caminho do Imigrante o trajeto que eles faziam quando de seus lotes na Colônia Constança demandavam a cidade?

Para reavivar a memória ou informar aqueles que porventura não tenham participado do movimento que fizemos em 2010, comemorando o Centenário da Colônia Agrícola da Constança e os 130 anos de Imigração Italiana em Leopoldina, republicamos nosso Resumo Histórico.

Efemérides Leopoldinenses: Março

Memorial diário da história de Leopoldina, com acontecimentos do mês de março.

1 de março

1891

Começam a funcionar em Leopoldina o Colégio Werneck e o Banco de Leopoldina.


9 de março

1990

Morre em Leopoldina a professora Judith Lintz Guedes Machado[1], patrona da cadeira nº 4 da Academia Leopoldinense de Letras e Artes.


12 de março

1891

Baldoíno Teixeira Lopes Guimarães presta exame de habilitação para atuar como advogado.


13 de março

1897

Nasce em Leopoldina, Ormeo Junqueira Botelho[2], patrono da cadeira nº 22 da Academia Leopoldinense de Letras e Artes.


15 de março

1891

Antigos fotógrafos em Leopoldina: F. S. Teixeira, Manoel Machado de Azevedo Dias, Cesar Rolly, Hamilton Vascencelos e Jarbas Pereira da Silva.


18 de março

1941

Morre em Leopoldina o médico e político Custódio Monteiro Ribeiro Junqueira[3], patrono da cadeira nº 16 da Academia Leopoldinense de Letras e Artes.


23 de março

1843

O Feijão Cru aparece pela primeira vez num Relatório da Presidência da Província, relativo ao ano de 1842, como freguesia composta dos distritos do Feijão Cru e do Angu, pertencendo ao município de São João Nepomuceno, contando com 562 casas e 220 eleitores[4].


25 de março

1855

Leopoldina conta com 3 igrejas e 1 capela.

1894

Nasce em Pedralva, MG, Irineu Lisboa[5] patrono da cadeira nº 1 da Academia Leopoldinense de Letras e Artes.

1899

Dilermando Cruz publica o poema Ser Noivo, dedicado ao amigo e colega de trabalho Ricardo José de Oliveira Martins.


27 de março

1841

O curato de Madre de Deus do Angu é elevado à categoria de Distrito de Paz.

A lei que criou o Distrito do Angu é a mais antiga referência ao Distrito do Feijão Cru em documentos oficiais, já que não foi encontrado o documento que o criou. Como se pode ver na imagem abaixo, em seu Artigo 5 determina que o Ribeirão do Rio Pardo marque a divisa entre os distritos do Feijão Cru e do Senhor Bom Jesus (atual Argirita).

Esta lei marca as divisas entre os distritos do Rio Pardo e do Feijão Cru.

1872

Decreto Imperial concede ao engenheiro Antonio Paulo de Mello Barreto autorização para organizar uma companhia que se incumba de construir uma estrada de ferro econômica, entre a Estação do Porto Novo do Cunha e Santa Rita da Meia Pataca[6]


28 de março

1818

Maria Umbelina de Santa Brígida e Antônio Francisco Teixeira Coelho recebem duas sesmarias no Sertão do Rio Paraíba do Sul[7]. No testamento de Antônio Francisco confirma-se que eles haviam tido a filha Maria Antônia de Jesus que se casou em Prados, os 18 de setembro de 1822[8], com Bernardo José Gonçalves Montes, que recebeu as duas sesmarias como dote. No mesmo testamento é informado que as terras foram repassadas para Antônio José Monteiro de Barros. As duas sesmarias estão na origem da Colônia Agrícola da Constança e da Fazenda Paraíso.


[1] Cartório de Registro Civil de Leopoldina, MG, Livro de Óbitos 88-91 fls 206 termo 4407.

[2] Cemitério Nossa Senhora do Carmo, Leopoldina, MG, lápide no túmulo.

[3] Cemitério Nossa Senhora do Carmo, Leopoldina, MG, lápide no túmulo.

[4] Exposição feita pelo Exmo. Conselheiro Bernardo Jacintho da Veiga, na qualidade de presidente da província de Minas Gerais, a seu sucessor, o Exmo. Tenente-general Francisco José de Souza Soares de Andréa, no ato da sua posse. Rio de Janeiro: Typ. Imp. e Const. de J. Villeneuve e C.a, 1843, Mapa 9, p. 2

[5] Cemitério Nossa Senhora do Carmo, Leopoldina, MG, data na lápide no túmulo.

[6] VEIGA, José Pedro Xavier da. Efemérides Mineiras: 1664-1897. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1998. v. 1, p. 338

[7] Revista do Arquivo Público Mineiro. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, vol. 37, nr. 1, 1988, SC. 377 fls 68 e 70.

[8] SETTE, Bartyra e JUNQUEIRA, Regina Moraes. Projeto Compartilhar(http://www.projetocompartilhar.org/), ensaio Os Rodrigues Dantas. Acesso set.2007.

Efemérides Leopoldinenses: Abril

O mês de abril na história de Leopoldina.

1 de abril

1841

A povoação de São João Nepomuceno é elevada à categoria de Vila através da Lei Mineira nr. 202.


6 de abril

1839

Criação do distrito de Rio Pardo, atual município de Argirita, através da Lei Mineira nr. 147.

1882

Professora Idalina Feu Lobo é nomeada para a cadeira do sexo feminino da Freguesia do Rio Pardo, termo de Leopoldina.[3]


9 de abril

1899

Nesta data foi lançado o segundo livro de Dilermando Cruz: Diáfanas.


12 de abril

1910

Criação da Colônia Agrícola da Constança.


16 de abril

1900

Criado um Curso Noturno em Leopoldina, sob a direção de Dilermando Cruz.


18 de abril

1895

Primeira edição do jornal Gazeta de Leopoldina.

Rescaldo da primeira página da Gazeta de Leopoldina


19 de abril

1883

Escola para o sexo feminino tem mobília comprada através de contribuição de moradores de Leopoldina.

1897

Nasce em Aiuruoca, MG, Judith Lintz Guedes Machado[1], patrona da cadeira nº 4 da Academia Leopoldinense de Letras e Artes


20 de abril

1851

Primeiro Batismo em Piacatuba.


21 de abril

1893

É publicado o poema de Américo Lobo Leite Pereira denominado Partilha Mystica.


22 de abril

1934

Morre em Belo Horizonte o jurista e poeta Antônio Augusto de Lima, patrono da cadeira nº 18 da Academia Leopoldinense de Letras e Artes.


24 de abril

1889

Irmandade do Santíssimo Sacramento faz campanha para arrecadar recursos  e levar água potável até a Igreja Matriz de São Sebastião.


27 de abril

1854

Lei nr. 666 eleva o Distrito do Feijão Cru à categoria de Vila com o nome de Leopoldina.


30 de abril

1881

Visita do Imperador Pedro II a Leopoldina.

1899

Nasce em Leopoldina, José Ribeiro dos Reis[2], patrono da cadeira nº 24 da Academia Leopoldinense de Letras e Artes.


[1] Cemitério Nossa Senhora do Carmo, Leopoldina, MG, data na lápide no túmulo.

[2] Academia Leopoldinense de Letras e Artes, Discurso de Posse da Acadêmica Glaucia Nascimento Costa de Oliveira, 31 mar 2013.

[3] Relatório de Antonio Gonçalves Chaves para a Assembléia Provincial de Minas em 2 de agosto de 1883, pag AD24

Família Touzo?

Escreve-nos um visitante deste blog, descendente da família Antinarelli, cujo sobrenome intermediário é Touzo. Como tem ocorrido diversas vezes, não conseguimos responder diretamente porque o endereço de e-mail foi recusado pelo sistema. Sendo assim, informamos por aqui ao Alexandre Touza Antinarelli que não conhecemos o sobrenome Touzo em Leopoldina. Talvez seja uma variação de Tosa, cuja origem foi Paschoal / Pasquale Tosa, proveniente de Venezia, que em Leopoldina se casou com a italiana Maria de Marchi.

Colônia Agrícola da Constança

Sede da Colônia Agrícola da Constança
Capela da Colônia Agrícola da Constança, Leopoldina, MG +/- 1914

Há 112 anos, no dia 12 de abril de 1910, era oficialmente criado o núcleo que recebeu o nome de Colônia Agrícola da Constança, no município de Leopoldina, Minas Gerais. Para conhecer um pouco desta história, veja o que já publicamos sobre o tema Colônia Constança.