Efemérides Leopoldinenses: Julho

O mês de julho na história antiga de Leopoldina.

1 de julho

1882


Olímpio Clementino de Paula Corrêa é professor de Português, Francês e Latim em Leopoldina.

2 de julho

1877

Inauguração da Estação de Leopoldina da Estrada de Ferro Leopoldina. [1]


4 de julho

1857

Laranjal

A Capela de Nossa Senhora da Conceição do Laranjal, município de Leopoldina, fica elevada a Distrito de Paz. [2]


10 de julho

1876

Presidente da Província é autorizado pela Assembleia Legislativa a auxiliar na construção de uma estrada (caminho) que da estação de ferro de Providência se dirija à cidade de Leopoldina. [3]


14 de julho

1832

São José do Paraíba: trajetória administrativa.

1895

Lançamento do jornal O Mediador, tendo como redator Alberto Moretz-Sohn Monteiro de Barros e como gerente, Alexandre Chaves. O novo jornal foi saudado nas edições dos concorrentes A Voz de Thebas – edição de 14 julho e Gazeta de Leopoldina – edição de 18 de julho.


15 de julho

1872

Criação da Comarca de Leopoldina e seus primeiros juízes.

1896

Em 1895 estava em funcionamento uma Hospedaria de Imigrantes em Leopoldina, nas proximidades da Estação de Vista Alegre da Estrada de Ferro Leopoldina. [4]


16 de julho

1897

Leopoldina deixa de pertencer à diocese do Rio de Janeiro e é transferida para Mariana. [5]


17 de julho

1883

Antonio Diogo Vieira, professor público de Leopoldina.


19 de julho

1872

O Curato de Conceição da Boa Vista, pertencente do município de Leopoldina, é elevado à categoria de Paróquia. [6]


Referências:

[1] VEIGA, José Pedro Xavier da, Efemérides Mineiras: 1664-1897. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1998. 2 volumes, pag. 639

[2] Lei Mineira nr 818, de 04 de julho de 1857

[3] Lei Mineira nr 2287, de 10 de julho de 1876

[4] Mensagem do Presidente da Província Crispim Jaques Bias Fortes, 15 de julho de 1896, pag. 31

[5] Ata de Instalação da nova Comarca Eclesiástica, no livro de batismos 1897-1898, páginas 49 verso e 50

[6] Lei Mineira nº 1902, Coleção de Leis Mineiras do Arquivo Público Mineiro

Efemérides Leopoldinenses: Novembro

Memorial diário da história de Leopoldina, com acontecimentos do mês de novembro.

1 de novembro

1860

O ocaso da carreira política de Antonio José Monteiro de Barros.

Campanha política.

1899

A música em Leopoldina: Lyceu Musical Santa Cecília. Veja.


5 de novembro

1866

Assembleia Legislativa Provincial aprova a reforma das Posturas Municipais de Leopoldina que foram adotadas por Cataguases quando de sua emancipação.

Lei que aprova as posturas da Câmara Municipal de Leopoldina

Cataguases pede para adotar as Posturas de Leopoldina

Autorização para Cataguases adotar as Posturas de Leopoldina


6 de novembro

1869

A povoação do “Empossado” (mais tarde Empoçado), na época pertencente ao termo da Leopoldina, torna-se Distrito de Paz. Trata-se do atual distrito de Cataguarino, pertencente a Cataguases.


7 de novembro

1855

Criação do cargo de Juiz Municipal e de Órfãos em Leopoldina.


12 de novembro

1878

Criado o distrito de Campo Limpo, atual Ribeiro Junqueira.

Criação do distrito de Campo Limpo


18 de novembro

1857

Segundo o Decreto nº 2031 de 18 de novembro de 1857, o carcereiro de Leopoldina receberia sessenta mil réis anuais. Dentro da estrutura administrativa da época, a remuneração era um atrativo do cargo.


19 de novembro

1875

A Lei nº 2161 autoriza a Companhia Estrada de Ferro Leopoldina a estender-se até Santa Rita do Meia Pataca. Até então a concessão era para o trajeto Porto Novo a Leopoldina.


21 de novembro

1890

A Lei nº 241 cria os distritos de Santa Izabel, atual Abaíba e São Joaquim, atual Angaturama.

24 de novembro

1813

Concedidas duas sesmarias a Antônia Rodrigues Chaves e seu marido Domingos Gonçalves de Carvalho, irmão de Felisberto da Silva Gonçalves mencionado abaixo, dia 29 de novembro. Localização indicada na época da concessão: Mata geral do Sertão do Pomba, no Córrego da Fortaleza, Termo de Barbacena, onde se acha abrindo a estrada para o Porto de São Fidélis. Segundo estudos realizados nos livros paroquiais, as sesmarias de Antônia e Domingos ficavam localizadas em território que viria a constituir São João Nepomuceno, provavelmente no atual distrito de Taruaçu.

Fonte: Códice SC 352 fls 76v e fls 73v respectivamente, Arquivo Público Mineiro.


25 de novembro

1875

O distrito do Meia Pataca emancipa-se de Leopoldina com o nome de Cataguases. Em consequência, Leopoldina perde também os distritos do Empoçado e Conceição do Laranjal, além de parte do território do distrito da Piedade.

Fonte: Lei 2180, Coleção de Leis Mineiras do Arquivo Público Mineiro.


26 de novembro

1813

Concedida a Anna Bernarda da Silveira, uma sesmaria com limite no Córrego da Fortaleza, Mata Geral do Sertão do Pomba, Termo de Barbacena. Este córrego corresponde ao que mais tarde era conhecido como São Bento. Segundo registros do primeiro livro do Cartório de Notas de Bom Jesus do Rio Pardo, esta sesmaria ficava a sudoeste da sede do município de Leopoldina, na divisa com o atual município de Argirita. Esta informação é confirmada no Registro de Terras de 1856.

Fonte: Códice SC 352 fls 81, Arquivo Público Mineiro.

1835

O Juiz de Paz Manoel Ferreira Brito conclui o levantamento populacional do Curato de São Sebastião do Tesouro do Feijão Cru. Foram computados 135 fogos com 1.274 habitantes.


29 de novembro

1813

Concedida a Felisberto da Silva Gonçalves, marido de Anna Bernarda da Silveira citada no dia 26 de novembro acima, uma sesmaria também com limite no Córrego da Fortaleza, Sertão do Pomba, Termo de Barbacena.

Carta de Sesmaria de Felisberto da Silva Gonçalves


30 de novembro

1880

A povoação de Thebas é elevada à categoria de Distrito de Paz e continua fazendo parte da Freguesia da Piedade.

Município da Vila Leopoldina

Em 1854 era elevado à categoria de Freguesia e Vila o então Distrito de São Sebastião do Feijão Cru, com a denominação de Vila Leopoldina.

Naquele momento o território do município era o seguinte:

Desmembramento para formação do distrito de Itapiruçu

Conforme informamos em nosso post de 05 de maio, Itapiruçu é distrito de Palma atualmente. Mas foi criado pela Lei nº 3171 de 18 de outubro de 1883, pertencendo ao município de Leopoldina, com território desmembrado de Conceição da Boa Vista. Posteriormente, com o Decreto nº 374 de 13 de dezembro de 1891, foi incorporado a Palma.

A origem do povoado remonta aos anos de 1850, quando descendentes dos pioneiros teriam construído a Capela das Dores do Monte Alegre do Pomba, alguns anos mais tarde referida como Nossa Senhora das Dores do Tapirussu ou Dores do Tapirussu.

Os documentos que analisamos indicam um movimento dos pioneiros de Conceição da Boa Vista em direção ao rio Pomba, com o objetivo de escoar a produção. Assim é que surgem localidades denominadas Porto das Madeiras e Porto de Antônio José, este último referindo-se a um serviço de barqueiros.

Na década de 1880, registros de compra e venda de bens de raiz informam que uma das propriedades divisava com a “lavra”, provavelmente referência a algum ponto onde se praticou a mineração. Esta atividade deu origem ao nome de um curso d’água ainda hoje conhecido como Córrego do Ouro, pertencente ao distrito de Angaturama.

A imagem imagem acima é do território do distrito no século XX, a partir do qual fizemos um estudo para localização dos pontos referidos na documentação do século anterior.

Os números 1 e 3 marcam os locais que, por volta de 1880, eram citados como Volta do Pomba. O primeiro deles também aparece como “águas vertentes da volta do Pomba”.

Entre as antigas fazendas de Itapiruçu encontramos aquela que se chamou São Luiz, tendo sido formada pelo paulista José Gomes dos Santos por volta de 1850 e vendida por seu neto a Francisco Celidônio Gomes dos Reis em 1874. A fazenda divisava com as propriedades de Francisco Joaquim dos Reis, José Francisco do Amorim, Nicolau Antonio Lombardo e com o rio Pomba. Por outro lado, diversos pequenos proprietários declararam, nos registros, serem vizinhos das mesmas pessoas e terem comprado suas terras de herdeiros das fazendas Província, Bom Retiro e Cachoeira Alegre. O número 2 no desenho acima indica a provável localização da fazenda São Luiz, que passou a ser chamada de Catadupa depois que foi adquirida por Francisco Celidônio Gomes dos Reis.

Já a fazenda Bom Retiro estaria localizada a alguma distância do Pomba, tendo sido formada por Felicíssimo Vital de Moraes por volta de 1830. Uma pequena parte dela foi vendida a Antônio Augusto Monteiro de Barros Galvão de São Martinho e, com sua morte, dividida em muitas pequenas propriedades, todas pertencentes a Itapiruçu. A parte maior da fazenda Bom Retiro permaneceu com os descendentes de Felicíssimo Vital de Moraes e ficou para o distrito de Angaturama.

Marcamos com o número 4 a provável localização da Fazenda da Pedra, composta de quatro porções de terras vendidas por Francisco Antonio Dias, Domiciano José da Silva, João Francisco de Azevedo e Aniceto Rodrigues Vicente a Querino Ribeiro de Avelar Rezende entre 1869 e 1871, totalizando 82 alqueires. Uma dúvida sobre a Fazenda da Pedra surgiu com a declaração de Querino Ribeiro de Avelar Rezende de que suas terras divisavam com a Fazenda Soledade, que recebeu do sogro como dote pelo casamento com Maria da Purificação Monteiro de Barros Galvão de São Martinho. Ocorre que o pai de Maria da Purificação, Manoel José Monteiro de Barros (filho), informou no Registro de Terras de 1856 que a Fazenda Soledade estaria localizada bem mais ao sul, mais precisamente em território que ao final do século veio a pertencer ao distrito de Providência. Permanece, portanto, a dúvida sobre a localização destas terras.

A outra indicação, marcada no mapa/estudo com o número 5, refere-se a uma região que sofreu alterações entre 1890 e 1891. Em 1890, a divisa com Conceição da Boa Vista seria um pouco mais à esquerda. Já em 1891, uma revisão dos limites do distrito de Recreio modificou a linha divisória para a que se vê no mapa utilizado neste estudo.

Segundo apuramos nos livros do Cartório de Notas de Itapiruçu, entre 1883 e 1890 a jurisdição do cartório chegava até bem perto do arraial de São Joaquim, futuro distrito de Angaturama, atuando também sobre uma parte ao sul do Laranjal.

Como exemplo da área de jurisdição, temos diversos registros relativos à fazenda Baraúna, na margem esquerda do rio Pomba, realizados pelo cartório de Itapiruçu. Consta que esta propriedade teria sido formada pela família de Manoel José de Novaes e posteriormente uma parte foi vendida a Manoel José de Oliveira. Na década de 1880, herdeiros deste último venderam diversas “sortes de terras” da fazenda Baraúnas, cada uma de medida variando entre 2 e 8 alqueires. Na mesma fonte observamos que, antes do falecimento de Manoel José de Oliveira, descendentes de Ezaú e Processo Correia de Lacerda estavam entre os herdeiros da mesma fazenda.

Verificamos ainda que propriedades indicadas como vizinhas do córrego do Ouro e da fazenda Província, mais tarde incluídas em Angaturama, tiveram registro de compra e venda em Itapiruçu. No caso da fazenda Província, os antigos registros dão conta de ter sido formada por Lauriano José de Carvalho, genro do já citado Felicíssimo Vital de Moraes.

A partir do ponto número 5, e até encontrar o primeiro marco, temos referências aos proprietários Benjamin Monteiro de Barros, Domingos Custódio Neto, Felicíssimo Vital de Moraes, Francisco das Chagas Ferreira, José Gomes dos Santos e Manoel José Ferreira, todos pertencentes a São Joaquim, hoje Angaturama. Esclarecemos que o penúltimo, José Gomes dos Santos, era neto do formador da fazenda São Luiz, vendida a Francisco Celidônio Gomes dos Reis em 1874. Já o Manoel José Ferreira parece ser um irmão de Francisco e Ignacio Ferreira Brito.

Concluímos este comentário repetindo o que dissemos em post anterior: não consideramos definitivo este estudo. Muito pelo contrário, nosso objetivo é apresentar a versão extraída da análise dos registros de compra e venda de bens de raiz e comparada ao conteúdo dos demais documentos do século XIX, com vistas a discutí-la com estudiosos do assunto.

Desmembramento de Território de Conceição da Boa Vista: uma hipótese

Segundo divulgação da Secretaria Estadual de Cultura de Minas Gerais, Laranjal foi pouso para os tropeiros que transitavam entre São Paulo do Muriaé, Presídio (Visconde do Rio Branco) e Santa Rita da Meia Pataca (Cataguases). O nome, segundo a mesma fonte, teria origem numa grande plantação de laranjeiras que teria existido no lugar onde se formou o arraial.

Em nossas pesquisas apuramos que a Lei nr. 533, de 10 de outubro de 1851, criou o Distrito de Paz com o nome de Nossa Senhora da Conceição do Laranjal, tendo o seu território sido desmembrado do distrito de Santa Rita do Meia Pataca. A referência geográfica para localização do novo distrito era o ribeirão São João e ambos, o Laranjal e o Meia Pataca, pertenciam até então ao município do Presídio (Visconde do Rio Branco). O normativo legal assim o descreveu:

Art. 4º Os limites do novo Districto de Nossa Senhora da Conceição do Laranjal, principião na Barra do Ribeirão de Santo Antonio, no Pomba, e por aquelle acima com a Serra do Muriaé, circulando as cabeceiras do Ribeirão do Capivara, e o de S. João; comprehendendo as vertentes do corrego do Pury até o Rio Pomba.

A mesma Lei informa, ainda, que:

Art. 9º Ficão pertencendo:

[…]

§ 5º Ao Municipio do Mar de Hespanha, os novos Districtos de S. Francisco de Assis no Capivara, e de Nossa Senhora da Conceição do Laranjal sobre o Rio de S. João, desmembrados do Municipio do Presidio.

Lembrando que Distrito era denominação civil, acrescentamos que a Lei nr. 534, do mesmo dia 10 de outubro de 1851, determinou

Art. 1º Fica elevado a Parochia o Curato de Santa Rita do Meia Pataca, comprehendendo os Curatos de S. Francisco de Assis do Capivara, e de Nossa Senhora da Conceição do Laranjal, com os limites dos mesmos Curatos.

Em abril de 1854 o distrito do Meia Pataca foi transferido para Leopoldina no momento em que esta localidade alcançou sua autonomia administrativa. Desta forma, os Curatos do Laranjal e da Capivara passaram também a subordinar-se a Leopoldina. Pouco mais de um ano depois, ou seja, em maio de 1855, foi revogada a criação do distrito de paz de Nossa Senhora da Conceição do Laranjal que só voltou a esta categoria em julho de 1857.

Em 1875, com a elevação do distrito de Santa Rita do Meia Pataca a município, o Laranjal foi desmembrado de Leopoldina e passou a pertencer a Cataguases. Em 1890, a autonomia administrativa da Capivara (Palma) transferiu o Laranjal para o novo município. Um ano depois, entretanto, Cataguases voltou a tê-lo como distrito. Sua emancipação político-administrativa ocorreu por lei de 17 de dezembro de 1938.

Observa-se que o nascimento do Laranjal esteve inserido em movimento concernente a Visconde do Rio Branco e depois a Cataguases. Seria de esperar que, em conseqüência, não houvesse mais estreita ligação do Laranjal com o antigo Feijão Cru, já que Leopoldina tem toda a sua história desenvolvida através dos povoadores que habitaram a margem direita do rio Pomba, quase todos oriundos da Serra do Ibitipoca. Já a margem esquerda, especialmente Cataguases e Palma, teriam sido povoadas por pessoas originárias do Presídio (Visconde do Rio Branco). Para nossa surpresa, descobrimos que não poderíamos estabelecer vínculos tão definitivos. E aqui entra a participação do Laranjal na história de Conceição da Boa Vista.

Dois dos antigos moradores do território onde foi criado o Curato de Nossa Senhora da Conceição da Boa Vista levaram-nos a refletir sobre a possibilidade deste Curato abranger, também, moradores da margem esquerda do rio Pomba. Os nomes destes pioneiros: Ezaú Antônio Correia de Lacerda e Processo José Correia de Lacerda. Provavelmente irmãos, aparecem nos antigos Mapas de Habitantes como residentes no quarteirão que viria a ser o distrito de Conceição da Boa Vista. Mais tarde são encontrados em Alistamentos Eleitorais do quarteirão equivalente a Laranjal. Em 1876, recebem o título de eleitor em Conceição da Boa Vista.

Em virtude da homonímia, que dificulta sobremaneira o estudo destes personagens, ainda não podemos afirmar a exata localização das fazendas formadas por eles. Mas já nos foi possível descobrir que o Processo mais velho, nascido por volta de 1810, assim como o Ezaú de idade semelhante, eram vizinhos de proprietários estabelecidos na margem esquerda do rio Pomba. A partir desta constatação, passamos a trabalhar com a hipótese de que a parte sul do atual município do Laranjal pode ter sido ocupada, na primeira metade do século XIX, por familiares daqueles que povoaram Conceição da Boa Vista. Sendo assim, o primeiro desmembramento territorial de Conceição da Boa Vista seria o seguinte:

As regiões numeradas correspondem a citações de propriedades de:

1 – Ezaú Antônio Correia de Lacerda

2 – Manoel José de Novaes

3 – Processo José Correia de Lacerda

4 – descendentes de Ezaú Antônio Correia de Lacerda.

Queremos deixar claro que esta não é uma conclusão definitiva. A falta de informações confiáveis sobre os antigos nomes dos ribeirões existentes no Curato de Nossa Senhora da Conceição do Laranjal é o óbice maior. Ainda assim, optamos por divulgar este estudo na expectativa de encontrarmos interessados em debater o tema.

Significados e Mudanças de Nomes das Localidades

Hoje trazemos algumas informações sobre as denominações dos antigos povoados. Nossa fonte principal é a obra Toponímia de Minas Gerais, de Joaquim Ribeiro Costa, edição de 1993 pela Itatiaia, de Belo Horizonte.

Ao mencionar os topônimos representados por nomes do calendário cristão, o autor lembra ser este um atestado do sentimento religioso daqueles que desbravaram o território e fundaram os antigos povoados. De modo geral, a formação do arraial iniciava-se em torno de uma igreja erguida em homenagem ao santo de devoção, cujo nome estendia-se para toda a localidade. Assim é que Leopoldina, por exemplo, chamou-se Tesouro de São Sebastião do Feijão Cru.

Obedecendo ao “Esquema Genealógico” constante na página 93 da obra de Ribeiro Costa, temos que de Leopoldina foram desmembrados os seguintes atuais municípios: Argirita, Astolfo Dutra, Barão do Monte Alto, Cataguases, Dona Eusébia, Itamarati de Minas, Laranjal, Miraí, Palma, Recreio e Santana de Cataguases. Para os objetivos deste comentário, vamos nos referir a Laranjal, Palma e Recreio.

PALMA – O Curato de São Francisco de Assis da Capivara foi incorporado a Leopoldina em 1854, transferido para São Paulo do Muriaé em 1871, depois para Cataguases em 1875 e elevado a município em 1890, compreendendo os distritos de Laranjal e Aliança (hoje Cisneiros). Em 1891 incorporou os distritos de Itapiruçu e São Sebastião da Cachoeira Alegre.

LARANJAL – A Paróquia de Nossa Senhora da Conceição do Laranjal foi incorporada ao município de Leopoldina em 1871, transferida para São Francisco de Assis da Capivara (Palma) em 1890, para Cataguases em 1891 e elevada a município em 1938, compreendendo o distrito sede e o de São João da Sapucaia. Até onde pudemos apurar, a mudança de nomes foi apenas pela supressão do santo invocado na denominação original.

RECREIO – Nome da fazenda onde foi construída a estação da estrada de ferro, conforme já mencionado nos primeiros posts deste blog. Distrito criado em território de Conceição da Boa Vista em 1890, elevado a município em 1938 com os distritos de Conceição da Boa Vista e São Joaquim (atual Angaturama).

Nos próximos comentários vamos tratar dos distritos.

Do quartel do Porto dos Diamantes a Cataguases: Uma cronologia histórica

Comemoramos, neste ano de 2011, os 136 anos de criação do município de Cataguases, de acordo com a Lei Provincial n. 2.180, de 25 de novembro de 1875, tendo o mesmo sido oficialmente instalado em 07 de setembro de 1877.

Cataguases, 1923

A ocupação, pelo homem branco, do território que pertenceria ao futuro município, ocorreu no início anos 1800 com a concessão de sesmarias distribuídas pelo Governo Imperial. Neste período, as sesmarias mediam meia légua em quadra, área então equivalente a 1.068 hectares ou 225 alqueires mineiros.

Os primeiros sesmeiros receberam suas terras situadas, sobretudo, às margens dos rios, ribeirões e córregos, assim como ao longo da estrada que ligava São João Batista do Presídio (hoje Visconde do Rio Branco) a Campos dos Goitacazes, no estado do Rio de Janeiro, concluída em 1812. Vinda do Passa Cinco, a estrada passava, num percurso atualizado, pela Rua Alferes Henrique de Azevedo, Praça Santa Rita, ruas Coronel Vieira e Professor Alcântara, seguindo sempre pela margem esquerda do rio Pomba.

Cumprindo a política governamental de Civilização e Catequese dos Índios, foram criadas as 7 Divisões Militares, comandadas, a partir de 1826, por Guido Thomaz Marlière. Até então, Guido era o Diretor Geral dos Índios da Pomba, cargo assumido em 1813.

Pertencente ao município de Mariana, a área do futuro arraial de Porto dos Diamantes fez parte das Freguesias do Mártir São Manoel da Pomba e Peixe dos Índios Croatos e Cropós (atual Rio Pomba, criada em 1765, e, posteriormente, da de São João Batista do Presídio, criada em 1810.

A seguir, a evolução do primitivo aldeamento, o Curato, a Freguesia, a Paróquia – instâncias administrativas e eclesiásticas – até a criação do município, com alguns fatos históricos do período.

23.05.1817 – Concessão de uma sesmaria a João Antonio da Cruz, no ribeirão Passa Cinco, no sertão do Caminho que se abriu para os Campos.

17.12.1817 – Concessão de uma sesmaria a Lucindo Pereira Passos, nas cabeceiras do ribeirão Meia Pataca, na nova estrada para Campos dos Goitacazes.

07.04.1818 – Concessão de uma sesmaria a Manoel Barbosa Coura, no ribeirão Passa Cinco, na nova estrada para Campos dos Goitacazes.

01.07.1818 – Concessão de uma sesmaria a Joaquim de Freitas Ferreira, no ribeirão Passa Cinco, na nova estrada para Campos dos Goitacazes.

15.02.1819 – Concessão de uma sesmaria a Ana Teresa de Jesus, no lugar chamado Porto dos Diamantes.

20.09.1822 – Criação do Aldeamento de Meia Pataca pelo Diretor Geral dos Índios.

26.05.1828 – Doação do terreno para constituir o patrimônio da Capela de Santa Rita, ao Comandante Guido Thomaz Marlière, feita pelo Sargento de Ordenanças Henrique José de Azevedo, no Quartel General de Porto dos Diamantes. Assinam como testemunhas José Gomes de Barros, Joaquim de Souza Lima, Antonio Roiz. de Mello, Manoel Carlos de Almeida, José Antonio Roiz., Antonio Borges e Joaquim José da Silva.

15.07.1828 – Comunicação de Guido ao governo de Minas Gerais, informando a criação do novo arraial de Santa Rita do Porto dos Diamantes, com 38 fogos (casas), por onde atravessava a Estrada Nova ( estrada Presídio – Campos),  filial da Freguesia de São João Batista do Presídio.

13.10.1831, Decreto sem número – Criação da Vila de São Manoel da Pomba, cujo território abrangia todo o curso do rio Pomba até sua foz, no rio Paraíba.

19.11.1831 – A primeira Lista de Habitantes foi encaminhada ao Governo pelo Juiz de Paz Henrique José de Azevedo. No território de Santa Rita de Meia Pataca havia 112 fogos (casas) e 753 habitantes.

21.01.1839 – A segunda Lista de Habitantes foi encaminhada ao Governo pelo Juiz de Paz Antonio Vicente da Silva Viana. Na área do distrito de Santa Rita do Meia Pataca havia 120 fogos (casas).

23.03.1839, Lei n.134 – Elevação da Freguesia de São João Batista do Presídio à categoria de Vila, à qual fica pertencendo Santa Rita de Meia Pataca.

07.04.1841, Lei 209 – Eleva a Paróquia o Curato de São Januário do Ubá, desmembrado da Paróquia  do Presídio, compreendendo a Capela de Santa Rita do Meia  Pataca.

10.10.1851, Lei n. 534 – Elevação do Curato de Santa Rita do Meia Pataca a Freguesia, compreendendo os curatos de São Francisco de Assis do Capivara e de N. Sra. da Conceição do Laranjal.

A Lei n. 533, da mesma data, estabeleceu que sua área seria composta do território situado às margens do Chopotó até sua foz, no rio Pomba, e, por este abaixo, até o córrego São Joaquim, afluente do mesmo rio.

17.06.1853, Lei n. 654 – Elevação da Paróquia de São Januário de Ubá a Vila, suprimindo a Vila de Presídio.

27.04.1854, Lei n. 666 – Elevação da Freguesia de São Sebastião do Feijão Cru (atual Leopoldina) à categoria de Vila, sendo a ela incorporado o distrito de Santa Rita de Meia Pataca, desmembrado da Vila de Ubá.

25.04.1855 – Iniciado o Registro de Terras da Freguesia de Santa Rita de Meia Pataca, que  no Livro 1 traz 197 registros. A menor propriedade tem 1 alqueire e a maior, 2.100 alqueires.

25.11.1875, Lei n. 2.180 – Criação o município de Cataguases, composto das freguesias de Meia Pataca, Laranjal e Empoçado (hoje Cataguarino), desmembradas do município de Leopoldina; da de Santo Antonio do Muriaé, desmembrada de Ubá; e da de Capivara, também desmembrada de Muriaé.  Fica anexado à nova vila o território da margem esquerda do rio Novo e o da fazenda de Manoel Fortunato Ribeiro, desmembrado do curato da Piedade.

Hoje o município de Cataguases é composto dos distritos da Sede (cidade), Cataguarino, Glória, Sereno, Vista Alegre e Aracati.

As alterações no território, a criação, incorporação e emancipação de distritos dando origem a diversos municípios, e outros fatos históricos ocorridos a partir de 1875, merecem ser tratados oportunamente.

Joana Capella

Cataguases, 12 de novembro de 2011.

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Texto elaborado a partir de pesquisas no Catálogo de Sesmarias, Coleção das Leis Mineiras, Registro de Terras de Meia Pataca e Correspondência de Guido Marlière, disponíveis no Arquivo Público Mineiro.

Este texto foi publicado na edição de 25 de novembro de 2011 no jornal Cataguases, página 2.

Contagem Populacional: recenseamentos realizados em Leopoldina

O recenseamento realizado no Brasil em 1872, por ordem de Dom Pedro II, encontrou 3.184.099 habitantes na província de Minas Gerais.

O levantamento foi realizado de acordo com o Lei nr 1829, de 9 de setembro de 1870, que estabeleceu, em seu Art. 1º:

“De dez em dez annos proceder-se-ha ao recenseamento da população do Imperio”.

Em Minas Gerais, conforme se observa no recorte abaixo, a contagem só foi iniciada em 1 de agosto de 1873.

 

Em Leopoldina, a organização dos serviços esteve a cargo do Vigário José Francisco dos Santos Durães e de Francisco José de Freitas Lima que, conforme se verifica na nota abaixo, substituíram os primeiros nomeados por não residirem na Paróquia.

 

No Relatório apresentado pelo vice-presidente da província à Assembleia Legislativa em 1874, foram informados os seguintes dados de Leopoldina:

 

Nos quadros acima estão incluídos todos os distritos que então pertenciam a Leopoldina, quais sejam: Madre de Deus do Angu (hoje pertencente a Além Paraíba); Meia Pataca (hoje o município de Cataguases); Laranjal (hoje município); Pirapetinga (hoje município); Conceição da Boa Vista (atualmente distrito de Recreio); e, Bom Jesus do Rio Pardo (atual município de Argirita).

 

Na Paróquia de São Sebastião da Leopoldina o resultado foi o seguinte:

 

LIVRES

BRANCOS

%

CABOCLOS

%

OUTROS

%

4.835

2.747

56,8

68

1,4

2.020

41,8

O quadro caboclos refere-se a índios, independente de serem filhos de índios com brancos ou só de índios.

LIVRES

BRASILEIROS

%

ESTRANGEIROS

%

4.835

4.636

95,8

199

4,2

Entre os estrangeiros, destacamos:

8 alemães, sendo 2 homens casados, 3 homens solteiros, 1 mulher casada, 1 mulher solteira e 1 mulher viúva;

6 espanhóis, sendo 1 homem casado, 4 homens solteiros e 1 homem viúvo;

26 italianos, sendo 14 homens casados, 10 homens solteiros, 1 homem viúvo, 1 mulher casada.

Os demais 159 estrangeiros são de outras nacionalidades, especialmente portugueses.

LIVRES

HOMENS

%

MULHERES

%

4.835

2.587

53,5

2.248

46,5

ANALFABETOS

HOMENS

%

MULHERES

%

3.386

1.724

50,9

1.662

49,1

ESTUDANTES

HOMENS

%

MULHERES

%

160

97

60,6

63

39,4

Entre a população livre, foram encontrados:

5 homens e 3 mulheres cegas, 2 homens e 1 mulher surdos-mudos, 15 homens e 9 mulheres aleijados, 2 homens e 1 mulher demente e 1 homem alienado, o que representa 0,8% do total de pessoas livres.

ESCRAVOS

BRASILEIROS

ESTRANGEIROS

HOMENS

MULHERES

3.100

2.864

236

1.649

1.451

Todos os escravos se declararam analfabetos. E entre eles foram encontrados:

2 homens e 1 mulher cega, e 1 mulher surda-muda, 7 homens e 3 mulheres aleijados, 2 homens dementes e 1 homem alienado, representando 0,5% do total de escravos.

À exceção dos estrangeiros de origem germânica, todos os demais se declararam católicos.

Foram encontradas 481 casas, sendo 477 habitadas e 4 desabitadas.


CENSO REALIZADO EM 31.12.1890

Distribuição Populacional:

HABITANTES

ESTRANGEIROS

Homens

Mulheres

BRASIL

14.333.915

231.731

119.581

MINAS GERAIS

3.184.099

31.135

15.652

LOCAL

HABITANTES

ESTRANGEIROS

ANALFABETOS

H

M T

São Sebastião de Leopoldina

13.942

285 146 431

11.356

Nossa Senhora da Piedade

4.344

4

3

7

3.385

Santo Antônio de Tebas

2.226

61

42

103

1.824

N.S.Conceição da Boa Vista

10.178

223

53

276

8.580

Bom Jesus do Rio Pardo

4.841

45

28

73

4.157

TOTAL DE LEOPOLDINA

35.531

618

272

890

29.302

ANALFABETISMO

SABEM LER E ESCREVER

BRASILEIROS

ESTRANGEIROS

HOMENS

MULHERES

TOTAL

HOMENS

MULHERES

TOTAL

BRASIL

1.237.494

684.482

1.921.976

148.360

50.223

198.583

MINAS

220.975

100.428

321.403

8.619

1.382

10.001

S.SEBASTIÃO

1.485

835

2.320

223

43

266

N.S.PIEDADE

610

336

946

* 12

* 1

* 13

S.A.TEBAS

244

153

397

5

0

5

BOA VISTA

1.070

417

1.487

103

8

111

RIO PARDO

430

200

630

50

4

54

Total Município

3.839

1.941

5.780

393

56

449

* Há um erro flagrante, pois a população estrangeira no distrito era de 4 homens e 3 mulheres, conforme quadro anterior.

NÃO SABEM LER E ESCREVER

BRASILEIROS E ESTRANGEIROS

POPULAÇÃO

HOMENS

MULHERES

TOTAL

TOTAL

% ANALFABETOS

BRASIL

5.852.078

6.361.278

12.213.356

14.333.915

85,2

MINAS

1.397.867

1.454.828

2.852.695

3.184.099

89,6

S.SEBASTIÃO

5.779

5.577

11.356

13.942

81,5

N.S.PIEDADE

1.718

1.667

3.385

4.344

77,9

S.A.TEBAS

912

912

1.824

2.226

81,9

BOA VISTA

4.408

4.172

8.580

10.178

84,3

RIO PARDO

2.135

2.022

4.157

4.841

85,8

Total Município

14.952

14.350

29.302

35.531

82,5

ANALFABETISMO ENTRE OS ESTRANGEIROS

LOCAL

POPULAÇÃO

ALFABETIZADOS

ANALFABETOS

H

M T H M T H M T %

S.Sebastião

285

146

431

223

43

266

62

103

165

38,2

N. S.Piedade *

4

3

7

12

1

13

8

2

10

142,8

S. A.Tebas

61

42

103

5

0

5

56

42

98

95,1

N.S.C.Boa Vista

223

53

276

103

8

111

120

45

165

59,8

B.J.Rio Pardo

45

28

73

50

4

54

5

24

29

39,7

LEOPOLDINA

618

272

890

225

216

441

49,5

* Conforme dito acima, há um erro flagrante no mapa do IBGE quanto ao número de estrangeiros alfabetizados.

FILIAÇÃO

LEGÍTIMOS

ILEGÍTIMOS

LEGITIMADOS

EXPOSTOS

TOTAIS

BRASIL

11.656.431

2.603.489

61.730

12.265

14.333.915

MINAS

2.703.227

470.817

7.907

2.148

3.184.099

S.SEBASTIÃO

10.835

3.033

54

20

13.942

N.S.PIEDADE

3.696

646

2

0

4.344

S.A.TEBAS

1.761

463

2

0

2.226

BOA VISTA

7.722

2.437

17

2

10.178

RIO PARDO

3.490

1.333

11

7

4.841

Total Município

27.504

7.912

86

29

35.531

CULTO

BRASIL

MINAS

LEOPOLDINA

CATÓLICOS

ROMANOS

14.179.615

3.180.526

35.471

ORTODOXOS

1.673

88

0

PROTESTANTES

EVANGÉLICOS

19.957

368

0

PRESBITERIANOS

1.317

92

0

OUTROS

122.469

2.705

49

ISLAMITAS

300

5

0

POSITIVISTAS

1.327

105

10

SEM CULTO

7.257

210

1

TOTAIS

14.333.915

3.184.099

35.531

Autoridades do então distrito do Laranjal

Autoridades dos antigos distritos de Leopoldina, empossadas pela Câmara Municipal, conforme códices 32 e 146, entre 1855 e 1892.

LARANJAL, atual município de mesmo nome
Ezaú Antonio Corrêa de Lacerda

 

1º Juiz de Paz 17.04.1861
Ezaú Antonio Corrêa de Lacerda
Florisbelo Avelino Guimarães

Florisbelo Avelino Guimarães

 

3º Juiz de Paz 07.01.1865
Francisco Antonio de Abreu 2º Juiz de Paz 17.01.1859
3º Juiz de Paz 12.02.1861
Francisco Soares Barbosa 4º Juiz de Paz 17.01.1859
Inácio José Nogueira da Costa 2º Juiz de Paz 17.04.1861
Inácio Nogueira da Gama 1º Juiz de Paz 12.01.1865
João Casemiro de Souza 1º Juiz de Paz 18.01.1859
4º Juiz de Paz 04.04.1865
Joaquim Alves de Novaes 2º Juiz de Paz 11.09.1865
Manoel Jacinto Nogueira Velasco da Gama 4º Juiz de Paz 12.04.1862
Valeriano Honório Ferreira Leite 3º Juiz de Paz 17.01.1859