4 – Colunas Literárias

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA

Publicado no jornal Leopoldinense de 1 de agosto de 2014

Continuação do estudo sobre A Imprensa em Leopoldina (MG) entre 1879 e 1899

Não foram apenas os dois autores citados no artigo anterior que escreveram colunas literárias publicadas nos antigos jornais de Leopoldina. No jornal O Leopoldinense, havia uma coluna denominada Folhetim, na metade da primeira página.

Na Gazeta de Leopoldina, na edição nº 5 do terceiro ano, foi inaugurada uma seção, também na primeira página, com o título A Gazetinha e o subtítulo Folha Literária.

Em outros jornais da época existiam colunas contendo material semelhante, que no livro “História e Imprensa: Representações Culturais e Práticas de Poder”, organizado por Ariane Ewald e outros, é descrito como crônicas folhetinescas “divulgadoras de uma trama social, de um estilo de vida, de valores que sinalizaram a modernidade no século XIX”. Que equivaliam ao que Nelson Werneck Sodré classificou de “romances e novelas anônimas, fabricadas aos montes para distrair o espírito das sinhazinhas e dos estudantes”.

É o caso, por exemplo, d’O Leopoldinense, que durante o ano de 1881 publicou a tradução feita por Silva Ennes para A Condessa de Talma dividida em várias edições, sem ter sido indicada a nacionalidade ou o nome do autor da obra.

Também eram publicadas traduções e análises críticas de obras europeias. Algumas vezes com conteúdo que surpreende por aparentar certa incompatibilidade com o que o senso comum entende ser característica da sociedade da época. Como a análise da obra “As Mulheres que Votam e as Mulheres que Matam”, de Alexandre Dumas Filho, publicada na primeira página da edição nº 51, de 07.11.1880, d’O Leopoldinense. Anunciada como “correspondência do Leopoldinense”, o texto informa que a primeira parte da obra trata de três mulheres acusadas de terem assassinado os pais de seus filhos, sendo uma delas atriz, a segunda uma serva e a terceira uma senhora casada. Após descrever os processos, o autor dialoga com o leitor declarando que os crimes aconteceram “porque não tendes ânimos de fazer leis que confiram à honra das donzelas as mesmas garantias que à mais grosseira mercadoria”. Já na segunda parte da obra, diz o articulista, o autor defende “o direito que tem a mulher de votar, como o homem”. O texto questiona a diferença entre sexos e declara que as teses advogadas por Dumas Filho passariam por diversas fases como espanto, hábito, experiência, dever e finalmente um bem para a sociedade.

De resto, a apreciação dessas colunas literárias suscita algumas conclusões.

Em primeiro lugar, há uma sensível diferença entre a primeira fase, em que O Leopoldinense era o único periódico e a quarta fase, com vários jornais sendo publicados simultaneamente ou não. Se naquela os autores não puderam ser identificados, nesta houve nomes que permaneceram na lide literária. Enquanto a primeira fase caracterizou-se por romances e novelas anônimas, na última eram publicadas poesias, contos curtos e pequenas crônicas, quase sempre com identificação da autoria. Por outro lado, a quarta fase inaugurou a época das charadas, piadas e colunas de opinião.

De todo modo, não se pode esquecer o alerta do livro de Ariane Ewald de que as “crônicas são fragmentos e, ao mesmo tempo, elementos do social” e que tais “fragmentos da vida no século XIX indicam também os sinais mais públicos e visíveis do projeto da modernidade” que se vivia à época. Ampliando-se a área de alcance destes conceitos para além das crônicas folhetinescas, percebe-se que outras matérias publicadas nos primeiros periódicos leopoldinenses se enquadram na mesma condição de reflexo da vida cotidiana.

De certo modo foi o que se observou, por exemplo, na crônica publicada na edição de 30.01.1896 da Gazeta de Leopoldina, assinada por J. Lorbela, provável pseudônimo. Após uma introdução bastante rebuscada em elogios ao distrito de Conceição da Boa Vista, o autor usa de fina ironia para denunciar “esse ninho de águias” que seria o Conselho Distrital e fazer provocações sobre a falta de água, de iluminação e de prédio para a escola. No prosseguimento, declara que não houve eleição no distrito porque “na forma do costume, os eleitores deixaram-se ficar no seu dulce far niente”, abstendo-se de participar do pleito. E encerra o texto pedindo ao fiscal distrital para por “termo às infrações ao estatuto municipal, tão desrespeitado por indivíduos menos ocupados que se divertem dia e noite a alvejar as suas armas, pondo em sobressalto crianças e famílias”. Pela leitura das crônicas deste articulista durante boa parte do ano de 1896 é possível acompanhar o cotidiano do distrito de Conceição da Boa Vista.

Dá até vontade de continuar nesta toada. Mas o Trem de História soou o apito indicando que é chegada a vez do vagão que vai explicar as razões para Leopoldina ter tido tantos periódicos em tão pouco tempo. Aguardem.

3 – Influências e Financiamento

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA
Publicado no jornal Leopoldinense de 16 de julho de 2014

Terceira parte do trabalho A Imprensa em Leopoldina (MG) entre 1879 e 1899

Neste tempo de muito falar sobre financiamento de campanha e contabilidade criativa para que a grana não saia dos trilhos, o Trem de História conta um pouco sobre os caminhos percorridos para o financiamento dos periódicos e as influências que exerciam sobre a linha editorial de um jornal.

E o ponto de partida para a viagem de hoje é a edição nº 40 do ano 3, de 25.05.1882, d’O Leopoldinense, que na primeira página traz um aviso com os preços cobrados para veicular declarações, publicações solicitadas, avisos e anúncios, esclarecendo-se que “adotamos os preços moderadíssimos do Diário do Brasil”, de onde se extrai primeira constatação interessante.

A notícia em si, indicando uma das formas de financiamento do jornal, pouca novidade tem. Mas nela o editor do Leopoldinense deixou entrever que seu jornal acompanhava o Diário do Brasil, periódico publicado na Corte, que foi incluído por Nelson Werneck Sodré, em A História da Imprensa no Brasil, entre os órgãos da pequena imprensa que se isolou no apoio ao manifesto de Carl von Koseritz, em 1883, de incentivo à imigração germânica. O Diário do Brasil era um informativo classificado pelo jornalista francês Max Leclerc entre os que “exerciam grande influência na opinião” e, como se vê, servia de parâmetro para O Leopoldinense. Isto faz crer, com boa margem de segurança, que não teria sido por mero acaso que O Leopoldinense se colocou, em diversas oportunidades, a favor da substituição da mão de obra escrava por colonos estrangeiros.

Recorde-se que o tema da imigração foi estudado pelos autores deste Trem de História em projeto desenvolvido há alguns anos sobre a Colônia Agrícola da Constança. Naquela oportunidade afirmou-se mais de uma vez que os fazendeiros leopoldinenses adotaram a ideia da contratação de colonos estrangeiros a partir do início da década de 1880 e a substituição da mão de obra foi um processo crescente, não se justificando a visão de que o 13.05.1888 desestruturou todas as propriedades agrícolas do município.

Recorde-se, ainda, que entre outras fontes utilizadas naquele estudo estão as matérias publicadas em jornais, especialmente as colunas d’O Leopoldinense e da Gazeta de Leopoldina que divulgavam a chegada de imigrantes na Hospedaria Horta Barbosa, em Juiz de Fora.

Voltando à fonte de financiamento do primeiro periódico leopoldinense, vale observar que ela traz um indicador importante. Analisando a denominada Seção Livre, observa-se que o jornal publicava matérias relativas a diversos municípios que não faziam parte da área de influência de Leopoldina, o que indica uma boa receptividade do jornal numa região mais vasta.

Embora não tenha sido possível identificar com precisão todo o universo dos assinantes do jornal, pode-se concluir, por hipótese, que além dos moradores de localidades próximas os houvesse em diferentes pontos das províncias de Minas e Rio, além da Corte, o que por si só amplia bastante a sua possibilidade de financiamento através das assinaturas. E esta ampliação pode ser observada em anúncio na primeira página da edição de 19.11.1881 informando que as assinaturas poderiam ser pagas num endereço na capital do Império – Rua da Quitanda 84-B, onde se estabelecia a empresa Portella & C. que recebia, também, assinaturas tomadas por moradores de outras cidades. Segundo o próprio jornal era possível, também, pagar a assinatura diretamente, através de remessa de vale postal, como fez um padre de Valença, RJ, em 1881.

Uma fonte importante de financiamento, não só para O Leopoldinense, sempre foi a proveniente das publicações oriundas da administração municipal e do poder judiciário. Neste ponto é importante lembrar que as receitas destas publicações algumas vezes traziam consigo seus prós e contras. Assim, em alguns casos, pareciam constituir-se na razão para a existência de uma folha informativa. Noutros, agraciados com maior ou menor volume de recursos, podiam ser confundidos com algum favor concedido ou negado devido à cor da bandeira partidária assumida por seu editor.

Outra forma de financiamento dos periódicos eram as colunas com noticiário religioso. Segundo consta em alguns dos “papeizinhos” do Padre Julio Fiorentini, que estava à frente da Paróquia de São Sebastião nos últimos anos do século XIX, eram feitas arrecadações específicas pelas irmandades para publicação de anúncios no jornal. Esclareça-se que tais papeizinhos foram encontrados dentro de livros de assentos paroquiais de batismo transcritos pelo Padre José Ribeiro Leitão em dezembro de 1958, não estando organizados ou arquivados de forma a permitir sua referenciação.

Completando-se o rol de meios para obtenção de fundos para financiamento dos periódicos, há a indicação de venda avulsa realizada por “moleques” esporadicamente mencionados. Contudo, apesar do preço da assinatura ser informado sempre na primeira página, no caso d’O Leopoldinense não foi encontrado o valor para venda avulsa.

Conhecidas as fontes de influência e financiamento dos periódicos o próximo vagão promete falar de literatura, jornalismo e política. Aguardem. Ele vem puxado pela Maria Fumaça, mas é rapidinho.

2 – O Público Alvo dos Periódicos

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA
Publicado no jornal Leopoldinense de 1 de julho de 2014

Continuação do trabalho A Imprensa em Leopoldina (MG) entre 1879 e 1899

Como foi dito no artigo anterior, o trem de história traz hoje o vagão da pesquisa sobre o público alvo dos periódicos. Isto é, o pessoal que devia sentar no banco do trem, na espreguiçadeira do alpendre ou, na cadeira da sala para ler o jornal. E começa pelo mais antigo jornal da cidade que se chamou “O Leopoldinense”.

Este periódico teve como seu primeiro editor e gerente o Alferes Francisco da Costa Sobrinho. Sua primeira edição data de 01.01.1879 mas só existem em arquivo os números publicados a partir de novembro de 1880. Era “propriedade de uma sociedade anônima” cujos membros podem apenas ser suspeitados, já que não se encontraram fontes que os identificassem. Apresentava-se como “Folha Comercial Agrícola Noticiosa”, trazendo o subtítulo “Consagrado aos Interesses dos Municípios de Leopoldina e Cataguases”, o seu público alvo declarado.

Abra-se aqui um parêntese. O subtítulo acima se confirma pelo fato de que a publicação surgiu quando havia apenas três anos e dois meses que Cataguases se emancipara de Leopoldina e somente um ano e quatro meses da instalação daquele município. Registre-se, ainda, que é possível constatar, em matérias publicadas no jornal e em documentos do Arquivo da Câmara Municipal de Leopoldina, como os livros dos cartórios de notas, que por esta época Cataguases ainda mantinha certo nível de dependência em relação a Leopoldina e que, além disso, ali a imprensa periódica só apareceu cinco anos depois, em 1884, conforme Xavier da Veiga.

Seria, entretanto, uma simplificação perigosa afirmar que O Leopoldinense tinha como público alvo apenas os moradores de Leopoldina e Cataguases. Até porque as divisões administrativas nem sempre correspondem ao que se observa na realidade. O público do jornal poderia ser constituído pelos 59.390 habitantes da área imediata de influência de Leopoldina e não somente dos que residiam no território então pertencente ao município.

E para entender esta ampliação do público alvo basta lembrar o fato de que alguns dos distritos emancipados estavam subordinados a municípios onde ainda não havia imprensa periódica. Porque além de Cataguases, já mencionado, este é o caso dos distritos que foram transferidos para Mar de Espanha, Muriaé e São João Nepomuceno, como pode ser deduzido da obra de José Xavier da Veiga, quando mostra que o primeiro jornal de Mar de Espanha é de 1882 e informa que em Muriaé e São João Nepomuceno os primeiros apareceram somente em 1887.

Importante destacar que, do total de moradores (59.390) apurado em 1872, apenas 65,54% deles eram cidadãos livres, o que poderia levar à conclusão de que o mercado do jornal seria de 38.924 pessoas, das quais apenas 9.010 eram alfabetizadas. Entretanto, o baixo índice de alfabetização não se torna totalmente excludente por conta de notas encontradas em vários jornais consultados, as quais confirmam a opinião de Walmir Silva, em A Imprensa e a Pedagogia Liberal na Província de Minas Gerais, que citando Gramsci afirma que: “o referido público não se resumia a letrados, sendo condição da pedagogia liberal alcançar os simples”. E conforme o mesmo autor, a oralidade teve grande importância num ambiente de baixa alfabetização: “a circulação dos periódicos e sua leitura pública alimentavam uma elite intelectual moderada, em sentido amplo”.

No mesmo sentido coloca-se Marcus J. M. de Carvalho, em A Imprensa na Formação do Mercado de Trabalho Feminino no Século XIX, ao mencionar a leitura em voz alta e também a frequência aos locais de concentração de pessoas como osmeetings e clubs, para ter acesso à informação. Aliás, Carvalho referiu-se a uma expressão interessante ao declarar que as novidades chegavam através das conversas com agregados, com os escravos de dentro de casa ou com vizinhos. Afirmou ele: “vestidos e ideias francesas vinham na mesma embalagem” cuja ideia central remete ao processo da Inconfidência Mineira, de inspiração francesa.

E para sintetizar as referências à influência dos costumes da França na sociedade brasileira, presentes em inúmeras obras, cita-se aqui a Revista Gragoatá, da Universidade Federal Fluminense, volume 10-13, de 2001, com um artigo intitulado “As ideias francesas [chegaram ao Brasil] nos movimentos preparatórios da Independência”.

Este aspecto foi observado, nos jornais de Leopoldina analisados para este trabalho, em situações tais como citações naquela língua, anúncio de livros de autores franceses e comentários sobre a moda parisiense. Presume-se, portanto, que o francesismo era sinal distintivo e o público leitor estava a ele habituado. Adicionalmente, a análise de anúncios de cursos livres ou regulares na cidade demonstra que havia interesse pelo aprendizado da língua de Rousseau.

Fechando o artigo de hoje, resta dizer que em fevereiro de 1881 o subtítulo do Leopoldinense passou a ser “Dedicado à Causa Pública e Social”, embora não se tenha observado mudança editorial ou de público nos exemplares posteriores. Em maio de 1882 ocorreu uma significativa alteração no jornal ao ser desfeita a sociedade Costa Sobrinho & C, ficando todo o ativo e passivo da tipografia, bem como a casa de negócio situada à Rua do Rosário nº 37, a cargo do sócio Francisco da Costa Sobrinho, conforme nota publicada na primeira página da edição nº 39, de 21 de maio daquele ano. Quanto à linha editorial, estrutura do periódico e público alvo, as edições subsequentes não trazem modificações.

No próximo número o Trem da História seguirá a sua viagem.

A Imprensa em Leopoldina (MG) entre 1879 e 1899

01 – APRESENTAÇÃO E INÍCIO DA HISTÓRIA

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA
Publicado no jornal Leopoldinense de 16 jun 2014

Iniciamos com este, a publicação de alguns textos que pretendemos sejam como um TREM DE HISTÓRIA a levar ao leitor do Jornal Leopoldinense um pouco do passado da cidade. E, numa primeira série de artigos, nossa imaginária Maria Fumaça trará para o público da gare a história da Imprensa em Leopoldina-MG no período de 1879 a 1899.

Isto porque segundo Xavier da Veiga na monumental obra intitulada Efemérides Mineiras, Leopoldina figura entre os municípios mineiros com maior presença da imprensa periódica neste período. E porque no dizer de Maria Beatriz Nizza da Silva, no livro Gazeta do Rio de Janeiro (1808-1822), os jornais são fontes preciosas para o historiador como documento da vida cotidiana, permitindo observar aspectos “que dificilmente se encontram em outra documentação”. Embora não se conheça estudo que discuta o papel desta imprensa em Leopoldina, o município teve bom destaque histórico e econômico na zona da mata mineira, o que por si só justifica explorar as fontes desta história.

Serão textos inéditos, baseados em trabalho de Nilza Cantoni para o curso de pós graduação em História Cultural pela Universidade Gama Filho. Assunto ainda não tratado por estudiosos, aqui será apresentado o resultado de uma investigação que procurou reunir e sintetizar uma abordagem panorâmica, identificando os periódicos existentes no período pesquisado, o público atingido e o papel desses jornais locais na difusão da cultura.

Lembrando que para este trabalho Nilza leu e analisou quinhentas e onze edições de cinco periódicos da época, sendo possível identificar que as matérias tratavam de Administração Pública, Agroindústria, Educação, Escravidão, Imigração, Literatura, Poder Judiciário, Política, Religião, Serviços Públicos, Social, Transportes e Variedades.

No correr dos artigos notará o leitor que foi de fundamental importância a análise de algumas das primeiras edições do pioneiro jornal O Leopoldinense, lançado em 1879. Especialmente matérias que declaravam ser sinal de modernidade a libertação dos escravos, bem como de outras que abordavam a necessidade de melhorar a capacidade de produção agrícola. Leituras que permitiram esboçar um panorama da sociedade da época, despertando para o “estudo de um saber local nos moldes históricos” de que Lynn Hunt, em A Nova História Cultural, trata ao definir o que é a História Local. Donde duas questões se destacaram: saber quais eram os assuntos em pauta no período e de que forma eles eram abordados.

Fato é que, manuseando este rico material, Nilza tirou algumas conclusões interessantes e constatou, por exemplo, que os primeiros jornais de Leopoldina funcionaram muitas vezes como os almanaques da época, os quais formavam uma coletânea de informações que se destinavam a instruir o público leitor a respeito dos mais variados assuntos. Concluiu, ainda, que aqueles periódicos se propunham a atuar na formação de um público leitor que viria a se tornar consumidor de outros jornais e dos livros divulgados nas quartas páginas daqueles periódicos.

Mas para que o leitor também possa tirar as suas próprias conclusões, necessário se faz que a viagem prossiga para descobrir que o município de Leopoldina, situado na zona da mata de Minas Gerais, no final do século XIX contou com diversas publicações periódicas.

Segundo Xavier da Veiga teriam sido dezesseis os jornais que aqui se imprimiram no último quartel dos anos de mil e oitocentos. Entretanto, a pesquisa elevou este número para vinte e um títulos lançados, além de um Almanaque.

E para finalizar o artigo de hoje, é de se destacar que de alguns destes informativos só foram localizadas esparsas referências em outros periódicos ou em literatura. Mas aprimorando-se as buscas, foi possível encontrar edições de doze deles, sendo que alguns no Arquivo Público Mineiro, em Belo Horizonte, outros na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro e ainda outros, na Biblioteca Municipal Luiz Eugênio Botelho e na Casa de Leitura Lya Maria Müller Botelho, em Leopoldina. E aqui é preciso registrar um agradecimento especial aos funcionários da Casa de Leitura, especialmente ao seu diretor Alexandre Moreira, que facilitaram o acesso da pesquisadora à única coleção completa da Gazeta de Leopoldina de que se tem notícia.

No segundo vagão se falará sobre público alvo destes periódicos. Até lá!

Efemérides Leopoldinenses: Janeiro

Memorial Diário da História de Leopoldina, com acontecimentos do mês de janeiro.

1 de janeiro

1879

Sai a primeira edição do mais antigo jornal de Leopoldina: O Leopoldinense [1]

1899

Um soneto do poeta leopoldinense Dilermando Cruz é publicado na Gazeta de Leopoldina desta data.


2 de janeiro

1868

As fazendas Morro Alto e Bom Destino passam a ser subordinadas à paróquia de Leopoldina.

1875

Assembleia Legislativa Provincial autoriza o governo da província a reconstruir ponte na estrada geral de Leopoldina para Meia Pataca. (Lei Mineira 2095).


5 de janeiro

1883

Morre a senhora Maria do Carmo Monteiro de Barros que, com seu marido, formou a Fazenda Desengano em terras que fizeram parte de sesmaria doada aos irmãos Fernando Afonso e Jerônimo Pinheiro Corrêa de Lacerda.

1883

A população servil da Província atinge a 311.666 indivíduos. A cidade com maior número de escravos é Juiz de Fora, com 21.808, em seguida Leopoldina, com 16.001, em terceiro Mar de Espanha, com 15.183, em quarto Muriaé com 7.775 e os demais municípios em ordem decrescente. [7]


8 de janeiro

1882

Nesta data Alberto Jackson era professor no então distrito de Campo Limpo[2].

1899

Circula a primeira edição de O Recreio, periódico do então distrito de Leopoldina, editado por A. Napoleão & Co.


9 de janeiro

1881

Leopoldina é sede do 9º Distrito Eleitoral da Província. [3]


11 de janeiro

1882

Onças atacam fazendas em Leopoldina.


19 de janeiro

1883

Inaugurava-se um local de espetáculos em Leopoldina, denominado Theatro Alencar. Localizado na atual Rua Cotegipe, segundo noticiou o jornal O Leopoldinense dois dias depois, a cerimônia aconteceu às 20:30, “sem o menor aparato” e a comissão encarregada da construção foi composta por Chagas Lobato, Marciano Guimarães e Santa Cecília.


20 de janeiro

1855

Instalação solene do município de Leopoldina[4].

1883

Anúncio do início das atividades do Colégio Leopoldina, filial do Colégio Venerando estabelecido na Corte.[5]


21 de janeiro

1861

Assento paroquial de casamento dos escravos Agostinho e Tereza, pertencentes a Vicente Ferreira Monteiro de Barros é o mais antigo registro deste tipo, encontrado na página 10 do Livro número 1. Entretanto, a data de abertura deste livro é 21.1.1857, o que pode indicar que houve registros anteriores e que o livro de casamentos de pessoas livres foi aberto na mesma data. Conforme declarou o padre Aristides de Araújo Porto já na década de 1910, quando iniciou a transcrição dos antigos livros paroquiais de Leopoldina, o livro de casamentos de pessoas livres não foi encontrado.


22 de janeiro

1899

O poeta leopoldinense Dilermando Cruz inaugura um externato em Leopoldina, conforme anúncio publicado na Gazeta de Leopoldina.


23 de janeiro

1874

Maria Augusta de Freitas Malta foi uma das primeiras professoras públicas em Leopoldina.


31 de janeiro

1874

Fernando Pinheiro de Souza Tavares é nomeado Juiz Municipal e de Órfãos.


[1] Editorial na página 1 da edição de 1 janeiro 1883.

[2] Anúncio publicado ‘O Leopoldinense, 8 de janeiro de 1882, página 3.

[3] VEIGA, José Pedro Xavier da. Efemérides Mineiras: 1664-1897. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1998. 2 volumes, pag 139.

[4] Primeiro Livro de Atas da Câmara Municipal de Leopoldina, página 1.

[5] Anúncio n’O Leopoldinense, 1 de janeiro de 1883, página 4.

[7] Fala do Presidente da Província em 2 de agosto de 1883, página 66 e 67.

Efemérides Leopoldinenses: Julho

O mês de julho na história antiga de Leopoldina.

1 de julho

1882


Olímpio Clementino de Paula Corrêa é professor de Português, Francês e Latim em Leopoldina.

2 de julho

1877

Inauguração da Estação de Leopoldina da Estrada de Ferro Leopoldina. [1]


4 de julho

1857

Laranjal

A Capela de Nossa Senhora da Conceição do Laranjal, município de Leopoldina, fica elevada a Distrito de Paz. [2]


10 de julho

1876

Presidente da Província é autorizado pela Assembleia Legislativa a auxiliar na construção de uma estrada (caminho) que da estação de ferro de Providência se dirija à cidade de Leopoldina. [3]


14 de julho

1832

São José do Paraíba: trajetória administrativa.

1895

Lançamento do jornal O Mediador, tendo como redator Alberto Moretz-Sohn Monteiro de Barros e como gerente, Alexandre Chaves. O novo jornal foi saudado nas edições dos concorrentes A Voz de Thebas – edição de 14 julho e Gazeta de Leopoldina – edição de 18 de julho.


15 de julho

1872

Criação da Comarca de Leopoldina e seus primeiros juízes.

1896

Em 1895 estava em funcionamento uma Hospedaria de Imigrantes em Leopoldina, nas proximidades da Estação de Vista Alegre da Estrada de Ferro Leopoldina. [4]


16 de julho

1897

Leopoldina deixa de pertencer à diocese do Rio de Janeiro e é transferida para Mariana. [5]


17 de julho

1883

Antonio Diogo Vieira, professor público de Leopoldina.


19 de julho

1872

O Curato de Conceição da Boa Vista, pertencente do município de Leopoldina, é elevado à categoria de Paróquia. [6]


Referências:

[1] VEIGA, José Pedro Xavier da, Efemérides Mineiras: 1664-1897. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1998. 2 volumes, pag. 639

[2] Lei Mineira nr 818, de 04 de julho de 1857

[3] Lei Mineira nr 2287, de 10 de julho de 1876

[4] Mensagem do Presidente da Província Crispim Jaques Bias Fortes, 15 de julho de 1896, pag. 31

[5] Ata de Instalação da nova Comarca Eclesiástica, no livro de batismos 1897-1898, páginas 49 verso e 50

[6] Lei Mineira nº 1902, Coleção de Leis Mineiras do Arquivo Público Mineiro

Efemérides Leopoldinenses: Setembro

Memorial diário da história de Leopoldina, com acontecimentos do mês de setembro.

4 de setembro

1898

Fundada a Lyra Leopoldinense. Seu primeiro presidente foi José Marciliano Vieira Nepomuceno, natural de Conceição da Boa Vista e Fiscal da Câmara Municipal de Leopoldina desde 1881.


6 de setembro

1882

O normalista Angelo de Souza Nogueira, professor provisório em Leopoldina, é nomeado professor efetivo de instrução primária, conforme noticia o jornal Liberal Mineiro, desta data, página 2.


7 de setembro

1838

A Contagem Populacional do Feijão Cru, realizada em 1835, é encaminhada para a Presidência da Província, conforme documento do Arquivo Público Mineiro, caixa 03 doc 06.

Encaminhamento do Mapa de Habitantes do Feijão Cru


8 de setembro

1895

Aquisição de terreno para estabelecer a Hospedaria de Jacareacanga.


10 de setembro

1851

Transfere a sede da Vila de São João Nepomuceno para então criada Villa do Mar de Hespanha. Desta forma, todos os distritos que estavam subordinados a São João Nepomuceno, incluindo o Feijão Cru, passam para a dependência administrativa de Mar de Espanha.

Carta de Lei nr 514 , Coleção de Leis Mineiras do Arquivo Público Mineiro


12 de setembro

1882

Professora pública Clara Sophia Adolphina Gaëde de Carvalho é transferida de Cataguases para Leopoldina.

Relatório de Antonio Gonçalves Chaves para a Assembleia Provincial de Minas em 2 de agosto de 1883, pag.24


13 de setembro

1881

O então distrito da Piedade, hoje Piacatuba, cede mais uma parte de seu território para Cataguases

Lei 2764, Coleção de Leis Mineiras do Arquivo Público Mineiro


15 de setembro

1879

Nasce em Leopoldina, Dilermando Martins da Costa Cruz, patrono da cadeira nº 15 da ALLA

Fonte: Gazeta de Leopoldina, 16 de setembro de 1899, edição 23, pag 2


16 de setembro

1894

É lançado o jornal A Voz de Tebas, cujo editor era F. S. Teixeira.

Fonte: A Voz de Tebas, 16 de setembro de 1896, pag 2.


17 de setembro

1876

Bento Xavier doa terrenos de sua Fazenda Campo Limpo para a formação do povoado, hoje distrito de Ribeiro Junqueira.

Fonte: Escritura de Doação, Arquivo Particular.

Pelas folhas de O Verbo

Artigo de Leonardo Ribeiro da Silva em que analisa as páginas do jornal “O Verbo” durante o período de 1939 a 1946, período que marca primeira administração do município de Recreio, relatando os percalços, os esforços e os ideais desta administração e da população na elevação do nome da cidade.