Memorial Diário da História de Leopoldina, com acontecimentos do mês de janeiro.
1 de janeiro1879 Sai a primeira edição do mais antigo jornal de Leopoldina: O Leopoldinense [1] 1899 Um soneto do poeta leopoldinense Dilermando Cruz é publicado na Gazeta de Leopoldina desta data. 2 de janeiro1868 As fazendas Morro Alto e Bom Destino passam a ser subordinadas à paróquia de Leopoldina. 1875 Assembleia Legislativa Provincial autoriza o governo da província a reconstruir ponte na estrada geral de Leopoldina para Meia Pataca. (Lei Mineira 2095). 5 de janeiro1883 Morre a senhora Maria do Carmo Monteiro de Barros que, com seu marido, formou a Fazenda Desengano em terras que fizeram parte de sesmaria doada aos irmãos Fernando Afonso e Jerônimo Pinheiro Corrêa de Lacerda. 1883 A população servil da Província atinge a 311.666 indivíduos. A cidade com maior número de escravos é Juiz de Fora, com 21.808, em seguida Leopoldina, com 16.001, em terceiro Mar de Espanha, com 15.183, em quarto Muriaé com 7.775 e os demais municípios em ordem decrescente. [7] 8 de janeiro1882 Nesta data Alberto Jackson era professor no então distrito de Campo Limpo[2]. 1899 Circula a primeira edição de O Recreio, periódico do então distrito de Leopoldina, editado por A. Napoleão & Co. 9 de janeiro1881 Leopoldina é sede do 9º Distrito Eleitoral da Província. [3] 11 de janeiro1882 Onças atacam fazendas em Leopoldina. 19 de janeiro1883 Inaugurava-se um local de espetáculos em Leopoldina, denominado Theatro Alencar. Localizado na atual Rua Cotegipe, segundo noticiou o jornal O Leopoldinense dois dias depois, a cerimônia aconteceu às 20:30, “sem o menor aparato” e a comissão encarregada da construção foi composta por Chagas Lobato, Marciano Guimarães e Santa Cecília. 20 de janeiro1855 Instalação solene do município de Leopoldina[4]. 1883 Anúncio do início das atividades do Colégio Leopoldina, filial do Colégio Venerando estabelecido na Corte.[5] 21 de janeiro1861 Assento paroquial de casamento dos escravos Agostinho e Tereza, pertencentes a Vicente Ferreira Monteiro de Barros é o mais antigo registro deste tipo, encontrado na página 10 do Livro número 1. Entretanto, a data de abertura deste livro é 21.1.1857, o que pode indicar que houve registros anteriores e que o livro de casamentos de pessoas livres foi aberto na mesma data. Conforme declarou o padre Aristides de Araújo Porto já na década de 1910, quando iniciou a transcrição dos antigos livros paroquiais de Leopoldina, o livro de casamentos de pessoas livres não foi encontrado. 22 de janeiro1899 O poeta leopoldinense Dilermando Cruz inaugura um externato em Leopoldina, conforme anúncio publicado na Gazeta de Leopoldina. 23 de janeiro1874 Maria Augusta de Freitas Malta foi uma das primeiras professoras públicas em Leopoldina. 31 de janeiro1874 Fernando Pinheiro de Souza Tavares é nomeado Juiz Municipal e de Órfãos. [1] Editorial na página 1 da edição de 1 janeiro 1883. [2] Anúncio publicado ‘O Leopoldinense, 8 de janeiro de 1882, página 3. [3] VEIGA, José Pedro Xavier da. Efemérides Mineiras: 1664-1897. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1998. 2 volumes, pag 139. [4] Primeiro Livro de Atas da Câmara Municipal de Leopoldina, página 1. [5] Anúncio n’O Leopoldinense, 1 de janeiro de 1883, página 4. [7] Fala do Presidente da Província em 2 de agosto de 1883, página 66 e 67. |
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Imigrantes na região de Palma e Muriaé
Para atender consultas sobre imigrantes que viveram em cidades vizinhas a Leopoldina, organizamos uma pequena relação com dados encontrados durante nossas buscas. Esclarecemos, porém, que pesquisamos apenas as famílias que viveram no município de Leopoldina porque seria impossível realizar um trabalho produtivo se abríssemos mais o nosso foco. Alertamos, firmemente, sobre o caráter dos dados a seguir: não se trata de levantamento exaustivo, ou seja, contempla apenas um pequeno período dentro da época em que a região recebeu o maior número de imigrantes estrangeiros. Fazendeiro contratante: Antonio Balbino Resende Localização: Cisneiros, Palma Sobrenomes de imigrantes contratados em outubro de 1895: Alti, De Rosso, Maggiolo, Pareschi, Piccolo, Presti, Tittonei Fazendeiro contratante: Assis Fernandes Localização: Banco Verde, São Paulo do Muriahé Sobrenomes de imigrantes contratados em dezembro de 1895: Aldighieri, Bellato, Boarati, Burato, Busasca, Faggionato, Guerra, Maccadanza, Malotto, Pasin, Pezzetini, Tambo, Vio Fazendeiro contratante: Barão de Monte Alto Localização: Morro Alto, Palma Sobrenomes de imigrantes contratados em abril de 1896: Aggio, Balleon, Boeri, Borile, Carpanese, Cesati, Cogo, Doro, Filippini, Grava, Mancini, Mantovan, Masega, Michieletti, Milani, Pandin, Riz, Sadocca, Salvatico Fazendeiro contratante: Eudosia Augusta Carmelo Localização: Barra Alegre, São Paulo do Muriaé Sobrenomes de imigrantes contratados em março de 1896: Barbini, Bazzeggio, Belletto Fazendeiro contratante: Francisco Teodoro Macedo Localização: Banco Verde, São Paulo do Muriaé Sobrenome de imigrante contratado em dezembro de 1895: Topa Fazendeiro contratante: Gabriel Arcangelo da Silva Localização: Banco Verde/Monte Alegre, São Paulo do Muriaé Sobrenomes de imigrantes contratados em março de 1896: Baldiserotto, Boscariol, Casagrande, Dedin, Facca, Lusti, Moscardo Fazendeiro contratante: Jeremias de Araújo Freitas Localização: Palma Sobrenomes de imigrantes contratados em outubro de 1895: Muzzioli, Zambon Fazendeiro contratante: João Augusto Rodrigues Caldas Localização: São Manoel, São Paulo do Muriahé Sobrenomes de imigrantes contratados em junho de 1896: Baldi, Berardi, Cavalli, Drudi, Ferri, Gambati, Maltoni, Mancini, Migani, Nicolini, Parosi, Piccioni, Pironi, Pironi, Vandi, Vani, Villa Fazendeiro contratante: Joaquim Hilario Teixeira Localização: Palma Sobrenomes de imigrantes contratados em junho de 1896: Anghietti, Baldazzi, Nati, Ricci, Rincini, Terzi, Tinti Fazendeiro contratante: José Antonio Alves Oliveira Localização: Morro Alto, São Paulo do Muriaé Sobrenomes de imigrantes contratados em março de 1896: Boldrin, Dian, Marzin, Pavan, Suman, Tisiot, Zordan Fazendeiro contratante: José Januario Rabello Localização: Parochena, São Paulo do Muriaé Sobrenomes de imigrantes contratados em outubro de 1895: Gamba Fazendeiro contratante: José Machado Localização: Parochena, São Paulo do Muriaé Sobrenomes de imigrantes contratados em outubro de 1895: Baratella, Bernardi, Casarin, Gatto, Pozzolo Fazendeiro contratante: Raymundo Correia do Espírito Santo Localização: Fazenda Santa Olímpia, Palma Sobrenomes de imigrantes contratados em outubro de 1895: Andreini, Arvenghi, Barbi, Bergamini, Bertinazzi, Bonfigioli, Cassina, Cassis, Ermi, Locatelli, Maffialetti, Monfardini, Noris, Paltrinieri, Santinelli, Signorelli, Trapolli, Travellin, Vacchi, Vezzole Fazendeiro contratante: S. Miguel Caputo Localização: Morro Alto, Palma Sobrenome de imigrante contratado em abril de 1896: Tramarin Fazendeiro contratante: Theodoro Alves de Souza Localização: Banco Verde, São Paulo do Muriaé Sobrenomes de imigrantes contratados em janeiro de 1896: Cesario, Curiani, Felippe, Mamponin, Marzano, Mattioli, Patuzzo, Pistore, Ruffato, Sabadin, Salviato, Testa, Tonello, Zardetto Fazendeiro contratante: Venancio Alves da Silva Localização: Banco Verde, São Paulo do Muriaé Sobrenomes de imigrantes contratados em dezembro de 1895: Braga, Chilese, Cortese, Duse, Melisen, Mesilon, Sotterina Fazendeiro contratante: Xisto Jorge dos Santos Localização: São Paulo do Muriahé Sobrenomes de imigrantes contratados em junho de 1896: Arcangeli, Arcangeli, Buontempi, Ottaviani, Savoretti, Tangheri |
São Sebastião da Cachoeira Alegre
Freguesia de 1887, pertencente à Paróquia de São Paulo de Muriaé, São Sebastião da Cachoeira Alegre ocupava grande extensão territorial, com 470 fazendas e 4.000 habitantes na década de 1870. No seu extremo sul apareceu, ao final dos anos de 1880, o povoado de Bom Jesus da Cachoeira Alegre com metade da extensão territorial e população. Quando Palma alcançou autonomia administrativa, a população somada de São Sebastião e Bom Jesus era 40% superior à de Palma. No processo de incorporação, os 4.200 habitantes de São Sebastião permaneceram vinculados a Muriaé e os de Bom Jesus passaram a Palma que teve, então, sua população aumentada de 5.000 para quase 8.000 habitantes. Houve muita disputa política entre o final do século anterior e a primeira década do século XX, com os administradores de Palma querendo exercer o poder sobre São Sebastião da Cachoeira Alegre. Em 1911 veio a decisão a favor de Palma, o que não agradou aos moradores. Prosseguiram as disputas até que, em 1920, São Sebastião da Cachoeira Alegre passou para o distrito de Silveira Carvalho, pertencendo a Muriaé. Entre os mentores desta nova divisão administrativa encontram-se, entre outros, os Silveira Carvalho, Duarte, Almeida, Rocha, Lammoglia, Meloni e Montovani. Bom Jesus da Cachoeira Alegre permaneceu em Palma até 1962, quando o distrito de Morro Alto foi elevado a município com o nome de Barão de Monte Alto. O principal motivo da separação foi o abandono a que estava relegado o distrito de Morro Alto, ao qual Bom Jesus havia sido incorporado. Na década de 1920 as localidades de Morro Alto, Bom Jesus e São Sebastião receberam muitos imigrantes portugueses, atraídos pelo baixo preço das terras esgotadas pela monocultura de café. Desde o final do século anterior já havia grande número de imigrantes, especialmente italianos, em São Sebastião da Cachoeira Alegre. A multiplicação de pequenas propriedades, onde outrora existiram verdadeiros latifúndios produzindo apenas café, modificou sensivelmente o panorama local. Muriaé, que foi o 16º município brasileiro em produção cafeeira naquele 1920, aos poucos passou a dedicar-se a outras atividades, liberando grande extensão de terras para os neo-agricultores. Assim, portugueses e italianos atingiram o sonho da terra própria. Infelizmente, porém, foram os mais atingidos pela quebradeira de 1929.
Entre outras famílias que participaram desta retomada do crescimento está a do tio do poeta Miguel de Torga, que saiu de Leopoldina para comprar a Fazenda de Santa Cruz em São Sebastião da Cachoeira Alegre, na época distrito de Muriaé com o nome de Silveira Carvalho. Seus familiares estão profundamente vinculados ao movimento político que resultou na criação do município de Cachoeira Alegre e permaneciam em sua administração até a realização desta pesquisa, em 2001. Quanto aos descendentes de italianos, a geração nascida a partir de 1930 conheceu dificuldades inomináveis. Embora a energia elétrica tenha chegado a Muriaé em 1910, seus distritos só a conheceram dez anos mais tarde. Por outro lado, Palma só teve energia elétrica a partir de 1920 e até 1964 este benefício não tinha chegado ao distrito de Morro Alto. Da mesma forma teve influência a baixa escolarização dos habitantes. Apesar de Muriaé oferecer educação nos distritos desde o final do século XIX, as disputas políticas em São Sebastião da Cachoeira Alegre impediram a criação de escolas antes de sua re-anexação à antiga sede. Enquanto Muriaé contava com 36 núcleos de educação básica em 1916, o município vizinho atendia apenas a população da área urbana em suas 6 escolas. Este texto foi composto a partir de informações obtidas em: – entrevistas com descendentes dos Correia da Rocha; – entrevistas com descendentes de italianos; – relatórios da Presidência da Província de Minas Gerais; – dados estatísticos fornecidos pelo Centro de Documentação da Fundação IBGE; – dados estatísticos da Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais; – Fundação Henrique Hastenreiter e sua Revista de Historiografia Muriaeense; – Revista Municípios, número dedicado a Muriaé; – FARIA, Maria Auxiliadora de. O que ficou dos 178 anos da história de Muriaé. Itaperuna, RJ: Damadá, 1985. |