Imigrantes na região de Palma e Muriaé

Para atender consultas sobre imigrantes que viveram em cidades vizinhas a Leopoldina, organizamos uma pequena relação com dados encontrados durante nossas buscas. Esclarecemos, porém, que pesquisamos apenas as famílias que viveram no município de Leopoldina porque seria impossível realizar um trabalho produtivo se abríssemos mais o nosso foco.

Alertamos, firmemente, sobre o caráter dos dados a seguir: não se trata de levantamento exaustivo, ou seja, contempla apenas um pequeno período dentro da época em que a região recebeu o maior número de imigrantes estrangeiros.


Fazendeiro contratante: Antonio Balbino Resende

Localização: Cisneiros, Palma

Sobrenomes de imigrantes contratados em outubro de 1895: Alti, De Rosso, Maggiolo, Pareschi, Piccolo, Presti, Tittonei


Fazendeiro contratante: Assis Fernandes

Localização: Banco Verde, São Paulo do Muriahé

Sobrenomes de imigrantes contratados em dezembro de 1895: Aldighieri, Bellato, Boarati, Burato, Busasca, Faggionato, Guerra, Maccadanza, Malotto, Pasin, Pezzetini, Tambo, Vio


Fazendeiro contratante: Barão de Monte Alto

Localização: Morro Alto, Palma

Sobrenomes de imigrantes contratados em abril de 1896: Aggio, Balleon, Boeri, Borile, Carpanese, Cesati, Cogo, Doro, Filippini, Grava, Mancini, Mantovan, Masega, Michieletti, Milani, Pandin, Riz, Sadocca, Salvatico


Fazendeiro contratante: Eudosia Augusta Carmelo

Localização: Barra Alegre, São Paulo do Muriaé

Sobrenomes de imigrantes contratados em março de 1896: Barbini, Bazzeggio, Belletto


Fazendeiro contratante: Francisco Teodoro Macedo

Localização: Banco Verde, São Paulo do Muriaé

Sobrenome de imigrante contratado em dezembro de 1895: Topa


Fazendeiro contratante: Gabriel Arcangelo da Silva

Localização: Banco Verde/Monte Alegre, São Paulo do Muriaé

Sobrenomes de imigrantes contratados em março de 1896: Baldiserotto, Boscariol, Casagrande, Dedin, Facca, Lusti, Moscardo


Fazendeiro contratante: Jeremias de Araújo Freitas

Localização: Palma

Sobrenomes de imigrantes contratados em outubro de 1895: Muzzioli, Zambon


Fazendeiro contratante: João Augusto Rodrigues Caldas

Localização: São Manoel, São Paulo do Muriahé

Sobrenomes de imigrantes contratados em junho de 1896: Baldi, Berardi, Cavalli, Drudi, Ferri, Gambati, Maltoni, Mancini, Migani, Nicolini, Parosi, Piccioni, Pironi, Pironi, Vandi, Vani, Villa


Fazendeiro contratante: Joaquim Hilario Teixeira

Localização: Palma

Sobrenomes de imigrantes contratados em junho de 1896: Anghietti, Baldazzi, Nati, Ricci, Rincini, Terzi, Tinti


Fazendeiro contratante: José Antonio Alves Oliveira

Localização: Morro Alto, São Paulo do Muriaé

Sobrenomes de imigrantes contratados em março de 1896: Boldrin, Dian, Marzin, Pavan, Suman, Tisiot, Zordan


Fazendeiro contratante: José Januario Rabello

Localização: Parochena, São Paulo do Muriaé

Sobrenomes de imigrantes contratados em outubro de 1895: Gamba


Fazendeiro contratante: José Machado

Localização: Parochena, São Paulo do Muriaé

Sobrenomes de imigrantes contratados em outubro de 1895: Baratella, Bernardi, Casarin, Gatto, Pozzolo


Fazendeiro contratante: Raymundo Correia do Espírito Santo

Localização: Fazenda Santa Olímpia, Palma

Sobrenomes de imigrantes contratados em outubro de 1895: Andreini, Arvenghi, Barbi, Bergamini, Bertinazzi, Bonfigioli, Cassina, Cassis, Ermi, Locatelli, Maffialetti, Monfardini, Noris, Paltrinieri, Santinelli, Signorelli, Trapolli, Travellin, Vacchi, Vezzole


Fazendeiro contratante: S. Miguel Caputo

Localização: Morro Alto, Palma

Sobrenome de imigrante contratado em abril de 1896: Tramarin


Fazendeiro contratante: Theodoro Alves de Souza

Localização: Banco Verde, São Paulo do Muriaé

Sobrenomes de imigrantes contratados em janeiro de 1896: Cesario, Curiani, Felippe, Mamponin, Marzano, Mattioli, Patuzzo, Pistore, Ruffato, Sabadin, Salviato, Testa, Tonello, Zardetto


Fazendeiro contratante: Venancio Alves da Silva

Localização: Banco Verde, São Paulo do Muriaé

Sobrenomes de imigrantes contratados em dezembro de 1895: Braga, Chilese, Cortese, Duse, Melisen, Mesilon, Sotterina


Fazendeiro contratante: Xisto Jorge dos Santos

Localização: São Paulo do Muriahé

Sobrenomes de imigrantes contratados em junho de 1896: Arcangeli, Arcangeli, Buontempi, Ottaviani, Savoretti, Tangheri

Uma viagem imaginária a Piacatuba

Crônica de José Luiz Machado Rodrigues publicada no jornal comemorativo do sesquicentenário do antigo distrito de Nossa Senhora da Piedade.

 

Piacatuba, distrito de Leopoldina, MG

Este ano comemoram-se os 150 anos de criação do distrito de Piacatuba. Os Fajardos, que têm sua origem ali, assinalaram a data com um bloco carnavalesco formado pela família, que desfilou pelas ruas de Leopoldina espalhando alegria e animação.

De nossa parte, pacatos filhos do bairro da Onça, optamos por comemorar a data percorrendo, numa viagem imaginária, as estradas do distrito, para abraçar amigos, rever lugares e curtir saudades. Tomamos nossa fantasia dos tempos da roça, arreamos o cavalo, enchemos o bornal cáqui com as mais gostosas “bolachas da padaria Lamarca” e rumamos para Piacatuba.

Logo chegamos à fazenda da Bela Aurora, que um dia virou fazenda do Banco, quem sabe por obra de alguma hipoteca executada pelo Banco do Brasil. Lá, recordamos que a Bela Aurora pertenceu a Tobias L. Figueira de Mello, que virou nome de rua em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Fazenda esta, havida, segundo o jornal O Leopoldinense, de 28.03.1895, por via de uma ação de execução movida contra Emerenciana Garcia de Mattos e que no início dos anos de mil e novecentos, foi adquirida por Paulino Augusto Rodrigues, nome lembrado em rua da cidade.

Seguimos nossa viagem e, passando pela Estiva, fomos conhecer a história da fazenda Filadélfia, onde o proprietário atual se esforça para preservar o pouco que ainda resta da antiga sede. A Filadélfia chamava-se fazenda Córrego da Onça. Pertenceu ao grande jurista e memorialista Francisco de Paula Ferreira de Resende. Segundo palavras do próprio Resende, seu nome foi mudado porque, tendo ele, “naquele tempo perdido quase de todo a esperança de chegar a ver a república estabelecida neste nosso amplívago império, eu quis que nessa vida solitária em que teria agora de viver, o nome do meu retiro me recordasse essa república pela qual vivia sempre a suspirar sem nunca vê-la; e, então, dei à fazenda o nome da grande cidade em que se proclamou a primeira das repúblicas americanas”.

Da Filadélfia entramos no distrito de Piacatuba logo depois da fazenda da Alegria, terras do Juca Barbosa, ainda hoje pertencentes e preservadas pela família. Deixamos a Samambaia e o Valverde à esquerda, cruzamos o Rio Pardo, subimos os montes da Boa Vista e depois da fazenda Bela Vista, chegamos à fazenda Santa Rita, na divisa com o município de Argirita. Cruzamos, em seguida, os lugares chamados Capoeirão e  Braúna para conhecer a fazenda da Graminha, no sopé da serra dos Pintos, na divisa de São João Nepomuceno, bem junto ao Rio Novo.

Por esse rio descemos, pelo espelho das águas mansas da represa da Usina Maurício. Tomamos emprestado o violão e os versos da música “Poeira D’Água”, do Serginho do Rock e curtimos o lugar onde “a corredeira cai nos braços de um remanso e a cachoeira dá luz a um ribeirão”.

Paramos na Cachoeira Alegre, antes de continuarmos margeando o rio e passar pelas fazendas Boa Esperança, Limeira, Palmeira e Fortaleza, que ficam no ponto extremo do município, entre Itamarati e Cataguases.

Seguimos andança pela fazenda da Macaúbas, que pertenceu a Antônio Augusto de Souza, proprietário da usina de açúcar de Cataguases e, posteriormente, a Francisco Gama de Oliveira. Visitamos o Chalé, terras da sogra do mesmo Antônio Augusto. Deixamos de lado o Mato Dentro e a fazenda da Aurora, lá para as bandas da estrada de Cataguases e, rapidamente, chegamos à Vargem Linda, ao aeroporto, à fazenda experimental, ao pesque-e-pague, à antiga Casa Timbiras, à Casa da Escola, onde lecionou Dona Pequetita (Maria Machado Rodrigues), minha mãe e, um pouco mais para o lado, os alicerces da antiga fazenda do Engenho, onde residiu o subdelegado Theóphilo José Machado, meu avô.

Assistimos a uma partida de futebol  no campo do União, reminiscências do goleiro Bacuráo que, se a memória não falha, era do Carrapato, terras do Zeca Vital.  Depois, fomos rever a cotieira que existia ali, imediações do Arrasta Couro, e apreciar as plantações do Aterrado.  Não perdendo a viagem, esticamos até a Ressaca, antiga propriedade da família Furtado.  Alcançamos, depois, a Santa Cruz, terras do Joaquim Honório de Campos, o Barão do Rio Pardo, filho de Elias Gonçalves Campos e Maria Claudina de São José, falecido em 03.12.1881, aos 72 anos, segundo nota do jornal O Leopoldinense, de 10.12.1881.  A Santa Cruz foi uma fazenda importante na vida da cidade.  Que o digam os estudiosos da tradicionalíssima família Fajardo.

Rumamos depois para a  Santa Maria.  Esta fazenda pertenceu a Manoel Pereira Valverde, meu bisavô e irmão do Francisco Pereira Valverde, dono da fazenda Indaiá.

Dali alcançamos a velha “Piedade”, hoje Piacatuba. Subimos a ladeira cujo calçamento, com desnível para o centro, nos remete a um passado instigante. Saboreamos a paz e a beleza das edificações antigas. Conhecemos um pouco da história do ilustre clínico – hoje esquecido por aqui – Dr. Joaquim Antonio Dutra, que ali viveu a partir do final do século XIX até, pelo menos, abril de 1895 quando partiu para Ouro Preto.  Na antiga capital, ocupou uma cadeira no Senado mineiro, escolhido numa eleição onde foi o mais votado no estado. Esse mesmo Dr. Dutra, que foi vereador especial por Piacatuba, presidente da câmara municipal de Leopoldina, agente executivo, médico conceituado, cidadão respeitado, político de grande prestígio, fundador da Casa de Caridade Leopoldinense, e que hoje é nome de rua na cidade de Barbacena, onde exerceu o cargo de primeiro diretor do Hospital de Alienados.

Depois, em silêncio de fim de crônica, elevamos uma prece ao pé da cruz queimada.

Rio, 19.03.2001

José Luiz Machado Rodrigues