Figueira e Silva Porto em Conceição da Boa Vista

A pedido de um visitante do site, detalhamos o grupo familiar referido no distrito de Conceição da Boa Vista em abril de 1872.

Gabriel Lemos da Silva e Maria Antonia da Silva Figueira casaram duas filhas na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição da Boa Vista.

No dia 20 de abril a filha Flausina Maria da Silva Figueira se casou com Antonio Ribeiro Maia Filho, filho de outro do mesmo nome e de Teresa Antonia do Rosário. Os pais do noivo eram falecidos. Os noivos procediam do estado do Rio de Janeiro, sendo Flausina natural de Piraí e o noivo de Rezende. Em 1876, o marido de Flausina era proprietário de Hotel, Bilhar e Cocheiras para alugar animais em Itaguaí, RJ

No dia seguinte, 21 de abril,  foi realizado o casamento de outra filha de Gabriel Lemos da Silva: Ana Maria da Silva Figueira. Ela se casou com Antonio Belarmino da Silva Porto, natural de Valença-RJ, filho de Belarmino Quintanilha da Silva Porto e Francisca Belarmina de Oliveira e Silva.

O objetivo do pedido de nosso correspondente é contar com a colaboração de outros leitores, porque nós não temos conhecimento de que o músico Francisco Belarmino da Silva Porto, autor de polcas anunciadas em jornais da Corte na época, tenha passado por Conceição da Boa Vista.

98 – Costa Cruz – Cecília, Francisco e Ana Tereza Martins da Costa Cruz

Este vagão do Trem de História traz algumas informações de mais três filhos de Joaquim José e Ana Joaquina. Lembrando que ainda permanecem, quanto a alguns dos filhos do casal, lacunas que se espera sejam preenchidas com o caminhar das pesquisas. Mas para que não se percam os dados apurados, ficam aqui registrados.

Cecília Martins da Costa Cruz, a sexta filha do casal nasceu em 1859, em Leopoldina[1]. Casou-se com Luiz Bueno e, após enviuvar-se, em segundas núpcias, em 13.01.1883, casou-se com Luiz de França Viana[2], filho de Felicíssimo de Souza Viana e Maria.

Sobre ela pouco se conseguiu reunir além de uma história triste, contada por Mário de Freitas no seu livro “Leopoldina do Meu Tempo”, páginas 41 e 42. Conforme o autor, no segundo casamento Cecília teve uma filha de nome Anita que morava no Rio de Janeiro e teria cometido suicídio, em decorrência de problemas no casamento com um médico da Marinha. Quando a avó, Cecília, foi buscar os netos, filhos de Anita, encontrou os dois deitados ao lado do corpo da mãe e um deles estava morto, provavelmente por falta de alimentação já que o pai estava foragido.

Ana Tereza Martins da Costa Cruz é o nome da sétima filha do casal Joaquim José e Ana Joaquina, indicada por diversos pesquisadores como tendo nascido em Leopoldina na década de 1860. Seu batismo não foi localizado, nem tampouco o casamento com seu primo Joaquim Martins da Costa Cruz. Desta forma, não foi possível identificar qual dos sobrinhos de Joaquim José teria sido, também, seu genro.

Francisco Martins da Costa Cruz, o oitavo filho do casal Joaquim José e Ana Joaquina, nasceu em Leopoldina[3] em 1862. Em julho de 1889 foi nomeado[4] 2º suplente de delegado de sua terra natal. Em 1892 era eleitor em Leopoldina e três anos depois se transferiu para Cataguases[5]. Em Leopoldina do Meu Tempo, página 42, Mário de Freitas a ele se refere como Nhô Chico.

Vale ressaltar que as terras da família Costa Cruz eram às margens do Rio Pomba, próximas de Cataguases, razão pela qual parte da família naturalmente acabou por fixar residência na cidade vizinha. Da mesma forma que os habitantes de Vista Alegre, que estão do outro lado do rio, em função do ramal da estrada de ferro e a menor distância, em boa parte se ligaram a Leopoldina.

Francisco Martins casou-se com Olímpia Figueira com quem teve os filhos:

1 – Joaquim, nascido[6] em Leopoldina em 1884, foi casado com Maria da Glória Martins dos Santos e em segundas núpcias com Zenar Macedo. Joaquim estudou em Ouro Preto[7] e foi promotor público em Cataguases[8].

2 – Placidina nasceu[9] em Leopoldina em 1885 e faleceu[10] em 1970. Segundo Pedro Vidigal, casou-se com Edelberto Figueira nascido em Valença, RJ e falecido em Além Paraíba, MG. Ele era filho de Francisco Bernardo da Figueira e de Brígida Maria. O casal foi pai de Emília Costa Cruz Figueira, nascida[11] em 1909 e que se casou João Moojen de Oliveira. Ele, nascido em 1904 em Leopoldina e falecido em 1985 no Rio de Janeiro, era filho de Luiz Carlos de Oliveira e Julieta Moojen. Segundo Fernando Dias Ávila Pires, no texto Personagens e Pioneiros da Universidade Federal de Viçosa, João Moojen, que não usava o sobrenome de Oliveira e dispensava o título de Professor Doutor, foi figura marcante na zoologia brasileira do século XX. O autor informa, ainda, que o cientista J. M. Oliveira deixou quatro filhos, nascidos em Leopoldina, doze netos e dois bisnetos.

3 – Dalila (n.1892)[12], casou-se com José Ribeiro Viana.

4 – Nadia (n.1895)[13], casou-se com João Batista de Souza Lima.

5 – Francisco (n1901)[14], casou-se com Maria Leitão de Sá.

6 – Angelo (n.1903)[15], casou-se com Maria Helena Ladeira Campos.

Por hoje o Trem de História fica por aqui. No próximo número virão os dois últimos filhos de Joaquim José e Ana Joaquina. Até lá.


Fontes Consultadas:

[1] Arquivo da Diocese de Leopoldina, lv 01 bat fls 44 termo 235.

[2] idem, lv 1 cas fls 79 termo 225.

[3] idem, lv 01 bat fls 92 termo 498

[4] Irradiação (Leopoldina, MG), 24 julho1889, ed 74 p 3.

[5] Alistamento Eleitoral de Leopoldina século XIX, Atas de Eleição.

[6] Arquivo da Diocese de Leopoldina, lv 02 bat fls 115 termo 1088.

[7] O Pharol (Juiz de Fora), 4 jan 1903 ed 465 p 1.

[8] VIDIGAL, Pedro Maciel. Os Antepassados. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1979 e 1980. v 2 tomo 2 1ª parte p 941.

[9] Arquivo da Diocese de Leopoldina, lv 02 bat fls 156v termo 1500.

[10] VIDIGAL, obra citada, v 2 tomo 2 1ª parte p 943

[11] idem, v 2 tomo 2 1ª parte p 943

[12] Arquivo da Diocese de Leopoldina, lv 04 bat fls 79 termo 937.

[13] idem, lv 05 bat fls 79v termo 323.

[14] VIDIGAL, obra citada, v 2 tomo 2 1ª parte p 949

[15] Arquivo da Diocese de Leopoldina, lv 10 bat fls 6v termo 59.

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA

Publicado na edição 351 no jornal Leopoldinense de 15 de março de 2018

Há 100 anos…

nasceram no município de Leopoldina

3 jan

  • Nivaldo Costa, filho de Tobias Figueira da Costa e de Mariana Vargas Neto

4 jan

  • Fortunato Sangirolami, filho de Pietro Sangirolami e de Paschoa Bonini

8 jan

  • Nilo, filho de Custódio de Freitas Limae de Tereza Martins Vargas

10 jan

  • Lucy Vargas Neto, filha de Joaquim Izidoro Vargas Neto e de Helcida Werneck
  • Sebastião, filho de Miguel Arcanjo Monteiro de Rezende e de Francisca de Rezende Lara

11 jan

  • Maria Meneghetti, filha de Felice Augusto Meneghetti e de Ida de Angelis
  • Antonio José Colle, filho de Francesco Colle e de Pierina Galasso

13 jan

  • Julio, filho de Custódio de Almeida Lustosa e de Maria das Dores de Freitas

14 jan

  • Francisco Ermini, filho de Agostino Ermini e de Luigia Giuliani

15 jan

  • Gerson, filho de Avelino José de Almeida e de Nelsina de Medeiros Pinto

24 jan

  • Nair, filha de Otavio José Ferraz e de Angelina de Almeida Ramos

25 jan

  • Adelia Zamagna ,filha de Claudio Zamagna e de Sofia Gigli

Centenário de Nascimento de leopoldinenses

Crianças nascidas em junho de 1913 em Leopoldina:

Dia 1

Carlos Antonelli filho de Sante Antonelli e de Maria Rosa Richardelli

Dia 2

Adauto Neto Figueira da Costa filho de Tobias Figueira da Costa e de Mariana Vargas Neto

Dia 6

Lauro Gonçalves Neto filho de João Ventura Gonçalves Neto e de Alcina Paula Moraes

Dia 13

Antonio Gigli filho de Celso Gigli e de Ida Fontanella

Dia 15

Amelia filha de Miguel Arcanjo Monteiro de Rezende e de Francisca de Rezende Lara

Dia 16

José Ferreira Garcia filho de Silvandino Funchal Garcia e de Esmenia Ferreira

Dia 27

Antonio Machado Matos filho de Pedro Machado Dias e de Maria Garcia de Matos

Por que os primeiros prefeitos de Recreio foram indicados?

Recreio teve sua emancipação político-administrativo assinada aos 17 de dezembro de 1938. A partir de 1° de janeiro de 1939 o território deixou de ser subordinado politicamente ao Município de Leopoldina, mantendo-se dependente apenas na esfera judiciária.
Nesta época o Brasil era regido pela Constituição do Estado Novo, promulgada durante a presidência de Getúlio Vargas, que chegou ao poder pela Revolução de 1930, tendo sido deposto em 1945. Para entender o motivo pelo qual os quatro primeiros prefeitos de Recreio foram indicados e não eleitos, interessa-nos analisar apenas o período 1938/1945. Naquele momento éramos a República dos Estados Unidos do Brasil, a capital (distrito federal) era o Rio de Janeiro, a moeda passou do Réis (Rs$) para o Cruzeiro (Cr$) em 1942 e o estado de Minas Gerais era governado por Benedito Valadares, que permaneceu no poder entre 1933 a 1945.
Segundo a Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 10 de novembro de 1945, no Artigo 27:
“O Prefeito será de livre nomeação do Governador do Estado”.
Benedito Valadares fora nomeado por Getúlio Vargas e cabia-lhe a indicação dos prefeitos municipais, ou seja, tudo na base da coligação política. Sendo assim, em Recreio chegaram ao poder, por indicação de Benedito Valadares, os seguintes chefes do executivo municipal: Modesto Faria; José Simão de Almeida; Rossini de Minas; e, por último, Rafael da Costa Cruz Figueira.
Com o fim do Estado Novo as eleições diretas voltaram e, aos 26 de outubro de 1947, Recreio elegeu seu primeiro prefeito por voto direto: Darcy Nunes Miranda.
Leonardo Ribeiro da Silva
Graduado em História pela Faculdades Integradas de Cataguases
Pós-graduado em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Juiz de Fora
Fotografias feitas pelo autor, na galeria da Prefeitura Municipal de Recreio.
Modesto Faria
José Simão de Almeida
Rafael da Costa Cruz Figueira
Não foi encontrada imagem do terceiro prefeito, Rossini de Minas.

Lucilia Figueira da Costa: centenário de nascimento

Nasceu em Leopoldina no dia 8 de setembro de 1911, filha de Tobias Figueira da Costa e Mariana Vargas Corrêa.

Sua mãe era bisneta dos povoadores Antônio Rodrigues Gomes, Francisco de Vargas, João Gonçalves Neto e Manoel Antônio de Almeida.

Uma viagem imaginária a Piacatuba

Crônica de José Luiz Machado Rodrigues publicada no jornal comemorativo do sesquicentenário do antigo distrito de Nossa Senhora da Piedade.

 

Piacatuba, distrito de Leopoldina, MG

Este ano comemoram-se os 150 anos de criação do distrito de Piacatuba. Os Fajardos, que têm sua origem ali, assinalaram a data com um bloco carnavalesco formado pela família, que desfilou pelas ruas de Leopoldina espalhando alegria e animação.

De nossa parte, pacatos filhos do bairro da Onça, optamos por comemorar a data percorrendo, numa viagem imaginária, as estradas do distrito, para abraçar amigos, rever lugares e curtir saudades. Tomamos nossa fantasia dos tempos da roça, arreamos o cavalo, enchemos o bornal cáqui com as mais gostosas “bolachas da padaria Lamarca” e rumamos para Piacatuba.

Logo chegamos à fazenda da Bela Aurora, que um dia virou fazenda do Banco, quem sabe por obra de alguma hipoteca executada pelo Banco do Brasil. Lá, recordamos que a Bela Aurora pertenceu a Tobias L. Figueira de Mello, que virou nome de rua em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Fazenda esta, havida, segundo o jornal O Leopoldinense, de 28.03.1895, por via de uma ação de execução movida contra Emerenciana Garcia de Mattos e que no início dos anos de mil e novecentos, foi adquirida por Paulino Augusto Rodrigues, nome lembrado em rua da cidade.

Seguimos nossa viagem e, passando pela Estiva, fomos conhecer a história da fazenda Filadélfia, onde o proprietário atual se esforça para preservar o pouco que ainda resta da antiga sede. A Filadélfia chamava-se fazenda Córrego da Onça. Pertenceu ao grande jurista e memorialista Francisco de Paula Ferreira de Resende. Segundo palavras do próprio Resende, seu nome foi mudado porque, tendo ele, “naquele tempo perdido quase de todo a esperança de chegar a ver a república estabelecida neste nosso amplívago império, eu quis que nessa vida solitária em que teria agora de viver, o nome do meu retiro me recordasse essa república pela qual vivia sempre a suspirar sem nunca vê-la; e, então, dei à fazenda o nome da grande cidade em que se proclamou a primeira das repúblicas americanas”.

Da Filadélfia entramos no distrito de Piacatuba logo depois da fazenda da Alegria, terras do Juca Barbosa, ainda hoje pertencentes e preservadas pela família. Deixamos a Samambaia e o Valverde à esquerda, cruzamos o Rio Pardo, subimos os montes da Boa Vista e depois da fazenda Bela Vista, chegamos à fazenda Santa Rita, na divisa com o município de Argirita. Cruzamos, em seguida, os lugares chamados Capoeirão e  Braúna para conhecer a fazenda da Graminha, no sopé da serra dos Pintos, na divisa de São João Nepomuceno, bem junto ao Rio Novo.

Por esse rio descemos, pelo espelho das águas mansas da represa da Usina Maurício. Tomamos emprestado o violão e os versos da música “Poeira D’Água”, do Serginho do Rock e curtimos o lugar onde “a corredeira cai nos braços de um remanso e a cachoeira dá luz a um ribeirão”.

Paramos na Cachoeira Alegre, antes de continuarmos margeando o rio e passar pelas fazendas Boa Esperança, Limeira, Palmeira e Fortaleza, que ficam no ponto extremo do município, entre Itamarati e Cataguases.

Seguimos andança pela fazenda da Macaúbas, que pertenceu a Antônio Augusto de Souza, proprietário da usina de açúcar de Cataguases e, posteriormente, a Francisco Gama de Oliveira. Visitamos o Chalé, terras da sogra do mesmo Antônio Augusto. Deixamos de lado o Mato Dentro e a fazenda da Aurora, lá para as bandas da estrada de Cataguases e, rapidamente, chegamos à Vargem Linda, ao aeroporto, à fazenda experimental, ao pesque-e-pague, à antiga Casa Timbiras, à Casa da Escola, onde lecionou Dona Pequetita (Maria Machado Rodrigues), minha mãe e, um pouco mais para o lado, os alicerces da antiga fazenda do Engenho, onde residiu o subdelegado Theóphilo José Machado, meu avô.

Assistimos a uma partida de futebol  no campo do União, reminiscências do goleiro Bacuráo que, se a memória não falha, era do Carrapato, terras do Zeca Vital.  Depois, fomos rever a cotieira que existia ali, imediações do Arrasta Couro, e apreciar as plantações do Aterrado.  Não perdendo a viagem, esticamos até a Ressaca, antiga propriedade da família Furtado.  Alcançamos, depois, a Santa Cruz, terras do Joaquim Honório de Campos, o Barão do Rio Pardo, filho de Elias Gonçalves Campos e Maria Claudina de São José, falecido em 03.12.1881, aos 72 anos, segundo nota do jornal O Leopoldinense, de 10.12.1881.  A Santa Cruz foi uma fazenda importante na vida da cidade.  Que o digam os estudiosos da tradicionalíssima família Fajardo.

Rumamos depois para a  Santa Maria.  Esta fazenda pertenceu a Manoel Pereira Valverde, meu bisavô e irmão do Francisco Pereira Valverde, dono da fazenda Indaiá.

Dali alcançamos a velha “Piedade”, hoje Piacatuba. Subimos a ladeira cujo calçamento, com desnível para o centro, nos remete a um passado instigante. Saboreamos a paz e a beleza das edificações antigas. Conhecemos um pouco da história do ilustre clínico – hoje esquecido por aqui – Dr. Joaquim Antonio Dutra, que ali viveu a partir do final do século XIX até, pelo menos, abril de 1895 quando partiu para Ouro Preto.  Na antiga capital, ocupou uma cadeira no Senado mineiro, escolhido numa eleição onde foi o mais votado no estado. Esse mesmo Dr. Dutra, que foi vereador especial por Piacatuba, presidente da câmara municipal de Leopoldina, agente executivo, médico conceituado, cidadão respeitado, político de grande prestígio, fundador da Casa de Caridade Leopoldinense, e que hoje é nome de rua na cidade de Barbacena, onde exerceu o cargo de primeiro diretor do Hospital de Alienados.

Depois, em silêncio de fim de crônica, elevamos uma prece ao pé da cruz queimada.

Rio, 19.03.2001

José Luiz Machado Rodrigues