O pedido de Talyta Machado se refere a um casal que compartilhava um ancestral em comum, sendo primos em 3º e 4º graus: o avô materno de Antônio era irmão de um bisavô paterno de Rita.

Uma das famílias povoadoras de Leopoldina, procedia da região da Serra da Ibitipoca.
O pedido de Talyta Machado se refere a um casal que compartilhava um ancestral em comum, sendo primos em 3º e 4º graus: o avô materno de Antônio era irmão de um bisavô paterno de Rita.

Apresentamos um estudo da genealogia ascendente de Ana Lúcia Lima de Bem.
Tendo como ancestrais mais próximos os Souza Lima, Souza Guerra, Moraes, Gonçalves Neto, Ferreira Brito e Almeida Ramos, este trabalho traz vínculos pouco conhecidos entre as antigas famílias que viveram no Arraial de São Joaquim, hoje Angaturama, no município de Recreio, Minas Gerais.
Se você descende dos Almeida Ramos, Ferreira Brito e Gonçalves Neto, povoadores do Feijão Cru, a primeira edição eletrônica do livro do Mauro de Almeida Pereira, publicada em 1999, está disponível neste endereço.

A segunda edição eletrônica, com acréscimos por Nilza Cantoni, foi publicada em 2010 e está disponível aqui.

Outros acréscimos foram publicados desde então, a pedido de membros das famílias envolvidas, na forma de relatórios específicos de cada grupo. Portanto, você pode buscar pelos nomes na caixa de pesquisa disponível na lateral esquerda para quem acessa por tela grande ou no final da tela, para quem acessa por dispositivos móveis.
Se tiver dúvidas ou quiser informações adicionais, entre em contato pelo formulário abaixo e informe nome e época em que seus antepassados viveram no município de Leopoldina.

Francisco da Silva Barbosa, proprietário da Fazenda Boa Vista dos Barbosa, nasceu em 1782 em São Mateus do Bunheiro, Porto, Portugal e faleceu no dia 20.09.1860. Casou-se em Bocaina de Minas, em 1812, com Ana Josefa da Silva, filha de José Gonçalves Neto e Ana Custódia da Cunha. Francisco já morava no Feijão Cru em 1831 com a mulher e sete filhos.
Ressalte-se que José Gonçalves Neto se casou com Ana Custódia da Cunha aos 08.11.1790 e o casal teve outros descendentes entre os pioneiros de Leopoldina. José era filho de Manoel Machado Neto e Ana Maria do Espírito Santo e nasceu na Vila Inhomirim, Magé, RJ.
Em 1835 a família de Francisco foi recenseada no 3º quarteirão do Feijão Cru que incluía a área onde formou a fazenda Boa Vista, registrada em 1856.
O casal Francisco e Ana Josefa teve os sete filhos a seguir discriminados.
1 – Ana Francisca, também conhecida por Ana Josefa da Silva, que teve três filhos: Vicência, que foi casada com Francisco da Costa Muniz; Carolina que se casou com Elias Carlos da Paixão; e, Domiciano, que se casou com Balbina Carolina de Jesus, filha de José Casemiro da Costa.
2 – Joaquina Francisca de Jesus se casou com Severino José de Santana com quem teve, pelo menos, os filhos José e Manoel.
3 – Maria do Rosário Neto se casou com Joaquim Luiz de Medeiros ou de Santana, filho de José Luiz de Medeiros e Ana Silvéria de São José. Ele faleceu a 06.08.1863 em Leopoldina. O casal teve dez filhos: Maria Messias do Espírito Santo cc Antônio Silveira Garcia; João Gualberto Luiz de Medeiros cc Maria Flausina de Jesus; José Maria de Medeiros cc Antônia Rita de Jesus; Francisco Luiz de Medeiros cc Ignacia Rosa Lina de Lacerda; Manoel Luiz de Medeiros cc Elidia Carolina de Lacerda; Rita Esméria da Conceição cc o italiano Felicio Bello; Umbelina Emiliana de Jesus casada primeira vez com Vicente Antonio de Rezende e segunda com Bento José Oliveira; Carlos, n. 05.10.1855 e f. 1864; Antonio Luiz de Medeiros cc Senhorinha Luiza da Conceição; e, Júlia Maria da Trindade casada primeira vez com o italiano Sebastiano Tambasco e segunda vez com Manoel Joaquim Soares, também conhecido como Manoel Carlos Soares.
Registra-se, aqui, os agradecimentos aos descendentes Maria José Ribeiro Queiroz e Rodrigo Fidelis Macedo que contribuíram com informações e documentos para o estudo da família.
4 – Rita Francisca ou Josefa da Silva cc Carlos José Luiz de Santana com quem teve nove filhos: Maria Inácia do Nascimento cc Carlos Machado Neto de Aguiar; Mariana Rita do Espirito Santo cc José de Rezende Barbosa; João Carlos Neto cc Porfiria Maria de Jesus; Antonio Carlos Neto cc Rita Romualda da Silva; Matilde Virginia do Rosario cc Manoel Francisco Barbosa Neto; Rita; José Carlos Neto cc Francisca Teodora de Bem; Carlos José Neto cc Maria Prudenciana de Jesus; e, Francisco Carlos Neto cc Laurinda de Souza Neiva.
5 – José Francisco Barbosa Neto cc Maria Antônia de Jesus com quem teve seis filhos: Francisco da Silva Neto cc Brígida Maria da Silva; José Francisco Neto cc Marciana Zeferina de Almeida; Domingos Francisco Neto cc Maria Justina de Jesus; Maria Cândida de Jesus cc José Francisco Ferraz; Barbara Maria de Jesus cc Joaquim Pedro Nolasco; e, Manoel Damasceno Neto cc Mariana Umbelina da Silva.
6 – Antonio Francisco Barbosa Neto casou-se duas vezes. A primeira com Prudenciana Josefa da Silva, filha de José Ferreira Brito Júnior e Brígida Joaquina Custódia da Silva. Ela faleceu em fevereiro de 1865 em Ribeiro Junqueira e Antonio casou segunda vez com Maria Amália de Souza Neiva, filha de Altino José de Souza Neiva e Gertrudes Maria da Conceição. Filhos do primeiro casamento: Manoel Francisco Barbosa Neto cc Matilde Virginia do Rosario; 6.2 – Rita Romualda da Silva cc Antonio Carlos Neto; 6.3 – Francisco Barbosa Neto; José Amaro Neto cc Maria Vidal Ferreira; Antonio José Neto cc Rita Francisca da Conceição; Maria Prudenciana de Jesus cc Carlos José Neto; e, Custódio Ferreira Neto cc Maria Ângela de Jesus. Filhos do segundo casamento: Maria Amélia de Souza Neto cc Alfredo de Souza Neiva; Francisca Amelia Neto cc José Nepomuceno Ferreira; Albino José de Souza Neiva; Gertrudes Maria da Conceição cc Augusto José de Souza Neiva; Laurinda Maria da Conceição cc Sebastião Carlos Neto; José Neiva; Cecilia Neiva; Sebastião; Pedro; Adelaide; e, Ana.
7 – Matilde, a última filha de Francisco da Silva Barbosa e Ana Josefa da Silva, faleceu antes de seu pai.
Uma questão interessante a respeito do grupo em análise adveio do sobrenome dos filhos do casal Francisco e Ana Josefa. Em Leopoldina, é bastante difícil separar as pessoas que usam Neto por sobrenome das que utilizam como partícula para se referir a um avô. Como foi dito, Ana Josefa era filha de José Gonçalves Neto e seus filhos, assim como os descendentes do pioneiro João Gonçalves Neto, adotaram Neto por sobrenome. Houve casamentos entre descendentes de Francisco e Ana Josefa com descendentes dos Ferreira Brito que, por serem homônimos de um avô, usavam Ferreira Neto como sobrenome.
Eventualmente se comenta que existe diferença entre Neto e Netto. No entanto, esta diferença não os distingue pelo simples fato de que até 1911, quando a língua portuguesa teve seu primeiro Vocabulário Ortográfico, usava-se indistintamente letra simples ou dobrada. E considerando o pequeno estoque de nomes próprios aprovados pela igreja, pode-se imaginar a quantidade de Anas ou Annas, Josefas ou Josephas e, Netos ou Nettos em famílias que aqui viveram na mesma época.
Por hoje o Trem de História fica por aqui. Na próxima viagem um novo pioneiro ocupará este espaço. Até lá.
Luja Machado e Nilza Cantoni - Membros da ALLA Publicado na edição 437 no jornal Leopoldinense, 26 setembro de 2022
Fontes Consultadas:
Arquivo Distrital do Aveiro, Portugal, lv bat 1768-1783 Arquivo Público Mineiro - Mapas da População do Curato de São José do Paraíba – 1831 e do Feijão Cru, 1835 Igreja de Nossa Senhora da Conceição, Aiuruoca, lv cas 1787-1814 fls 41verso Igreja N. S. da Piedade, Barbacena, MG, lv cas 1808 -1838 fls 43. Inventário de Francisco da Silva Barbosa. Registro de Terras de Leopoldina

Denominada inicialmente Fazenda Boa Vista, a pesquisa sobre esta propriedade apresentou dificuldades a partir do próprio nome. Enquanto nos registros de terras de 1856 constam três propriedades com o mesmo nome no território da então Vila Leopoldina, nos processos de divisão de propriedades e partilha de bens inventariados, entre 1847 e 1901 foram encontradas treze fazendas Boa Vista, muitas delas sem localização precisa.
Para distingui-las foi fundamental o conjunto de dados coletados pelos autores desta coluna ao longo das pesquisas sobre a história de Leopoldina. Pois conforme ensina a antropologia, a família ou parentesco constituem o elemento fundador da vida social. E só conhecendo minimamente os grupos sociais que habitam uma localidade é possível compreender suas escolhas e decisões. Foi importante, também, lembrar Ruth Cardoso ao discutir armadilhas da pesquisa em antropologia, quando destacou que coletar material não é apenas acumular informações, mas oportunidade para reformular hipóteses de pesquisa. Isto aconteceu, diversas vezes, na pesquisa sobre a ocupação territorial do Feijão Cru e, especialmente, com a Fazenda Boa Vista dos Barbosas.
Ao prestar informações sobre sua propriedade, Francisco da Silva Barbosa declarou que vinte e cinco anos antes (por volta de 1831) havia comprado 250 alqueires de terras, sem indicar o vendedor. Mencionou confrontações com José Thomaz de Aguiar Cabral (fazenda Santa Cruz), Marianna Teresa Pereira Duarte (faz. Recreio), Processo José Corrêa de Lacerda (faz. Tabuleiro), Manoel Jose de Novaes (faz. Saudades, depois Campo Limpo), Manoel Ferreira Brito (faz. São Manoel da Bocaina) e João Baptista de Paula Almeida (faz. Monte Alegre). Outros proprietários citaram divisas com a faz. Boa Vista, com Antonio Carlos da Silva Teles Faião (faz. da Barra das Laranjeiras), além de Joaquim José da Costa Cruz e Joaquim Dias Neto com propriedades à margem do Rio Pomba.
Francisco da Silva Barbosa faleceu no dia 20.09.1860 e seu inventário, em conjunto com o processo de partilha e posteriores tombamentos em 1884 e 1885 trouxeram esclarecimentos importantes. A constituição do grupo familiar foi possível pela análise comparativa do inventário e da partilha de bens, já que alguns membros não foram identificados num ou noutro documento, por terem falecido ou por terem transferido sua legítima para terceiros. Como já mencionado nesta série, a instituição do dote permanecia até o final do século XIX e, muitas vezes, só depois do inventário dos pais é que os bens prometidos aos filhos eram oficialmente transferidos para eles. Por isto, nem sempre todos os filhos vivos eram mencionados no formal de partilha.
No caso da Fazenda Boa Vista, o processo de divisão judicial da propriedade foi requerido por João Gualberto Damasceno Ferreira em duas etapas, sendo a primeira em 06.10.1884 e a segunda, em 06.08.1885, indicou que após a morte de Francisco da Silva Barbosa a propriedade pertencia a oito condôminos:
Nos vinte anos seguintes à morte do formador da fazenda, ocorreram muitas subdivisões e vendas. Ao final do processo de medição, em 1885, foram encontrados 72 condôminos e entre eles estão alguns imigrantes que a memória popular informa terem vivido na “Colônia da Serra dos Netos”. Na conferência das operações de compra e venda, o total de condôminos foi ampliado para 81 por dois motivos principais: herança ou compra e venda.
Após a morte do pioneiro, em 1860, a propriedade passou a ser conhecida como fazenda “dos Barbosa” e as escrituras de compra e venda demonstram que nela foram formadas diversas “situações” que, em linguagem atual, significa vários pequenos sítios numa fazenda indivisa.
No alvorecer do século XX a região da Fazenda Boa Vista passou a ser conhecida por Serra dos Netos, numa referência ao sobrenome da família da esposa de Francisco da Silva Barbosa, de descendentes dele ou do formador da fazenda Residência, também de sobrenome Gonçalves Neto.
O requerente da divisão judicial, João Gualberto Damasceno Ferreira, era filho do pioneiro João Gualberto Ferreira Brito de quem herdou a fazenda Fortaleza também próxima da Boa Vista e que foi ampliando seus domínios através de compras diretas ou de Arrematação em Praça dos bens de seus vizinhos, em especial de terras das fazendas Desengano e Boa Vista.
Uma das “situações” adquiridas por João Gualberto Damasceno Ferreira pertencia a João José Rodrigues das Virgens que chegou ao Feijão Cru por volta de 1864 e provavelmente foi um dos primeiros adquirentes de pedaços da Fazenda Boa Vista que teriam sido vendidos depois da morte de Francisco da Silva Barbosa. O comprador instalou a sede de sua propriedade no então sítio das Virgens, referência ao nome de devoção usado como sobrenome pelo antigo proprietário, falecido em 1881. Esta é, pois, a origem do topônimo Serra das Virgens para o qual a imaginação popular inventou mais uma das lendas mirabolantes que povoam a história pátria.
João José Rodrigues das Virgens, casado com Francisca Maria de Paula, teve três filhos:
Aqui o Trem de História faz uma parada. No próximo Jornal a viagem segue com a família do pioneiro Francisco da Silva Barbosa. Até lá.
Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA
Publicado na edição 436 no jornal Leopoldinense, setembro de 2022
Fontes Consultadas: Arquivo da Diocese de Leopoldina, lv 01 bat fls 198 termo 954; lv 02 bat fls 29 termo 264; lv 2 cas fls 79 termo 3 e lv 3 cas fls 346 termo 77. Divisão judicial da fazenda dos Barbosa, parte 1, Processo 38404284, 1884 COARPE/TJMG Inventário de Francisco da Silva Barbosa, processo 38403431 COARPE - TJMG Partilha amigável do espólio requerida por Ana Josefa da Silva, processo 38402712 COARPE/TJMG CARDOSO, Ruth C. L. (org.) Aventuras de Antropólogos em campo ou como escapar das armadilhas do método. In: A aventura antropológica. Teoria e pesquisa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. p.101

Hoje o Trem de História aborda as famílias de Manoel Ferreira Brito e Antônio Luiz de Moraes, que viveram na fazenda São Manoel da Bocaina. Manoel era filho de José Ferreira Brito e Maria João Rodrigues. Casou-se[i] na matriz de Bom Jardim de Minas no primeiro dia de junho de 1813 com Maria Josefa da Silva, filha de José Gonçalves Neto e Ana Custódia da Cunha.
Maria Josefa era irmã de Ana Josefa, mulher de Francisco da Silva Barbosa, formador da fazenda Boa Vista dos Barbosa que será abordada nessa série. E, também, irmã de Brígida Joaquina Custódia da Silva, mulher de José Ferreira Brito Júnior, formador[ii] da fazenda Dois Irmãos e irmão de Manoel Ferreira Brito.
Nascido por volta de 1792, Manoel chegou[iii] ao Feijão Cru antes de 1831 e faleceu dia 9 de junho de 1856[iv] e sua esposa passou a administrar[v] a fazenda.
Manoel Ferreira Brito foi o primeiro Juiz de Paz do Feijão Cru, tendo assinado um dos mapas do conjunto denominado Mapa da População do Feijão Cru em 1835.
O casal Manoel-Maria Josefa teve, pelo menos, treze filhos:
Sobre o pioneiro Antônio Luiz de Moraes pouco ainda se sabe. Provavelmente trata-se do filho de Luiz Francisco de Oliveira e Luiza Ignacia da Conceição batizado aos 25 de agosto de 1802 em Conceição de Ibitipoca. Seria irmão de Luiz Ignacio de Moraes, casado com Ana Maria de Brito, filha mais velha de Manoel Ferreira Brito acima citado. Antônio Luiz morava na fazenda São Manoel da Bocaina quando faleceu, em 1865. E na partilha de seus bens[vi] foi citada a fazenda, embora não se saiba, até o momento, quando e quanto da propriedade original ele adquiriu.
Antonio Luiz era casado com Rita de Cassia de Almeida, nome frequente na família Almeida Ramos procedente da mesma região de onde vieram os Ferreira Brito. O casal teve 11 filhos:
A próxima viagem do Trem de História trará outro pioneiro de Leopoldina que, com a sua história, contribuirá para trazer à luz mais um pouco do início da ocupação das terras do Feijão Cru. Aguardem!
Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA
Publicado na edição 435 no jornal Leopoldinense, agosto de 2022
Fontes consultadas: [i] Igreja N. S. da Piedade, Barbacena, MG, lv cas 1808-1826 fls 56 [ii] Registro de Terras de Leopoldina (Arquivo Público Mineiro, Seção Colonial, TP 114), nº 46 [iii] Arquivo Público Mineiro: CX 07 DOC 07, Termo de Barbacena, Comarca do Rio das Mortes, Mapa da População do Curato de São José do Paraíba - 1831, fam. 86 [iv] Inventário de Manoel Ferreira Brito, processo 38405636 COARPE/TJMG [v] Livro de Arrecadação de Impostos em Conceição da Boa Vista 1858, fls 11verso [vi] Partilha Amigável dos bens deixados por Antonio Luiz de Moraes, processo 38401880 COARPE/TJMG [vii] Partilha Amigável dos bens deixados por Antonio Luiz de Moraes, processo 38401880 COARPE/TJMG

A viagem de hoje do Trem de História tem como destino uma fazenda formada em 265 alqueires registrados[1] por José Tomaz de Aquino Cabral, seu filho Carlos Augusto de Aquino Cabral e seu genro Sebastião Gomes Teixeira Jalles. E cujos confrontantes eram João Gualberto Ferreira Brito (fazenda Fortaleza), Antonio Rodrigues Gomes (Águas Vertentes), José Ferreira Brito (Dois Irmãos), Francisco da Silva Barbosa (Boa Vista dos Barbosas) e Mariana Teresa Pereira Duarte (Recreio).
Segundo declaração[2] de Antonio Carlos da Silva Teles Faião, uma de suas propriedades foi comprada de José Tomaz de Aquino Cabral, num total de 140 alqueires, área esta não incluída nos 265 alqueires do registro acima mencionado.
Comparando-se os registros de 1856 com as divisões de propriedades nas décadas seguintes, observa-se que os Aquino Cabral teriam adquirido, inicialmente, terras que se estendiam da margem direita do rio Pomba até o córrego Santa Cruz e que a venda para Teles Faião teria sido da parte norte da propriedade.
Conforme mencionado no texto anterior, a propriedade adquirida dos Aquino Cabral por Teles Faião teve como primeiro nome Barra das Laranjeiras. Mas em 1876, quando Carlos Augusto de Aquino Cabral, marido de Vicencia Antonia filha de Teles Faião, requereu a divisão amigável[3] da Barra das Laranjeiras ela já era denominada Fazenda Natividade.
Registre-se que este processo de divisão esclareceu mais alguns pontos sobre os domínios dos Aquino Cabral e Teles Faião uma vez que a planta[4] da fazenda, desenhada pelo agrimensor Manoel Maximiano de Souza Muniz estabeleceu a localização da propriedade, suas confrontações e a área encontrada que foi de 80 alqueires e meia quarta.
Considerando que naquele momento não havia divisas entre as fazendas Santa Cruz e Natividade, entende-se que a diferença de 60 alqueires corresponde à área entre elas que teria sido vendida a diversos compradores, cujos títulos não foram citados no processo.
Vale lembrar que foram convocados para o julgamento desse processo: João José Dutra, seu irmão José Tomaz e seu cunhado José Joaquim Pires filho (sucessores da fazenda Recreio); Antonio José de Oliveira (sogro de herdeira da Águas Vertentes); Antonio Garcia de Novaes (sucessor da fazenda Saudades); Antonio Manoel de Barros Alvim (sucessor da Santana dos Miranda); e, José Pereira de Melo que parece ter sido o comprador de parte das terras da Barra das Laranjeiras.
O distrito de Campo Limpo, hoje Ribeiro Junqueira, foi criado dois anos depois da abertura do processo. E em 1882 o que restava da fazenda Natividade foi incorporado à área do novo distrito.
Em março de 1891, quando foi criado o distrito de paz[5] denominado Vista Alegre, no município de Leopoldina, a propriedade de Carlos Augusto de Aquino Cabral constou do Decreto como vizinha da unidade administrativa que, ao que se sabe, não teria sido instalada. De todo modo, a informação corrobora a citação do proprietário como um dos proprietários de quinhão da fazenda Santana dos Miranda que foi submetida a um processo de Retombo[6] em 1890.
Ainda quanto à fazenda Santa Cruz, registre-se que após o falecimento do condômino José Tomaz de Aquino Cabral, antes de fevereiro de 1878, seu filho Carlos Augusto vendeu 27 alqueires de sua legítima para Sérgio José Pinheiro. Este comprador pediu a demarcação da propriedade, em março de 1880 e o processo[7] envolveu, além do requerente, cinco condôminos que haviam adquirido partes da fazenda.
Importante observar que, à exceção do comprador Sérgio Pinheiro, de quem não se tinha notícia em Leopoldina até então, os demais envolvidos confirmam a opinião de um sociólogo que se manifestou sobre as práticas sociais no Brasil de meados dos oitocentos, contestando impressão de viajante estrangeiro do início daquele século.
Em viagens pela província mineira, o francês Auguste de Saint-Hilaire havia descrito seus habitantes de forma não muito generosa. Gilberto Freyre a ele se referiu para afirmar que, em meados do século XIX, as Minas não eram mais terra de gente aventureira, mas de uma estável sociedade agrária. E declarou[8] que “A província quase toda passara […] a pacatamente agrícola. Suas condições morais que, ao tempo da febre do ouro haviam sido péssimas, melhoraram com essa nova situação ao mesmo tempo econômica e social.”
Assim o demonstra a composição do condomínio da Fazenda Santa Cruz quarenta anos depois da propriedade ter sido fundada. Um dos quinhões havia sido adquirido por Antonio Ferreira Neto e seu pai João Gonçalves Neto, da fazenda Residência não muito longe dali; outro pertencia a João José Dutra nascido na vizinha fazenda Recreio. Sebastião Gomes Teixeira Jalles, além de sócio da propriedade era também casado com uma filha do sócio falecido. E Josué de Vargas Corrêa já ali vivia há muitos anos, pois sua primeira esposa era sucessora da vizinha fazenda Águas Vertentes. Além deles, os confrontantes da propriedade também reafirmam as palavras de Gilberto Freyre no sentido de que as cidades mineiras não eram mais pouso de aventureiros, mas residência de famílias de agricultores em estabilidade social.
Em 1885 a fazenda Santa Cruz voltou a ser demarcada[9], a requerimento do condômino Sebastião Gomes Teixeira Jalles. Agora com uma área de 189 alqueires, entre seus proprietários já não estava João Gonçalves Neto, mas seu filho Joaquim Eleotério. João José Dutra também não era mais proprietário.
Sebastião Jalles era um português estabelecido com casa comercial no Rio de Janeiro, tinha negócios em São Fidélis (RJ) na época em que se casou com a filha de José Thomaz de Aquino Cabral. Mais tarde levou a família para a então capital do país, onde faleceu em 1895. Sua esposa também faleceu no Rio de Janeiro em 1911. E o que restava da antiga fazenda Santa Cruz foi dividido em diversas pequenas propriedades que continuaram dedicadas à agricultura por muito tempo.
Aqui o Trem de História faz mais uma parada. Retornará na próxima edição, com algumas informações sobre a fazenda Recreio, cujo nome não tem vínculo direto com o município vizinho.
Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA
Publicado na edição 425 no jornal Leopoldinense, outubro de 2021
Fontes consultadas: [1] Registro de Terras de Leopoldina (Arquivo Público Mineiro, Seção Colonial, TP 114), nº 3. [2] Registro de Terras de Leopoldina (Arquivo Público Mineiro, Seção Colonial, TP 114), nº 8. [3] Divisão da fazenda Natividade. Processo 38404852 – COARPE – TJMG. [4] Idem, img 10 [5] Leis Mineiras, Decreto nº 406. [6] Divisão e demarcação de terras da fazenda Santana dos Miranda. Processo 38402032 COARPE/TJMG. img 269 [7] Divisão da fazenda Santa Cruz. Processo 38403537 COARPE – TJMG. [8] FREYRE, Gilberto. Vida social no Brasil nos meados do século XIX. 4.ed. São Paulo: Global, 2008. p.57 [9] Divisão judicial da fazenda Santa Cruz. Processo 38405655 COARPE – TJMG. img 2-3

Nesta série de textos sobre os Pioneiros de Leopoldina, o Trem de História vem carregando seus vagões com o que conseguiu apurar sobre as mais antigas propriedades do município. Depois de abordar os antecedentes da ocupação do território, falar um pouco sobre as sesmarias, as unidades de medida e os instrumentos de demarcação das propriedades, foram trazidas informações sobre uma fazenda pouco conhecida, a Santana do Rio Pomba [S], em cujas terras foi construída a estação Vista Alegre da Estrada de Ferro Leopoldina, inaugurada em 1877. Estação que foi um marco importante na história de Leopoldina, já que o transporte ferroviário sustentou a economia e o desenvolvimento social do município por um longo período.
A partir de agora o espaço será preenchido por outras fazendas constituídas nos primeiros anos da ocupação da área do atual distrito da Cidade.

A análise das fontes documentais sobre as propriedades dos primeiros entrantes demonstrou que o pioneiro Joaquim Ferreira Brito se estabeleceu nas cachoeiras do Ribeirão do Feijão Cru [C]; Manoel Antônio de Almeida ficou com as terras margeadas pelo Feijão Cru Pequeno [FC]; João Gonçalves Neto [R] e João Gualberto Ferreira Brito [F] se tornaram vizinhos no terço inicial do Ribeirão Jacareacanga; Antônio Rodrigues Gomes [AV] ocupou terras banhadas pelo Córrego do Moinho e seu irmão Bento Rodrigues Gomes [CB] formou fazenda um pouco mais ao norte.
O esquema a seguir mostra a posição destas fazendas em relação aos cursos d’água mencionados.
Interessante observar as ligações de parentesco entre os seis pioneiros citados:
– Joaquim Ferreira Brito, formador da fazenda Cachoeira [C], era pai de João Gualberto Ferreira Brito [F] e sogro de Bento Rodrigues Gomes [CB]; e,
– Manoel Antônio de Almeida, fazenda Feijão Cru [FC], era sogro de João Gonçalves Neto [R], de João Gualberto [F] e de Antônio Rodrigues Gomes [AV].
Vale recordar que o estudo “200 anos do Registro Civil do Feijão Cru”[1], publicado em 2017, abordou as duas sesmarias doadas aos irmãos Fernando e Jerônimo Corrêa de Lacerda em 1817. Um sobrinho deles, Francisco Pinheiro Correia de Lacerda, teria sido encarregado de vendê-las, o que se confirma no Registro de Terras do Feijão Cru[2]. Tais vendas teriam ocorrido a partir de abril de 1829, data da compra declarada por Antônio Rodrigues Gomes[3] e mesmo ano apontado por Francisco de Paula Ferreira de Rezende como sendo o da chegada de Manoel Antônio de Almeida. Segundo o memorialista, o “comendador” Manoel Antônio de Almeida chegou por aqui[4] em setembro de 1829 “com a família e alguns parentes”.
Importante destacar que a soma da área das propriedades acima indicadas era bem maior do que as duas sesmarias, o que se justifica pelo fato de que os pioneiros compraram terras de vários ocupantes, nem todos sesmeiros, como ficará demonstrado nos próximos textos desta série.
Mas esta carga ficará para a próxima viagem do Trem de História. Até lá!
Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA
Publicado na edição 411 no jornal Leopoldinense de 1 de outubro de 2020
Fontes consultadas:
[1] MACHADO, Luja e CANTONI, Nilza. 200 anos do Registro Civil do Feijão Cru. Monografia. Disponível em https://www.academia.edu/34989583/200_ANOS_DO_REGISTRO_CIVIL_DO_FEIJ%C3%83O_CRU out 2017
[2] Registro de Terras de Leopoldina (Arquivo Público Mineiro, Seção Colonial, TP 114)
[3] idem, nr 37.
[4] REZENDE, Francisco de Paula Ferreira de. Minhas Recordações. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1987. p. 392
Conforme anunciado no artigo anterior, hoje o Trem de História é dedicado a Mariana Custódia de Moraes, a mãe do personagem principal desta viagem.
Mas, antes, vale um esclarecimento. Na época em que os pais de Paulino se casaram, a Paróquia de São Sebastião da Leopoldina ainda pertencia ao Bispado do Rio de Janeiro. Com isto, muitas fontes eclesiásticas eram para lá encaminhadas e, por razões burocráticas, se encontram indisponíveis para consulta desde o final da década de 1990, como é o caso do processo matrimonial do casal que, ao que se sabe, dependeu de autorização episcopal em virtude de parentesco consanguíneo e de afinidade.

A atualização da ascendência de Mariana decorreu da localização de processos de dispensa matrimonial e inventários de seus parentes no final de 2020. Estudo completo sobre a família encontra-se disponível em https://cantoni.pro.br/2020/12/27/memoria-historica-revisitada-angaturama/
A viagem de hoje termina aqui. Na próxima edição o Trem de História trará o ramo paterno de Paulino Augusto Rodrigues. Aguarde!
Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA
Publicado na edição 359 no jornal Leopoldinense de 16 de julho de 2018
Fontes de Referência:
1 – Igreja de Nossa Senhora da Piedade de Barbacena, livro de casamentos de Conceição de Ibitipoca 1751-1801, pesquisa de Paulo Ribeiro da Luz.
2 – Museu Regional de São João del Rei, inventário caixa 287.