Neste filme mudo, de 1910, é possível observar alguns detalhes da viagem dos imigrantes que vieram para o Brasil naquela época.
https://www.liveleak.com/ll_embed?f=afa6f1deb661
Neste filme mudo, de 1910, é possível observar alguns detalhes da viagem dos imigrantes que vieram para o Brasil naquela época.
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Nos últimos meses cresceu o número de pessoas que nos procuram em busca de informações sobre seus antepassados italianos. Muitos deles querem apenas os dados que lhes permitirão requerer o reconhecimento de cidadania. Outros se interessam pela história da família e se surpreendem quando percebem que a memória de seus parentes próximos não corresponde ao que se encontra em outras fontes.
Nem sempre é possível desenvolver o assunto numa troca de e-mails. Até porque, nossas convicções se baseiam em pressupostos teóricos que nem todos compreendem ou aceitam. É o caso, por exemplo, de uma pessoa que desejava saber data e local de nascimento de um antepassado e não concordou com nossa resposta porque em sua família sempre disseram que os parentes vieram para o Brasil para fugir da Segunda Guerra. Oras, como aceitar que o personagem em questão havia nascido no Brasil e que os pais dele aqui chegaram solteiros, na década de 1910?
Para nós, a divergência indica como o assunto Segunda Guerra foi assimilado pela família e descortina outros aspectos da memória familiar e da identidade construída a partir das representações do passado. Para melhor compreensão, sugerimos a leitura de “História, Memória e Identidade: aspectos metodológicos de pesquisa”, de Anne Emilie Souza de Almeida Cabral, apresentado no Encontro Internacional de Formação de Professores e Fórum Permanente de Inovação Educacional de 2015 e está disponível neste endereço.
Eis o resumo:
Este trabalho tem como escopo compreender a relação entre história, memória e identidade e busca compreender como se pode fazer estudos que envolvem a memória. Através de análises das obras de Le Goff (2003); Maurice Halbwachs (1990) e Jeanne Marie Gagnebin (2006), Ecléa Bosi (2003) e Balandier (1990) verificaremos a importância da memória para a compreensão da nossa identidade e também, a história como o meio da narração dessas memórias. E em seguida, faremos uma discussão sobre como se faz pesquisa que envolve a memória dos sujeitos que estão presentes e daqueles que não estão mais no meio de nós, para isso trabalharemos com as pesquisas feitas por Marizete Lucini (2007), a qual aborda sobre o processo de identificação e de Ibarê Dantas que faz um estudo focado na história de vida.
Neste estudo provisório sobre a descendência de Pietro Toccafondo, mantivemos as regras adotadas em nossos estudos genealógicos no que tange ao uso da grafia de nomes e sobrenomes como encontrados na mais antiga fonte documental. Não são considerados nomes adotados pelas mulheres ao se casarem.
Pietro Toccafondo nasc. cerca de 1847 em San Severino Marche, Macerata, Marche, Italia c/c Mariana Marinozzi nasc. cerca de 1857 em San Severino Marche, Macerata, Marche, Italia
……1 Annunziata Toccafondo nasc. 25 mar 1880 em San Severino Marche, Macerata, Marche, Italia, falec. 24 jan 1957 em Leopoldina, MG c/c Antonio Zachini nasc. Italia. Pais de:
………1.1 Delijna Zachini nasc. cerca de 1906 em Matias Barbosa, MG c/c Saul Antonio Maimeri nasc. 28 fev 1900 em Leopoldina, MG; São Lourenço, casou-se em 18 dez 1928 em Leopoldina, MG
………1.2 Francisco Zachini nasc. 20 set 1913 em Leopoldina, MG, falec. 05 fev 1992 em Leopoldina, MG c/c Maria de Lourdes Rodriguez nasc. 08 out 1916 em Leopoldina, MG, casou-se em Leopoldina, MG, falec. 15 ago 1976 em Leopoldina, MG. Pais de:
…………1.2.1 Anunciata Zachini
………….1.2.2 Cléia Zachini
…………1.2.3 Lourdes Zachini
…………1.2.4 Marlene Zachini
…………1.2.5 Marli Zachini
…………1.2.6 Marluce Zachini
…………1.2.7 Maura Zachini
…………1.2.8 Maurício Zachini
…………1.2.9 Mauro Zachini
…………1.2.10 Vera Zachini
…………1.2.11 Francisco Zachini nasc. 30 nov 1955 em Leopoldina, MG, falec. 28 abr 1990 em Leopoldina, MG
………1.3 Ernestina Zachini nasc. cerca de 1924 em Matias Barbosa, MG, falec. 27 jul 2012 em Leopoldina, MG c/c Orlando Rodrigues. Pais de:
…………1.3.1 Luiz Antonio Zachini Rodrigues nasc. cerca de 1945, falec. 10 jul 1963 em Leopoldina, MG
………1.4 Iracema Zachini
………1.5 Antonio Zachini
………1.6 João Zachini
………1.7 Pedro Zachini c/c Nizia Lacerda nasc. 30 jan 1917 em Leopoldina, MG, falec. 24 ago 1993 em Leopoldina, MG. Pais de:
…………1.7.1 Antonio Custódio Zachini c/c Maria José Sangalli. Pais de:
……………1.7.1.1 Alessandra Sangalli Zachini nasc. em Leopoldina, MG c/c Tarcisio Gereleti da Silva. Pais de:
………………6 Ana Luiza Zachini da Silva
……………1.7.1.2 Alex Sander Sangalli Zachini c/c Mariana Conti. Pais de:
………………1.7.1.2.1 João Antonio Conti Zachini
………………1.7.1.2.2 Tomás Conti Zachini
………………1.7.1.2.3 Vitoria Conti Zachini
……………1.7.1.3 Patricia Sangalli Zachini c/c Denio Castro. Pais de:
……………… 1.7.1.3.1 Helena Zachini Castro
……………… 1.7.1.3.2 Davi Zachini Castro
…………1.7.2 Carlos Roberto Zachini falec. 19 ago 1999 c/c Aparecida Coutinho. Pais de:
…………… 1.7.2.1 Lilian Coutinho Zachini
…………… 1.7.2.2 Pedro Henrique Coutinho Zachini
…………… 1.7.2.3 Liliana Coutinho Zachini
…………1.7.3 Leda Zachini c/c Paulo Rodrigues Monteiro. Pais de:
…………… 1.7.3.1 Paulea Zachini Monteiro c/c Julio Cesar Rodrigues Lima. Pais de:
………………1.7.3.1.2 João Paulo Monteiro Rodrigues Lima
……………… 1.7.3.1.3 Bernardo Monteiro Rodrigues Lima
…………… 1.7.3.2 Pedro Paulo Zachini Monteiro c/c Gisele Getino. Pais de:
……………… 1.7.3.2.1 Julia Getino Zachini
…………… 1.7.3.3 Lucio Zachini Monteiro c/c Lilian Lopes Horta. Pais de:
……………… 1.7.3.3.1 Lucas Horta Monteiro
……………… 1.7.3.3.2 Leonardo Horta Monteiro
……………… 1.7.3.3.3 Luiz Felipe Lopes Horta Monteiro
…………1.7.4 Luiza Helena Zachini c/c Paulo Rogério
…………1.7.5 Odalea Zachini falec. nov 2007
…………1.7.6 Odete Zachini. Mãe de:
……………1.7.6.1 Vilmar Zachini c/c Vilma. Pais de:
………………1.7.6.1.1 Rogerio
………………1.7.6.1.2 Alice
……………1.7.6.2 Carlos Henrique Zachini
…………1.7.7 Olizete Zachini c/c Olivier de Souza. Pais de:
…………… 1.7.7.1 Neuza Maria Zachini de Souza
…………… 1.7.7.2 Gilberto Zachini de Souza
…………… 1.7.7.3 Gilmar Zachini de Souza
…………… 1.7.7.4 Jaine Zachini de Souza c/c Magno
…………1.7.8 Orlinda Zachini c/c Roberto Heleno de Oliveira. Pais de:
…………… 1.7.8.1 Pedro Luiz Zachini de Oliveira c/c Karine. Pais de:
……………… 1.7.8.1.1 João Pedro
…………… 1.7.8.2 Roberto Heleno de Oliveira Júnior c/c Alessandra
…………1.7.9 Paulo Heleno Zachini c/c Terezinha
………1.8 Helena Zachini
………1.9 Maria Zachini
……2 Nazareno Angelo Toccafondo nasc. 03 abr 1881 em Serralta, San Severino Marche, Macerata, Marche, Italia, falec. 28 dez 1953 em Belo Horizonte, MG c/c Annunziata Fava nasc. cerca de 1886 em Tarzo, Treviso, Veneto, Italia, casou-se em 22 set 1913 em Belo Horizonte, MG, falec. 10 jun 1963 em Belo Horizonte, MG. Pais de:
………2.1 Vitorio Toccafondo nasc. 12 jan 1910 em Belo Horizonte, MG, falec. 11 jan 1967 em Belo Horizonte, MG c/c Asoreia Passos nasc. 23 jun 1917 em Cataguases, MG, casou-se em 27 mai 1936 em Ponte Nova, MG. Pais de:
………… 2.1.1 Elder Toccafondo nasc. em Belo Horizonte, MG c/c Maria das Graças Pereira nasc. em Campo Belo, MG, casou-se em Campo Belo, MG. Pais de:
…………… 2.1.1.1 Graciele Pereira Toccafondo nasc. em Belo Horizonte, MG c/c André Rodrigues Padilha nasc. em Lucélia, SP. Pais de:
……………… 2.1.1.1.1 André Luiz Rodrigues Padilha Júnior nasc. em Belo Horizonte, MG
……………… 2.1.1.1.2 Thais Toccafondo Padilha nasc. em Belo Horizonte, MG
……………… 2.1.1.1.3 Lucas Toccagondo Padilha nasc. em Belo Horizonte, MG
…………… 2.1.1.2 Anderson Pereira Toccafondo nasc. em Belo Horizonte, MG c/c Danielle Pereira Vaz. Pais de:
………………6 Giovanna Vaz Toccafondo
……………2.1.1.3 Graciane Pereira Toccafondo nasc. em Belo Horizonte, MG c/c Fabio Breno Maciel de Oliveira. Pais de:
………………6 Breno Pereira Toccafondo Maciel de Oliveira nasc. em Belo Horizonte, MG
…………… 2.1.1.4 Gleyson Pereira Toccafondo nasc. 31 jan 1978 em Belo Horizonte, MG, falec. 02 jan 2006
………… 2.1.1.2 Edmar Toccafondo
………… 2.1.1.3 Vitorio Toccafondo Filho
………… 2.1.4 Eleonor Toccafondo
………… 2.1.5 Elmo Toccafondo
………… 2.1.6 Elmar Passos Toccafondo c/c Daisy Mary Cezar Pais de:
……………2.1.6.1 Daisymar Cezar Toccafondo. Mãe de:
………………2.1.6.1.1 Alessandra Livia Toccafondo Schroll. Mãe de:
………………… 2.1.6.1.1.1 Frederico Elmar Toccafondo
………………… 2.1.6.1.1.2 Amanda Alessandra Toccafondo Schroll
………… 2.1.7 Ernesto Toccafondo
………… 2.1.8 Ises Toccafondo
………2.2 Pietro Toccafondo [neto] nasc. 06 jun 1912 em Belo Horizonte, MG c/c Santa Matalloni nasc. Italia
………2.3 Etore Toccafondo
………2.4 Adalberto Toccafondo
………2.5 Ilidio Toccafondo
………2.6 Alcides Toccafondo c/c Anita Nicolai
………2.7 Celia Toccafondo
………2.8 Delia Toccafondo
………2.9 Angela Maria Toccafondo
………2.10 Esmeralda Toccafondo
……3 Enrico Toccafondo nasc. cerca de 1884 em San Severino Marche, Macerata, Marche, Italia c/c Leonide Murari
……4 Enrica Toccafondo nasc. cerca de 1886 em San Severino Marche, Macerata, Marche, Italia c/c Atilio Murari. Pais de:
………4.1 Elza Murari c/c Rugero Marcatto. Pais de:
…………4.1.1 Rugero Marcatto. Pai de:
……………4.1.1.1 Ana Luiza Marcatto
……5 Domenico Toccafondo nasc. cerca de 1889 em San Severino Marche, Macerata, Marche, Italia c/c Angela Baffaro
……6 Ernesto Toccafondo nasc. 12 set 1891 em Italia c/c Adelaide Restelli
……7 Alessandro Toccafondo nasc. cerca de 1895 em San Severino Marche, Macerata, Marche, Italia
……8 Antonio Toccafondo nasc. Aft. 1896 em Matias Barbosa, MG
……9 Maria Toccafondo nasc. Aft. 1896 em Matias Barbosa, MG c/c Fioravante Silvestrini
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Fontes Consultadas:
Archivio di Stato di San Severino Marche
Arquivo da Diocese de Leopoldina, livros de batismo e casamento
Cartão de Imigração do Departamento de Polícia Marítima, Aérea e de Fronteiras
Carteira de Identidade
Carteira de Trabalho
Cartório de Registro Civil de Belo Horizonte, MG, 1º, 2º e 3º subdistritos, pesquisa realizada por Ernesto Toccafondo.
Cartório de Registro Civil de Leopoldina, MG
Cartório de Registro Civil de Ponte Nova, MG, pesquisa realizada por Ernesco Toccafondo.
Cemitério Nossa Senhora do Carmo, Leopoldina, MG, livros de sepultamentos e lápides em túmulos.
Jornal O Leopoldinense – Leopoldina, MG
Livros da Hospedaria Horta Barbosa (Arquivo Público Mineiro)
Registro de Estrangeiros de 1942 (Arquivo Nacional)
Recebemos informações dos seguintes colaboradores: Alessandra Zangale Zaquini, Ana Luiza Marcatto, Daisymar Cesar Tocafundo, Graciele Tocafundo, Lucimary Vargas de Oliveira, Marcus Maggi e Rugero Marcatto.
Nicolao Dalto nasc. Italia, falec. Leopoldina, MG c/c Edwiges de Souza Reis. Pais de: Isabel, Adalberto, Felício I, Maria Francisca, Felício II, Rosa, Antonio e Brasilina.
1 Isabel Dalto c/c Biagio Fiorenzano nasc. 21 ago 1883 em Maratea, Potenza, Basilicata, Italia, cas. 20 out 1917 em Leopoldina, MG. Pais de:
………a) Tereza Fiorenzano nasc. 14 ago 1918 em Leopoldina, MG
………b) Pasqual Fiorenzano nasc. 13 jul 1920 em Leopoldina, MG
2 Adalberto nasc. 09 out 1903 em Piacatuba, Leopoldina, MG
3 Felicio nasc. 16 ago 1905 em Piacatuba, Leopoldina, MG
4 Maria Francisca Dalto nasc. Abt. 1908 em Leopoldina, MG c/c Argemiro Carneiro nasc em Visconde do Rio Branco, MG, cas. 18 jun 1925 em Leopoldina, MG
5 Felicio Dalto nasc. 28 ago 1911 em Leopoldina, MG, falec. 1976 em Anchieta, Rio de Janeiro, RJ. Pai de:
………a) Isaura Rosa de Oliveira Dalto falec. Ilha do Governador, Rio de Janeiro, RJ
………b) José Dalto falec. Araruama, RJ c/c Neuzete Costa m: em Belo Horizonte, MG
………c) Marisa Dalto
6 Rosa Dalto nasc. 12 jul 1916 em Leopoldina, MG
7 Antonio Dalto nasc. 21 jul 1918 em Leopoldina, MG, falec. Senador Camará, Rio de Janeiro, RJ
8 Brasilina Dalto c/c Antonio Samorè. Pais de:
………a) Maria de Lourdes nasc. 15 nov 1918 em Leopoldina, MG
………b) Antonio nasc. 22 dez 1919 em Leopoldina, MG
Se você tem informações sobre esta família, por favor, entre em contato.
Veja, aqui, atualização sobre a família de Nicolao Dalto.
No artigo anterior o Trem de História falou de opinião e política e terminou prometendo mudar o rumo da viagem no vagão de hoje. A razão para a mudança foi o cansaço. Para quem não é do ramo, política é um tema pesado e cansativo. Cumprindo o prometido, o Trem de hoje segue por outros trilhos e recolhe cargas da Colônia Agrícola da Constança que completa neste mês de abril seus 105 anos de criação. Já a Capela da Onça comemora o Centenário de inauguração em 2015. De início é bom lembrar que a Colônia surgiu da combinação de diversos fatores como os econômicos e políticos. Não nos parece possível eleger um deles como proeminente, embora a proibição do tráfico de escravos, que estimulou a busca de alternativas para o aumento da produção agrícola, possa ser tida como importante para o surgimento do núcleo. Principalmente se considerado que a economia da região dependia de um número cada vez maior de trabalhadores e estes não existiam no território nacional. Começaram a chegar os imigrantes, antes mesmo do fim do regime escravocrata. Algumas fazendas, segundo consta, passaram a contar com escravos e trabalhadores livres em suas terras, até que os primeiros migraram para a periferia da cidade. Aos poucos surgiram e se propagaram os sistemas de parceria e colonato como reguladores da nova relação de trabalho. E a experiência do Senador Vergueiro, em São Paulo, deve ser considerada como elemento difusor do sistema. Agregando experiências diversas surgiram, então, as primeiras colônias destinadas a imigrantes estrangeiros, que foram sendo aperfeiçoadas. É evidente que uma instituição, como uma Colônia, não provém de causa isolada. Ela surge, na maioria das vezes, como resultado de diversos fatores que perpassam a vida do grupo social na qual é criada. E as razões que levaram à criação da Colônia Agrícola da Constança não são muito diferentes das demais coirmãs. O estudo sobre ela ainda carece de mais pesquisas, uma vez que os trabalhos realizados até aqui sempre estiveram focados na vida dos colonos que nela se instalaram, motivados pela vontade de conhecer homens e mulheres comuns que viveram na Colônia e nos seus arredores. Gente que tinha muita história para contar e, como sugeriu o filósofo alemão Walter Benjamin, relatadas na medida certa possibilitou “escovar o passado” recoberto com a poeira do tempo e trazer para a luz do sol, a importância da Colônia Agrícola da Constança e dos italianos que constituíram o seu núcleo mais ativo e permanente. De importância tal que fez a cidade contar, em 1911, com um Agente Consular Italiano, o Sr. Angelo Maciello, representante de Sua Majestade Vittorio Emanuelle III, Rei da Itália na época. Uma Colônia que não era pequena. Pois contava, segundo os relatórios anuais encaminhados pelo Administrador à Secretaria Estadual de Agricultura, inicialmente com 60 lotes demarcados. No ano seguinte, eram 65 e, em 1911, este número aumentou para 68. Lotes devidamente cercados e com uma casa de morada coberta de telhas, vendidos principalmente aos imigrantes que ali passaram a cultivar toda sorte de produtos, a maioria deles para serem comercializados na cidade ou na “venda de secos e molhados”, Casa Timbiras, que ficava na entrada do Bairro Boa Sorte e que se transformou num verdadeiro entreposto comercial para uma vasta região. E quando se recorda a Colônia e a Venda do Timbiras é forçoso tomar o “Caminho do Imigrante” e chegar à Igrejinha da Onça. “Caminho do Imigrante”, um sonho que ainda persiste de dar este nome à via secundária que liga a Igrejinha à entrada do Bairro Boa Sorte.
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Igreja de Santo Antonio de Pádua que comemora 100 anos e foi escolhida como símbolo dos estudos sobre o Centenário da Colônia por ser a imagem a que sempre se referiam os entrevistados no curso daquelas pesquisas, quando abordados sobre a vida dos mais antigos. Símbolo a que todos se referiam com um misto de saudade e orgulho.
A capela foi construída com a participação e o trabalho dos habitantes da Colônia e das propriedades das imediações. A escritura pública de compra e venda de uma quarta de terra (12.100 m2), lavrada pelo 2º Ofício de Notas de Leopoldina em 21.08.1912, é testemunha inconteste da influência italiana, pelos sobrenomes dos vendedores e compradores: Jesus Salvador Lomba e sua mulher Maria Magdalena Lomba (Proprietários do lote nº 04 da Colônia). Luciano Borella, Otavio de Angelis, Luigi Giuseppe Farinazzo, Ferdinando Zaninello, Agostino Meneghetti e Fausto Lorenzetto. A compra teve a destinação registrada no livro do Cartório: – “imóvel para nele ser edificada uma Capela consagrada a Santo Antonio de Pádua”.
Terminado este breve passeio pelas lembranças desta parte da zona rural do município, o Trem de História volta ao perímetro urbano para, no próximo número do Jornal, falar de outra data importante para a nossa história, a da emancipação do Feijão Cru como Vila Leopoldina.
Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA
Publicado no jornal Leopoldinense de 16 de abril de 2015

Desta vez o Trem de História deixará os trilhos para lembrar o Dia Nacional do Imigrante Italiano, criado pela Lei Federal nº 11.687, de 02.05.2008 e comemorado no próximo dia 21 de fevereiro.
E o faz para prestar uma justa homenagem aos imigrantes italianos que se instalaram no município de Leopoldina a partir de 1880, aos que viveram na Colônia Agrícola da Constança e a todo oriundi que ajudou a transformar a economia da cidade, abalada pelo fim da escravidão e do ciclo do café.
Uma necessária interrupção da história que se conta para avivar um pouco mais a desses imigrantes. Dessa gente simples e constantemente esquecida pelos livros de história tradicional/oficial da cidade.
Alguns aqui chegaram depois de um breve tempo residindo em diferentes núcleos de colonização do país. Outros, em número bem maior, vindos diretamente de uma hospedaria, do Rio de Janeiro ou, de Juiz de Fora, onde foram contratados por fazendeiros daqui. Houve, ainda, aqueles que escolheram Leopoldina por alguma razão especial, como cartas de parentes ou amigos que já se encontravam no município. Todos, com vontade e disposição férrea de vencer. De realizar, com o suor do rosto, o sonho de adquirir liberdade trabalhando em terra própria. Porque para o italiano, ser dono da terra onde trabalhava era sinônimo de liberdade, de ser dono do próprio nariz. E para isto não poupava esforços. Ainda mais quando o possuir terra lhe possibilitava trazer para perto de si o parente ou agregado menos afortunado.
E é bom que se diga que o interesse inicial pela pesquisa sobre a imigração em Leopoldina, especialmente a italiana, não teve outro objetivo senão o de tirar o pó que recobre a história desta gente trabalhadora e importante para a cidade. Um interesse que surgiu com o estudo sobre as antigas famílias que viveram por aqui, quando se observou nos livros das paróquias, entre os anos de 1872 e 1930, uma frequência assídua de sobrenomes não portugueses entre os noivos, os pais e os padrinhos das crianças.
Nesta pesquisa e no texto que dela resultou – A Imigração em Leopoldina vista através dos Assentos Paroquiais de Matrimônio – constatou-se que 10% dos noivos do período de 1890 a 1930 eram imigrantes. E destes, 9% eram italianos e o 1% restante era formado por portugueses, espanhóis, sírios, açorianos, franceses, egípcios e nativos das Ilhas Canárias. Um contingente significativo, carente de um estudo melhor sobre suas vidas e importância para o município, estatisticamente com forte presença de descendentes daqueles imigrantes que, chegados no último quartel do século XIX, aqui se estabeleceram e muito contribuíram para o desenvolvimento econômico e social. Entretanto, não se tem notícia de qualquer movimento permanente no sentido de manter viva a memória destes conterrâneos por adoção.
Foi, inclusive, neste sentido que há alguns anos foi encaminhada à Câmara Municipal de Leopoldina uma sugestão para nomear como “Caminho do Imigrante” parte do trajeto que eles faziam quando, de seus lotes na Colônia Agrícola da Constança, demandavam a cidade. Uma forma simples e barata de perpetuar a nossa gratidão a estes bravos. Mas nossos vereadores da época talvez não tenham entendido o significado da proposta. Da mesma forma, por ocasião das comemorações do Centenário da Colônia Agrícola da Constança e dos 130 anos de Imigração Italiana em Leopoldina, falou-se na inclusão do dia 21 de fevereiro como data comemorativa no calendário da cidade, mas ao que parece a ideia morreu recém-nascida.
Perderam-se, assim, duas oportunidades de homenagear este pessoal que, com muito trabalho e dedicação, conseguiu galgar os degraus mais elevados da escala social e colocar seus descendentes em posições de destaque como médicos, advogados, professores, empresários, comerciantes, etc.
Registre-se mais uma vez, para encerrar, que o Trem de História não é conduzido por historiadores, mas apenas por dois apaixonados por Leopoldina e sua história, dotados de ousadia para vez por outra escrever sobre estes “silêncios”, estes fatos que ficaram “abandonados” ou, esquecidos pelos historiadores.
Em verdade o assunto merece outros vagões. Mas o Trem de História precisa voltar aos trilhos e seguir a viagem sobre A Imprensa em Leopoldina (MG) entre 1979 e 1899 no próximo Jornal. Até lá.
Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA
Publicado no jornal Leopoldinense de 16 de fevereiro de 2015
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Estudo realizado no decorrer do projeto de pesquisa sobre a imigração em Leopoldina, este é o capítulo 4 do livro publicado em 2010, por ocasião das comemorações do Centenário da Colônia Agrícola da Constança e dos 130 anos da Imigração Italiana em Leopoldina. RODRIGUES, José Luiz Machado e CANTONI, Nilza. Imigração em Leopoldina: história da Colônia Agrícola da Constança. Leopoldina, MG: edição particular, 2010. 4. Os italianosPesquisar é buscar resposta para uma questão que surge no contato com um tema. De modo geral o processo tem início quando, ao procurar conhecimento sobre um assunto, o leitor se sente atraído por um aspecto não abordado pelas obras disponíveis. No caso de pesquisas historiográficas relativas ao resgate da memória de uma cidade, isto se torna mais claro porque o pesquisador resolve fazer a busca por não ter encontrado uma fonte suficiente para esclarecê-lo. Entretanto, nem sempre se percebe que o trabalho já começou. E a falta de um esboço pode acarretar uma desistência, já que não é possível prosseguir num trabalho de pesquisa sem haver clareza do problema, do objetivo, da justificativa e da metodologia que será utilizada. Em outros momentos já foi declarado que o interesse pela imigração em Leopoldina surgiu no decorrer de estudo sobre as famílias que ali viveram no primeiro século de sua existência. Ao realizar um levantamento nos livros paroquiais, observou-se grande número de sobrenomes não portugueses entre os pais das crianças batizadas, os noivos e os padrinhos dos eventos ocorridos na paróquia entre 1872 e 1930. Quando encerrado aquele estudo, um outro foi iniciado e resultou no texto A Imigração em Leopoldina vista através dos Assentos Paroquiais de Matrimônio[I], no qual ficou demonstrado que 10% dos noivos do período de 1890 a 1930 eram imigrantes, sendo 9% italianos e os demais, naturais de Portugal, Espanha, Síria, Açores, França, Ilhas Canárias, Egito e uma parte sem definição do país de origem. Deste estudo nasceu a questão: quem eram estes imigrantes italianos? 4.1 Pensando a PesquisaA justificativa para realizar a busca foi facilmente delineada. Embora o senso comum reconheça que o centro urbano é habitado por grande número de descendentes de italianos, são desconhecidas iniciativas de valorização desta comunidade. A exceção é a representação que ocorre anualmente na Feira da Paz, evento em que os clubes de serviço promovem atividades festivas de congraçamento. Procurou-se por um representante da comunidade, sem sucesso. Órgãos representativos também não existiam. E as pessoas consultadas demonstraram nada saber sobre a chegada dos primeiros italianos e a trajetória daquelas famílias. Ensina Michel de Certeau (2006, p. 77) que “a articulação da história com um lugar é a condição de uma análise da sociedade”. Os motivos que levam os pensadores a analisar uma sociedade são múltiplos. Mas para quem já se dedicava há tantos anos a buscar conhecimento sobre Leopoldina, uma certeza já se fixara. Sabia-se que a ordenação de informações resultaria em benefício para os moradores, na medida em que conhecer a própria origem dá ao ser humano a oportunidade de reconhecer-se no tempo e no espaço, realimentando sua própria identidade e abrindo um novo olhar para o mundo. Sendo assim, pretendeu-se analisar aquela sociedade a partir de um de seus elementos constitutivos: os imigrantes. O objetivo era oferecer aos conterrâneos uma informação cultural até então pouco discutida, qual seja o reconhecimento da presença dos descendentes de italianos em todas as atividades locais. Ao ser esboçado o projeto, foi feito um levantamento das fontes passíveis de serem analisadas. Decidiu-se que os dados obtidos no levantamento dos livros paroquiais seriam comparados com os registros de entrada de estrangeiros; processos de registro dos que viviam no município por ocasião do Decreto 3010 de 1938[II]; livros de sepultamento; pagamento de impostos e tributos municipais; escrituras de compra e venda de imóveis; e notícias em periódicos locais. Todo pesquisador sabe que é fundamental estabelecer um recorte temporal para tornar viável o empreendimento. Sabe, também, que é necessário estabelecer adequadamente o seu objeto de pesquisa. No caso em pauta, era aconselhável restringir o número de pessoas a serem estudadas. Entretanto, levantou-se a hipótese de variações em torno da lista de nomes identificados nos livros paroquiais. Desta forma, ficou estabelecido que seriam acrescentados os nomes que surgissem nos demais documentos disponíveis e que a citação em mais de uma fonte seria tomada como base para o reconhecimento do imigrante como residente em Leopoldina. Determinou-se que o período de análise corresponderia à segunda fase da história de Leopoldina, ou seja, entre 1880 e 1930. 4.2 Processo de BuscaSegundo o teórico francês Jacques Le Goff (1996), do passado é possível recuperar duas formas de memória: os monumentos e os documentos. Monumento é o que pode evocar o passado e permitir a recordação do vivido, como estátuas, construções e atos escritos. Assim como os monumentos entendidos nesta acepção, os documentos históricos são também monumentos, produzidos conscientemente para deixar registrado um momento, uma passagem ou uma forma de ordenamento social. O documento escrito é resultado da escolha de quem o produziu, baseado nas concepções vigentes ao seu tempo. Acrescente-se o ensinamento de Michel de Certeau (2006, p.81) a respeito da produção de documentos pelo pesquisador. Ao iniciar um trabalho, é necessário separar o material e reordená-lo na forma adequada ao estudo que se pretende. Este movimento é designado como produção de documentos de pesquisa. Portanto, numa pesquisa historiográfica podem ser utilizados documentos históricos (monumentos) para se produzir documentos de pesquisa. O estudioso, segundo Michel de Certeau, não aceita simplesmente os dados, mas combina-os para constituir as fontes sobre as quais atuará. Sobre este aspecto, recorde-se ainda que Ginsburg (1990) chama a atenção para o fato de que se deve dar prioridade à fonte original, procurando o que é peculiar e importante para reconstruir um acontecimento do passado de acordo com os objetivos do estudo que se realiza. Tendo por base estas orientações, foram listados os nomes constantes das fontes encontradas, inicialmente relativos a um espaço de tempo mais amplo do que o recorte temporal especificado. Os livros paroquiais consultados foram os de batismo de 1852 a 1930 e os de casamentos de 1872 a 1930. Esta coleta permitiu estabelecer o período provável de entrada dos imigrantes entre 1875 a 1910, o qual determinou as buscas nas listas de passageiros e nos livros das hospedarias. Entretanto, só foi possível localizar registros de hospedarias entre 1888 e 1901. Quanto aos livros de sepultamento, só foram encontrados os do cemitério da sede municipal a partir de 1889. Por não terem sido localizados os livros relativos aos distritos, seria necessária uma busca pessoal em cada cemitério, correndo-se o risco de inúmeras falhas por não terem sido preservadas todas as lápides. Optou-se, então, por registrar apenas os óbitos localizados nas fontes textuais disponíveis. Da mesma forma, não houve sucesso na tentativa de levantamento intensivo dos registros de compra e venda de imóveis. O Cartório de Registro de Imóveis de Leopoldina permitiu, uma única vez, que se consultasse um arquivo com fichas descritivas. Outras informações do gênero foram obtidas em certidões gentilmente fornecidas por familiares, em processos de inventário, nos Relatórios da Colônia Agrícola da Constança e em notícias de jornais. Uma outra fase do levantamento foi realizada no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro. Ali foram encontrados alguns processos de registro dos estrangeiros que viviam em território nacional após 1940. Além disso, contou-se com a prestimosa colaboração do saudoso Luiz Raphael, que mantinha no Espaço dos Anjos um bom número de cópias de documentos deste gênero. 4.3 Análise dos ResultadosÉ reconhecida a impossibilidade de se retratar fielmente o passado, uma vez que, por mais que se controle a análise dos documentos, ela é sempre orientada pelo presente, ou seja, pela interpretação que o pesquisador é capaz de fazer dos vestígios que consegue recuperar. Destaque-se, a propósito, que Bloch (2001, p.73) chama a atenção para as características da observação, já que “o conhecimento de todos os fatos humanos no passado deve ser um conhecimento através de vestígios”. E indica a contribuição das testemunhas como fonte subsidiária para que o pesquisador volte no tempo se fazendo acompanhar de materiais fornecidos por gerações passadas. Entretanto, alerta, “o conhecimento do passado é uma coisa em progresso, que incessantemente se transforma e aperfeiçoa” (BLOCH, 2001, p. 75). Assim é que, através de pistas fornecidas pelos colaboradores, foi possível fazer uma comparação entre as citações encontradas nas fontes. Inclusive, e isto é de enorme importância, entrevistas indicaram caminhos para se identificar transformações sofridas por grande número de sobrenomes italianos. Nunca será excessivo mencionar dois exemplos clássicos. Num deles, um italiano aparece no registro de estrangeiros como Severino Terceira, nome que dificilmente será original. O outro caso é o de Sancio Maiello que se transformou em Francisco Ismael. Não foram poucos os casos em que um mesmo personagem apareceu com diversas formas de nomes. Somente após inúmeras comparações foi possível reuni-los sob um único sobrenome. Provavelmente muitos mais ainda o serão, quando outros estudiosos complementarem o estudo que ora se conclui. Num destes casos, entre os batismos dos filhos encontramos as seguintes variações para o nome do pai: João, Jovão e Jovane. A mãe apareceu como Maria Amalia, Amalia, Adelia e Maria Adelia. Em nosso banco de dados tínhamos o casal Giovanni-Amabile. Considerando que os oito batismos indicaram que as crianças nasceram a um intervalo médio de 17 meses, e que a primeira criança nasceu 11 meses após o casamento dos pais, montamos o grupo familiar após verificar que os padrinhos das crianças incluíam sempre um dos avós. Ao fazer uma revisão no livro de sepultamentos do cemitério de Leopoldina, percebemos que uma das crianças aparecia como filha de “Jordão”. Decidimos refazer outras buscas e consultas a familiares, tendo descoberto que existiu um Giordano na família. Este personagem passou ao Brasil antes dos pais, foi para o estado de São Paulo e só veio para Leopoldina muitos anos depois, já casado e com filhos. Além disso, faleceu em outro estado para onde seus filhos tinham migrado na década de 1920. Mais algumas consultas e aquele grupo familiar foi acrescido de mais 6 pessoas: Giordano, a esposa que também se chamava Amabile e 3 filhos homônimos dos primos nascidos em Leopoldina. O segundo exemplo é relativo aos irmãos Antonio Sante, Antonio Agostino e Agostino Sante. Os três casaram-se com mulheres de nome Maria e tiveram filhos a intervalos que permitiria localizá-los num mesmo núcleo familiar. O terceiro caso é dos irmãos Giovanni, Giovanni Battista e Battista Fortunato, cujas esposas se chamavam Ana, Maria e Mariana. Nos assentos paroquiais estes irmãos aparecem ora como João, João Batista ou apenas Batista e as esposas aparecem como Ana Maria ou Maria. Da mesma forma, muitos nomes foram excluídos da listagem final por terem sido localizados em apenas uma das fontes consultadas. Em alguns casos foi possível descobrir que, embora o casamento tenha sido realizado na Paróquia de São Sebastião, os noivos não residiam em Leopoldina. Também muitos nomes constantes nos registros de hospedaria como tendo sido contratados por fazendeiros do município, na realidade desembarcaram em uma de suas estações ferroviárias mas foram trabalhar em municípios vizinhos, como Palma, Cataguases e Muriaé. No sentido inverso, imigrantes contratados para trabalhar em outros municípios fixaram residência em Leopoldina poucos meses depois. Entre estes, além dos acima citados há os que foram inicialmente para Ubá, Astolfo Dutra e São João Nepomuceno. Importante destacar, ainda, que Recreio e Argirita eram distritos de Leopoldina no período analisado. Portanto, é preciso esclarecer que o resultado encontrado não pode ser considerado como definitivo, mas tão somente um esboço que prescinde de maior aprofundamento. Talvez o leitor se pergunte se, a partir da afirmação de que muito ainda há por fazer, não seria mais conveniente adiar a publicação ora encetada. Neste caso, sugere-se um argumento em contrário, no sentido de considerar que, após 15 anos de pesquisas, não foi possível atingir plenamente o objetivo proposto, ou seja, responder adequadamente à questão que motivou o estudo. Se depois de todo este tempo não foi possível identificar todos os imigrantes que aqui viveram entre 1880 e 1930, abandonar o material já reunido seria desistir de comunicar aos moradores de Leopoldina o conhecimento adquirido até então. Esta é, portanto, uma conclusão provisória que se espera seja utilizada pelos próximos pesquisadores. Números são sempre perguntados por alguns leitores. Ao longo destes anos chegamos a alguns deles. O primeiro refere-se aos personagens nascidos na Itália que, segundo as fontes consultadas, somaram 1.867 (um mil, oitocentos e sessenta e sete) pessoas. Ao finalizar o estudo, obtivemos uma lista de 597 (quinhentos e noventa e sete) sobrenomes de imigrantes italianos em Leopoldina. Reiteramos que estes dois números sofreram modificações entre a data em que o levantamento foi concluído – maio de 2003, e a finalização do trabalho em junho de 2009. Conforme já foi dito, nomes foram excluídos ou acrescentados por diversas razões. As exclusões ocorreram por variações no nome de um mesmo imigrante, por descobrir posteriormente que o personagem não residiu no município ou por só ter sido mencionado em uma única fonte. Os acréscimos ao total inicial foram, basicamente, consequência de correção de falhas não observadas na primeira análise. Do universo final de sobrenomes, 406 (quatrocentos e seis) pertencem a imigrantes sobre os quais reunimos um maior número de informações. Em sua maioria são de famílias que ainda vivem em Leopoldina, muito embora nem todas o preservem na forma original. Além do que, habitualmente o italiano não transmitia ao descendente o sobrenome materno. Este texto se encerra com os sobrenomes identificados e que representam o esforço para resgatar um pouco da memória de tantos imigrantes italianos que habitaram o município de Leopoldina. Abolis, Agus, Albertoni, Amadio, Ambri, Ambrosi, Andreata, Andreoni, Andreschi, Anselmo, Antinarelli, Antonelli, Antonin, Anzolin, Apolinari, Apova, Apprata, Arleo, Aroche, Artuzo, Bagetti, Balbi, Balbini, Baldan, Baldasi, Baldini, Baldiseroto, Baldo, Baqueca, Barbaglio, Barboni, Barra, Bartoli, Basto, Battisaco, Beatrici, Beccari, Bedin, Bellan, Benetti, Bergamasso, Berlandi, Bernardi, Bertini, Bertoldi, Bertulli, Bertuzi, Bestton, Betti, Bighelli, Bigleiro, Bisciaio, Bogonhe, Boller, Bolzoni, Bonini, Bordin, Borella, Bovolin, Brandi, Brando, Breschiliaro, Bresolino, Bronzato, Bruni, Bugghaletti, Bullado, Buschetti, Cadeddu, Cagliari, Caiana, Calloni, Caloi, Calza, Calzavara, Campagna, Campana, Cancelliero, Canova, Capetto, Cappai, Cappi, Capusce, Carboni, Carmelim, Carminasi, Carminatti, Carrara, Carraro, Casadio, Casalboni, Casella, Cassagni, Castagna, Castillago, Cataldi, Catrini, Cavallieri, Cazzarini, Cearia, Ceoldo, Cereja, Cesarini, Chiafromi, Chiappetta, Chiata, Chinelatta, Chintina, Ciovonelli, Cobucci, Codo, Colle, Columbarini, Contena, Conti, Corali, Corradi, Corradin, Cosenza, Cosini, Costa, Costantini, Crema, Cucco, Dal Canton, Dalassim, Dalecci, Dalla Benelta, Danuchi, Darglia, De Angelis, De Vitto, Deios, Donato, Dorigo, Duana, Eboli, Ermini, Estopazzale, Fabiani, Faccin, Faccina, Fachini, Falabella, Falavigna, Fannci, Fanni, Farinazzo, Fazolato, Fazzolo, Federici, Fermadi, Ferrari, Ferreti, Ferri, Fichetta, Filipoli, Filoti, Finamori, Finense, Finotti, Fioghetti, Fiorato, Fofano, Fois, Fontanella, Formacciari, Formenton, Fovorini, Franchi, Franzone, Fucci, Fuim, Galasso, Gallito, Gallo, Gambarini, Gambato, Gasparini, Gattis, Gazoni, Gazziero, Gentilini, Geraldi, Geraldini, Gessa, Gesualdi, Ghidini, Giacomelle, Giamacci, Gigli, Gismondi, Giudici, Giuliani, Gobbi, Gorbi, Gottardo, Grace, Graci, Grandi, Griffoni, Grilloni, Gripp, Gronda, Gruppi, Guarda, Guardi, Guelfi, Guerra, Guersoni, Guidotti, Iborazzati, Iennaco, La Rosa, Lai, Lamarca, Lami, Lammoglia, Lazzarin, Lazzaroni, Leoli, Lingordo, Locatelli, Locci, Loffi, Longo, Lorenzetto, Lorenzi, Lucchi, Lupatini, Macchina, Maciello, Magnanini, Maiello, Maimeri, Malacchini, Mamedi, Mancastroppa, Mantuani, Manza, Maragna, Marangoni, Marassi, Marcatto, Marchesini, Marchetti, Marda, Marinato, Mariotti, Marsola, Martinelli, Marzilio, Marzocchi, Matola, Matuzzi, Mauro, Mazzini, Meccariello, Melido, Meloni, Melugno, Menegazzi, Meneghelli, Meneghetti, Mercadante, Mescoli, Meurra, Miani, Minelli, Minicucci, Misalulli, Mona, Monducci, Montagna, Montovani, Montracci, Morciri, Morelli, Moroni, Morotti, Nacav, Naia, Nani, Netorella, Nicolini, Nocori, Pacara, Pachiega, Padovan, Paganini, Pagano, Paggi, Panza, Pasianot, Passi, Pavanelli, Pazzaglia, Pedrini, Pedroni, Pegassa, Pelludi, Perdonelli, Perigolo, Pesarini, Petrolla, Pezza, Piatonzi, Picci, Piccoli, Pierotti, Pighi, Pinzoni, Piovesan, Pittano, Pivoto, Piza, Porcenti, Porcu, Pradal, Prete, Previata, Principole, Properdi, Rafaelli, Raimondi, Ramalli, Ramanzi, Ramiro, Rancan, Ranieri, Rapponi, Ravellini, Reggiane, Richardelli, Righetto, Righi, Rinaldi, Rizochi, Rizzo, Roqueta, Rossi, Sabino, Saggioro, Sallai, Saloto, Samori, Sampieri, Sangalli, Sangiorgio, Santi, Sardi, Scantabulo, Scarelli, Schettini, Sedas, Sellani, Simionato, Sparanno, Spigapollo, Spoladore, Steapucio, Stefani, Stefanini, Stora, Taidei, Tambasco, Tartaglia, Tazzari, Tedes, Testa, Tichili, Toccafondo, Todaro, Togni, Tonelli, Tosa, Traidona, Trimichetta, Tripoli, Trombini, Valente, Vargiolo, Varoti, Vavassovi, Vechi, Venturi, Verona, Veronese, Vigarò, Vigeti, Viola, Vitoi, Zaccaroni, Zachini, Zaffani, Zamagna, Zamboni, Zamime, Zanetti, Zaninello, Zannon, Zecchini, Zenobi, Ziller, Zini, Zotti. [I] Este estudo foi publicado pela primeira vez alguns anos depois de concluído, em 1999. Em 2009 foi revisto e republicado. [II] Este Decreto, promulgado por Getúlio Vargas, determinava que todo imigrante residente em território nacional deveria preencher um requerimento a ser encaminhando para controle pelo Departamento de Polícia Marítima, Aérea e de Fronteiras. Os que foram preservados encontram-se no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro. Referências BibliográficasBLOCH, Marc. Apologia da História ou O Ofício de Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. CERTEAU, Michel de. A Escrita da História. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense: 2006. GINSBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais: Morfologia e História. São Paulo: Cia das Letras, 1990. LE GOFF, Jacques. História e Memória. 4. ed. Campinas: Unicamp, 1996
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A Lei federal nº 11.687, de 02.06.2008, instituiu o dia 21 de Fevereiro como Dia Nacional do Imigrante Italiano. Leopoldina é uma cidade com forte presença de descendentes daqueles imigrantes que, chegados ao município no último quartel do século XIX, aqui se estabeleceram e contribuíram para o nosso desenvolvimento econômico e social. Apesar disso, não temos notícia de qualquer movimento permanente no sentido de manter viva a memória destes nossos conterrâneos por adoção.
Onde está a proposta encaminhada por José Luiz Machado Rodrigues à Câmara Municipal de Leopoldina, há mais de quatro anos, propondo nomear como Caminho do Imigrante o trajeto que eles faziam quando de seus lotes na Colônia Constança demandavam a cidade?
Para reavivar a memória ou informar aqueles que porventura não tenham participado do movimento que fizemos em 2010, comemorando o Centenário da Colônia Agrícola da Constança e os 130 anos de Imigração Italiana em Leopoldina, republicamos nosso Resumo Histórico.