Famílias italianas em Leopoldina: Meneghetti, Sangalli, Sangirolami e Ceoldo

A homenageada Elza Meneghetti Sangalli representa quatro famílias italianas que aqui se uniram através do casamento de seus descendentes. Os Meneghetti e os Ceoldo chegaram em 1888 enquanto os Sangalli chegaram em 1894 e os Sangirolami no ano seguinte.

Primeira geração

1.  Elza Meneghetti Sangalli, filha de José Antonio Sangalli e Maria Isolina Meneghetti, nasceu a 28 Ago 1938 em Leopoldina, MG.

Segunda geração (Pais)

2.  José Antonio Sangalli, filho de Angelo Giulio Sangalli e Carolina Sangirolami, nasceu a 19 Ago 1910 em Leopoldina, MG. Casou com Maria Isolina Meneghetti a 1 Out 1932 em Leopoldina.

3.  Maria Isolina Meneghetti, filha de Verginio Meneghetti e Teresa Ceoldo.

Terceira geração (Avós)

4.  Angelo Giulio Sangalli, filho de Giuseppe Sangalli e Rosa Vigarò, nasceu em 1884 em Brughério, Milano, Lombardia, Italia. Angelo também usou o nome Agnello Julio Zangali. Casou com Carolina Sangirolami a 25 Set 1909 em Leopoldina.

5.  Carolina Sangirolami, filha de Giovanni Battista Sangirolami e Modesta Carmelim, nasceu em Stanghella, Montagnana, Padova, Veneto, Italia, e faleceu a 16 Fev 1964 em Leopoldina, MG.

6.  Verginio Meneghetti, filho de Sante Meneghetti e Regina Formenton, nasceu a 17 Fev 1879 em Campolongo Maggiore, Venezia, Veneto, Italia, e faleceu depois de 1942. Casou com Teresa Ceoldo a 16 Jan 1904 em Leopoldina.

7.  Teresa Ceoldo, filha de Camillo Ceoldo e Maria Baldan, nasceu a 25 Jun 1883 em Vigonza, Padova, Veneto, Italia.

Quarta geração (Bisavós)

8.  Giuseppe Sangalli nasceu em 1849 em Brughério, Milano, Lombardia, Italia, e faleceu em Leopoldina, MG. Casou com Rosa Vigarò.

9.  Rosa Vigarò nasceu em 1857 na Italia e faleceu em Leopoldina, MG.

10.  Giovanni Battista Sangirolami nasceu em 1857 em Montagnana, Padova, Veneto, Italia. Casou com Modesta Carmelim.

11.  Modesta Carmelim nasceu em 1852 na Italia, e faleceu a 14 Nov 1908 em Leopoldina, MG.

12.  Sante Meneghetti, filho de Domenico Meneghetti e Maria Piovan, nasceu a 9 Jul 1848 em Campolongo Maggiore, Venezia, Veneto, Italia, e faleceu a 12 Jan 1916 em Leopoldina, MG. Casou com Regina Formenton a 25 Nov 1871 em Campolongo Maggiore.

13.  Regina Formenton, filha de Giuseppe Girolamo Formenton e Maria Formenton, em Venezia, Veneto, Italia, e faleceu a 25 Dez 1917 em Tebas, Leopoldina, MG.

14.  Camillo Ceoldo, filho de Giovanni Ceoldo, nasceu em 1842 na Italia. Casou com Maria Baldan.

15.  Maria Baldan, filha de Antonio Baldan, nasceu em 1847 na Italia.

Quinta geração (Trisavós)

24.  Domenico Meneghetti, filho de Felice Meneghetti, nasceu na Italia. Casou com Maria Piovan.

25.  Maria Piovan, filha de Bevenuto Piovam, nasceu na Italia.

26.  Giuseppe Girolamo Formenton nasceu na Italia. Casou com Maria Formenton.

27.  Maria Formenton nasceu na Itália, provavelmente em Mira, Venezia, Veneto.

28.  Giovanni Ceoldo nasceu na Italia.

30.  Antonio Baldan nasceu na Italia.

Sexta geração (Tetravós)

48.  Felice Meneghetti nasceu na Italia.

50.  Bevenuto Piovam nasceu na Italia

Campolongo Maggiore é um comune da província de Venezia que faz divisa com a província de Padova.

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Fontes Consultadas:

Archivio di Stato di Venezia.

– Atto di Matrimonio 1871 registro 4

– Lista di Leva de Campolongo Maggiore classe 1879 registro 176.

Archivio di Stato di Vigonza.

– Nati 1872, termo 195, imagem 76.

– Nati 1883, termo 146, imagem 51.

Arquivo da Diocese de Leopoldina

– lv 13 bat fls 7v termo 67.

– lv 3 cas fls 206 termo 3.

– lv 5 cas fls 60 termo 66.

– lv 7 cas fls 29v termo 37.

Arquivo Permanente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais – COARPE – TJMG. Inventário de Regina Fromenton processo 38401073.

Arquivo Público Mineiro. Livros da Hospedaria Horta Barbosa SG 801 fls 85 fam 72; lv SG 801 fls 933; AS 867 fls 55; SA 883 fls 5 e AS 910, fls 57.

Cartório de Registro Civil de Leopoldina, MG. lv 5 cas fls 3 termo 35.

Cartório de Registro Civil de Tebas, Leopoldina, MG

– lv 4.C fls 72 termo 70 e fls 142 termo 58.

Cemitério Nossa Senhora do Carmo, Leopoldina, MG.

– lv 2 de sepultamentos fls 25 e fls 82.

– lv sepultamentos 1963-1975 fls 10.

Igreja de San Lorenzo Martire, Liettoli, Campolongo Maggiore, Batesimo v 1 pag 154 nr 28.

Registro de Estrangeiros de 1942.

Informações prestadas por Colaboradores: Lucimary Vargas de Oliveira (in memoriam); Nélio e Virgilio Meneghetti.

Famílias italianas em Leopoldina: Ceoldo

A família Ceoldo será homenageada, na III Festa do Imigrante Italiano em Leopoldina, através de dois de seus descendentes: Devanir e Maria Dilva.

Primeira geração: Devanir

1.  Devanir Ceoldo, filho de Miguel Arcanjo Ceoldo e Joana Carraro, nasceu a 20 Jul 1934 em Leopoldina, MG.

Segunda geração (Pais)

2.  Miguel Arcanjo Ceoldo, filho de Rodolfo Domenico Ceoldo e Tereza Righetto, nasceu a 20 Fev 1905 em Leopoldina, MG. Casou com Joana Carraro a 29 de julho de 1931 em Leopoldina.

3.  Joana Carraro, filha de Emilio Isidoro detto Pallado Carraro e Maria Farinazzo, nasceu a 9 Out 1908 em Leopoldina, MG.


Primeira geração: Maria Dilva

1.  Maria Dilva Ceoldo, filha de Alcides Ceoldo e Josefina Carraro, nasceu a 30 Ago 1940 em Leopoldina, MG.

Segunda geração (Pais)

2.  Alcides Ceoldo, filho de Rodolfo Domenico Ceoldo e Tereza Righetto, nasceu a 24 Jul 1909 em Leopoldina, MG. Casou com Josefina Carraro.

3.  Josefina Carraro, filha de Emilio Isidoro detto Pallado Carraro e Maria Farinazzo, nasceu a 1 Abr 1911 em Leopoldina, MG, e faleceu a 8 Jun 1974 em Leopoldina, MG.

Seguem os antepassados de Devanir e Maria Dilva

Terceira geração (Avós)

4.  Rodolfo Domenico Ceoldo, filho de Camillo Ceoldo e Maria Baldan, nasceu a 2 Mar 1879 em Vigonza, Padova, Veneto, Italia. Casou com Tereza Righetto a 22 Nov 1902 em Leopoldina.

5.  Tereza Righetto, filha de Pasquale Righetto e Maria Baldan, nasceu em Dez 1882 em Camponogara, Venezia, Veneto, Italia.

6.  Emilio Isidoro detto Pallado Carraro, filho de Angelo Carraro e Giovanna Cancelliero, nasceu a 8 Nov 1871 em Rivale, Pianiga, Venezia, Veneto, Italia. Casou com Maria Farinazzo a 3 Fev 1894 em Leopoldina.

7.  Maria Farinazzo, filha de Luigi Giuseppe Farinazzo e Giovanna Giacomello, nasceu em 1875 em Italia, e faleceu a 4 Jun 1917 em Leopoldina, MG.

Quarta geração (Bisavós)

8.  Camillo Ceoldo, filho de Giovanni Ceoldo, nasceu em 1842 na Italia. Casou com Maria Baldan.

9.  Maria Baldan, filha de Antonio Baldan, nasceu em 1847 na Italia.

10.  Pasquale Righetto, filho de Natale Righetto e Tereza Vanurre, nasceu em 1850 em Camponogara, Venezia, Veneto, Italia, e faleceu cerca de 1919 em Simonésia, MG. Casou com Maria Baldan [outra] a 26 Dez 1875 em Camponogara, Venezia, Veneto.

11.  Maria Baldan, filha de Mariano Baldan e Angela Andreatto, nasceu em Camponogara, Venezia, Veneto, Italia. Maria também usou o nome Maria Baldassi.

12.  Angelo Carraro, filho de Antonio Carraro e Maria Carraro, nasceu a 11 Abr 1848 em Pianiga, Venezia, Veneto, Italia, e faleceu em Leopoldina. Casou com Giovanna Cancelliero.

13.  Giovanna Cancelliero, filha de Luigi Cancelliero e Giustina Segato, nasceu a 20 Mar 1852 em Murelle di Villanova Di Camposampiero, Padova, Veneto, Italia.

14.  Luigi Giuseppe Farinazzo nasceu em 1838 em Casale di Scodosia, Montagnana, Padova, Veneto, Italia, e faleceu em Leopoldina, MG. Casou com Giovanna Giacomello.

15.  Giovanna Giacomello, filha de Giacomo Giacomello, na Italia e faleceu a 21 Fev 1918 em Leopoldina, MG.

Quinta geração (Trisavós)

16.  Giovanni Ceoldo nasceu na Italia.

18.  Antonio Baldan nasceu na Italia.

20.  Natale Righetto nasceu na Italia, e faleceu em Camponogara, Venezia, Veneto, Italia. Cazou com Tereza Vanurre.

21.  Tereza Vanurre nasceu na Italia.

22.  Mariano Baldan nasceu na Italia. Casou com Angela Andreatto.

23.  Angela Andreatto nasceu na Italia.

24.  Antonio Carraro nasceu na Italia. Casou com Maria Carraro.

25.  Maria Carraro nasceu na Italia.

26.  Luigi Cancelliero nasceu na Italia. Casou com Giustina Segato.

27.  Giustina Segato nasceu na Italia.

30.  Giacomo Giacomello nasceu na Italia.

Vigonza é um comune da província de Padova e faz fronteira com a província de Venezia. Divisa com os comuni de Cadoneghe, Campodarsego, Fiesso d’Artico, Noventa Padovana, Padova, Pianiga, Stra, Villanova di Camposampiero. Em Leopoldina viveram italianos de alguns desses comuni vizinhos a Vigonza.

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Fontes consultadas:

Archivio di Stato di Camponogara. Matrimonio 1875, parte 1, termo 37.

Archivio di Stato di Padova.

– Casale di Scodosia . Nati 1878.

– Vigonza. Atto di Nascita di Rodolfo Domenico Ceoldo.

Archivio di Stato di Venezia. Certificato di Famiglia emitido em Pianiga a 22.07.2000.

Archivio di Stato di Vigonza. Nati 1872, termo 195.

Arquivo da Diocese de Leopoldina.

– lv 10 bat fls 86 termo114.

– lv 12 bat fls 25v termo 335.

– lv 12 bat fls 49 termo 232.

– lv 13 bat fls 45v termo 250.

– lv 2 cas fls 102v termo 128.

– lv 3 cas fls 170 termo 54.

– lv 7 cas fls 8 termo 34.

Arquivo Público Mineiro. Livros da Hospedaria Horta Barbosa.

– SG-801 fls 87 fam 88.

– SG-801 fls 93 fam 121.

Cartório de Registro Civil de Leopoldina, MG

– lv 6 cas fls 84 termo 7.

– lv 11 cas fls 36v termo 14.

– lv 11 cas fls 37 termo 14, ano de 1928.

Cemitério Nossa Senhora do Carmo, Leopoldina

– lv 2 fls 79 nr 114 e fls 83.

– lv sepultamentos 1963-1975 fls 91 nr 157 plano 2 sep 111.

Passaporte Italiano da família Farinazzo, emitido em 6 Nov 1886. Registro de Estrangeiros de 1942.

Família Ceoldo

Embora o sobrenome Ceoldo não apareça entre os proprietários de lotes da Colônia Agrícola da Constança, membros da família ali viveram em função de vínculos com os colonos. E são aqui rememorados porque o núcleo inicial também passou ao Brasil pelo vapor Washington, na viagem que os trouxe para o Rio, onde chegaram no dia 30 de outubro de 1888. Os passageiros foram encaminhados para a Hospedaria Horta Barbosa, onde foram registrados no dia seguinte.

O grupo de número 121 era composto por Camillo Ceoldo, sua esposa Maria e oito filhos. Deixaram a Hospedaria no dia 4 de novembro, com destino a Leopoldina. Ao estudarmos a trajetória deles, encontramos algumas inconsistências nas informações registradas na hospedaria, bem como nos registros encontrados em Leopoldina. Após consultas ao Archivio di Stato de Padova, pudemos confrontar as diversas informações e estabelecer, com mais segurança, a composição da família. Ainda assim, não consideramos como definitiva a atualização abaixo, que se publica em complemento ao primeiro estudo datado de janeiro de 2001.

Conforme se verifica no relatório acima, em Leopoldina os Ceoldo se vincularam a diversos outros sobrenomes de origem italiana como Estopazzale, Righetto, Farinazzo, Saggioro, Marcatto, Marinato, Meneghetti, Formenton, Sangalli, Sangirolami, Carraro, Stefani, Fofano, Gallito e Baldan.

Este último, além de ser o sobrenome da esposa de Camillo Ceoldo, era também de uma passageira do Washington listada como viajante individual, de nome Catterina Baldan que ali foi indicada como solteira, com 24 anos, e que saiu da Hospedaria no dia 4 de novembro para se estabelecer no próprio município de Juiz de Fora. Mas parece tratar-se da irmã de outra Maria Baldan que era casada com Pasquale Righetto, família que também viajou pelo Washington. Catterina casou-se em Leopoldina, aos 13 de julho de 1889, com Giuseppe Carrara (ou Carraro).

Há 100 anos

No mês de abril de 1914, nasceram em Leopoldina:

Dia 1

Antonio Marcatto, filho de Luigi Marcatto e de Anna Maria Ceoldo

Dia 5

Angelina Fanni, filha de Marcelo Fanni e de Ana Stora

Dia 6

Ernestina Stefani, filha de Eugenio Stefani e de Carolina Catterina Bolzoni

Dia 14

Silvia Zamagna, filha de Giuseppe Zamagna e de Giudetta Battisaco

Dia 21

José Dietz de Almeida, filho de Carlos José de Almeida e de Guilhermina Dietz

Dia 25

Ivone, filha de Eduardo de Souza Werneck e de Cecilia Pereira Werneck

Dia 26

Silvio, filho de Silvio Maragna e de Elisa Fazzolo

Dia 27

Odilia, filha de Sancio Maiello e de Adalgisa Marques Carneiro

Da 30

Nelson, filho de Feliciano José Barbosa e de Nelsina Augusto Rodrigues

Há 100 anos

Em março de 1914 nasceram em Leopoldina:

Dia 1

Josefa, filha de Antonio Mauricio da Silva e de Emilia dos Reis Coutinho

Dia 2

Belmira,filha de Manoel Augusto Pires e de Aurora Izabel da Silva

Jovelina, filha de Galdino Rodrigues Gomes e de Silvina Apolinária de Souza Lima

Dia 3

Regina Ana Ceoldo, filha de Rodolfo Domenico Ceoldo e de Tereza Righetto

Dia 5

Helena Maria Farinazzo, filha de Giovanni Farinazzo e de Teresa Pedroni

Margarida, filha de Artur Guimarães Leão e de Iramira Furtado

Dia 11

Abigail Ziller, filha de Giovanni Trentino Ziller e de Luigia Gazzoni

Dia 18

Maria José Lomba, filha de João Francisco Lomba e de Elisa Lorenzetto

Dia 19

Cecilia, filha de José Dias Badaró e de Maria Cândida Badaró

Dia 22

Manoel, filho de Raimundo de Vargas Ferreira Brito e de Horácia Machado da Silva

Dia 28

Sebastião, filho de Alfredo Carlos de Souza e de Maria Ferreira de Lacerda

Dia 30

Norival, filho de Antonio Germano Rodrigues e de Maria Dietz Tavares

Maria Ceoldo e Elisa Cobucci: centenário de nascimento

19 de outubro de 1911 – Nascem em Leopoldina:
Maria Ceoldo, filha de Rodolfo Domenico Ceoldo e Tereza Righetto
e
Elisa Cobucci, filha de Gaspar Cobucci e Maria Tereza de São Martinho
A seguir, outra transcrição do mesmo batismo, com data diferente.

Conforme este segundo assento de batismo, o nascimento de Elisa teria sido no dia 20 de novembro de 1911. Entretanto, o registro de nascimento confirma a primeira data. Portanto, temos mais um exemplo dos inúmeros problemas causados pela transcrição realizada pelo Padre Aristides, na década de 1920.

Migrações internas: A família Farinazzo

Localizar a chegada de imigrantes não é tarefa simples. Mesmo com informações bastante precisas, nem sempre é possível encontrar a entrada da embarcação no Rio de Janeiro, nem tampouco o registro nas hospedarias. Uma das dificuldades é a data de chegada que, mesmo sendo extraída do carimbo aposto no passaporte do imigrante, não corresponde aos respectivos registros.

Um exemplo desta situação ocorreu com a família Farinazzo. Segundo o mencionado carimbo, teriam sido registrados na Hospedaria da Ilha das Flores no dia 19 de janeiro de 1887. Isto significaria que desembarcaram no Porto do Rio naquele dia ou na véspera, e dali teriam sido transferidos em embarcação menor para a hospedaria, onde ficariam aguardando definição do destino final. Entretanto, observamos que naqueles dias o movimento apresentou características variáveis.

Num dos casos, 459 imigrantes italianos chegaram pelo vapor Adria, no dia 13 de janeiro de 1887, ao Lazareto da Ilha Grande. No dia 16 foram transferidos, pelo paquete Rio Apa para o Porto do Rio. A listagem de passageiros do Rio Apa informa que aportou no Rio no dia 25 de janeiro, transportando imigrantes chegados da Europa em diversos vapores. Observamos que contém 53 nomes destinados à província de Minas Gerais. Donde perguntamos: o paquete era realmente pequeno e não transportou todos os passageiros do Adria? Ou a listagem é apenas dos chegados em outras embarcações? Ou o Adria deixou na Ilha Grande somente os passageiros destinados a Minas e seguiu com os demais para outro porto ao sul do país?

Perguntas até o momento sem as respostas que poderiam esclarecer o motivo pelo qual não encontramos o vapor San George aportando no Rio aos 19 de janeiro de 1887, conforme indica o carimbo aposto no passaporte da família de Luigi Giuseppe Farinazzo. É possível que a embarcação tenha sido uma das que deixou passageiros no Lazareto da Ilha Grande e seguiu viagem com os imigrantes que se estabeleceriam na Colônia Imperial do Grão Pará, atual município de Orleans, SC. Isto ocorreu com diversos imigrantes que mais tarde se estabeleceram em Leopoldina.

A hipótese dos Farinazzo terem tido a primeira residência brasileira em Santa Catarina baseia-se em informações sobre outros grupos que lá estiveram. A primeira delas refere-se a Angela Rinaldi, procedente de Casale di Scodosia, Montagnana, província de Padova, no Veneto. Em 15 de junho de 1889, casou-se em Tubarão, SC, com Giuseppe Lorenzetto, procedente do mesmo comune. Um ano depois o casal estava em Leopoldina. Da mesma forma, a família Pedroni passou ao Brasil em 1877, estabelecendo-se na Colônia Grão Pará em 1883 e em novembro de 1890 havia se transferido para Leopoldina.

Em 1885 foi a vez de chegar àquela colônia catarinense a família de Fortunato Bonini que também estava em Leopoldina em 1890. Observando as relações de compadrio nos assentos paroquiais de Leopoldina, temos os Bonini ampliando a relação de imigrantes que fizeram o mesmo trajeto. Acrescente-se os casamentos realizados dentro deste grupo e os Farinazzo são inseridos nesta hipótese.

Segundo Jucely Lottin, autor do livro Colônia Imperial de Grão-Pará, com quem trocamos correspondências no decorrer de nossas buscas, o modelo daquela organização deixa entrever um planejamento cuidadoso e uma visão de futuro que faltou a outras colônias brasileiras. Localizada às margens de uma estrada de ferro que ligaria minas de carvão ao porto, a Grão Pará forneceria seus produtos agrícolas para consumo dos trabalhadores das minas, garantindo renda aos imigrantes que seriam recrutados em seus países sem quaisquer despesas de transporte.

Acompanhados durante toda a viagem, ao chegarem ao lote colonial escolhido esses imigrantes encontravam um rancho que lhes permitia começar a nova vida. Além disso, “havia um barracão para abrigo coletivo, parte dos lotes já desmatados, alguns possuíam culturas básicas plantadas” e ainda recebiam assistência médica, sementes para o plantio e algum dinheiro para as necessidades urgentes. E, assim como o sistema de financiamento dos lotes da Colônia Agrícola da Constança, de Leopoldina, os gastos antecipados e adiantamentos fornecidos seriam compensados com a produção.

Mas veio o 15 de novembro de 1889 e foi desfeita a Empresa Colonizadora dos Príncipes Imperiais, sendo substituída pela Empresa Colonizadora do Brasil que “suspendeu aquele certo paternalismo implantado no regime monárquico e substituiu o comando sem manter boa parte de seus compromissos”, arremata Lottin. E nós concluímos: seria muito penoso viver numa colônia em formação, longe de um centro urbano já estabelecido, sem contar com o que o autor chamou de paternalismo. Voltando nossos olhos para a Colônia Agrícola da Constança, reconhecemos aí uma de suas vantagens: a poucos quilômetros da estação ferroviária e a meio caminho entre o distrito de Tebas e a cidade de Leopoldina, a Constança oferecia condições satisfatórias para os imigrantes.

Um outro fato levantado por Jucely Lottin foi determinante para a saída de alguns imigrantes. Segundo Relatório daquela Colônia, no ano de 1888 os índios mataram um velho italiano de sobrenome Baschiroto e alguns meses depois foi a vez de um Meneghetti, também desarmado, ser assassinado. Com isto, diz o relatório, 40 famílias italianas fugiram do local.

Mas a Colônia Agrícola da Constança ainda não tinha sido formada. Os imigrantes abandonaram seus lotes em Santa Catarina e, em Leopoldina, tinham a opção de contrato com um fazendeiro ou se instalarem na Colônia Municipal Santo Antônio, cuja história ainda não está bem esclarecida.

Mesmo não contando com informações detalhadas sobre o novo destino desses colonos, acreditamos que a decisão de vir para Leopoldina pode ter sido tomada a partir de referências obtidas com outros companheiros de jornada ou através de orientação obtida nos postos de acolhimento de imigrantes em Santos e no Rio de Janeiro, locais onde fizeram escala.

Seja qual for o pretexto ou o motivo da mudança, a verdade é que logo depois do fim do regime monárquico algumas famílias italianas inteiras, ou apenas descendentes delas, empreenderam uma longa viagem para Leopoldina. São os familiares dos Albertoni, Bonini, Crema, Farinazzo, Lorenzetto, Montagna, Pavanello, Pedroni, Princivale, Rinaldi, Volpato e Zini.

Luigi Giuseppe Farinazzo nasceu por volta de 1838 em Casale di Scodosia. Em dezembro de 1886 obteve passaporte em Montagnana, para viajar ao Brasil com a família. Em abril de 1897 era funcionário da fazenda Paraíso, em Leopoldina, onde dedicava-se ao cultivo do café, conforme se vê no livro caixa daquela propriedade.

Era casado com Giovanna Giacomelle, cujo sobrenome aparece em família imigrada em 1888 e estabelecida em Mar de Espanha. Giovanna faleceu em Leopoldina no dia 21 de fevereiro de 1918.

Luigi e Giovanna tiveram, pelo menos, 4 filhos: Giuseppe, Giovanni, Maria e Giacomo. O mais velho nasceu aos 7 de maio de 1869 em Casale di Scodosia e em Leopoldina casou-se com Stella Lorenzetto, no dia 27 de setembro de 1894. Giovanni Farinazzo, nascido a 27 de setembro de 1872 em Casale di Scodosia, casou-se em Leopoldina, aos 6 de janeiro de 1893, com Teresa Pedroni. A terceira filha, Maria, casou-se aos 3 de fevereiro de 1894, em Leopoldina, com Emilio Carraro. Finalmente, Giacomo Farinazzo, nascido em 1878, casou-se em Leopoldina com Elisabetta Saggioro, no dia 10 de setembro de 1904.

Os primeiros tempos em Leopoldina foram passados na fazenda Paraíso. Mais tarde, quando se organizou a Colônia Agrícola da Constança, alguns filhos de Luigi Farinazzo lá se estabeleceram. Embora nenhum deles tenha conseguido comprar um lote no primeiro momento, viveram como agregados nas propriedades de seus compatriotas. Um deles, Giuseppe Farinazzo, participou ativamente do movimento que arrecadou fundos para comprar um pedaço de terra e nele edificar a Capela de Santo Antônio de Pádua.

Giuseppe Farinazzo e Stella Lorenzetto deixaram numerosa descendência em Leopoldina, através de seus filhos: Carolina casada com Giuseppino Cucco, Natal casado com Sebastiana Regina Pengo, Antonio casado com Porcina Antonio de Oliveira e Santina casada com Pedro Emilio Campana. Além destes, o casal teve também os filhos Luiz José, Maria Magdalena, Jacinto, Angela e Ana Teresa.

Giovanni Farinazzo e Teresa Pedroni tiveram 10 filhos nascidos em Leopoldina entre 1894 e 1915. Mas apenas da mais velha, Josefa Farinazzo, encontramos descendentes de seu casamento com João Marinato. Quanto aos demais, informações orais dão conta de que, não tendo conseguido um pedaço de terra em Leopoldina, migraram para o estado do Rio.

Situação semelhante ocorreu com alguns filhos de Maria Farinazzo e Emilio Carraro. Dos 10 filhos nascidos em Leopoldina entre 1895 e 1913, encontramos descendentes apenas de Antonio Carraro casado com Ana Cunegundes Gonçalves, de José Carraro casado com Rosalina Olivia Fofano e de Joana Carraro casada com Miguel Arcanjo Ceoldo. Entretanto, é possível que os filhos de Maria não tenham saído da região, conforme indicam alguns parentes.

O filho mais novo de Luigi Giuseppe Farinazzo e Giovanna Giacomelle foi Giacomo Farinazzo. De seu casamento com Elisagetta Saggioro localizamos 4 filhos nascidos em Leopoldina entre 1905 e 1914. A mais velha, Joana Maria, nascida na fazenda Paraíso em 1905, casou-se com Sante Lorenzetto em 1922. Vitorio Emanuel Farinazzo, nascido no dia 16 de setembro de 1907, parece ter se transferido para o norte do estado do Rio. O mesmo teria ocorrido com Pedro Farinazzo, nascido aos 19 de maio de 1910. Não temos notícias da mais nova, Rosa, nascida em Leopoldina dia 6 de dezembro de 1914.

Agradecemos a colaboração de Annaroza Farinazzo, de Padova, bem como dos descendentes brasileiros Giarlane Farinazzo, José Raymundo Sobrinho, Larissa Farinazzo, Luiz Farinazio Lacerda, Marco Aurelio Assis Davis, Maria da Conceição Pedroni e Marilia Aparecida de Souza Campana.

 

FONTES:
 
Alistamento Eleitoral em Tebas, 1904, fls 18. 

Archivio storico del Distretto Militare di Padova, Leva Militare delle province di Padova e Rovigo 1846 - 1902. 

Arquivo Nacional, Manifesto do vapor Sud America, 1877, passageiros números 221 a 224. 

Assentos Paroquiais de Leopoldina: Livro 2 cas fls 100 reg. 113, fls 102-v nr 128, fls 111v reg. 187; Livro 3 cas fls 28 nr 56; Livro 5 cas fls 399 termo 6. 
Livro 6 cas termo 10 fls 27v, termo 58 fls 45, termo 65 fls 46v, termo 82 fls 97v; Livro 7 cas fls 30 termo 41. Livro 4 bat fls 35, fls 224 termo; Livro 5 bat fls 40 reg. 85, Livro 6 bat fls 110-verso nr. 120. Livro 7 bat bat fls 57 nr. 1318. Livro 8 bat fls 7v termo 69, fls 67, fls 81 nr 329,. Livro 9 bat fls 45 e 48 termo 381, fls 85 nr. 264, fls 91termo 333, fls 100termo 15; Livro 10 bat fls 55 nr. 238, fls 74-v nr 323, fls 86 nr. 114, fls 96 nr 216; Livro 11 bat fls 13 nr 383, 11 bat fls 25-v nr 75, fls 45 nr 262, fls 86v termo 329; Livro 12 bat fls 12 nr. 208, 25-v nr 335, fls 26-v nr 4, fls 88-v nr 265; Livro 13 bat bat fls 61-v nr 412, fls 45v termo 250, fls 45-v termo 251; Livro 14 bat fls 75 nr 272; Livro 15 bat fls 2v termo 18, fls 15-v nr 148, fls 57-v nr 26; Livro 16 bat fls 4-v nr 498, fls 72v termo 91; Livro 17 bat fls 13 nr 509, fls 26. termo 127; Livro bat 1896-97, fls 125v termo 230, fls 147, termo 404, fls 154v, termo 462. 

 Carteira de Identidade, RG 04480674-3, emitida em 30.04.1984, IFP. 

Cartório de Registro Civil de Barra Mansa, RJ, Livro B-083 de Casamentos, fls 87, termo 6427. 

Cartório de Registro Civil de Leopoldina, MG  - Livro 10 cas fls 26 termo 12, fls 89 termo 61; Livro 11-B cas fls 3 e v, termo 2784, fls 220-221, termo 88; Livro 3 cas fls 168 termo 13; Livro 31-A de Nascimentos, fls 64, termo 3741; Livro 5 cas fls 79-v termo 42; Livro 6 cas fls 82 termo 5, fls 84 termo 7, Livro 6-C fls 78-v termo 6290; Livro 7 cas fls 71 e v termo 8; Livro 8 cas fls 159 termo 40; Livro 9 cas fls 40-v termo 53. 

Cemitério Nossa Senhora do Carmo, Leopoldina, MG, Livro 2 fls 14 sep. 346 3º plano, fls 57 nr 287, fls 79 nr 114, fls 83 sep. Paraíso. 

Certificato di Famiglia, Carraro, Emitido em Pianiga, 22.07.2000. 

Emigrazione Veneta, http://www.emigrazioneveneta.com/secondo.php acesso 23out08. 

Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias - Microfilme 1.285.227 Leopoldina, item 2 bat fls 70 reg. 487, fls 78verso reg. 16, fls 78verso reg. 17.  Microfilme 1.285.228 Leopoldina, item 4 fls 122 reg. 7, fls 176 reg. 7, fls 311 nr 88 e fls. 313 nr 92, 347 nr 68. 

Livros da Hospedaria Horta Barbosa (Arquivo Público Mineiro), SA-910 fls 98 e SA 920 fls 62. 

Passaporte Italiano, Farinazzo, 06.11.1886. 

Registros de Estrangeiros de 1942. 

LOTTIN, Jucely. Colônia Imperial de Grão-Pará 120 anos. Grão-Pará, SC: Elbert, 2002 

RODRIGUES, José Luiz Machado e CANTONI, Nilza. Nossas Ruas, Nossa Gente. Rio de Janeiro: Fábrica de Livros, 2004. 

Família Ceoldo

Descendentes de Camilo Ceoldo, italiano de Padova, que chegou a Leopoldina no dia 4 de novembro de 1888

1 Camillo Ceoldo (1842 – )

+ Maria Baldan (1847 – )

…… 2 Angelina Ceoldo

…… + Giuseppe Estopazzale

…… 2 Domenico Ceoldo (1870 – )

…… 2 Luigia Ceoldo (1870 – 1942)

…… 2 Antonio Ceoldo (1872 – 1942)

…… 2 Filomena Angela Ceoldo (1874 – )

…… 2 Michele Archangelo Ceoldo (1876 – )

…… 2 Rodolfo Domenico Ceoldo (1879 – )

…… + Tereza Righetto (1881 – )

………… 3 Miguel Arcanjo Ceoldo (1905 – )

………… + Joana Carraro (1908 – )

………… 3 João Antonio Ceoldo (1907 – )

………… 3 Alcides Ceoldo (1909 – )

………… 3 Maria Ceoldo (1911 – )

………… 3 Regina Ana Ceoldo (1914 – )

………… 3 Filomena Ceoldo (1925 – )

…… 2 Anna Maria Ceoldo (1881 – )

…… + Luigi Marcatto (1884 – )

………… 3 Antonio Marcatto (1914 – )

…… 2 Teresa Ceoldo (1883 – )

…… + Verginio Meneghetti (1879 – 1942)

………… 3 Domingos Meneghetti (1904 – )

………… 3 Maria do Carmo Meneghetti (1906 – )

………… + Antonio Carlos Fofano (1904 – )

………… 3 Maria Isolina Meneghetti (1908 – )

………… + José Antonio Sangalli (1910 – )

………… 3 Regina Meneghetti (1911 – )

………… + José Fofano (1909 – )

………… 3 Santo Meneghetti (1919 – )

………… 3 Armindo Meneghetti (1924 – )

………… + Santa Bedin

………… 3 Dirceu Meneghetti (1928 – )

………… + Yeda Ferreira

………… 3 Orlando Meneghetti (1929 – )

………… + Jessy Ferreira (1929 – )

…… 2 Regina Margheritta Ceoldo (1886 – )

Imigrantes do Veneto

No início de nossas pesquisas, quase todos os descendentes referiam-se a duas “cidades” como origem de seus antepassados: Padova e Venezia.
Como já era esperado, na medida em consultávamos os registros de nascimento descobríamos que alguns nasceram no interior daquelas províncias e não em suas capitais. E uma parte significativa era de outras províncias do Veneto. Só conseguimos localizá-los após longas buscas, geralmente partindo dos sobrenomes encontrados nas Liste di Leva.

Albertoni, Ambrosi, Anzolin, Artuzo, Baldo, Battisaco, Beatrice, Bedin, Bellan, Borella, Bronzato, Bullado, Calzavara, Cancelliero, Canova, Canton, Carraro, Cavallieri, Ceoldo, Chiata, Chinelatta, Coin, Colle, Dorigo, Farinazzo, Favero, Fazolato, Finotti, Fiorato, Fofano, Formenton, Gallito, Gallo, Gambato, Geraldini, Golinelli, Gottardo, Guarda, Guerra, Lamassara, Lazzarin, Lorenzetto, Magiollo, Maimeri, Malacchini, Manfrim, Maragna, Marangoni, Marcatto, Marchi, Marinato, Mattiazi, Meneghelli, Meneghetti, Modenese, Montagna, Montracci, Moroni, Netorella, Perdonelli, Perigolo, Pesarini, Pessata, Pighi, Pinzoni, Pradal, Principole, Rancan, Ranieri, Righetto, Rinaldi, Saggioro, Sampieri, Scantabulo, Simionato, Stefani, Toda, Togni, Tosa, Trevisan, Trombini, Venturi, Zaffani, Zamboni

Hoje sabemos que a informação de muitos descendentes estava equivocada, já que seus antepassados procediam de outras regiões da Itália. E ainda temos um grande número de famílias não localizadas. Até o momento podemos informar apenas os sobrenomes acima como procedentes de Venezia, Padova, Rovigo, Verona, Vicenza e Belluno.