131 – Imigrantes de outras origens

 Hoje o Trem de História recorda um pouco do que se escreveu sobre outros imigrantes que viviam em Leopoldina antes do período denominado Grande Imigração.

Nas pesquisas até aqui realizadas nas poucas fontes a que se teve acesso, foram encontrados os sobrenomes Brandt, Delvaux, Dietz, Jacob, Kaiser, Schneider e Siess de origem germânica, cuja referência mais antiga no Brasil remonta à primeira metade do século XIX.

Entre os anos de 1881 e 1886 surgem sobrenomes como Abelha, Amarante, Botelho Falcão, Cimbron, Funchal, Gandara, Garcia, Gomez, Gonzalez, Marreiro e Rodriguez, além de muitas referências a pessoas com apenas dois nomes próprios, sem sobrenome, com indicação de que vieram de Portugal continental ou das ilhas atlânticas. Alguns, objeto de estudos aqui publicados nos últimos anos. Da maioria, pouco foi possível apurar. Apenas os listados a seguir tiveram a imigração documentada até o momento.

Os portugueses:

1) Santiago de Souza Garcia, nascido 25 julho 1875 nas Ilhas Canárias, cujo desembarque ocorreu em 1881;

2) Joaquim Alves Ferreira, sua esposa Jesufina e a filha Maria Alves Ferreira nascida 20 set 1869 no Porto, Portugal, que chegaram ao Brasil em 1883;

3) José de Medeiros Cimbron, a esposa Teresa de Jesus Ferrão e os filhos Antonio, Maria da Encarnação, Jacinta, Maria de Jesus, Antonia e José, todos nascidos na Ilha de São Miguel, Açores, desembarcados em terras brasileiras em 1885;

4) Manoel Caetano de Oliveira, a esposa Maria Umbelina e a filha Rosa Joaquina, todos naturais de Angra do Heroísmo, Ilha Terceira, Açores;

5) José Bernardino Barbosa, nascido 04 julho 1868 no Minho, Portugal, e a esposa Delfina Ana de Matos, nascida 21 setembro 1879, também no Minho, aqui chegados em 1886;

E o espanhol,

6) Julião Gonzalez Marreiro, sua esposa Luiza Garcia Demessa e a filha Silveria Gonzalez, nascida no dia 09 junho 1875, em Santa Cruz, Espanha, aqui desembarcados no ano de 1882.

Interessante observar que ao se lembrar desses colonos recorda-se, também, o fato pouco conhecido de que em 1909 ainda existia um assentamento da Leopoldina Railway Company Limited[1], localizado na cidade, onde residiam 08 famílias alemãs com 38 pessoas; 01 família austríaca com 07 pessoas; 01 família portuguesa com duas pessoas e 01 família brasileira com 9 pessoas. Provavelmente seria o mesmo assentamento no qual, na década de 1870[2], viviam 8 germânicos, 6 espanhóis e 26 italianos.

Importante registrar, também, que em 1881 já existia[3], em Leopoldina, um Club Agrícola que cuidava dos interesses dos lavradores e que em 1884 foi criado em Angustura, na época ainda pertencente ao município de Leopoldina, uma associação denominada Club da Lavoura[4], que reunia cerca de 70 proprietários de terras e tinha como um de seus principais objetivos a organização da contratação de mão de obra livre para substituir o trabalho escravo. Em 1884 existiam, também associações de lavradores nos distritos de Conceição da Boa Vista, Piacatuba e Tebas[5]. Alguns imigrantes contratados pelos membros dessas instituições já estavam no município e outros foram sendo contratados ao chegarem ao Porto do Rio de Janeiro.

Fato curioso é registrado por Norma de Góes Monteiro[6]. Diz a autora que os imigrantes de origem espanhola não eram muito bem aceitos por se acreditar que eram agressivos e muito exigentes.

Ainda a propósito do assunto imigração, recorde-se declaração de Francisco de Paula Ferreira de Rezende[7] quando se referiu à contratação de imigrantes para a sua Fazenda Filadélfia. Diz ele:

“Em abril de 1889 fui a Juiz de Fora buscar alguns colonos italianos; creio que não fui infeliz na escolha. Foi isto uma simples experiência; e por ora ainda absolutamente não sei o que terei de fazer. Sejam, porém, quais forem as vantagens do serviço livre; um fato para mim está desde já verificado; e vem a ser — que, bem ou mal, o escravo trabalha muito mais do que o homem livre; uma vez que o seu trabalho seja feitorizado”.

Aos olhos de hoje, a declaração é surpreendente. Em qualquer biblioteca podem ser encontradas inúmeras obras que declaram justamente o contrário, ou seja, que o trabalhador livre era mais produtivo. Aliás, não foi por acaso que o Senador Vergueiro iniciou a substituição da mão de obra escravizada partir de 1840. A experiência desenvolvida em Ibiacaba, estado de São Paulo, foi iniciada sem nenhum tipo de subvenção do erário público e serviu de modelo para diversas iniciativas do gênero em outras partes do país. Inclusive aqui em Leopoldina, onde os fazendeiros criaram o Club da Lavoura bem antes da decisão oficial de libertar os escravizados. Com os erros e acertos naturais a qualquer empreendimento pioneiro, Ibiacaba disseminou a cultura da melhoria de produtividade pela contratação do trabalhador livre.

A viagem de hoje se completa com uma reverência a Luiz Raphael, artista que manteve às próprias custas a casa onde o poeta Augusto dos Anjos passou os últimos dias de vida. Com sua dedicação a Leopoldina, Raphael foi guardião de muito material que pessoas insensíveis descartavam. Inclusive um grande número de cópias dos Requerimentos para o Registro de Estrangeiros determinado pelo Decreto 3010 de 20 de agosto de 1938, preenchidos pelos imigrantes que viviam em Leopoldina. Foi a única referência para alguns estrangeiros não identificados nas demais fontes disponíveis.


Fontes de referência:

1 – Relatório da companhia, disponível no Centro de Documentação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, rua General Canabarro nr. 706, Rio de Janeiro, RJ.

2 – Recenseamento do Brasil em 1872. Segunda Parte: Província de Minas Geraes. Publicação do Serviço Nacional de Estatística.

3 – Gazeta da Tarde (Rio de Janeiro) 11 maio 1881, ed 111, p.1, col.3.

4 – Ata de fundação do Club da Lavoura, 1884, Arquivo da Câmara Municipal de Leopoldina.

5 – Jornal do Commercio (Rio de Janeiro) 10 julho 1884, ed 145, p.3, col.7.

6 – MONTEIRO, Norma de Góes. Imigração e Colonização em Minas 1889-1930. Belo Horizonte: Itatiaia, 1994. p. 63 e 110.

7 – REZENDE, Francisco de Paula Ferreira de. Minhas Recordações. Belo Horizonte: Itatiaia, 1988. p. 420

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA

Publicado na edição 384 no jornal Leopoldinense de 16 de julho de 2019

 

Junho de 1918

Nascimentos em Leopoldina:

1 Jun 1918,

Antonio

pais: Francisco José Botelho Falcão e Ana Maria de Oliveira Ramos


2 Jun 1918,

Iolanda Maragna

pais: Higino Maragna e Olga Coelho dos Santos


6 Jun 1918, Ribeiro Junqueira,

Maria Consuelo Pimentel

pais: Aurelio Pimentel e Carolina Marangoni

cônjuge: Sebastião Luiz Neto

Maria de Lourdes

pais: Olegario de Lacerda Moraes e Judith Ferreira Valverde

cônjuge: Vanor Luiz Pereira


10 Jun 1918,

Helena Dietz Rodrigues

pais: Antonio Germano Rodrigues e Maria Dietz Tavares

cônjuge: Geraldo Monteiro de Rezende


20 Jun 1918,

Jercira

pais: Sebastião Ezequiel Ferreira Neto e Genoveva Marques Viveiros


23 Jun 1918,

Deoclides Rayol

pais: Eduardo Faria Rayol e Laura Candida Jendiroba


24 Jun 1918,

João Batista Sestu

pais: Giuseppino Sestu e Giuseppina Murgia


25 Jun 1918,

Antonio Conti

pais: Marcelino Conti e Cecília Rodrigues da Silva

Ana Severina Conceição


30 Jun 1918,

João Lisboa Vargas

pais: João Ferreira Vargas e Maria das Dores Lisboa

cônjuge: Maria Aparecida Miranda

Antonio Montovani

pais: Felice Montovani e Amabile Eva Meneghetti

Olivia Togni

pais: Arturo Togni e Augusta Pradal

Leopoldinenses nascidos em outubro de 1917

Dia 18

Amaro Fofano, filho de Giuseppe Fofano e Maria Rosa Marcatto

Dia 22

José, filho de Silvano Barbosa da Rocha e Ana de Melo Gouvêa

Dia 24

Geraldo, filho de José Botelho Falcão e Ondina de Lacerda Moraes

Dia 27

João Cosini, filho de Carlo Cosini e Joaquina Teixeira Aguiar

Dia 30

Maria de Lourdes, filha de Julio Ferreira Neto e Ana Scrivano Ramono

150 anos de um leopoldinense ‘açoriano’

No mês em que se comemora o sesquicentenário de nascimento de Manoel Botelho Falcão V, seu terceiro neto Caio Botelho Falcão localizou mais uma informação para ampliar o conhecimento da família. Trata-se do registro de nascimento de Francisco Botelho Falcão Sobrinho, o açoriano que chegou a Leopoldina na segunda metade no século XIX, deixando enorme descendência no município. Francisco, o pai de Manoel V, nasceu em 1825.

Centenário de Nascimento

Nascidos no município de Leopoldina

02 fev 1917

Maria Antonia Rodrigues Vargas

Pai: Antonio Vargas Ferreira

Mãe: Olivia Rodrigues da Silva


04 fev 1917

Maria Sebastiana Cucco

Pai:                          Giuseppino Cucco

Mãe:                        Carolina Farinazzo


08 fev 1917

Albina

Pai:                          Francisco José Botelho Falcão

Mãe:                        Ana Maria de Oliveira Ramos

Geraldo

Pai:                          Pedro José de Moraes

Mãe:                        Joana Maria de Jesus


09 fev 1917

Eleonor Veronica Anzolin

Pai:                          Giovanni Ottavio Anzolin

Mãe:                        Rosa Pasianot

José Bolzoni

Pai:                          Pietro Bolzoni

Mãe:                        Tereza Stievano


11 fev 1917

Ruy Tavares Rodrigues

Pai:                          Antonio Germano Rodrigues

Mãe:                        Maria Dietz Tavares


12 fev 1917

Ana de Angelis

Pai:                          Otavio de Angelis

Mãe:                        Amalia Calzavara

Noêmia Almeida

Pai:                          Francisco Rodrigues de Almeida

Mãe:                        Dionízia de Moraes Lima


16 fev 1917

Isolina Meneghetti

Pai:                          Agostino Meneghetti

Mãe:                        Camila Stefani


19 fev 1917

Maria Ana Sangalli

Pai:                          Angelo Giulio Sangalli

Mãe:                        Carolina Sangirolami


24 fev 1917

Sebastião Matos

Pai:                          José de Matos

Mãe:                        Maria Carolina Ferreira do Couto


26 fev 1917

Wilson

Pai:                          Abdon Saraiva Carvalho

Mãe:                        Filomena Gonçalves


27 fev 1917

Antonio Casadio

Pai:                          Giuseppe Casadio

Mãe:     Carlota Maria da Conceição

66 – Eugênio Botelho Falcão

O personagem de hoje é Eugênio Botelho Falcão, filho de Luiz Botelho Falcão III e de Ana Cecília. Irmão, portanto, do Luiz Botelho Falcão IV, de cuja família o Trem de História se ocupou nos três últimos artigos publicados.

Documentos diversos registram que Eugênio era Alferes do 37º Batalhão da Guarda Nacional em 1880 e 1881. No ano seguinte foi nomeado 2º suplente de delegado. Em 1883, tomou posse como vereador. Três anos mais tarde aparece como representante de “Venâncio dos Santos Pereira & C, Comissarios de Café e mais generos do Paiz”, estabelecimento sediado no Rio de Janeiro. Continuava como negociante em 1892 e foi acionista da Sociedade Educacional Arcádia Leopoldina, fundada em setembro de 1893. E em setembro de 1898 foi nomeado 3º suplente de delegado.

Segundo o sobrinho Luiz Rousseau, residia num sobrado na Rua Tiradentes, embora informe, no mesmo livro, que seu tio morava no Largo Félix Martins. Ao se referir ao sobrado da Rua Tiradentes, Luiz Rousseau esclarece que tal residência ficava na esquina com a Rua Sete de Setembro e que no andar térreo funcionava a carpintaria de Ricardo de Oliveira e a agência dos Correios, cujo agente era o próprio Eugênio.

Registre-se que esta informação encontra respaldo no órgão oficial da província de 1893, informando que Luiz Botelho Falcão (sic) e José Bastos foram nomeados estafetas ambulantes entre Cataguases, Santana de Cataguases, Vista Alegre e Leopoldina.

Sabe-se que Eugênio Botelho Falcão se casou com Maria Amélia, com quem teve dez filhos: Luiza Rosa; Luiz (1881); Luiza Eugênia; Luiz (1886); Luiz (1888); Luiza (1891); Luiza (1892); Luiz (1895); Luiza (1897); e, Luiza (1901). De apenas duas filhas, Luiza Rosa e Luiza Eugênia, obtivemos algumas informações.

Luiza Rosa foi, provavelmente, a filha nascida em 1879, que se casou em 1902 com Ovídio Rocha e teve pelo menos dois filhos: Eugênio (1903) e Euclides (1905). Seu marido Ovídio era filho de Honório Fideles Ferreira e Joaquina Eucheria de Jesus e, irmão de Clotilde Eucheria de Jesus que se casou com o açoriano Jerônimo Botelho Falcão, filho de Francisco Botelho Falcão Sobrinho e Rosa Emilia já citados neste ensaio. Ovídio foi o criador do combativo periódico O Arame, de oposição aos Ribeiro Junqueira. Por conta de sua posição política foi vítima de um processo difamatório através das páginas da Gazeta de Leopoldina, jornal de propriedade de seu desafeto.

Luiza Eugênia foi provavelmente a filha que nasceu em 1883. Casou-se com Francisco d’Almeida, nascido em 1881, filho de Lino José de Almeida e Antonia Carolina Pereira Pinto, descendente dos Almeida Ramos povoadores de Leopoldina.

Chichico, como era conhecido, foi editor de uma folha denominada O Cafageste (sic), que passou para J. Siqueira em 1898. Segundo Mauro de Almeida Pereira, Francisco d’Almeida mudou-se para Recreio quando foi nomeado Escrivão de Paz e oficial do Registro Civil de Recreio. Desde jovem ele trabalhava no Cartório Judicial de Notas de Leopoldina. Em Recreio, que na época era distrito de Leopoldina, foi presidente da Banda de Música 1º de Maio, do Clube dos Baetas e de outras agremiações esportivas. Além disto, substituiu Luiz Soares na direção do jornal O Verbo e foi o primeiro Presidente da Câmara Municipal de Recreio.

Em Leopoldina foram batizados os dois filhos de Luiza Eugenia e Francisco d’Almeida: Edson (1903) e Maria, nascida e falecida em junho de 1905. Em consequência deste segundo parto, Luiza Eugênia Botelho faleceu no dia 26.06.1905. Viúvo, Chichico contraiu segundas núpcias em 1908, com Francisca Ferreira Damasceno, filha de Antonio Sabino Damasceno Ferreira e Porcina Padilha Figueiredo, sendo neta paterna de Zeferina de Jesus e João Gualberto Damasceno Brito. Por este ramo, bisneta do Capitão João Gualberto Ferreira Brito, personagem conhecido na história de Leopoldina por sua carreira política e por sua atuação como Chefe do Partido Conservador.

Edson Botelho de Almeida, o filho de Luiza Eugênia, foi então criado pelo pai e sua segunda esposa em Recreio, onde se casou e teve quatro filhos com a descendente de imigrantes italianos Virgínia Artuza Conti.

Encerra-se aqui a série de nove textos sobre os “Botelho Falcão” de Leopoldina. Virão outros personagens nas próximas viagens desse Trem de História. A galeria dos conterrâneos esquecidos é grande e nosso objetivo é resgatar a história de Leopoldina através da construção de “peças” para a salutar brincadeira de montar um imaginário quebra-cabeça mostrando a cidade e seus construtores.

Até a próxima ou, o próximo número do Jornal, caro leitor.


Fontes consultadas:

Barroso Júnior. O centenário da Cidade de Leopoldina, em Minas Geraes. Rio de Janeiro: Revista Eu Sei Tudo, Abril 1932. p.11.

Cemitério Nossa Senhora do Carmo, Leopoldina, MG, lv 2 fls 7 sep 2 – 1º plano e fls 8 sep. 82 3º plano

Gazeta de Leopoldina 1898 19 junho ed 10 p.4 e 5 de novembro de 1899, página 2.

Secretaria Paroquial da Matriz do Rosário, Leopoldina, MG, lv 02 bat fls 6 termo 30, fls 46 termo 433,.fls 55v termo 527, fls 103v termo 969 e fls 156 termo 1491; lv 03 bat fls 61v termo ordem 587 e fls 189 termo 120; lv 04 bat fls 75v termo 900; lv 05 bat fls 78 termo 313; lv 07 bat fls 45 termo 1238; lv 10 bat fls 26 termos 252 e 253, fls 30 termo 295 e fls 88 termo 137; lv 3 cas fls 163  termos 40 e 41; lv 5 cas fls 19.

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA

Publicado na edição 321 no jornal Leopoldinense de 16  de dezembro de 2016

65 – Luiz Botelho Falcão IV – parte 3

A viagem de hoje se inicia com a segunda descendente do casal Luiz IV e Emília, Luiza Erminia Botelho, nascida em 1883 e casada em 1903 com Nestor Capdeville, filho do imigrante francês Batista Capdeville e sua esposa Maria Albuquerque.

Registre-se que Nestor Capdeville trabalhava na Gazeta de Leopoldina em 1916 e faleceu antes de 1942, ano em que a família passou a receber pensão do Instituto dos Bancários do qual ele era associado.

Luiza Ermínia e Nestor foram pais de Ester (1905-1906); Teófilo (1907); Ester (1908); Iracema (1909-1910); Maria Luiza nascida e falecida em 1911; Nestor nascido e falecido em 1912; Dinah, a primeira aviadora de Minas Gerais (1913-2005); Paulo (1914); Luiza (1916-1917); e, o expedicionário Celso Botelho Capdeville que, segundo Pedro Wilson Carrano de Albuquerque, nasceu em 1921 e se casou em 1941, no Rio de janeiro, com Elza Guimarães Antunes, de família leopoldinense.

O próximo filho de Luiz IV e Emília de quem se tem registro é Luiz Eugênio Botelho, nascido em 1889 e que se casou em 1913 com Cyrina Capdeville, irmã de seu cunhado Nestor Capdeville.

Luiz e Cyrina tiveram doze filhos: Thier (1914); Yvete (1915); Lizete; Suzete (1916); Ruth (1920); Maria Emilia; Belkiss; Arethusa (1927); Lucíola; Luiz; Antonio e Helena.

Luiz Eugenio foi memorialista, tendo publicado os livros “Leopoldina de Outrora” (1963), “Leopoldina de Hoje… e de Ontem” (1967), além de vários textos em jornais da cidade. Foi funcionário do DNER, tendo recebido o distintivo do Grêmio dos Veteranos da instituição em 1957. Faleceu no Rio de Janeiro em 1975 e foi sepultado em Leopoldina. Vinte e cinco dias depois, por iniciativa do irmão de seu genro Otacyr, o então prefeito de Leopoldina Osmar Lacerda França, seu nome foi dado à Biblioteca Municipal.

O penúltimo filho de Luiz IV e Emília foi Luiz Rousseau Botelho, nascido em 1892 e que se casou em Além Paraíba, em 1921, com Joaquina Santos, com quem teve os filhos Maria Josefina, Solange e José Botelho.

Luiz Rousseau, a exemplo de seu irmão Luiz Eugênio, foi também memorialista que, incentivado pela filha Solange, publicou os livros Dos 8 aos 80 (1979), Alto Sereno (1981), Moinho de Fubá (1982) e Coração de Menino (1984).

Segundo o prefácio do livro Alto Sereno, Rousseau foi acrescentado ao nome de Luiz por um seu irmão em referência a Jean-Jacques Rousseau, filósofo suíço, nascido em Genebra, figura marcante do iluminismo francês.

Em seu livro Dos 8 aos 80, Luiz Rousseau informa que seu primeiro trabalho foi como ajudante de seu irmão Tatão (Luiz Emílio) numa farmácia em Tebas. Depois, foi admitido como empregado da Gazeta de Leopoldina e em 1913 foi para a Cia. Força e Luz Cataguases Leopoldina, dali saindo em 1914 para trabalhar na Cia. Mineira de Eletricidade em Juiz de Fora. Em 1920 era microscopista no Posto de Profilaxia em Campo Limpo, distrito de Leopoldina, sendo depois transferido para o Posto de Profilaxia de Além Paraíba. Em 1921 foi designado para Tombos do Carangola para combater um surto de Tifo. Em 1923 a Brasilian Light and Power, na Ilha dos Pombos, em Além Paraíba era o seu local de trabalho. Depois passou a ser funcionário da Light em São Paulo, Pirapora e Santos. Em 1930 tornou-se funcionário da Prefeitura de Além Paraíba, trabalhando em Pirapetinga como encarregado do serviço de abastecimento d’água que vinha do rio que deu nome àquele município. Em 1933 voltou a trabalhar para a Light em Além Paraíba.

No Almanaque do Arrebol, ano II, outubro 1985, há uma entrevista de Luiz Rousseau em que ele declara ter vivido em Leopoldina até 1918 e que o Dr. Irineu Lisboa foi seu padrinho de casamento.

Concluída a descrição da família de Luiz Botelho Falcão IV e Emília Antunes, caminhamos para a última estação, onde nos encontraremos com o irmão dele, Eugênio Botelho Falcão. Até lá!


Fontes consultadas:

Secretaria Paroquial da Matriz do Rosário, Leopoldina, MG, lv 02 bat fls 98v termo 922; lv 03 bat fls 108 termo ordem 1061; lv 04 bat fls 51v termo 663; lv 11 bat fls 21 termo 32 e fls 73v termo 199; fls 29v termo 38 e fls 73v termo 117; lv 13 bat fls 39v termo 193; lv 14 bat fls 15v termo 264; lv 15 bat fls 11v termo 106, fls 64v termo 97 e fls 76v termo 216; lv 16 bat fls 5v termo 504, fls 25 termo 161 e fls 72 termo 90; lv 18 bat fls 75 termo 539; lv 3 cas fls 183 termo 21.

Cemitério Nossa Senhora do Carmo, Leopoldina, MG, lv 2 fls 10 sep. 190, fls 33 nr 58, fls 39 nr 111, fls 46 nr 122 e 2 fls 81 nr 222.

Lei Municipal de Leopoldina nr 1106 de 20 de novembro de 1975.

Diário Carioca (Rio de Janeiro, 1957, 19 dez, ed 38 p.5.

Diário de Notícias do Rio de Janeiro, edição 5953 de 22 de março de 1942, página 17, coluna Vida Bancária

Gazeta de Leopoldina, 1914, 26 nov, p.1 e 1924, 8 maio, ed 8, p.4.

BOTELHO, Luiz Rousseau, Dos 8 aos 80. Belo Horizonte: Vega, 1979. p.305.

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA

Publicado na edição 320 no jornal Leopoldinense de 1  de dezembro de 2016

64 – Luiz Botelho Falcão IV – parte 2

Como prometido no artigo anterior, o Trem de História segue falando sobre Luiz Botelho Falcão IV.

De início sobre a sua situação econômica que, em 1890, parecia estável, conforme indica a contratação de uma Apólice de Seguro de Vida junto à Companhia New York Life Insurance.

Em março de 1892 ele tomou posse como vereador e, em agosto do mesmo ano, foi citado como Coronel ao assumir a presidência da Junta de Alistamento Militar. No mês seguinte, foi provisionado pelo prazo de três anos no cargo de Solicitador da Câmara, cujas funções eram exercidas por leigos e se assemelhavam às dos atuais defensores públicos. E as últimas referências a Luiz Botelho Falcão datam de março de 1893, quando participou da Assembleia de Instalação do Banco de Leopoldina, três meses antes do seu falecimento ocorrido, segundo o filho Luiz Eugênio, no dia 12 de junho, embora o órgão oficial da província registre como sendo 14.06.1893. Para Luiz Rousseau Botelho, no livro Dos 8 aos 80, seu pai faleceu em 19 de fevereiro.

Em Alto Sereno Luiz Rousseau esclarece alguns pontos sobre a família. Mas ainda não foi possível, por exemplo, definir o nome utilizado na idade adulta por muitos familiares. Ele registra, no Epílogo, página 266, apenas que: “Em nossa família todos tiveram Luiz ou Luiza como primeiro nome, em honra de meu pai e de meu avô, Luiz Botelho Falcão, português nascido na Ilha dos Açores.”

Luiz Botelho Falcão IV e Emília Antunes foram pais de: Luiz Botelho Falcão V, nascido por volta de 1877; Luiz Emilio Botelho Falcão, nascido em 1879 e provavelmente falecido no mesmo ano; Luiz Emilio Botelho, nascido em 1880; Luiza S. Botelho, nascida em 1882; Luiza Erminia Botelho, nascida em 1883; Luiza, nascida em 1884; Luiza Cecilia, nascida em 1886 e falecida em 1887; Emilia, nascida em 1887; Luiz Eugênio Botelho, nascido em 1889; Luiz, nascido em 1890; Luiz Rousseau Botelho, nascido em 1892; e, Luiz Tasso Botelho, nascido em 1893 e falecido em 1962.

Por conta da homonímia tornou-se difícil descobrir a trajetória dos doze filhos do casal. Ao final de muitas pesquisas, apenas sobre quatro deles se conseguiu reunir dados para produzir uma biografia mínima, como se verá adiante.

O primeiro destes filhos é Luiz Botelho Falcão V, que se casou em 1897 com Ernestina Antunes Barbosa, filha de Eduardo José Barbosa e Custódia Maria Antunes. Ela nasceu em 1880, sendo neta paterna de José Joaquim Barbosa e Francisca Rosa de Jesus e neta materna de José Antunes Pereira e Custódia Maria de Jesus.

O casamento de Luiz V com Ernestina foi realizado na Fazenda Boa Esperança, propriedade do pai da noiva. O avô paterno de Ernestina era José Joaquim Barbosa, que em 1847 veio de Conselheiro Lafaiete (MG) para comprar terras da família Lopes da Rocha no então distrito de Rio Pardo, atual Argirita. Tornou-se grande proprietário de terras na região do atual distrito de Taruaçu, no município de São João Nepomuceno. Terras que em 1854 faziam parte do território da Vila Leopoldina. Um dos filhos de José Joaquim foi Antonio Maurício Barbosa, o doador do território onde está a Usina Maurício, no distrito de Piacatuba.

Segundo Luiz Eugenio, Luiz Botelho Falcão V instalou a primeira fábrica de manteiga em Leopoldina, por volta de 1907, localizada na Rua Cotegipe.

Luiz V e Ernestina tiveram os seguintes filhos: Jahir (1898), Jupira (1900-1905), Jakson (1903); Judith (1905); Jandira (1907); Jopson (1910-1911); Jacira (1911); Juracy (1914); e, Junis Botelho Falcão, nascido dia 02.02.1918 e falecido a 10.11.1918. Todos iniciados por “J”, para não fugir à regra dos seus pais que repetiram o primeiro nome em todos os filhos.

Depois de tantos nomes e letras repetidas, o Trem de História também se repete. Faz mais uma parada necessária, para seguir viagem na próxima edição deste Jornal, trazendo outros filhos de Luiz Botelho Falcão IV. Aguardem.


Fontes consultadas:

Secretaria Paroquial da Matriz do Rosário, Leopoldina, MG, lv 02 bat fls 30 termo 270, fls 40 termo 370, bat fls 131 termo 1247, fls 156 termo 1492; lv 03 bat fls 3, fls 153v; lv 04 bat fls 142v termo ordem 1397; lv 07 bat fls 131v termo 2061;. lv 10 bat fls 36 termo 48;. lv 11 bat fls 91 termos 34 e 35;. lv 14 bat fls 7 termo 179; lv 15 bat fls 56 termo 12; lv 17 bat fls 58 termo 444; lv 2 cas fls 172 termo 208.

Cemitério Nossa Senhora do Carmo, Leopoldina, MG, lv 2 fls 9 sep. 158, fls 38 nr 71, fls 87 nr 211.

Cemitério Público de Leopoldina, MG (1880-1887) (Livro 1880-1887), folhas 32 sepultura 975.

A Ordem (Manhuaçu, MG), 1892 12 mar ed 150 p.3.

Minas Geraes (Belo Horizonte), 1892 15 ago ed 113 p.3; 1892 7 set ed 135 p.2 e 1893 18 junho ed 163 p.7

O Estado de Minas Geraes (Ouro Preto), 1891 11 abril ed 145 p 4.

O Pharol (Juiz de Fora), 1890 16 julho ed 166 p.2 e ed 232 de 1 out 1890 p.4.

BOTELHO, Luiz Eugênio. Leopoldina de Outrora. Belo Horizonte: s.n., 1963. p.60 e p.103

BOTELHO, Luiz Rousseau. Dos 8 aos 80. Belo Horizonte: Vega, 1979. p.305

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA

Publicado na edição 319 no jornal Leopoldinense de 16  de novembro de 2016

63 – Luiz Botelho Falcão IV – parte 1

O Trem de História direciona agora o foco da pesquisa para iluminar os caminhos seguidos pelos dois filhos de Luiz Botelho Falcão III e Ana Cecília: Luiz Botelho Falcão IV e Eugênio Botelho Falcão.

Luiz Botelho Falcão IV, de quem não se conseguiu documentar a data de nascimento, casou-se com Emília Antunes, nascida em 1860, filha de José Antunes Pereira e Custódia Maria de Jesus.

Segundo seu filho Luiz Eugênio, teria cursado humanidades no Colégio Pinheiro, no Rio de Janeiro, o que não se confirmou nas listas de alunos do citado Colégio nos anos de 1863, 1865 e 1867.

Também não foi encontrado o registro do casamento de Luiz Botelho Falcão IV que pode ter ocorrido em 1876, logo depois dele ter obtido a nomeação para suplente de Juiz Municipal no 2º distrito de Leopoldina.

Tudo indica que esta nomeação teria ocorrido a pedido do então futuro sogro que residia no distrito de Bom Jesus do Rio Pardo, atual município de Argirita.

Certo é que um ano depois de obter este emprego, Luiz IV iniciou a construção de uma casa na área urbana de Leopoldina. No mesmo ano, adquiriu escravo e no início do ano seguinte sua situação já era estável o suficiente para permitir-lhe colaborar com a Comissão de Socorro às vítimas das inundações em Portugal.

Em 1878 foi eleito vereador, tendo feito parte da comissão que aprovou a instalação de iluminação pública a gás em 1879. Sua carreira de homem público se ampliou um pouco mais em 1879, quando foi nomeado para o cargo de Inspetor de Instrução Pública no qual permanecia em junho de 1880, quando a reforma no sistema de ensino determinou que Leopoldina seria a sede do 8º Círculo Literário de Minas. Pediu exoneração em 1882.

Quatro anos depois ele foi citado como negociante em Leopoldina e em 1888 chegou ao posto de Major Ajudante de Ordens da Guarda Nacional ao passar para a reserva, agregado ao 23º batalhão.

Em abril de 1889 seu nome foi mencionado como redator proprietário do jornal O Leopoldinense. Mas vale recordar que no artigo nº 09 desta série ficou esclarecido que Luiz Botelho Falcão IV não foi o fundador do jornal O Leopoldinense, lançado em 01.01.1879 pelo Alferes Francisco Gonçalves da Costa Sobrinho.

Registre-se que, segundo as edições preservadas nas hemerotecas da Biblioteca Nacional e do Arquivo Público Mineiro, o Alferes, criador, primeiro proprietário e redator do jornal pioneiro de Leopoldina, havia atuado como guarda-livros e se incumbia de cobranças judiciais e extrajudiciais em Macaé, Campos dos Goitacazes, São João da Barra, São Fidelis, Cantagalo e Muriaé antes de vir para Leopoldina. Era, também, sócio fundador do Club Literário Campista onde atuou como Bibliotecário. Registre-se, também, que não foram encontradas edições de O Leopoldinense a partir do final do ano de 1886. Em 1889, o Alferes Francisco Gonçalves da Costa Sobrinho requereu nomeação como Escrivão de Órfãos de Rezende, RJ. Na edição 180 da Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro, de 29 de junho de 1889, bem como no Diário do Commercio (Rio) de 27 de junho e no Fluminense (Niterói) de 28 de junho, ele foi mencionado como fundador dos periódicos O Leopoldinense e Folha de Minas (Juiz de Fora).

Tudo indica que Luiz Botelho Falcão IV se interessou em comprar o Leopoldinense, mas não conseguiu manter a publicação com regularidade. E provavelmente a venda só se efetivou em 1889, tendo o jornal voltado a circular em novembro do ano seguinte, de forma irregular.

Por hoje paramos por aqui. Ainda existe carga sobre este personagem. Mas ficará para a próxima viagem do Trem de História. Aguardem.


Fontes Consultadas:

Secretaria Paroquial da Matriz do Rosário, Leopoldina, MG, lv 01 bat fls 61 termo 325.

Livro Caixa da Câmara Municipal de Leopoldina, códice 654 fls 3 item 6.

Cartório de Notas de Leopoldina, lv 699 fls 18-verso.

A Actualidade (Ouro Preto), 1878 2 out ed 101 p.1; 1879 26 abr ed 44 p.2 e 1880 26 jun ed 67 p.2.

A Província de Minas (Ouro Preto), 1882 21 dez ed 131 p.1.

A União (Ouro Preto, MG), 1888 9 junho ed 178 p.3.

Almanaque de Leopoldina (Leopoldina: s.n., 1886), fls 89.

Diário de Minas, (Outro Preto, MG), 1875 10 junho ed 467 p.1 e 1875 12 junho ed 468 p.1.

Echo do Povo (Juiz de Fora), 1882 21 dez ed 46 p.1.

Irradiação (Leopoldina, MG), 1889 11 abril ed 60 p.3.

Monitor Campista (Campos dos Goitacazes, RJ), 1879 17 fev ed 38 p 3 e 1879 1 maio ed 101 p. 2

O Baependyano (Caxambu, MG), 1880 11 julho ed 150 p.3.

O Globo – jornal do século XIX (Rio de Janeiro), 1877 5 jan, ed 5, pag 3 e 1877 8 jan, ed 8 pag 4

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA

Publicado no jornal Leopoldinense de 01 de novembro de 2016

61 – As dificuldades de muitos na chegada ao Brasil

O Trem de História anterior terminou falando dos confusos cruzamentos das linhas férreas em um pátio de manobras. E comparou estes cruzamentos com os das linhas genealógicas. Hoje, ele vai percorrer uma outra confusão, muito comum entre brasileiros descendentes de portugueses, qual seja a de imaginar que seus antepassados chegaram ao Brasil com capital para iniciar um negócio.

E para melhor compreensão das condições da passagem dos açorianos, começamos por citar alguns aspectos que evidenciam as dificuldades pelas quais passaram os portugueses que vieram para o Brasil depois da nossa Independência. Um assunto que tem sido objeto de muitos estudos aqui e em Portugal.

Em artigo para o Museu das Migrações e das Comunidades de Fafe, Portugal, por exemplo, Miguel Monteiro(1) declarou que iniciou o estudo sobre o assunto “com a ideia de confirmar a hipótese de que a Migração interna correspondia às classes sociais desfavorecidas e Emigração para o Brasil a indivíduos provenientes da classe média e alta, particularmente até aos finais do século XIX.”

Entretanto, no decorrer do trabalho, Monteiro constatou que a maioria dos que atravessaram o atlântico entre 1834 e 1926 fugia deste estereótipo. O autor demonstrou que veio um grande número de crianças do sexo masculino entre 13 e 15 anos de idade, que chegavam ao Rio de Janeiro com uma carta de recomendação para algum patrício com quem geralmente se empregavam.

As histórias de muitos deles são bons exemplos de como viviam. Um destes jovens declarou que, ao despedir-se do primeiro emprego em dezembro de 1830, recebeu(2) “do resto dos meus salários 6$419 reis. Era esta toda a minha fortuna no fim de 3 anos e 4 meses de sofrimento e provações no Rio de Janeiro!

Para aqueles que acreditam na imensa capacidade de enriquecimento dos portugueses em terras brasileiras, o autor transcreve um trecho do diário de um deles(3):

“Tempo de Caixeiro: dizendo que foram 14 anos de pobreza e provação tendo ele seguido o sistema de gastar só metade do que ganhava e apesar de todas as suas economias, da grande sujeição em que vivia e das apoquentações por que passou, só tinha podido juntar uma pequena quantia.”

Parece ter sido esta a sina de Antonio V e Luiz II, os dois jovens da família Botelho Falcão que deixaram a ilha açoriana de São Miguel em torno de 1850.

Conforme já ressaltamos, não é possível fazer muitas afirmações sobre a trajetória deles por falta de fontes confiáveis. Um dos primeiros obstáculos que encontramos foi a afirmação de Luiz Eugênio Botelho de que seu pai, aqui denominado Luiz Botelho Falcão IV, teria nascido no dia 10.08.1851, em Leopoldina. Este nascimento não foi encontrado, nem tampouco o casamento dos pais de Luiz Eugênio.

Apesar da possibilidade de Luiz Eugênio ter calculado a idade do pai com base em informações orais, aqui o nome do açoriano fica mantido como Luiz Botelho Falcão II e o nome do avô de Luiz Eugênio como Luiz Botelho Falcão III,

Quanto ao vínculo do avô de Luiz Eugênio com a família de Manoel Botelho Falcão IV, cuja genealogia foi descrita no início deste ensaio, um indicativo foi a repetição do apadrinhamento nos casamentos dos filhos de Manoel IV, hábito comum nas ilhas atlânticas portuguesas naquela época.

Ainda que não tenha sido possível levantar muitas informações sobre a situação econômico-social da família Botelho Falcão em Leopoldina, os casamentos com pessoas de famílias há muito estabelecidas no município parecem indicar um percurso de ascensão social. Embora em 1856 não tenha sido encontrada propriedade em nome de Luiz Botelho Falcão III, em 1859 ele sofreu uma ação contestatória por ter informado um tamanho maior para a chácara que vendera a Lauriano João Celestino Ferreira e em 1896 a família era proprietária de uma edificação urbana recebida por herança de Luiz Botelho Falcão III.

O foco da pesquisa segue, a partir de agora, os caminhos dos filhos de Luiz Botelho Falcão III e Ana Cecília: Luiz Botelho Falcão IV e Eugênio Botelho Falcão.

Mas por hoje o Trem de história fica por aqui. No próximo mês voltaremos a falar da família Botelho Falcão.


Fontes Consultadas:

1 – MONTEIRO, Miguel. Emigração para o Brasil (1834-1926): os números e a autobiografia – sair, viver e regressar na primeira pessoa. Disponível em <http://zip.net/bbtpVB&gt; Acesso 23 jan. 2012 p.1

2 – Idem, p. 11

3 – Idem, p. 9

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA

Publicado no jornal Leopoldinense de 16  de outubro de 2016