131 – Imigrantes de outras origens

 Hoje o Trem de História recorda um pouco do que se escreveu sobre outros imigrantes que viviam em Leopoldina antes do período denominado Grande Imigração.

Nas pesquisas até aqui realizadas nas poucas fontes a que se teve acesso, foram encontrados os sobrenomes Brandt, Delvaux, Dietz, Jacob, Kaiser, Schneider e Siess de origem germânica, cuja referência mais antiga no Brasil remonta à primeira metade do século XIX.

Entre os anos de 1881 e 1886 surgem sobrenomes como Abelha, Amarante, Botelho Falcão, Cimbron, Funchal, Gandara, Garcia, Gomez, Gonzalez, Marreiro e Rodriguez, além de muitas referências a pessoas com apenas dois nomes próprios, sem sobrenome, com indicação de que vieram de Portugal continental ou das ilhas atlânticas. Alguns, objeto de estudos aqui publicados nos últimos anos. Da maioria, pouco foi possível apurar. Apenas os listados a seguir tiveram a imigração documentada até o momento.

Os portugueses:

1) Santiago de Souza Garcia, nascido 25 julho 1875 nas Ilhas Canárias, cujo desembarque ocorreu em 1881;

2) Joaquim Alves Ferreira, sua esposa Jesufina e a filha Maria Alves Ferreira nascida 20 set 1869 no Porto, Portugal, que chegaram ao Brasil em 1883;

3) José de Medeiros Cimbron, a esposa Teresa de Jesus Ferrão e os filhos Antonio, Maria da Encarnação, Jacinta, Maria de Jesus, Antonia e José, todos nascidos na Ilha de São Miguel, Açores, desembarcados em terras brasileiras em 1885;

4) Manoel Caetano de Oliveira, a esposa Maria Umbelina e a filha Rosa Joaquina, todos naturais de Angra do Heroísmo, Ilha Terceira, Açores;

5) José Bernardino Barbosa, nascido 04 julho 1868 no Minho, Portugal, e a esposa Delfina Ana de Matos, nascida 21 setembro 1879, também no Minho, aqui chegados em 1886;

E o espanhol,

6) Julião Gonzalez Marreiro, sua esposa Luiza Garcia Demessa e a filha Silveria Gonzalez, nascida no dia 09 junho 1875, em Santa Cruz, Espanha, aqui desembarcados no ano de 1882.

Interessante observar que ao se lembrar desses colonos recorda-se, também, o fato pouco conhecido de que em 1909 ainda existia um assentamento da Leopoldina Railway Company Limited[1], localizado na cidade, onde residiam 08 famílias alemãs com 38 pessoas; 01 família austríaca com 07 pessoas; 01 família portuguesa com duas pessoas e 01 família brasileira com 9 pessoas. Provavelmente seria o mesmo assentamento no qual, na década de 1870[2], viviam 8 germânicos, 6 espanhóis e 26 italianos.

Importante registrar, também, que em 1881 já existia[3], em Leopoldina, um Club Agrícola que cuidava dos interesses dos lavradores e que em 1884 foi criado em Angustura, na época ainda pertencente ao município de Leopoldina, uma associação denominada Club da Lavoura[4], que reunia cerca de 70 proprietários de terras e tinha como um de seus principais objetivos a organização da contratação de mão de obra livre para substituir o trabalho escravo. Em 1884 existiam, também associações de lavradores nos distritos de Conceição da Boa Vista, Piacatuba e Tebas[5]. Alguns imigrantes contratados pelos membros dessas instituições já estavam no município e outros foram sendo contratados ao chegarem ao Porto do Rio de Janeiro.

Fato curioso é registrado por Norma de Góes Monteiro[6]. Diz a autora que os imigrantes de origem espanhola não eram muito bem aceitos por se acreditar que eram agressivos e muito exigentes.

Ainda a propósito do assunto imigração, recorde-se declaração de Francisco de Paula Ferreira de Rezende[7] quando se referiu à contratação de imigrantes para a sua Fazenda Filadélfia. Diz ele:

“Em abril de 1889 fui a Juiz de Fora buscar alguns colonos italianos; creio que não fui infeliz na escolha. Foi isto uma simples experiência; e por ora ainda absolutamente não sei o que terei de fazer. Sejam, porém, quais forem as vantagens do serviço livre; um fato para mim está desde já verificado; e vem a ser — que, bem ou mal, o escravo trabalha muito mais do que o homem livre; uma vez que o seu trabalho seja feitorizado”.

Aos olhos de hoje, a declaração é surpreendente. Em qualquer biblioteca podem ser encontradas inúmeras obras que declaram justamente o contrário, ou seja, que o trabalhador livre era mais produtivo. Aliás, não foi por acaso que o Senador Vergueiro iniciou a substituição da mão de obra escravizada partir de 1840. A experiência desenvolvida em Ibiacaba, estado de São Paulo, foi iniciada sem nenhum tipo de subvenção do erário público e serviu de modelo para diversas iniciativas do gênero em outras partes do país. Inclusive aqui em Leopoldina, onde os fazendeiros criaram o Club da Lavoura bem antes da decisão oficial de libertar os escravizados. Com os erros e acertos naturais a qualquer empreendimento pioneiro, Ibiacaba disseminou a cultura da melhoria de produtividade pela contratação do trabalhador livre.

A viagem de hoje se completa com uma reverência a Luiz Raphael, artista que manteve às próprias custas a casa onde o poeta Augusto dos Anjos passou os últimos dias de vida. Com sua dedicação a Leopoldina, Raphael foi guardião de muito material que pessoas insensíveis descartavam. Inclusive um grande número de cópias dos Requerimentos para o Registro de Estrangeiros determinado pelo Decreto 3010 de 20 de agosto de 1938, preenchidos pelos imigrantes que viviam em Leopoldina. Foi a única referência para alguns estrangeiros não identificados nas demais fontes disponíveis.


Fontes de referência:

1 – Relatório da companhia, disponível no Centro de Documentação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, rua General Canabarro nr. 706, Rio de Janeiro, RJ.

2 – Recenseamento do Brasil em 1872. Segunda Parte: Província de Minas Geraes. Publicação do Serviço Nacional de Estatística.

3 – Gazeta da Tarde (Rio de Janeiro) 11 maio 1881, ed 111, p.1, col.3.

4 – Ata de fundação do Club da Lavoura, 1884, Arquivo da Câmara Municipal de Leopoldina.

5 – Jornal do Commercio (Rio de Janeiro) 10 julho 1884, ed 145, p.3, col.7.

6 – MONTEIRO, Norma de Góes. Imigração e Colonização em Minas 1889-1930. Belo Horizonte: Itatiaia, 1994. p. 63 e 110.

7 – REZENDE, Francisco de Paula Ferreira de. Minhas Recordações. Belo Horizonte: Itatiaia, 1988. p. 420

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA

Publicado na edição 384 no jornal Leopoldinense de 16 de julho de 2019

 

José Marinho do Amarante

Primeira geração

1.  José Marinho do Amarante Casou com Maria L. Teixeira.

Filho/a deste casamento:

+         2   M       i.          Avelino Marinho do Amarante nasceu cerca de 1859 em Vila Chão, Portugal.

Segunda geração (Filhos)

2.  Avelino Marinho do Amarante (José Marinho do 1) nasceu cerca de 1859 em Vila Chão, Portugal.

•  Eleitor, em 1892, em Leopoldina, MG.

•  Inspetor Escolar, em 1910, em Ribeiro Junqueira, Leopoldina, MG.

•  Morava a 27 Dez 1913 em Ribeiro Junqueira, Leopoldina, MG.

Avelino casou com Mariana Esmeraldina Teixeira Dutra, filha de José Tomaz Dutra e Maria do Carmo Teixeira Marinho,  a 28 Jun 1886 em Leopoldina, MG. Mariana nasceu em Leopoldina, MG, e faleceu antes de 1913.

Filhos deste casamento:

+         3   M       i.          José Marinho Amarante nasceu a 19 Abr 1887 em Leopoldina, MG, e faleceu em Leopoldina, MG.

4   M      ii.          Antonio nasceu a 21 Ago 1889 em Leopoldina, MG.

5   M     iii.          Avelino nasceu a 4 Fev 1891 em Leopoldina, MG, e faleceu cerca de Jun 1896 em Ribeiro Junqueira, Leopoldina, MG.

6   M    iv.          Agostinho Dutra Amarante nasceu a 7 Mai 1892 em Leopoldina, MG.

7   F       v.          Elvira nasceu a 14 Dez 1893 em Leopoldina, MG.

8   M    vi.          Pedro nasceu a 26 Fev 1895 em Leopoldina, MG.

9   F     vii.          Maria Amarante nasceu a 24 Mai 1896 em Ribeiro Junqueira, Leopoldina, MG.

10   M  viii.          Joaquim Amarante nasceu a 16 Ago 1897 em Ribeiro Junqueira, Leopoldina, MG.

11   M    ix.          Custódio Marinho Amarante nasceu a 16 Abr 1901 em Leopoldina, MG.

12   M     x.          Waldemar Marinho Amarante nasceu a 2 Out 1902 em Leopoldina, MG.

13   F      xi.          Eulalia Marinho Amarante nasceu a 27 Ago 1906 em Ribeiro Junqueira, Leopoldina, MG.

Eulalia casou com Aristóteles Borges Barcelos, filho de Antonio Borges Barcelos e Ana Soares,  a 4 Jan 1933 em Conceição da Boa Vista, Recreio, MG. Aristóteles nasceu a 6 Nov 1906 em Ribeiro Junqueira, Leopoldina, MG.  Aristóteles também usou o nome Aristides Borges Barcelos.

14   M   xii.          Carlos Marinho Amarante nasceu depois de 1906.

15   M  xiii.          Manoel nasceu a 24 Set 1908 em Leopoldina, MG, e faleceu em Mai 1910 em Leopoldina, MG.

Avelino a seguir casou com Bertholina Rego.

Terceira geração (Netos)

3.  José Marinho Amarante (Avelino Marinho do 2, José Marinho do 1) nasceu a 19 Abr 1887 em Leopoldina, MG, e faleceu em Leopoldina, MG. Baptizado a 20 Jul 1887 em Leopoldina, MG.

•  Aluno da Escola das Palmeiras, Professor Miguel T. Júnior, a 22 Nov 1899, em Leopoldina, MG.

•  Matriculado na Escola Normal do Ginásio Leopoldinense, em 1907, em Leopoldina, MG.

•  Formou-se na Escola Normal do Ginásio Leopoldinense, em 1909, em Leopoldina, MG.

•  Professor de Escola Estadual, em 1911, em Providência, Leopoldina, MG.

José casou com Albina Monteiro, filha de João Teixeira Monteiro e Ana Dias Moreira.

Filhos deste casamento:

16   F        i.          Celia nasceu a 24 Nov 1915 em Leopoldina, MG.

17   M      ii.          José nasceu em Mar 1917 em Leopoldina, MG.

Fontes Consultadas:
Arquivo da Câmara Municipal de Leopoldina, Alistamento Eleitoral século XIX.
Arquivo da Diocese de Leopoldina, lv 02 bat fls 187 termo 1745; lv 03 bat fls 118v termo ordem 1158 e fls 194v termo 170; lv 04 bat fls 67 termo 818; lv 05 bat fls 19 termo 545 e fls 84 termo 350; lv 06 bat fls 115v termo 165; lv 07 bat fls 30v termo 1106; lv 09 bat fls 66v termo 93; lv 10 bat fls 23 termo 224; lv 12 bat fls 78 termo 155; lv 16 bat fls 17v termo 85 e fls 88v termo 254; lv 1 cas fls 150 termo 95.
Cartório de Registro Civil de Recreio, MG, lv 5 cas fls 162.
Cartório de Registro Civil de Ribeiro Junqueira, Leopoldina, MG, lv 2 óbitos fls 23 e.lv 5 nasc fls 126v.
Cartório de Registro de Imóveis de Leopoldina, MG, tabelião Lauro Guimarães, lf 78, fls 7 a 9.
Gazeta de Leopoldina: 1 maio 1910 pag 1; 12 maio 1910 pag 1; 23 de março de 1916, ed.264, p.1 e 3 dez 1899 ed 34 pag 2.
Igreja Menino Deus, Recreio, MG, lv 5 cas fls 73.
LAEMMERT, Eduardo e Henrique. Almanak Laemmert (Rio de Janeiro: 18--;), 1911 pag 3127.
OLIVEIRA, Paloma Rezende de Oliveira. Escola Normal do Ginásio Leopoldinense e o projeto educativo de formação das elites da zona da mata mineira (Florianópolis(SC): Encontro Nacional da ANPUH, 2015), p.16.