Imaginar o Passado

Atualmente os meios de comunicação permitem encontrar, rapidamente, as informações que nos interessam. E no burburinho cotidiano vamos observando que as novas tecnologias começam a abrir espaço para um novo olhar sobre o passado, não se restringindo a outros usos que delas fazem este ou aquele público. Referimo-nos, especificamente, a mensagens de jovens leitores deste blog que trazem o testemunho de estupefação diante do que aqui tem sido escrito. A surpresa que manifestam está vinculada, no mais das vezes, a uma visão estereotipada do que tenha sido a região onde seus antepassados viveram. E nos perguntam se vamos publicar um livro para recontar a história.

Não existe, a priori, a idéia de publicar um livro. Até porque, se olharmos o livro como suporte de textos, podemos dizer que este blog também o é. Muda apenas a maneira de fazer chegar a informação ao leitor.Mas o que nos leva a descartar a idéia do livro, em papel, é a intenção de submeter nossas observações aos leitores e poder reescrevê-las sempre que necessário. O livro impresso limitaria este objetivo a uma data de fechamento. O que nos parece mais adequado, no momento, é continuar postando comentários e esporadicamente montar um texto índice dos temas tratados, ampliando as funcionalidades que o blog oferece.

Outro aspecto que afasta a idéia de um livro de história é pensar nele como um conjunto coerente de textos sobre determinado assunto. A nosso ver, seria outra limitação. Afinal, acreditamos que história e memória são formas narrativas que trazem o fato acontecido para o presente, permitindo que o leitor reelabore o acontecido através de sua própria imaginação. Desta forma, cada leitor interpreta o texto de acordo com sua própria visão de mundo, visão que se forma na medida em que cada um se insere na cultura, no seu meio social. Se nos dispusérmos a escrever um livro de história, certamente estaremos enfeixando num volume a nossa percepção dos fatos. Entretanto, nosso objetivo atual não é divulgar nossa posição, mas colaborar para que outros tenham acesso às mesmas informações que recolhemos ao longo da nossa trajetória de pesquisas.

 Convidamos o leitor interessado a visitar o endereço http://nuevomundo.revues.org/document1499.html onde se encontra um texto de  Sandra Jatahy Pesavento denominado “Palavras para crer. Imaginários de sentido que falam do passado”. Nele a autora ressalta que “aquilo que se rememora e que se presentifica no discurso histórico e no discurso memorialístico pertence a um tempo físico já escoado e irreversível”. O que nós pretendemos, ao publicar extratos de documentos, é permitir que nossos leitores construam seus próprios discursos sobre este tempo escoado, reinterpretando os fatos através da imaginação assim despertada. Já se vai longe o tempo em que os estudantes viam a história como uma “disciplina chata”, cheia de datas e nomes que precisavam decorar para a prova. Não, não é esta a história que nos atrai. Antes, pelo contrário, queremos é um espaço de reflexão, uma fonte para despertar nosso imaginário e nos permitir reconstruir o mencionado tempo escoado. Em seguida, partindo dele, teremos descoberto um novo olhar sobre o presente que nos envolve.

O Direito ao Passado

A leitura de um artigo de Maria Célia Paoli, disponível em http://www.fae.ufmg.br/labepeh/PREFEITURA/memoriahistoria.pdf, suscitou uma série de reflexões sobre o que está sendo feito pela construção da cidadania em nossos espaços educativos, seja nas escolas ou nas demais instituições. Com o título “Memória, História e Cidadania: o direito ao passado”, logo no início a autora diz que,

“quando se fala em patrimônio histórico, pensa-se quase sempre em uma imagem congelada do passado. Um passado paralisado em museus cheios de objetos que ali estão para atestar que há uma herança coletiva – cuja função social parece suspeita. Monumentos arquitetônicos e obras de arte espalhadas pela cidade, cuja visibilidade se achata no meio da paisagem urbana, Documentos e material historiográfico que parecem interessar somente a exóticos pesquisadores.”

Por conta desta visão parcial, que não percebe o homem construindo e reconstruindo o espaço, muitas vezes nos sentimos meio deslocados quando sugerimos uma atividade de resgate cultural em nossas pequenas cidades. Quantas vezes recebemos, como resposta, um olhar de descrédito e palavras desestimulantes, geralmente repetindo velhas fórmulas sobre o desinteresse dos moradores?

Por isto as palavras de Paoli se revestem de um significado especial. Neste artigo ela ressalta que as posições antagônicas, como pensar que tudo deve ser conservado em contraposição aos que defendem a substituição pelo moderno, indica um modo de pensar a história de forma totalmente abstrata. Segundo a autora,

“Isto aponta claramente para uma sociedade destituída de cidadania, em seu sentido pleno, se por esta palavra entendermos a formação, informação e participação múltiplas na construção da cultura, da política, de um espaço e de um tempo coletivos.”

O que nós, os “exóticos pesquisadores” queremos, é manter abertas outras portas que permitam ao cidadão repensar sua posição no mundo, fazer escolhas, ser informado e participar da construção de seu próprio tempo.

Este nosso comentário objetiva manifestar a grande satisfação com a notícia de que o poder público de Recreio está empenhado em ampliar a agenda da Exposição Agro-Pecuária de 2007. Durante o evento, será realizada uma exposição fotográfica, com a curadoria de Pedro Dorigo, constando de imagens da cidade e de muitos dos personagens que construíram a história de Recreio.

Atos Públicos

A distância no tempo pode levar-nos a interrogações curiosas. Uma delas: onde eram realizadas as eleições, já que não havia prédio público em Recreio?

Em primeiro lugar cabe ressaltar que no século XIX as eleições eram realizadas, na maioria das vezes, na Igreja. A designação do local era feita pela Presidência da Província. Quando algum motivo impedisse o uso do espaço da Igreja, era então determinado um outro local. É o que podemos observar no seguinte trecho do Relatório da Presidência da Província de 13 de abril de 1886, página 21:

“Achando-se em obras a casa do cidadão Ignacio Ferreira Brito, anteriormente designada para n’ella celebrarem-se os actos eleitoraes da parochia da Conceição da Boa Vista, designei, a 28 de outubro, o predio do Exm. Barão de Avellar Resende para aquelle fim, tendo em vista a informação da camara municipal da Leopoldina, datada de 23 de setembro, e o art. 94 do decreto n. 8213 de 13 de agosto de 1881”

Importante lembrar que o título de Barão de Avelar Rezende foi concedido a 9 de setembro de 1882 a Quirino de Avelar Monteiro de Rezende. Parece-nos que é o mesmo personagem conhecido por Quirino Ribeiro Monteiro de Rezende, cujo casamento havia sido celebrado na Matriz de Conceição da Boa Vista em 1862. A família deste titular do império estava radicada no distrito desde 1838, onde formou a Fazenda Saudade que passou a pertencer ao distrito de Santa Isabel (Abaíba), criado em 1890.

Antigos Hotéis de Recreio, MG

No post publicado no dia 1º de janeiro de 2007, informamos que o Arraial Novo contava com dois locais de hospedagem, conforme se depreende da análise do livro do Cartório de Notas de Conceição da Boa Vista 1884-1885, folhas 124 a 127. Comentando tal informação, escreve Pedro Dorigo:

“Quando criança, lembro-me de dois hotéis, em Recreio: Hotel Pinho, de propriedade (ou arrendamento) de Sebastião (Zim) Teixeira de Castro [filho de José Teixeira de Castro e Francisca de Almeida]; Hotel Recreio, do Sr. José Moreira. Mas é claro que houve outros proprietários. Sei que o Hotel Recreio, talvez nas primeiras décadas de 1900, pertenceu ou foi arrendado por Serafim Coimbra e que o Hotel Pinho pertenceu à mesma família proprietária do Bazar Pinho [antigo Empório Tomasco], pais de Guilhermino Martins.”

Aproveitamos este comentário para lembrar que, com o novo destino dado a uma parte da Fazenda Laranjeiras, foi necessário atender a demandas específicas do espaço urbano. Entre elas, locais de hospedagem e um comércio mais diversificado como o representado pelo Empório Tomasco, depois Bazar Pinho, abaixo em fotografias que farão parte de uma exposição programada para julho deste ano de 2007. Acrescentamos, para melhor esclarecimento dos leitores, que Guilhermino Martins era genro, e não filho dos proprietários do Hotel Pinho, conforme informou sua bisneta Mercês Martins Simão.

Esta fotografia foi tomada, provavelmente, na primeira década do século XX. A localização do prédio é a esquina diagonal oposta à do extinto casarão dos Melido.
Nesta outra imagem a casa comercial já está com o nome Bazar Pinho. A data no alto do prédio, pouco abaixo do telhado, é 1912 ou 1914. Atualmente o prédio pertence a Arcelino de Oliveira Simão (genro de Guilhermino Martins, antigo proprietário, e filho de Américo Simão),cuja praça, em frente, leva o nome de seu pai.

Recreio, MG: o Triângulo

Ao serem publicadas as informações sobre os primeiros aforamentos, nosso parceiro Pedro Dorigo lembrou-se das versões que vem recolhendo entre os moradores mais antigos de Recreio. Segundo Astor Antonio Diehl, em seu livro Do Método Histórico, “o pensar histórico terá plausibilidade […] se for baseado no princípio da fundamentação argumentativa” (p.23) É a este pensar histórico que nos propomos, ao avaliarmos os documentos do passado à luz de outras fontes. É o mesmo Diehl quem nos ensina que um dos passos da metodologia da pesquisa histórica é a interpretação, momento em que são “analisadas as informações levantadas sobre as experiências do passado através da crítica das fontes” (2001, p. 25).

Esclarecendo um pouco mais a nossa base teórica, remontamos a Hebe Castro que, no artigo História Social publicado em Domínios da História (organização de Ciro Cardoso e Ronaldo Vainfas) lembra que “as vivências históricas individuais, passíveis de serem parcialmente reconstituídas, [constituem] um nível privilegiado de observação para rever e formular novos problemas à explicação histórica”(1997, p.53)

Assim é que transcrevemos o comentário de Pedro Dorigo, com o objetivo de abrir um novo olhar sobre informações de fonte oral que enriquecem a pesquisa que estamos realizando sobre a história de Recreio.

“Há muito venho ouvindo uma versão oral sobre a existência de uma Estação Recreio anterior à atual. Se houve, parece que se localizaria no  “Triângulo”. Presumo isso a partir das informações sobre a  localização dos primeiros aforamentos. Veja aqueles cujos limites ao fundo  se referem à Estrada de Ferro Alto-Muriaé. Se a Estrada de Ferro Alto-Muriaé  e a Estrada de Ferro Leopoldina, desde as respectivas inaugurações, nunca  mudaram os seus traçados originais, a única parte da cidade em que há ou  havia uma rua com casas de frente para a Estrada Ferro Leopoldina e fundos  para a Estrada de Ferro Alto-Muriaé é exatamente a região do “Triângulo”,  conforme demonstro no meu tosco desenho e numa combinação de fotografias  aéreas atuais. Neste local há ainda muitas moradias bastante  antigas e, pelo que conheço, é certamente um dos locais mais antigos da  cidade, quiçá o mais antigo. É provável, neste caso, que a segunda estação  tenha sido construida um pouco mais para trás, visando atender as duas linhas.”

Obras Públicas

Escreve-nos Alcindo Pereira, do Mato Grosso, contando que freqüentou a cidade de Recreio na adolescência, mais especificamente o distrito de Conceição da Boa Vista. Menciona a igreja católica local, cuja imponência encantava moradores e visitantes do lugar. Pergunta sobre a conservação do espaço público e relata que ouvia os moradores locais dizerem que o distrito fora abandonado quando os Ferreira Brito resolveram mudar a sede para mais perto de sua fazenda.

Não temos informações abrangentes para comentar o assunto. Entretanto, lembrando que nossos estudos são concentrados no século XIX, e portanto não abrangem a história recente de Recreio, podemos informar que continuaram sendo realizadas obras públicas no distrito de Conceição da Boa Vista nos primeiros anos do então Arraial Novo, depois distrito de Recreio. Nos livros de Atas da Câmara Municipal de Leopoldina observamos que houve algum cuidado em atender a população local, sempre que um requerimento de melhorias chegava àquela Casa.

Citamos, por exemplo, o pedido de obras no Largo de Santo Antônio encaminhado à Câmara Municipal de Leopoldina por Francisco Ferreira Brito. O serviço foi realizado pelo Alferes Manoel Maria de Gouvea, constando de um aterro no logradouro. Pela obra a Câmara Municipal de Leopoldina pagou a quantia de 1 conto e 500 mil réis, havendo menção à liquidação no livro do Cartório de Notas de Conceição da Boa Vista de 1883-84, folhas 123 e verso, com data de 3 de julho de 1884.

Inauguração das Estações da Leopoldina na região de Recreio, MG

Alguns estudiosos das ferrovias brasileiras costumam alertar sobre a impossibilidade de determinar a data correta em que muitas estações começaram a operar. Tal ocorre porque, em diversos casos, a inauguração festiva ocorreu algum tempo depois do início das operações, em função de adequação da agenda da autoridade convidada para o evento. Em outros casos, outros foram os óbices.. A estrada ficou pronta, a estação devidamente aparatada para receber cargas e passageiros mas as composições só chegaram muito tempo depois. Algumas vezes a inauguração oficial pode ter ocorrido mesmo assim, sendo a linha utilizada apenas no dia da festa, com a comitiva transportada por um vagão especial que jamais tornaria a passar por ali. Enfim, são muitas as possibilidades e não caberia, neste espaço, discuti-las.

Nosso interesse, ao buscarmos as datas, é apenas fixar o período aproximado em que a paisagem de determinado local passou a sofrer as alterações advindas do novo meio de transporte. Muito embora nem todos os autores concordem, há os que afirmam que a abertura da Estrada de Ferro da Leopoldina objetivava prioritariamente o transporte de cargas e só posteriormente foi planejada a circulação das composições mistas, de cargas e passageiros. De toda maneira, mesmo quando eventuais viajantes se aboletavam no meio dos produtos agrícolas para dirigirem-se a outra localidade, o transporte ferroviário já houvera modificado profundamente o modo de vida local.

Comparando as informações obtidas nos Relatórios da Presidência da Província de Minas Gerais e no Almanak Laemmert com os dados das Efemérides Mineiras de José Pedro Xavier da Veiga, temos o calendário a seguir.

8 de outubro de 1874 – inauguradas as estações Porto Novo (Além Paraíba), Pântano (depois Antônio Carlos, atual Fernando Lobo) e Volta Grande. A estação de São José, localizada entre a Porto Novo e a Pântano, só foi construída mais tarde, com o objetivo de desafogar a estação Porto Novo que era o ponto de ligação da Estrada de Ferro Pedro II com a Leopoldina.

10 de dezembro de 1874, inauguradas as estações São Luiz (Trimonte) e Providência.

1875 – início das operações na estação São Martinho e conclusão do assentamento dos trilhos até Santa Isabel (Abaíba)

25 de maio de 1876 – inaugurada a estação Santa Isabel (Abaíba)

entre junho e agosto de 1876 – inauguradas as estações Recreio e Campo Limpo (Ribeiro Junqueira)

02 de julho de 1877 – inauguradas as estações Vista Alegre e Leopoldina.

Dezembro de 1877 – inaugurada a estação Santa Rita (Cataguases). A estação de Aracati, localizada entre Vista Alegre e Cataguases, só foi construída mais tarde, tendo sido inaugurada a 21 de setembro de 1885.

O outro ramal registra as seguintes datas de inauguração, relativas a localidades com as quais a população do Arraial Novo (Recreio) mantinha mais freqüentes contatos:

26 de abril de 1883 – estação São Joaquim (Angaturama)

11 de maio de 1883 – estação Tapirussu (depois Aliança, atual Cisneiros)

09 de junho de 1883 – estação Palma

04 de dezembro de 1884 – estação Banco Verde

23 de março de 1885 – estação Morro Alto

26 de abril de 1883 – estação São Joaquim (Angaturama)

Movimento da Estrada de Ferro da Leopoldina

Atendendo consulta de um visitante deste blog, voltamos a mencionar a Estrada de Ferro da Leopoldina para explicar que nosso interesse encontra-se nos 112 km que ligavam a Estação Porto Novo, da Estrada de Ferro Pedro II, à cidade de Cataguases. Neste percurso funcionavam, em 1878, as seguintes estações: Porto Novo, São José, Pântano, Volta Grande, São Luiz, Providência, Santa Isabel, Recreio, Campo Limpo, Vista Alegre, Leopoldina e Cataguases.

Segundo a tabela publicada no Almanak Laemmert, as viagens do trem de carga obedeciam ao seguinte horário:

Chegada

Partida

Porto Novo

2h00

São José

2h06

2h08

Pântano

2h26

2h28

Volta Grande

2h58

3h03

São Luiz

3h23

3h28

Providência

3h40

3h47

Santa Isabel

4h19

4h23

Recreio

4h39

4h43

CampoLimpo

5h09

5h14

Vista Alegre

5h30

5h34

Cataguases

6h10

6h30

Vista Alegre

7h06

7h10

Campo Limpo

7h26

7h30

Recreio

7h56

8h00

Santa Isabel

8h16

8h20

Providência

8h50

8h55

São Luiz

9h07

9h12

Volta Grande

9h33

9h38

Pântano

10h08

10h12

São José

10h30

10h32

Porto Novo

10h40

Na parte da tarde, em alguns dias da semana havia uma segunda viagem.

A estrada era também percorrida pelo trem misto, de carga e passageiros. Além disso, entre as estações de Vista Alegre e Leopoldina circulavam composições saindo de Leopoldina nos horários de 6h30, 7h41, 11h32 e no percurso inverso, ou seja, saindo de Vista Alegre com direção a Leopoldina às 7h15 e às 11h00, tanto para carga como para o trem misto.

Desta forma, o que se pretendia é que a ferrovia atendesse à demanda pelotransporte de passageiros e carga entre as cidades da região e sua conexão com as composições que do Porto Novo seguiam para o Rio de Janeiro ou, a partir de Três Rios, para outras cidades mineiras.

Processo José Correia de Lacerda

Concluímos nossos comentários sobre os antigos moradores, referidos nos Mapas de População, com este membro da família Lacerda. Sua esposa é algumas vezes referida como Maria Teodora e em outras como Maria Vitória. O casal procedia da região de Bom Jardim de Minas.

Na propriedade denominada Taboleiro, vizinha de Manoel José de Novaes, Francisco da Silva Barbosa e da fazenda da Bocaina, Processo e Maria viveram com os filhos Generosa, Manoel, Maria, e Processo.

O nome deste morador é encontrado nos documentos eleitorais de 1851, 1872 e 1873, sempre vinculado ao então distrito de Conceição da Boa Vista. No Almanaque da Província de Minas Gerais de 1875, aparece como fazendeiro de café.

Manoel José de Novaes

Foi na contagem populacional de 1838 que encontramos o sobrenome Novaes ou Navaes em terras do então Curato do Feijão Cru. Procedente de Bom Jardim de Minas, onde nasceu na última década do século XVIII, Manoel José de Novaes era filho de Domingos José de Novaes e de Genoveva Maria do Rosário, sendo neto paterno dos açorianos Antônio Dias Novaes e Ana de Ferres. Seus avós maternos foram Lázao Medeiros e Rosa Maria do Rosário.

No dia 22 de junho de 1808, na Ermida dos Lacerda, em Bom Jardim de Minas, foi celebrado o casamento de Manoel com Ana Francisca Garcia, filha de José Garcia e Maria do Rosário. Natural de Aiuruoca, Ana Francisca vem trazer para nossos estudos outra família que ocupou terras da região, já que os Garcia de Matos aí deixaram numerosa descendência.

Pelo Registro de Terras de 1856 soubemos que Manoel José de Novaes e Ana Francisca Garcia formaram o Sítio das Saudades, às margens do Pomba, tendo como vizinhos Mariana Pereira Duarte, Francisco da Silva Barbosa, Processo José Corrêa de Lacerda, Pedro Belarmino da Silva, Pedro Moreira de Souza, Francisco Martins de Andrade e Pedro de Oliveira. Acreditamos que a propriedade estivesse situada nas proximidades da atual divisa entre Recreio e Laranjal, dentro do distrito de São Joãquim, hoje Angaturama. Em 1878 a propriedade é citada como limítrofe ao então criado distrito de Campo Limpo.

Localizamos sete filhos de Manoel e Ana Francisca: Vicência, João, Sebastião, Antônio, Francisco, Pedro e Manoel. Mas de apenas três deles temos informações sobre descendentes.

Vicência Ferreira Neto casou-se com Francisco da Costa Muniz, filho de Manoel da Costa Muniz e Ana Joaquina. O fato de Vicência usar o sobrenome Ferreira Neto na idade adulta faz-nos suspeitar de ligação de parentesco com duas outras famílias que viveram na região: os Ferreira Brito e os Gonçalves Neto. Seus filhos foram Antonio da Costa Muniz que se casou com Antônia Porcina de Carvalho, Marciano, Maria, Filomena e Jovita.

Sebastião José de Novaes casou-se com Francisca Maria de Jesus com quem teve, pelo menos, os filhos José e Albina, nascidos em 1857 e 1859 respectivamente.

Pedro José de Novaes casou-se com Maria Tereza de Jesus, com que teve os filhos Manoel Bertoldo de Novaes e Maria Bárbara de Lacerda.  Segundo os documentos encontrados, a família de Pedro residia em Piacatuba por volta de 1882.