Integração incompleta das instituições preservacionistas e culturais de Minas Gerais foi a comunicação de Alex Guedes dos Anjos no 3º Encontro de Pesquisadores do Caminho Novo, sobre As Instituições Preservacionistas e seus Papéis Soltos. Transcrição: Nilza Cantoni. Revisão: Joana Capella.
Categoria: Minas Gerais
Estado brasileiro localizado na região sudeste do país.
Transcrição Documental: oportunidade de trabalho e desenvolvimento cultural
Com o subtítulo Da transcrição de fontes históricas à Pesquisa Acadêmica, a comunicação do professor Sheldon Augusto Soares de Carvalho versou sobre a transcrição documental com o enfoque da oportunidade de trabalho e desenvolvimento cultural que a atividade oferece. Ao iniciar a apresentação, o palestrante lembrou que não há como falar da árvore e de seus frutos sem se referir à terra onde a semente foi depositada e, portanto, ele não poderia discorrer sobre o própria trajetória acadêmica sem mencionar três grande ícones da sua formação: a professora Edna, de História Local, no início de sua vida universitária; o professor Luiz Mauro, que o encaminhou para os primeiros passos na transcrição documental; e o professor Francisco Oliveira, também, contratante de seus serviços desde o início. Os três representam, portanto, a ancestralidade acadêmica do hoje Mestre e Doutorando Sheldon Carvalho.
Em razão do investimento destes três personagens em sua formação profissional, o professor Sheldon sentiu necessidade de abordar o ofício do transcritor neste 3º Encontro de Pesquisadores do Caminho Novo. E declarou fazê-lo partindo de um conceito de Cristóvam Buarque em Revolução Educacionista que é a produção do capital conhecimento por meio da educação e da produção intelectual. Esta questão envolve a pesquisa e a transcrição documental, intimamente envolvidas com a geração do capital conhecimento.
Após esta introdução o palestrante discorreu sobre sua trajetória iniciada na disciplina História Local, com a leitura e análise do inventário de uma preta forra de nome “Vitória da Silva” datado de 1805. Logo depois veio a primeira oportunidade e experiência de trabalho como leitor e transcritor de fontes históricas com o “livro de contas de José Aires Gomes”. Em continuidade ao seu processo de profissionalização vieram as transcrições de sesmarias e de registros paroquiais de Terras para os historiadores e escritores de história local e Regional: Luiz Mauro Andrade da Fonseca e Francisco Rodrigues de Oliveira.
Lembrando o desafio que é uma transcrição, informou que estes trabalhos lhe permitiram financiar sua formação acadêmica, o que lhe faz declarar que a leitura e a transcrição documental representam um setor promissor de investimento, tanto por parte do escritor, quanto por parte do pesquisador e transcritor. Hoje, informou Sheldon Carvalho, há uma equipe técnica que trabalha sob sua orientação e este grupo vem produzindo novas bibliografias. Surgiu, também, a função de consultor de transcrições por ele realizada para diversos autores que o procuram.
Foi destacado que a atividade de transcrever documentos para terceiros deixou de ser um trabalho eventual para se transformar num negócio que representa, também, desenvolvimento para a cidade, conforme está ocorrendo com a nova coleção da História da Vida Privada, cujo representante procurou a equipe de Barbacena para encomendar transcrições. Ou seja: o arquivo de Barbacena estará registrado nesta grande coleção acadêmica.
As transcrições para terceiros ampliam o manancial de conhecimentos teóricos e metodológicos do pesquisador, forçando-o a se aperfeiçoar cada vez mais. Importante destacar que é um setor com pouca concorrência e de extrema peculiaridade. Quem domina este conhecimento tem um poder nas mãos.
A atividade, que financiou o mestrado e hoje financia o doutorado do professor Sheldon, gera desenvolvimento cultural e acadêmico por meio do avanço de pesquisas em diversos campos do saber, bem como por meio de consultorias sobre fontes históricas regionais. Foi lembrado, ainda, que a maior parte das transcrições para outras pesquisas serviram de complemento empírico ou também acrescentaram volume às fontes utilizadas em suas pesquisas de doutorado. Como exemplo citou a pesquisa em dois livros de registros de terras a pedido de Francisco de Oliveira, cujas transcrições estão arquivadas em seu acervo pessoal e atualmente estão sendo utilizadas para escrever o primeiro capítulo de sua tese de doutorado.
Sheldon Carvalho mencionou também a formação de um campo econômico e lucrativo de trabalho somado à esfera de qualificação profissional especializada, como também à produção cultural consoante ao trabalho com as fontes arquivísticas. Tal situação acelera e gera um maior desenvolvimento no volume de pesquisas e situações novas como as oficinas que realizará com seus alunos de Lafaiete e que nasceram da atividade de um deles, pesquisador do arquivo dos mórmons (Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias).
A comunicação foi concluída com a apresentação da síntese a seguir:
- Pesquisador/Transcritor + Equipe programadora e revisora + escritor = agilidade e redução de tempo na conclusão de trabalhos;
- Utilização de grande parte das fontes pesquisadas para particulares em pesquisas de mestrado e doutorado;
- Fornecimento de documentos transcritos para outros pesquisadores gerando ganho financeiro duplo ou triplo;
- O ofício de transcritor testemunha ao mesmo tempo a necessidade do pesquisador estar dentro dos arquivos tendo contato com as fontes em razão do diálogo com as mesmas, surgindo daí novos métodos, novos problemas, novas hipóteses e novos objetos.
A coleta de dados, lembrou Sheldon Carvalho, é bastante peculiar. Se a pessoa não estiver envolvida intimamente com a documentação e com a metodologia da pesquisa, será aberta uma lacuna intransponível. Portanto, trata-se de uma área que envolve investimento econômico, cultural e educacional. O ofício de transcrição é um setor promissor da economia, que gera outras atividades também de viés econômico como vem ocorrendo em Conselheiro Lafaiete com o trabalho realizado no Arquivo Perdigão.
Paleografia e dificuldades da leitura documental
Paleografia na Pesquisa Histórica foi a comunicação de Jairo Braga Machado sobre Leitura Documental, realizada no dia 29 de junho de 2012 em Conselheiro Lafaiete, por ocasião do 3º Encontro de Pesquisadores do Caminho Novo. Transcrição: Nilza Cantoni. Revisão: Joana Capella.
Abertura do 3º Encontro de Pesquisadores do Caminho Novo
O professor Luiz Mauro Andrade da Fonseca iniciou sua fala lembrando que o Encontro de Pesquisadores é uma confraria de amigos, profissionais, pesquisadores e memorialistas para a qual não é necessária muita formalidade. O mais importante, disse ele, é o contato entre os participantes, apresentando pesquisas e novas fontes bibliográficas.
Passou a palavra ao professor Francisco Rodrigues de Oliveira, também organizador do evento, que deu as boas vindas aos presentes e agradeceu à professora Mauricéia Maia pela boa vontade, hospitalidade e acolhida, bem como pela estrutura que ofereceu para o Encontro.
Em seguida a professora Mauricéia dirigiu algumas palavras ao grupo, agradecendo a presença de todos e desejando que tivessem um bom dia de trabalho, bastante frutífero, com uma rica troca de informações. Falou de sua satisfação pelo 3º Encontro realizar-se em Conselheiro Lafaiete e colocou-se à disposição.
A seguir divulgaremos o conteúdo das comunicações realizadas no dia 29 de junho de 2012, em Conselheiro Lafaiete, por um grupo de pesquisadores que estuda temas relacionados ao Caminho Novo.
No sertão, o lugar das minas.
O texto oferece uma reflexão acerca da formação espacial de Minas Gerais no começo do século XVIII. A perspectiva fundamental defendida é a da centralidade da mineração na configuração e organização do espaço urbano. Ressalta-se a necessidade de se pensar essa especificidade urbana como intimamente relacionada à natureza da atividade mineradora e às particularidades da ocupação desse território. A interpretação desse processo de construção coletiva do espaço se dá no diálogo com fontes coevas, como o Triunfo eucarístico e o Códice Costa Matoso, assim como com os principais marcos da historiografia pertinente.
Texto completo: Cunha
Práticas políticas de Antigo Regime
Demografia Histórica de Minas Gerais no Período Colonial
“Nesta comunicação arrolamos alguns dos resultados de nossos estudos concernentes a certos núcleos populacionais existentes em Minas Gerais no período colonial brasileiro. Não se trata, pois, de um sumário exaustivo de nossos trabalhos; selecionamos, tão somente, uma série de observações que, embora superficialmente, ilustram o esforço que temos votado ao entendimento dos processos demográficos e econômicos verificados na área de Minas Gerais na qual predominou a exploração do ouro e das pedras preciosas. Deve-se frisar, ademais, que nossas pesquisas, conquanto se refiram a parcela significativa dos centros mineratórios e a amplo lapso temporal, não abarcam a totalidade da população mineira nem abrangem todo o período colonial.”
O Caminho Velho das Minas
Por André Rezende Guimarães
Leia o texto:
guimaraes_o-caminho-velho-das-minas.pdf (objeto application/pdf)
População de Minas Gerais na segunda metade do século XIX: Novas Evidências
“Em 12 de novembro de 1861, o Presidente da Província de Minas Gerais enviou aos vigários das paróquias mineiras um ofício onde ordenava que fossem fornecidas informações sobre a população e as indústrias de cada freguesia, segundo um modelo padronizado de formulário7. Neste, deveria constar o nome da freguesia e o município ao qual ela pertencia, a data em que foi preenchido, o número de quarteirões e de fogos ou domicílios existentes, o total dos habitantes discriminados por condição livre ou escrava e sexo, o estado civil, as idades da população distribuídas em 5 faixas etárias – 1 a 7anos, 8 a 15 anos, 16 a 30 anos, 31 a 50 anos e 50 anos em diante – e as indústrias iniciaram em 1873.”
Leia o texto na íntegra:
D05.PDF (objeto application/pdf)
Profissões, atividades produtivas e posse de escravos em Vila Rica ao alvorecer do século XVIII
“Parece-nos necessário, antes de abordarmos o tema em foco, esboçar o perfil de Vila Rica, como se revelava no início do século XIX. Para tanto, servir-nos-emos das crônicas de quatro viajantes europeus: Auguste de Saint-Hilaire (visitou-a em dezembro de 1816); John Mawe (ali esteve por volta de 1809); João Maurício Rugendas (a conheceu nos primeiros anos do segundo quartel do século XIX); e, finalmente, W. L. Eschwege (chegou a Minas em 1811, residiu por vários anos em Vila Rica e a deixou em abril de 1821 para encetar viagem de retorno à Europa).”
Texto disponível em:
ar19.pdf (objeto application/pdf)


