Vulgarização: outra história para a História

A Revista Expedições: Teoria da História e Historiografia, volume 4, 2014, traz um artigo com este título, de Mary del Priore, que despertou a lembrança de outras discussões sobre o assunto. Apresentado como “uma pensata sobre as origens e a difusão da ‘divulgação científica’ e sua presença no Brasil do século XIX aos dias de hoje” o texto passeia por vários momentos do processo de vulgarização, antes de abordar a o conhecimento histórico propriamente dita.

Convidamos nossos leitores para esta leitura em que a autora nos lembra que “a história possui uma função social: a da manutenção da memória de uma nação ou de um grupo”. E ressalta:

“…os historiadores têm uma missão que é a construção da consciência histórica. Para tal, eles devem enfrentar duas tarefas contraditórias: por um lado, desmistificar os mitos consolidados pela memória coletiva, inscritos nos documentos, nos textos oficiais e na língua falada, enfim, nas construções sociais que, a sua volta, constituem a consciência comum. E por outro, participar à construção mesma desta mesma memória, ao produzir um saber que serve de referência e forma a consciência histórica dos seus contemporâneos…”

Leia o texto na íntegra, aqui.

O ofício do historiador

“A jornalista Mônica Teixeira ouve a historiadora Maria Helena Capetalo sobre a profissão de historiador. Professora Titular do Departamento de História da FFLCH / USP, Capelato aborda, entre outros temas, o papel do historiador como investigador e a ampliação do mercado de trabalho para além da docência.”

 Divulgado pela Univesptv

Memórias e diálogos que compreendem o lugar

O texto da doutoranda Sônia Barreto de Novaes, publicado no nr. 12 da Contemporâneos -Revista de Artes e Humanidades, aborda uma preocupação que aflige pensadores de várias pequenas cidades brasileiras: o encolhimento das atividades culturais, muitas vezes definidos como sendo a morte da cidade.

Novaes analisa o caso de Piracaia, SP, focando nas memórias como propulsoras da legitimação dos espaços. O resumo do artigo informa:

“Em pesquisa que está sendo realizada em uma cidade do interior paulista estamos entendendo o estreito elo entre memória e desenvolvimento cultural. Esse estreitamento é, por vezes, tão ínfimo que mal nos damos conta que o desenvolvimento do local como um todo, mas principalmente da cultura, não ocorre porque não valorizamos nossas memórias, colocando-as como mero depósito de onde podemos extrair recursos, sem, no entanto, alimentá-las. Percebemos também que, estas memórias estão nas narrativas e, o registro destas subleva sentimentos de pertencimento e permite aflorar o ser enquanto cidadão dialógico nos diferentes espaços que ocupa. Dentre as questões pautadas no dia a dia estão àquelas relacionadas ao patrimônio material e imaterial como forma de representação perene diante das imbricações desenvolvimentistas que a Cidade vem tomando. “

Leiam o texto completo neste endereço.

A história militar como a história do brasil: identidade nacional e usos do passado em Gustavo Barroso

“Gustavo Barroso (1888-1959), intelectual cearense, é comumente lembrado como estudioso do patrimônio histórico – devido a sua atuação no Museu Histórico Nacional por aproximadamente trinta e cinco anos – e partícipe da Ação Integralista Brasileira – considerado o principal expoente do antissemitismo no Brasil.”

Assim começa o artigo de Erika Morais Cerqueira publicado na Revista Expedições: Teoria da História & Historiografia V. 5, N.1, Janeiro-Julho de 2014, sob o seguinte resumo:

 Este artigo analisa algumas das ideias do intelectual Gustavo Barroso referentes à historiografia e aos historiadores do Brasil. A fonte principal é o livro A História Militar do Brasil (1938), e a abordagem focaliza a tensão — presente em seus textos e em sua época — entre a busca da imparcialidade científica e as exigências de posicionamento intelectual em defesa da nação. O objetivo é compreender a questão proposta por Barroso acerca da formação do Brasil, considerando o vínculo entre história militar e usos do passado.

Leia o artigo na íntegra neste endereço.

Atualidade de Sérgio Buarque de Holanda

Em outubro de 2014 foi postado, aqui neste blog, um link para uma das palestras do seminário com este título, realizado em 2011.

Rever aqueles vídeos fazia parte da releitura de Sérgio Buarque de Holanda iniciada no final de 2013. Além dos clássicos já conhecidos, foram lidos também o Vale do Paraíba: velhas fazendas e Capítulos de História do Império, ainda não conhecidos. E como uma coisa puxa outra, foram relidos também alguns volumes da História Geral da Civilização Brasileira porque o objetivo era relembrar a obra deste importante autor.

Completando o programa, mas sem considerá-lo ainda finalizado, aqui vai um convite para artigo de mesmo título, de Jurandir Malerba, publicado na Revista ArtCultura de 2012.

Escreveu o Professor Malerba,

“ainda nos anos 1980, pela época de minha graduação, partia de boa porção de meus professores uma espécie de interdição velada àquele historiador. […] Compensava-se a bibliografia com fartura de […] toda estirpe de nossos melhores – e piores – historiadores marxistas de diferentes épocas”

E prosseguiu declarando que a retomada de Sérgio Buarque de Holanda resultou na:

“[…] chegada, sempre tardia, de algumas perspectivas e alguns tópicos de pesquisa ao Brasil, de procedência indisfarçavelmente francesa (mas também inglesa) – como mentalidades, privacidade, quotidiano, a perspectiva dos “debaixo”, da história das pessoas comuns–, abriu campo para o resgate da obra de Sérgio, que, de resto, nunca fora totalmente ofuscada.”

Leia todo o artigo neste endereço.

Resumo:

Aula magna proferida na inauguração da Cátedra Sérgio Buarque de Holanda de Estudos Brasileiros, Lateinamerika Institut, Berlim, trata da presença de Sérgio Buarque de Holanda na historiografia brasileira, com ênfase na observação de seu estilo de escrita.

Sedução e desafios da biografia na História

Artigo dos doutorandos Priscila Musquim Alcântara de Oliveira e Alexandre Luís de Oliveira publicado no primeiro número da nova revista científica Faces de Clio, da Universidade Federal de Juiz de Fora, traz uma abordagem interessante sobre o tema. Lembram que

“A opção por manter-se fiel a cronologia da vida do biografado na escrita de uma biografia histórica pode levar o pesquisador a uma concepção que trata o indivíduo como sendo dotado de uma personalidade coerente, responsável por ações pontuais e isentas de incertezas.”

Leiam a íntegra do trabalho neste endereço.

Resumo: Este trabalho se propõe a discutir alguns problemas que perpassam a escrita biográfica e a análise de trajetórias individuais no campo da história, buscando trazer à discussão o leque de alternativas metodológicas que são possíveis ao historiador ao investigar um problema a partir do estudo de uma vida, bem como os desafios a serem transpostos ao longo deste percurso.

O uso político da Conjuração Mineira

“Um dos ideais apresentados n’O Arauto de Minas era que os inconfidentes tinham lutado com afinco pela independência do Brasil, e mesmo tendo falhado, o germe de suas aspirações à liberdade tinha permanecido latente entre seus contemporâneos.”

Declaração de Augusto Henrique Assis Resende no artigo publicado na Revista Expedições: Teoria da História & Historiografia V. 4, N.2, Agosto-Dezembro de 2013.

Resumo: Esta pesquisa propõe analisar a maneira como políticos conservadores e republicanos do último quartel do século XIX utilizaram a imagem dos conjurados mineiros para legitimar seus ideais. Monarquistas e republicanos buscariam em um passado pouco conhecido de fato, a Conjuração Mineira, um alento e uma inspiração, respectivamente a seus projetos. Do lado monarquista, um jornal de São João del-Rei – O Arauto de Minas – ligado ao partido Conservador assume a tarefa de difundir entre seus leitores e correligionários a ideia da conectividade entre o elemento simbólico da Inconfidência Mineira e o Império Brasileiro. Tal associação era baseada nos difundidos pressupostos dos conjurados: independência e liberdade; e que foram concretizados em 1822. Relativo à República, A Patria Mineira, jornal da mesma cidade defende a suposta orientação republicana dos inconfidentes. Daí surge a vindoura associação entre os inconfidentes e o novo regime, que surgiria em 1889 e que faria destes um de seus mais importantes sustentáculos. Há ainda a utilização de um terceiro jornal desta cidade mineira, O Tribunal, que é utilizado para um contraponto das ideias apresentadas nos dois primeiros.

Leia aqui a íntegra do artigo.

Paul Ricoeur e a narrativa histórica: limites no campo conceptual

Procurando artigos que tratassem de certos conceitos importantes para o fazer histórico, foi encontrado este artigo disponível aqui no endereço.

De Hélio Rebello Cardoso Júnior, foi publicado na Revista Semina, de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Estadual de Londrina.

Resumo

O tema da narrativa história tem recebido muita atenção ultimamente. Várias correntes teóricas contemporâneas se defrontam a fim de fornecer sua contribuição ao aprofundamento do tema. Aqui, procura-se apresentar o posicionamento de Paul Ricoeur, no debate da narrativa histórica, como herdeiro do pensamento fenomenológico, e, com isso, identificar as várias frentes teóricas nas quais concentram-se seus esforços.

Entre os aspectos destacados pelo autor está a distância que se observa entre o conhecimento histórico e a competência de se contar uma história que pode ocorrer em três níveis: dos procedimentos explicativos, do objeto e do tempo histórico. Cardoso Júnior comenta, então, que estes níveis de “ruptura tornam manifesta a necessidade de reatar conhecimento histórico e narrativa”.

Entendemos que isto é o que faziam, sem compromissos acadêmicos, os chamados historiadores diletantes do século XX. Através deles, muitos de nós aprendemos história regional numa época em que a escola só se ocupava da história dos grandes feitos e dos grandes heróis, mantendo-se distanciada da realidade circunvizinha.

Os Processos de Habilitação

Com o subtítulo Fontes para a história social do século XVIII luso-brasileiro, Aldair Carlos Rodrigues publicou no primeiro número da Revista de Fontes, do Departamento de História da Unifesp um artigo em que

“busca evidenciar as potencialidades dos processos de habilitação enquanto fontes para a história social do século XVIII luso-brasileiro. Serão enfocadas três tipologias: habilitações para ordens sacras, habilitações do Santo Ofício e habilitações da Ordem de Cristo. Num primeiro momento, o trabalho apresenta a estrutura geral de cada uma delas, descrevendo as suas etapas e os requisitos que apuravam. Em seguida, procura compreender suas funções e seus significados na ordem social do Antigo Regime. Por fim, aponta os cuidados metodológicos que devem ser tomados na recolha, tratamento e análise das informações contidas na documentação.”

O autor trata de um assunto nem sempre muito bem compreendido pelos pesquisadores leigos. Entre outras passagens interessantes, destacamos:

“Em síntese, além da limpeza de sangue, outros dois requisitos difíceis de ser transpostos eram cobrados nas provanças para alguém se tornar cavaleiro da Ordem de Cristo. Um deles era que os candidatos tivessem prestado serviços à Coroa, a qual, como recompensa/remuneração, concedia a mercê do hábito de Cristo.

Depois de concedido o hábito e tendo a mercê sido registrada no Registro Geral de Mercês, para serem armados Cavaleiros, os súditos deveriam passar pela habilitação da Mesa de Consciência e Ordens. Os candidatos precisavam provar que não possuíam “defeito de mecânica”, ou seja, que não tinham vivido do trabalho de suas próprias mãos, exigência esta estendida também aos pais e avós dos candidatos.”

Leia o artigo na íntegra neste endereço.

Para ler Clássicos

Interpretando ideias, universos intelectuais, obras de pensamento, falas de teóricos, conceitos e textos é o subtítulo do artigo de Ana L. O. D. Ferreira, doutoranda pel0 PROLAM da USP, publicado na revista Veredas da História, Ano V, Edição 1, 2012, pp. 94-115.

Resumo:

Este artigo tem como objetivo analisar diversas possibilidades interpretativas para o vasto campo de estudo da história da produção intelectual. Para tanto, explora sobretudo reflexões propostas pelos seguintes autores: Lovejoy, Rioux, Lefort, Skinner, Kosellek, LaCapra.

Leia o texto na íntegra aqui.