95 – Joaquim José da COSTA CRUZ: Onde tudo começou

O nome de Vista Alegre, além de recordar os versos e música do Serginho do Rock “se você está triste, Vista Alegre!…” remete, também, ao trem de verdade, à Maria Fumaça que trazia e levava o progresso pelos trilhos da inesquecível Estrada de Ferro da Leopoldina. E para aproveitar estas lembranças gostosas, o Trem de História começa hoje uma viagem pela família COSTA CRUZ e o Engenho Central Aracaty que a ela pertenceu, vizinhos da hoje abandonada Estação Ferroviária de Vista Alegre.

Para isto promete trazer, nos próximos vagões, um pouco da genealogia e do passado desta família, seus vínculos com o lugar e com as terras das duas margens do Rio Pomba, nos municípios de Leopoldina e Cataguases. Promete recordar o Engenho Central Aracaty, que parece ter emprestado seu nome ao atual distrito vizinho, Aracati.

O Aracaty foi um dos poucos Engenhos Centrais criados em solo mineiro e fazia parte de política do governo para melhorar a qualidade e alavancar a exportação do açúcar brasileiro, segundo Roberta Meira. Além de trazer informações sobre o empreendimento, a série que ora se inicia promete trazer para os dias de hoje o nome, a obra e a história do leopoldinense Dilermando Martins da Costa Cruz. Um esquecido professor, empresário, promotor de justiça, poeta brilhante, jornalista e escritor. Um dos fundadores da Academia Mineira de Letras e, hoje, patrono da Cadeira nº 15 da ALLA – Academia Leopoldinense de Letras e Artes.

Pois a viagem com a família “COSTA CRUZ” começa com Joaquim José da Costa Cruz, nascido por volta de 1816 e falecido em 24.06.1881, em Leopoldina. A mais antiga referência a ele encontrada em Leopoldina é o batismo de um filho de escravos seus, ocorrido em maio de 1855.

Sabe-se que Joaquim José era casado com Ana Joaquina Martins da Costa, filha de Manoel Martins da Costa Neto e Teresa Maria de Jesus, neta paterna de Manoel Martins da Costa Filho e Maria do Carmo Ferreira Cabral.

Em 1856, Joaquim declarou ser proprietário de aproximadamente 180 alqueires de terras nas vertentes do Rio Pomba, em Leopoldina, tendo como vizinhos: Albina Joaquina de Lacerda (Fazenda Benevolência); João Gualberto Ferreira Brito (Fazenda Fortaleza); e, terras dos Barbosa, possivelmente localizadas mais para os lados da Vargem Linda (Piacatuba).

Joaquim José e Ana Joaquina foram pais de: 1 – Teresa; 2 – Maria do Carmo; 3 – Rita; 4 -Custódio José; 5 – Manoel; 6 – Cecilia; 7 – Ana Tereza; 8 – Francisco; 9 -; 10 – Armando; e, 11 – Antonio Martins da Costa Cruz.

A primeira filha, Teresa Martins da Costa Cruz c/c João Batista Martins Guerra, filho de Quintiliano Martins da Costa e Maria Perpétua Rodrigues Guerra, que chegou a ser nomeado Juiz Municipal em 1873. O casal, Tereza e João teve, pelo menos, os filhos nascidos em Leopoldina: Armando matriculado no Colégio Caraça em 1878; Joaquim Martins Guerra, (n.1867) que se casou com a prima Cornélia Martins da Costa Cruz, filha de Antonio Martins da Costa Cruz e Carlota Rodrigues; Laura, (n.1868); Cecilia, (n.1879); Quintiliano que residia em Leopoldina em 1891; e, Laudelina c.c. Manoel Olimpio da Costa Cruz, filho de tio Antonio e Carlota, tios de Laudelina. Do casal Laudelina e Manoel são os filhos Eduardo e Joaquim. Este último, (n. 1898) em Leopoldina, foi prefeito de Cataguases.

A segunda, Maria do Carmo Martins da Costa Cruz, casou-se com Antonio José de Lima Castello Branco e com ele teve onze filhos, conforme indicado por Pedro Maciel Vidigal e dos quais foram identificados apenas os quatro a seguir, nascidos em Leopoldina: 1 – Aristides, (n.1867), c/c com Alice Spinelli com quem teve o filho Antonio. Numa segunda união, com Judith Cunha, teve os filhos Elisiário e, Judith da Cunha Castelo Branco que se casou com seu primo Luciano Jacques de Moraes; 2 – Alfredo, (n.1869), c/c Elvira Ferreira da Fonseca. Pais de Candida c/c Alfredo João Mayall; Antonio c/c Beatriz Saldanha da Gama Frota; Clotilde c/c Eugênio Pirajá Esquerdo Curty; Enéas c/c Ana da Rocha Ribas; Marcelo c/c Maria de Lourdes de Souza Lima; Sofia c/c Manoel Iberê Esquerdo Curty; Elvira, homônima da mãe, foi uma das esposas de seu primo Luciano Jacques de Moraes acima citado. 3 – Acacio, (n.1873) c/c Clotilde Ferreira da Fonseca Cortes e em segundas núpcias, com Maria Lucila de Almeida Magalhães; e, 4 – Ana, (n.1884) de quem não se tem outras informações.

Aqui é necessário que se faça uma pausa. Na próxima edição a história dos descendentes do Joaquim José da Costa Cruz continuará. Aguardem!


Fontes Consultadas:

Arquivo da Diocese de Leopoldina, lv orig misto fls 9 e lv 01 bat fls 19 termo 98, fls 194 termo 932, fls 210 termo 1008, fls 233 termo 1116, fls 266 termo 1275; lv 02 bat fls 23 termo 202, fls 166v termo 1572

Arquivo Público Mineiro, Seção Colonial, TP 114, Registro de Terras de Leopoldina, nr 24.

Cemitério Público de Leopoldina, MG Livro 1880-1887, folhas 5 sepultura 118.

Colégio do Caraça, Livro de Matrículas, nr. 1164

Gazeta de Leste Leopoldina, MG), 17 jan 1891 ed 16 pag 3.

MEIRA, Roberta Barros. Os louvores ao açúcar nas terras do café: o crescimento da produção açucareira paulista e fluminente entre 1875-1889. Revista Territórios e Fronteiras. Campo Grande-MT, v.2 n.1, p.6-26, Jan/Jun 2009. p.8

VIDIGAL, Pedro Maciel. Os Antepassados. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1979 e 1980,. v 2 tomo 2 1ª parte p 804.

PORTO, Elisa de Moraes Sobrino. Frondosas Árvores Raízes da Mineiridade. Rio de Janeiro: Razão Cultural, 1998. p. 249.

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA

Publicado na edição 348 no jornal Leopoldinense de 1 de fevereiro de 2018

48 – Joaquim Antonio de Almeida Gama: seus antepassados

Como ficou prometido no número anterior, o Trem de História continua falando sobre o autor que, em 1864 publicou as mais antigas informações sobre Leopoldina, o tenente-coronel Joaquim Antonio de Almeida Gama. Hoje, para identificar seus antepassados.

Joaquim Antonio era filho de Antonio Francisco de Almeida e Gama e de Inocencia Claudina da Costa que se casaram em Rio Preto, MG aos 12.07.1812. Ele, natural de São João del Rei onde nascera por volta de 1788, filho de Caetano José de Almeida Gama e de Antonia Maria Custódia Dias.

Sabe-se que Inocencia recebeu o sacramento do batismo(1) em Conceição de Ibitipoca em 02.10.1797 e que era filha de João Rodrigues da Costa [filho] e de Vicencia Faria Corrêa de Lacerda. Portanto, neta materna de Antonio Carlos Corrêa de Lacerda e Ana de Souza da Guarda, casal que teve muitos descendentes radicados em Leopoldina e cujos filhos Fernando Afonso e Jerônimo foram beneficiados com duas sesmarias no Feijão Cru. Vicencia nasceu e foi batizada(2) em Bom Jardim de Minas em 07.07.1759 e lá mesmo teria se casado.

Vale lembrar que Conceição de Ibitipoca, onde Inocencia nasceu, é distrito de Lima Duarte e faz divisa com Bom Jardim. Considerando-se o parentesco e a proximidade das localidades de origem, é lícito supor que Joaquim Antonio de Almeida Gama tenha sido atraído para o Feijão Cru pelos sobrinhos de sua mãe, Romão e Francisco Pinheiro Corrêa de Lacerda, que para cá haviam migrado por volta de 1830, com o objetivo de ocupar e vender as sesmarias doadas aos tios acima citados.

A avó paterna de Joaquim Antonio, a senhora Antonia Maria Custódia Dias, era filha do português de Barcelos, Manoel Martins Gomes e de Maria de Siqueira Paes, natural de São Paulo e falecida(3) no dia 28.10.1776. Já o avô paterno, Caetano José de Almeida Gama, era filho de Manoel Gomes Vilas Boas e Inacia Quiteria da Gama, sendo esta, filha de Luiz de Almeida Ramos que, por sua vez, era filho de Manoel de Paiva Muniz e Maria Ramos da Costa. Da mãe de Inacia Quiteria da Gama vem este último sobrenome. Chamava-se Helena Josefa Corrêa da Gama, sendo filha de Leonel da Gama Bellens e de Maria Josefa Corrêa, falecida(4) em 1737.

Registre-se que Joaquim Antonio veio para o Feijão Cru na mesma época de seu tio paterno, Francisco Antonio de Almeida e Gama, casado(5) em Bocaina de Minas, no dia 13.09.1812, com Maria Perpétua de Jesus que já havia falecido em 1843 quando o marido e o filho Caetano José foram recenseados no Feijão Cru. Além deste filho, sabe-se que Francisco Antonio e Maria Perpétua foram pais, também, de Joaquim Firmino que surge nas fontes leopoldinense na década de 1850, casado com Joaquina Francisca de Jesus. Já o Caetano José de Almeida Gama era casado com Carolina Teodora de Castro, com quem teve oito filhos em Leopoldina, entre 1851 e 1868.

Segundo o Registro de Terras de 1856, Francisco Antonio de Almeida Gama tinha duas propriedades. A primeira, em conjunto com seu filho Caetano José de Almeida Gama, com o nome de Fazenda Circuito(6), localizava-se numa ilha do Rio Pardo e media cerca de 220 alqueires. A outra chamava-se Fazenda Bom Retiro(7), media cerca de 70 alqueires e se localizava na margem do Rio Pomba, sendo que uma de suas divisas era com a Fazenda Benevolência, de Albina Joaquina de Lacerda, então viúva de Ignacio de Souza Werneck. Albina era filha de Álvaro Pinheiro de Lacerda e Angela Maria do Livramento, sendo meia-irmã de Romão e Francisco Pinheiro Corrêa de Lacerda e também sobrinha dos beneficiários de sesmarias que foram divididas e vendidas antes da formação do Distrito do Feijão Cru.

Por hoje o Trem de História fica por aqui. Mas voltará no próximo número do Jornal para continuar contando a história desta personalidade que ficou esquecida pelos historiadores leopoldinense. Até lá.


NOTAS:

1 – Microfilme 1.252.363 Barbacena, Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, item 02 bat fls 112-v

2 – Centro de Memória do Seminário Santo Antonio em Juiz de Fora, MG, lv bat 1772-1750 fls 120

3 – SETTE, Bartyra e JUNQUEIRA, Regina Moraes, Projeto Compartilhar (http://www.projetocompartilhar.org/), Inventários de Manoel Martins Gomes e Maria de Siqueira Paes, acesso 26 jun. 2009

4 – ASSIS, João Paulo Ferreira de. Polis 30 Um resgate da história dos municípios. Ressaquinha: s.n., 1998-2003, nr 41 fls 20

5 – Igreja N. S. da Piedade, Barbacena, MG, lv cas 1808-1826 fls 43 verso

6 – Arquivo Público Mineiro, Seção Colonial, TP 114, Registro de Terras de Leopoldina, nr 15

7 – idem, nr 16

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA

Publicado no jornal Leopoldinense de 16 de maio de 2016