Michel de Certeau: História, Cotidiano e Linguagem (Parte 2)

Michel de Certeau: História, Cotidiano e Linguagem (Parte 1)

A anotação e a escrita: sobre a história em capítulos de João Capistrano de Abreu

Maria da Glória de Oliveira

Resumo

O artigo pretende discutir os impasses entre as operações de pesquisa e escrita que marcaram os escritos de Capistrano de Abreu, com base em seu trabalho de anotação crítica da História Geral do Brasil, de Francisco Adolfo de Varnhagen, e as relações com a elaboração dos Capítulos de História Colonial.

A anotação e a escrita: sobre a história em capítulos de João Capistrano de Abreu | de Oliveira | História da Historiografia

Regras de edição de documentos no Brasil dos Oitocentos

Com o subtítulo O trabalho de Francisco Adolfo Varnhagen como editor, este artigo de Jussara Rodrigues da Silva foi publicado na Revista de Teoria da História Ano 3, Número 7, jun/2012.

RESUMO
Este trabalho tem como objetivo discutir a edição de documentos no Brasil no século XIX tomando como base de análise o trabalho de um dos principais historiadores do período: Francisco Adolfo de Varnhagen. A partir do estudo das edições críticas desse autor é possível conhecer um pouco o processo de edição documental nos oitocentos entrevendo não apenas as suas regras como também as mudanças operadas na erudição histórica no período. Assim, pretende-se percorrer o caminho traçado por Varnhagen na execução de seu trabalho como editor tentando estabelecer um sistema que definiria as regras de edição documental no Brasil oitocentista.

Transcrição Documental: oportunidade de trabalho e desenvolvimento cultural

3º Encontro de Pesquisadores do Caminho Novo

Com o subtítulo Da transcrição de fontes históricas à Pesquisa Acadêmica, a comunicação do professor Sheldon Augusto Soares de Carvalho versou sobre a transcrição documental com o enfoque da oportunidade de trabalho e desenvolvimento cultural que a atividade oferece. Ao iniciar a apresentação, o palestrante lembrou que não há como falar da árvore e de seus frutos sem se referir à terra onde a semente foi depositada e, portanto, ele não poderia discorrer sobre o própria trajetória acadêmica sem mencionar três grande ícones da sua formação: a professora Edna, de História Local, no início de sua vida universitária; o professor Luiz Mauro, que o encaminhou para os primeiros passos na transcrição documental; e o professor Francisco Oliveira, também, contratante de seus serviços desde o início. Os três representam, portanto, a ancestralidade acadêmica do hoje Mestre e Doutorando Sheldon Carvalho.

Em razão do investimento destes três personagens em sua formação profissional, o professor Sheldon sentiu necessidade de abordar o ofício do transcritor neste 3º Encontro de Pesquisadores do Caminho Novo. E declarou fazê-lo partindo de um conceito de Cristóvam Buarque em Revolução Educacionista que é a produção do capital conhecimento por meio da educação e da produção intelectual. Esta questão envolve a pesquisa e a transcrição documental, intimamente envolvidas com a geração do capital conhecimento.

Após esta introdução o palestrante discorreu sobre sua trajetória iniciada na disciplina História Local, com a leitura e análise do inventário de uma preta forra de nome “Vitória da Silva” datado de 1805. Logo depois veio a primeira oportunidade e experiência de trabalho como leitor e transcritor de fontes históricas com o “livro de contas de José Aires Gomes”. Em continuidade ao seu processo de profissionalização vieram as transcrições de sesmarias e de registros paroquiais de Terras para os historiadores e escritores de história local e Regional: Luiz Mauro Andrade da Fonseca e Francisco Rodrigues de Oliveira.

Lembrando o desafio que é uma transcrição, informou que estes trabalhos lhe permitiram financiar sua formação acadêmica, o que lhe faz declarar que a leitura e a transcrição documental representam um setor promissor de investimento, tanto por parte do escritor, quanto por parte do pesquisador e transcritor. Hoje, informou Sheldon Carvalho, há uma equipe técnica que trabalha sob sua orientação e este grupo vem produzindo novas bibliografias. Surgiu, também, a função de consultor de transcrições por ele realizada para diversos autores que o procuram.

Foi destacado que a atividade de transcrever documentos para terceiros deixou de ser um trabalho eventual para se transformar num negócio que representa, também, desenvolvimento para a cidade, conforme está ocorrendo com a nova coleção da História da Vida Privada, cujo representante procurou a equipe de Barbacena para encomendar transcrições. Ou seja: o arquivo de Barbacena estará registrado nesta grande coleção acadêmica.

As transcrições para terceiros ampliam o manancial de conhecimentos teóricos e metodológicos do pesquisador, forçando-o a se aperfeiçoar cada vez mais. Importante destacar que é um setor com pouca concorrência e de extrema peculiaridade. Quem domina este conhecimento tem um poder nas mãos.

A atividade, que financiou o mestrado e hoje financia o doutorado do professor Sheldon, gera desenvolvimento cultural e acadêmico por meio do avanço de pesquisas em diversos campos do saber, bem como por meio de consultorias sobre fontes históricas regionais.  Foi lembrado, ainda, que a maior parte das transcrições para outras pesquisas serviram de complemento empírico ou também acrescentaram volume às fontes utilizadas em suas pesquisas de doutorado.  Como exemplo citou a pesquisa em dois livros de registros de terras a pedido de Francisco de Oliveira, cujas transcrições estão arquivadas em seu acervo pessoal e atualmente estão sendo utilizadas para escrever o primeiro capítulo de sua tese de doutorado.

Sheldon Carvalho mencionou também a formação de um campo econômico e lucrativo de trabalho somado à esfera de qualificação profissional especializada, como também à produção cultural consoante ao trabalho com as fontes arquivísticas. Tal situação acelera e gera um maior desenvolvimento no volume de pesquisas e situações novas como as oficinas que realizará com seus alunos de Lafaiete e que nasceram da atividade de um deles, pesquisador do arquivo dos mórmons (Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias).

A comunicação foi concluída com a apresentação da síntese a seguir:

  • Pesquisador/Transcritor + Equipe programadora e revisora + escritor = agilidade e redução de tempo na conclusão de trabalhos;
  • Utilização de grande parte das fontes pesquisadas para particulares em pesquisas de mestrado e doutorado;
  • Fornecimento de documentos transcritos para outros pesquisadores gerando ganho financeiro duplo ou triplo;
  • O ofício de transcritor testemunha ao mesmo tempo a necessidade do pesquisador estar dentro dos arquivos tendo contato com as fontes em razão do diálogo com as mesmas, surgindo daí novos métodos, novos problemas, novas hipóteses e novos objetos.

A coleta de dados, lembrou Sheldon Carvalho, é bastante peculiar. Se a pessoa não estiver envolvida intimamente com a documentação e com a metodologia da pesquisa, será aberta uma lacuna intransponível. Portanto, trata-se de uma área que envolve investimento econômico, cultural e educacional. O ofício de transcrição é um setor promissor da economia, que gera outras atividades também de viés econômico como vem ocorrendo em Conselheiro Lafaiete com o trabalho realizado no Arquivo Perdigão.

Paleografia e dificuldades da leitura documental

Paleografia na Pesquisa Histórica foi a comunicação de Jairo Braga Machado sobre Leitura Documental, realizada no dia 29 de junho de 2012 em Conselheiro Lafaiete, por ocasião do 3º Encontro de Pesquisadores do Caminho Novo. Transcrição: Nilza Cantoni. Revisão: Joana Capella.

O Escrupuloso Iluminador da História do Brasil

Artigo de Renilson Rosa Ribeiro publicado na Revista Patrimônio e Memória, da Unesp, volume 7, número 2, dezembro de 2011, tem como subtítulo: Os enredos cronológicos e temáticos da 1ª edição da Historia Geral do Brazil, de Francisco Adolfo Varnhagen (1854-1857)

Acreditamos que a melhor apresentação seja mesmo o Resumo apresentado pelo autor.

“Este ensaio desenvolve um estudo sobre a construção da ideia de Brasil Colônia fabricada no Brasil Imperial, a partir da análise da primeira edição da Historia geral do Brazil (1854/1857), do historiador e diplomata Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878) – no contexto de sua atuação junto ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), durante processo de produção de uma memória nacional no Segundo Reinado. Neste sentido, procura-se identificar os enredos cronológicos e temáticos forjados por Varnhagen para sua história geral, e atrelá-los à lógica da cultura e da identidade essencializadas e fixas, que buscam delimitar a nação como uma entidade unívoca e hegemônica e, mais ainda, como uma necessidade para o futuro da humanidade. Entender os mecanismos como os germens e alicerces da nação foram buscados no passado colonial brasileiro constitui o norte da bússola de navegação pelas seções da Historia geral do Brazil. Tentar decifrar este discurso, da fabricação da nação como verdade, passa pela procura das relações de poder e saber que a instituiu por meio da escrita do visconde de Porto Seguro.”

Texto disponível neste endereço.

Temas de pesquisa na História do Brasil

“A história de um militante anarquista como Avelino Fóscolo implicava a reflexão sobre a lógica específica da história, instigava a abordagem do papel do sujeito na história e me colocou frente a frente com o tema da criação.
Continuando a leitura da Revista História da Historiografia, de setembro de 2010, encontrei este outro texto muito interessante. A autora, Regina Horta Duarte, declara que “a lógica histórica, o sujeito e a criação são como três fios” que sustentaram suas pesquisas. E sua escrita é envolvente. Seja quando informa que a trajetória do personagem Fóscolo mostrou-lhe ser possível “privilegiar simultaneamente a necessidade e a contingência, a continuidade e a mudança, a repetição e a diferença, o instituído e o instituinte” ou quando conclui declarando:

“Disciplina que se situa entre os vivos e os mortos, entre o passado e o presente, a história nos possibilita nos diferenciar daqueles que nada mais podem fazer. Enfim, estamos vivos. Essa constatação é fonte de alegria e, nela, o devir se apresenta como tempo de ação, de usufruto das possibilidades disponíveis e de instituição social-histórica.”

O artigo Lógica histórica, sujeito e criação: temas de pesquisa na história do Brasil, século XIX e XX está disponível neste endereço.

Fazer História, Escrever a História

Com o subtítulo ‘sobre as figurações do historiador no Brasil oitocentista’ Maria da Glória de Oliveira escreveu sobre a historiografia brasileira no século XIX, com o objetivo de “analisar as figurações que definiam qualidades e deveres para o estudo e a escrita da história, tais como esses atributos foram sendo circunscritos nas biografias de alguns “homens de letras”, publicadas na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro ao longo do Oitocentos”.
O artigo, publicado na Revista Brasileira de História vol.30 nº.59 em junho de 2010 pode ser lido neste endereço.E para os que se interessaram pela Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, eis o site.

Sugestão de Leitura

Muito bom o espaço de José d’Assunção Barros na Rede Histórica. Conheçam! Hoje foram divulgados dois ótimos textos para reflexão.
Objetividade e subjetividade no conhecimento histórico: a oposição entre os paradigmas positivista e historicista foi publicado na Revista Tempo, Espaço e Linguagem (TEL), v.1, n.2, maio/ago. 2010, p.73-102
Sobre a noção de Paradigma e seu uso nas ciências humanas  publicado nos Cadernos de Pesquisa Interdisciplinares em Ciências Humanas, Florianópolis, v.11, n.98, p. 426-444, jan/jun. 2010