Certidão de Nascimento de Recreio, MG: o aforamento das terras do Arraial Novo

A Fazenda das Laranjeiras – ou parte dela, estava hipotecada ao Banco do Brasil. Era o ano de 1885 e os proprietários requereram autorização para alienar a área próxima à Estação do Recreio. Assim, os registros encontrados no Livro do Cartório de Notas de Conceição da Boa Vista constituem-se numa espécie de Certidão de Nascimento da futura cidade de Recreio. Nas folhas 127 e verso do livro relativo aos anos de 1884 e 1885, encontra-se o seguinte:

Registro de uma autorisação do Banco do Brasil do theorseguinte: = nº 1672 – O Banco do Brasil, representado pelo seo Presidente, abaixo assignado, e na qualidade de credor hypothecario do Capitão Ignacio Ferreira Brito e sua mulher, lavradores no Municipio da Leopoldina, concede a preciza autorisação pra que possão aquelles devedores alienar o dominio util de cerca de dois hectares do terreno da fazenda das Larangeiras, terreno que fica junto à Estação do Recreio, por meio de contractos de aforamento, devendo o Banco ser informado dos nomes dos foreiros, quantidade de terreno aforado e preço do aforamento; continuando a garantia hypothecaria sobre o dominio directo da parte do terreno alienado. Rio de Janeiro doze de Março de mil oito centos e oitenta e cinco. J. Machado Coêlho de Castro. Estava uma estampilha de duzentos reis, devidamente inutilisada pela data e assignatura. Nada mais se via estar em o dito papel de autorisação, que fielmente copiei do proprio original a que me resporto, dou fé, e assigno em sete de Abril de mil oito centos e oitenta e cinco. O Escrivão, Carlos Rebollido Pinheiro.

 

Recreio, MG: Profissões dos Antigos Moradores

Ao lembrarmos dos escravos, uma nova questão se levanta da observação da contagem populacional. Vejamos como estavam distribuídos os moradores de 1872 segundo suas profissões.

Uma das leituras possíveis deste quadro diz respeito aos 1129 habitantes sem profissão definida. Seria uma grande simplificação dizer que estão as mulheres livres, esposas e filhas dos proprietários. Segundo o trabalho analisado, a composição deste grupo é a seguinte:



Sabemos que as estatísticas podem ser vistas por diversos ângulos. Aqui apresentamos um deles para reforçar o que temos dito em outros posts: nosso objetivo é estimular a imaginação dos leitores, no sentido de buscarem sentido para as informações apresentadas.


Recreio, MG: Panorama da População

Com a ressalva de que nossos estudos devam ser vistos sempre como parciais, já que inconclusos, queremos voltar a mencionar as contagens populacionais para analisar os dados que nos trazem os recenseamentos de 1872 e 1890, período das transformações que vimos abordando até aqui. Inicialmente é preciso lembrar que, à diferença das contagens realizadas na primeira metade do século XIX, estes procedimentos não poderiam individualizar os habitantes como outrora, em virtude do crescimento demográfico que se verificara.

Necessário também esclarecer que todos os dados aqui mencionados são da Paróquia e Distrito de Conceição da Boa Vista, ou seja, para o ano de 1872 incluem moradores dos futuros distritos de São Joaquim (Angaturama), Recreio, Santa Isabel (Abaíba) e parte de Providência. Já na contagem de 1890, a Paróquia de Conceição da Boa Vista incluía apenas os distritos de São Joaquim e Recreio.

Os documentos pesquisados dão conta de uma população total de 5.630 habitantes em 1872 e, dezoito anos depois, 10.178 moradores recenseados. Entretanto, os números servem apenas de sugestão para nossos estudos, já que a própria “Synopse do Recenseamento do Brazil de 31 de dezembro de 1890”, disponível no Centro de Documentação do IBGE no Rio de Janeiro, traz alguns alertas em sua Introdução. A destacar a informação de que a República trouxera necessidade de reorganizar o serviço público, resultando em dificuldade de manter o rigor com que fora cumprida a determinação de D. Pedro II em 1872.

Contudo, faremos uma primeira observação. Considerando que em 1890 o distrito de Conceição de Boa Vista já não abrangia a população de Santa Isabel e Providência, em dezoito anos a população cresceu vertiginosamente. A sua distribuição por sexos também sofreu alteração.

Não podemos nos esquecer que a primeira contagem foi realizada durante a vigência da escravatura. Há os que acreditam numa debandada geral dos libertos, o que não é o nosso caso. Estudando a história de Leopoldina, tivemos oportunidade de verificar dois pontos que vão contra a história oficializada: poucos fazendeiros trabalhavam exclusivamente com escravos quando foi assinada a Lei Áurea e muitos libertos continuaram vivendo e trabalhando nas fazendas sob nova forma de contratação. Aumentaram, na medida em que avançava a década de 1880, o número de trabalhadores jornaleiros dos dois sexos. Alguns, ao serem alforriados, passaram a morar na área urbana e trabalhar “a jornal” para as pessoas que lhes deram moradia.

 

A divisão de Conceição da Boa Vista

É voz corrente que o desenvolvimento do distrito de Conceição da Boa Vista começou a declinar a partir do impasse com um fazendeiro que não queria a ferrovia cortando suas terras. Com a distância no tempo, sempre correremos o risco de uma leitura anacrônica dos fatos que então se passaram. Com esta ressalva, permitimo-nos suspeitar que não teria sido um único proprietário de terras a desencadear a revisão do traçado da ferrovia. Talvez tenha havido interferência de várias pessoas. Quem poderia nos afirmar que aquele proprietário não assumiu tal postura depois de ser convencido por seus vizinhos e amigos, com argumentos que foram perdidos no tempo? Acreditamos ser prudente não tomar como verdade absoluta as informações em torno daquele fazendeiro que passou à história como uma espécie de anti-herói, ou seja, como símbolo do atraso em que o distrito se viu mergulhado nos anos seguintes.

Já tivemos oportunidade de mencionar a dificuldade da abertura da estrada até Santa Isabel, hoje Abaíba. O terreno devia ser realmente difícil para as teconologias da época, ou não teria recebido este nome uma das primeiras fazendas do lugar. Segundo Joaquim Ribeiro Costa, em Toponímia de Minas Gerais, “abaíba” seria uma palavra da língua tupi para referir-se a difícil, trabalhoso ou íngreme.  E se observamos uma carta topográfica, perceberemos que os tributários São Vicente e Duas Pontes, que vão alcançar o ribeirão dos Monos um pouco acima de Conceição da Boa Vista, atravessam um terreno mais acidentado do que o entorno do percurso escolhido para a estrada de ferro.

Onde nos afiançarmos para analisar a atitude daqueles que desencadearam a revisão do trajeto da ferrovia? No momento queremos apenas observar que o ano de 1876 representou uma tomada de decisão importante: a partir daí, o escoamento da produção agrícola seria através da estação Santa Isabel ou Recreio. Portanto, muitas providências foram certamente tomadas com o objetivo de permitir o deslocamento até a estação. Quem pode nos garantir que os fazendeiros não tenham decidido em conjunto, talvez porque fosse difícil abrir novos caminhos carroçáveis de forma a que todas as propriedades chegassem com facilidade ao ponto de embarque em Conceição da Boa Vista?

Queremos ressaltar que a divisão de Conceição da Boa Vista se insere entre as conseqüências da abertura da Estrada de Ferro da Leopoldina, devendo ser analisada também sob o aspecto de outras possíveis forças que a determinaram. O surgimento dos distritos de Providência (maio 1890), Recreio (junho 1890), Santa Isabel e São Joaquim (novembro 1890) nos remetem a todo um movimento político que se desenvolvia há, pelo menos, uma década. Não foram estes os únicos distritos criados em Minas no seguimento de importantes mudanças, quais sejam a abolição gradual da escravatura oficializada em 1888 e a mudança no sistema de governo no ano seguinte.

O Comércio de Recreio em Publicações Esparsas

Na edição especial da Revista Acaiaca de Leopoldina, de março de 1954, encontram-se anúncios comerciais daquela cidade e de municípios vizinhos. Comemorava-se o 1º Centenário da elevação do Feijão Cru à categoria de Vila e Cidade da Leopoldina. Em estilo simples e direto, encontramos na segunda página da revista dois anúncios de comerciantes de Recreio.

HUMBERTO TOMASCO

Máquinas de beneficiar arroz

Exportação de arroz por atacado

RUA ESTEFÂNIO, 73 – FONE, 23 – RECREIOMINAS

JOSÉ DE CASTRO LACERDA

Atacadista de BebidasDepositário de CimentoCal

– Querozene e SalDistribuidor de Cerveja Brahma

RUA GOVERNADOR VALADARES – RECREIOMINAS

Anúncios pequenos e simples, em quadros de 10,5 cm de largura por 2 cm de altura. A folha seguinte, ao contrário, era ocupada inteiramente pela seguinte mensagem:

INDUSTRIAL ESTEFÂNIO DOS SANTOS LDTA.

FUNDADOR- ESTEFÂNIO DOS SANTOS

JOSÉ DOS SANTOS

JOÃO DOS SANTOS

FRANCISCO DOS SANTOS e

D. INÁCIA ROSSIGNOLI DOS SANTOS

Levam os seus cumprimentos ao progressista povo e administradores de LEOPOLDINA, por motivo das festividades do CENTENÁRIO da cidade.

Fabricação de Manilhas e seus

Pertences

RUA SÃO JOAQUIM, 135

RECREIOMINAS GERAIS

Parece-nos que estes anunciantes seriam os mesmos que apoiavam o periódico de Recreio, onde também foi publicado o texto de Mauro de Almeida Pereira que se encontra na página 42 da edição da Acaiaca a que estamos nos referindo. Trata-se de uma versão extremamente reduzida da história do surgimento da cidade, conforme a tradição oral que circulava naquela época.

Recreio, MG: A Imprensa

Assim com os núcleos urbanos mais próximos, Recreio passou a contar com um órgão de imprensa nos últimos anos do século XIX.  Embora saibamos que muitos daqueles periódicos não sobreviveram ao segundo número, realizamos um levantamento através de indicações contidas em Efemérides Mineiras, de José Pedro Xavier da Veiga, para conhecer os títulos que circularam. Em ordem de data da primeira edição temos o seguinte quadro.

1877-O Operário-(Além Paraíba);

1879-O Leopoldinense-(Leopoldina);

1881-Correio de São José e O Além Paraíba-(Além Paraíba);

1884-A Folha de Minas e Gazeta de Cataguases-(Cataguases);

1885-O Povo*-(Campo Limpo); O Bilontra-(Cataguases); Princípio da Vida-(Leopoldina);

1886-José Bonifácio, O Cataguasense e O Povo*-(Cataguases); O Pássaro-(Leopoldina);

1887-Estrela de Minas e Idéia Nova-(Leopoldina); O Muriaé-(Muriaé);

1888-Irradiação-(Leopoldina); Gazeta Popular-(Miraí); O Alto Muriaé-(Muriaé);

1890-Gazeta do Leste-(Leopoldina); Tapiruçuano-(Palma); A Voz Mineira-(RECREIO);

1892-A Leopoldina-(Leopoldina); O Município-(Miraí); Eco Municipal-(Muriaé); Correio de Palma-(Palma);

1893-O Progresso-(Miraí);

1894-Eco de Cataguases-(Cataguases);

1894-A Falena-(Leopoldina); Gazeta de Palma-(Palma); Voz de Tebas-(Tebas);

1895-Correio da Leopoldina, Gazeta da Leopoldina e Mediador-(Leopoldina);

1897-Cidade da Palma-(Palma); Tiradentes-(Vista Alegre).

* os dois periódicos denominados O Povo são, na verdade, a mesma publicação. Seu fundador, Estevam de Oliveira, transferiu-o para Cataguases após um ano de circulação em Campo Limpo. O jornal combatia a escravidão e a monarquia, constituindo-se em órgão do Partido Republicano.

Não encontramos a data em que começou a circular O VERBO, jornal mais longevo de Recreio. O mais antigo número de que se tem referência é de 1906, conforme se constata no acervo da Hemeroteca Pública de Minas, em Belo Horizonte. E conforme pode ser observado na fotografia abaixo, em 1946 o periódico estava presente nos momentos mais importantes da vida da cidade.

Esta fotografiaé de 1946, por ocasião de reivindicação d ereajuste salarial dos ferroviários, na frente da Sede do jornal O Verbo.

Club da Lavoura

As associações assim denominadas reuniam os lavradores dos distritos com o objetivo de promover a agricultura e o comércio, seguindo orientações do Club Central da Lavoura e Commercio do Rio de Janeiro. Tratava-se, portanto, de um órgão regulador das atividades de produção e escoamento, exercendo um certo poder de pressão sobre o poder público. Foram os Clubes da Lavoura que organizaram, por exemplo, o processo de substituição da mão-de-obra escrava pelo braço imigrante. Como exemplo, remetemos o leitor ao endereço  onde pode ser lida uma das atas da associação de Angustura.

No ano de 1884 o Club da Lavoura de Conceição da Boa Vista era presidido pelo Barão de Avelar Rezende, tendo como secretário o Padre Modesto Theophilo Alves Ribeiro e sendo membros da Comissão Permanente os fazendeiros Manoel Barbosa da Fonseca, Francisco Ferreira (Brito) Netto, Manoel Lobato Galvão de São Martinho, Doutor Lucas Matheus Monteiro de Castro, João Evangelista Teixeira de Barros e Valeriano Coelho dos Santos Monteiro.

Em geral um Club da Lavoura distrital nomeava um procurador para representá-lo nas reuniãos do Club Central. Neste cargo surge, então, um outro nome que faz parte da história do distrito: Domingos de Andrade Filgueira representou Conceição da Boa Vista no ano de 1884.  Morador da Corte, acreditamos que enviava suas comunicações através da Mala Postal da Estrada de Ferro da Leopoldina.

Associações de Moradores

A urbanização do Arraial Novo aconteceu sob o influxo do poder imperial, quando não havia ainda a separação entre Estado e Igreja. Desta forma, as associações de moradores registravam seus estatutos e atas em livros paroquiais a este fim destinados. Além deles, os livros dos Cartório de Notas esclarecem um pouco sobre as atividades destes grupos de moradores que se encarregavam dos procedimentos necessários ao franco desenrolar da vida civil.No post anterior citamos a Comissão encarregada pela construção do Cemitério Público em Conceição da Boa Vista. Faltou informar que seus membros faziam parte da Irmandade do Santíssimo Sacramento de Conceição da Boa Vista, cujo procurador de 1884 era o paroquiano Antônio Caetano de Almeida. Naquele ano, a Irmandade tinha a receber o aporte financeiro de 3 contos 953 mil réis, legado testamentário do capitão Jacintho Manoel Monteiro de Castro para a Igreja e o Cemitério da Paróquia da Conceição da Boa Vista. Para atuar como interveniente credor no inventário, a Irmandade nomeou o advogado Theophilo Domingos Alves Ribeiro, conforme procuração datada de 23 de julho de 1884, registrada no livro do Cartório de Notas de Conceição da Boa Vista.

Lembramos que as Irmandades surgiram na Idade Média, na Europa. Compostas por leigos, além da difusão religiosa encarregavam-se também da assitência econômica de seus integrantes e tomavam as providências necessárias por ocasião da morte. Vale dizer: missa de corpo presente, acompanhamento do enterro, sepultamento em local digno e demais rituais. Segundo o Dicionário do Brasil Colonial, organizado por Ronaldo Vainfas, em Minas “as irmandades revelaram-se de especial importância para dinamizar a vida religiosa”, especialmente por conta da “precária implantação da rede de paróquias” e porque não foram autorizadas as ordens regulares. Sugerimos aos interessados, além da obra citada, artigo As Irmandades Religiosas, de Cristiano Catarin, no site Historianet http://www.historianet.com.br

Memória da Cidade na Internet

Em outubro de 2006 participamos de um Seminário, em Barbacena, no qual conhecemos pessoas que desenvolvem um projeto de preservação e valorização da história de vida dos moradores de São João del Rei. Naquela oportunidade soubemos que o objetivo é sensibilizar a comunidade para o resgate histórico, valorizando o passado através das histórias individuais. À semelhança do Museu da Pessoa, (http://www.museudapessoa.com.br/), e com o apoio da Universidade Federal de São João del Rei, entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas como forma de trazer, das experiências e vivências das pessoas, aspectos da memória do grupo social onde elas se inserem.

 Temos também notícia sobre evento de natureza semelhante. Alunos do Ensino Médio entrevistaram diversos moradores de uma pequena localidade do interior do Paraná e organizaram um painel com as partes mais expressivas dos depoimentos colhidos. O objetivo é sempre o mesmo: conhecer as versões sobre o passado de grupos que ficam à margem da história oficial. Essas memórias não eram, até aqui, registradas em algum suporte passível de ser consultado por outras pessoas. Assim, são guardadas no interior das famílias que ainda praticam o belo hábito de narrar suas histórias de vida.

As mudanças na rotina diária já não permitem que os avós conversem amiúde com os netos, nem tampouco que os pais e mães dediquem algum tempo a contar suas histórias para os próprios filhos. Quanto atingem a idade adulta, muitos se ressentem de nada saberem sobre suas famílias. Alguns passam, então, a dedicar todo o tempo livre no resgate possível.  Uma dessas pessoas mandou mensagem perguntando sobre um antigo morador de Recreio.

O visitante pergunta por memórias da cidade de Recreio disponíveis para pesquisa à distância. Está interessado na trajetória de Serafim Teixeira da Luz, provavelmente o mesmo personagem citado no post de 21 de janeiro de 2007 como um dos negociantes a quem foi aforado um terreno da Fazenda das Laranjeiras, em 1885.  Seria, segundo apurou em documentos do início do século XX,  o mesmo Serafim Coimbra citado como proprietário do Hotel Recreio no post de 20 de março.

A este visitante, assim como a todos que nos pedem notícias de Recreio no século XX, indicamos o site http://www.usinadeletras.com.br para leitura dos ótimos textos de Pedro Wilson Carrano de Albuquerque. Enquanto isso, continuaremos a trazer para cá os poucos informes que temos tido oportunidade de encontrar.

Cemitério Público

Sabemos que em tempos remotos os sepultamentos das pessoas de maior poder aquisitivo eram realizados dentro da Igreja. Quanto aos menos aquinhoados, seus túmulos se localizavam no exterior, geralmente em área contígua ao templo. Na segunda metade do século XIX, porém, a preocupação com a saúde pública fez com que fossem proibidos os enterramentos dentro das igrejas.

No período que estamos estudando, com vistas a recuperar informes sobre o nascimento do distrito e depois município de Recreio, a Paróquia de Conceição da Boa Vista encontrava-se às voltas com a construção de seu cemitério, de forma a cumprir a determinação que proibia sepultamentos em seu interior. A comissão encarregada das obras era composta pelo Padre Modesto Theophilo Alves Ribeiro e pelos paroquianos Francisco Ferreira (Brito) Neto e Antônio Cardoso de Almeida. A Diretoria de Fazenda da Província de Minas Gerais, em conformidade com a Lei nº 2892 de 6 de novembro de 1882, contribuiu com 1 conto de réis em benefício das obras do Cemitério Público. Para receber esta quantia, a comissão nomeou, no dia 27 de julho de 1883, um procurador: Antonio de Santa Cecília.

Resta-nos uma lacuna importante sobre este assunto: quando foi construído o cemitério do distrito de Recreio? Sabemos que alguns moradores do então Arraial Novo, falecidos na década de 1880, foram levados a sepultamento em Conceição da Boa Vista. Sabemos também que a secularização dos cemitérios só foi estabelecida através do Decreto nº 789 de 27 de setembro de 1890. Portanto, no momento em que se iniciava a urbanização de Recreio, o serviço estava a cargo da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Boa Vista.

Infelizmente ainda não encontramos documentos sobre a doação do terreno onde foi erguida a Capela do Menino Deus, filial erguida em terrenos dos Ferreira Brito nas proximidades da estação ferroviária. Pode ser que a história desta Capela esclareça também os fatos sobre a abertura do cemitério. Naquela época a freguesia estava subordinada ao Bispado do Rio de Janeiro, tendo sido transferida para Mariana apenas em 1897.Não sabemos onde se encontram os registros dos atos realizados até então.