Recreio, MG: A Imprensa

Assim com os núcleos urbanos mais próximos, Recreio passou a contar com um órgão de imprensa nos últimos anos do século XIX.  Embora saibamos que muitos daqueles periódicos não sobreviveram ao segundo número, realizamos um levantamento através de indicações contidas em Efemérides Mineiras, de José Pedro Xavier da Veiga, para conhecer os títulos que circularam. Em ordem de data da primeira edição temos o seguinte quadro.

1877-O Operário-(Além Paraíba);

1879-O Leopoldinense-(Leopoldina);

1881-Correio de São José e O Além Paraíba-(Além Paraíba);

1884-A Folha de Minas e Gazeta de Cataguases-(Cataguases);

1885-O Povo*-(Campo Limpo); O Bilontra-(Cataguases); Princípio da Vida-(Leopoldina);

1886-José Bonifácio, O Cataguasense e O Povo*-(Cataguases); O Pássaro-(Leopoldina);

1887-Estrela de Minas e Idéia Nova-(Leopoldina); O Muriaé-(Muriaé);

1888-Irradiação-(Leopoldina); Gazeta Popular-(Miraí); O Alto Muriaé-(Muriaé);

1890-Gazeta do Leste-(Leopoldina); Tapiruçuano-(Palma); A Voz Mineira-(RECREIO);

1892-A Leopoldina-(Leopoldina); O Município-(Miraí); Eco Municipal-(Muriaé); Correio de Palma-(Palma);

1893-O Progresso-(Miraí);

1894-Eco de Cataguases-(Cataguases);

1894-A Falena-(Leopoldina); Gazeta de Palma-(Palma); Voz de Tebas-(Tebas);

1895-Correio da Leopoldina, Gazeta da Leopoldina e Mediador-(Leopoldina);

1897-Cidade da Palma-(Palma); Tiradentes-(Vista Alegre).

* os dois periódicos denominados O Povo são, na verdade, a mesma publicação. Seu fundador, Estevam de Oliveira, transferiu-o para Cataguases após um ano de circulação em Campo Limpo. O jornal combatia a escravidão e a monarquia, constituindo-se em órgão do Partido Republicano.

Não encontramos a data em que começou a circular O VERBO, jornal mais longevo de Recreio. O mais antigo número de que se tem referência é de 1906, conforme se constata no acervo da Hemeroteca Pública de Minas, em Belo Horizonte. E conforme pode ser observado na fotografia abaixo, em 1946 o periódico estava presente nos momentos mais importantes da vida da cidade.

Esta fotografiaé de 1946, por ocasião de reivindicação d ereajuste salarial dos ferroviários, na frente da Sede do jornal O Verbo.

Club da Lavoura

As associações assim denominadas reuniam os lavradores dos distritos com o objetivo de promover a agricultura e o comércio, seguindo orientações do Club Central da Lavoura e Commercio do Rio de Janeiro. Tratava-se, portanto, de um órgão regulador das atividades de produção e escoamento, exercendo um certo poder de pressão sobre o poder público. Foram os Clubes da Lavoura que organizaram, por exemplo, o processo de substituição da mão-de-obra escrava pelo braço imigrante. Como exemplo, remetemos o leitor ao endereço  onde pode ser lida uma das atas da associação de Angustura.

No ano de 1884 o Club da Lavoura de Conceição da Boa Vista era presidido pelo Barão de Avelar Rezende, tendo como secretário o Padre Modesto Theophilo Alves Ribeiro e sendo membros da Comissão Permanente os fazendeiros Manoel Barbosa da Fonseca, Francisco Ferreira (Brito) Netto, Manoel Lobato Galvão de São Martinho, Doutor Lucas Matheus Monteiro de Castro, João Evangelista Teixeira de Barros e Valeriano Coelho dos Santos Monteiro.

Em geral um Club da Lavoura distrital nomeava um procurador para representá-lo nas reuniãos do Club Central. Neste cargo surge, então, um outro nome que faz parte da história do distrito: Domingos de Andrade Filgueira representou Conceição da Boa Vista no ano de 1884.  Morador da Corte, acreditamos que enviava suas comunicações através da Mala Postal da Estrada de Ferro da Leopoldina.

Associações de Moradores

A urbanização do Arraial Novo aconteceu sob o influxo do poder imperial, quando não havia ainda a separação entre Estado e Igreja. Desta forma, as associações de moradores registravam seus estatutos e atas em livros paroquiais a este fim destinados. Além deles, os livros dos Cartório de Notas esclarecem um pouco sobre as atividades destes grupos de moradores que se encarregavam dos procedimentos necessários ao franco desenrolar da vida civil.No post anterior citamos a Comissão encarregada pela construção do Cemitério Público em Conceição da Boa Vista. Faltou informar que seus membros faziam parte da Irmandade do Santíssimo Sacramento de Conceição da Boa Vista, cujo procurador de 1884 era o paroquiano Antônio Caetano de Almeida. Naquele ano, a Irmandade tinha a receber o aporte financeiro de 3 contos 953 mil réis, legado testamentário do capitão Jacintho Manoel Monteiro de Castro para a Igreja e o Cemitério da Paróquia da Conceição da Boa Vista. Para atuar como interveniente credor no inventário, a Irmandade nomeou o advogado Theophilo Domingos Alves Ribeiro, conforme procuração datada de 23 de julho de 1884, registrada no livro do Cartório de Notas de Conceição da Boa Vista.

Lembramos que as Irmandades surgiram na Idade Média, na Europa. Compostas por leigos, além da difusão religiosa encarregavam-se também da assitência econômica de seus integrantes e tomavam as providências necessárias por ocasião da morte. Vale dizer: missa de corpo presente, acompanhamento do enterro, sepultamento em local digno e demais rituais. Segundo o Dicionário do Brasil Colonial, organizado por Ronaldo Vainfas, em Minas “as irmandades revelaram-se de especial importância para dinamizar a vida religiosa”, especialmente por conta da “precária implantação da rede de paróquias” e porque não foram autorizadas as ordens regulares. Sugerimos aos interessados, além da obra citada, artigo As Irmandades Religiosas, de Cristiano Catarin, no site Historianet http://www.historianet.com.br