40 – Assuntos dos Antigos Jornais

A imprensa em Leopoldina (MG) entre 1879 e 1899

Nesta reta final dos textos sobre a Imprensa em Leopoldina entre 1879 e 1899, o Trem de História traz hoje os assuntos que mais se destacaram nos periódicos estudados.

Verá o leitor que o formato de quase todos os jornais da época se limitava a uma dúzia de grupos de assuntos, tratados em cada periódico de acordo com a linha do seu editor.

Vale ressaltar que destes doze temas apenas a Escravidão foi assunto exclusivo do período anterior à assinatura da Lei Áurea, como se o normativo legal de 1888 tivesse eliminado o problema e suas consequências. Como se tivessem passado um limpa-trilhos mágico ou, uma supervassoura que varreu totalmente dos informativos as manchas da casa grande e da senzala.

Com esta ressalva, os demais assuntos estiveram presentes nos diferentes jornais durante todo o período estudado, com frequência maior ou menor segundo a linha editorial foram os seguintes:

Administração Pública – Matérias oriundas do Legislativo ou do Executivo como Avisos sobre recolhimento de Tributos, Alistamento Militar, Fiscalização e Atas. Eventualmente tais matérias eram republicadas de forma resumida nos jornais que não as recebiam diretamente dos respectivos órgãos.

Agroindústria – Artigos sobre Feira de Gado, Exposição Industrial, Café, Club Agrícola e, principalmente, instrução para melhoria da produção agrícola e de outras atividades econômicas da época, como criação do Bicho da Seda ou produção de leite e seus derivados. Na época estudada, embora o café ocupasse lugar de destaque, havia uma boa diversificação da atividade econômica no município.

Educação – Artigos, notícias e anúncios sobre escolas regulares, públicas e particulares, bem como cursos noturnos e aulas de música, incluindo-se pauta de reuniões, nomeação de professores, folha de presença, resultado de exames anuais e anúncios de livros à venda.

Escravidão – Artigos sobre emancipação, manumissão, libertação, Lei do Ventre Livre, descumprimento de leis e anúncios de fuga de escravos foram até 1888.

Imigração – Artigos de opinião sobre a substituição da mão de obra escrava pelos imigrantes; orientação para contratar e receber colonos imigrantes e anúncios sobre pedidos e chegada de imigrantes na Hospedaria Horta Barbosa, em Juiz de Fora.

Literatura – Contos, Folhetins e Poesia tinham espaço garantido. Os dois primeiros eram apresentados, na maioria das vezes, em capítulos.

Poder Judiciário – Nesta categoria enquadram-se as convocações para o tribunal do júri; notícias sobre julgamentos, prisão e fuga de presos; providências relativas a desordens públicas e, determinações gerais sobre cumprimento de normas.

Política – Alistamento eleitoral, resultado de pleitos, propaganda política e, na última fase, colunas de opinião enaltecendo ou acusando os líderes políticos.

Religião – Artigos com matéria de fé, como explicação de orações; anúncios sobre comemorações religiosas e campanhas de arrecadação para as obras pias.

Serviços Públicos – Matérias elogiando ou denunciando problemas em vias públicas, pontes, falta d’água e infração de posturas municipais.

Social – Condecorações, visita de personalidades, notícia sobre viagens a negócios ou turismo – na época denominado vilegiatura, anúncios de festas de aniversário, bodas, doenças e óbitos.

Transportes – Artigos e notícias sobre estradas e, principalmente, ferrovia.

Variedades – Anúncios de peças teatrais, carnaval, corridas de cavalo, construção de teatro, fundação de banda de música, apresentações circenses e, também, piadas e charadas.

Conforme citado em alguns textos desta série, dos 21 periódicos que circularam em Leopoldina entre 1879 e 1899, poucos tiveram edições preservadas em acervos públicos ou particulares. Até aqui já foram comentados O Leopoldinense, que circulou de 1879 a 1900; Irradiação, entre 1888 a 1890; Gazeta de Leste, entre 1890 e 1891; A Leopoldina, lançado em 1893; A Voz de Thebas, publicado entre 1894 e 1897; e, O Arame, que circulou entre os anos 1898 a 1899.

Por hoje o vagão está completo. Nas próximas colunas serão abordados mais alguns jornais. Aguardem.

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA

Publicado no jornal Leopoldinense de 1 de janeiro de 2016

15 – Irradiação – parte II

Como ficou dito no artigo anterior, o Trem de História segue a mesma toada tratando ainda da bagagem do jornal Irradiação, o mais claramente político dos periódicos de Leopoldina do final do século XIX.

E para prender um vagão ao outro, recomeça a história contando que a divulgação das ideias republicanas chega a uma incidência um pouco maior em algumas das edições analisadas, como ocorreu na de número 62, datada de 21 de abril de 1889. Nela, além de noticiar o lançamento de novos órgãos do Partido Republicano em São João del Rei, Ubá e no estado do Pará, de rechaçar notícias falsas sobre o Club Republicano do Pará e comentar a eleição de um vereador republicano em Rio Novo, foi noticiado em cores fortes o atentado contra o republicano Nilo Peçanha em Lage do Muriaé e foi publicada uma forte reclamação contra o delegado de Conceição da Boa Vista por ter soltado os manifestantes que provocaram distúrbios em fevereiro daquele ano, com o objetivo de impedir a conferência republicana. O mesmo acontece na edição de 26 de junho de 1889, quase toda ela preenchida com notícias políticas. Na de número 71, um editorial transcrito do jornal O Movimento comparou a República do Haiti com a Monarquia do Brasil, afirmando que enquanto os partidários do

“velho sistema monárquico […] continuam a devorar a melhor seiva deste povo por demais explorado; enquanto forem apontando e dilapidando os cofres públicos, iremos apontando as nossas desgraças e mostrando a felicidade e riqueza das nações irmãs pelo continente”. E mais adiante informa que “a população do Império do Brasil sendo 15 vezes maior do que a do Haiti, para que os dois países estivessem em igualdade de circunstâncias seria preciso que todos os dados estatísticos relativos ao Brasil fossem 15 vezes maiores do que os do Haiti”.

Aqui vale uma explicação pertinente, à moda de uma nota de rodapé: Pensar nesta comparação hoje, século XXI, 125 anos depois de ter sido escrita, poderá gerar incredulidade e espanto naqueles que desconhecem os meandros da história e apenas sabem que o Haiti atualmente se encontra em situação política e econômica muito delicada. Entretanto, a matéria faz alusão aos benefícios que a República, sistema político vigente na ilha caribenha naquela época, trazia para a população e que, na opinião do articulista, não era prática da nossa monarquia.

Voltando ao trilho da história, é bom que se diga que o jornal muitas vezes divulgava, também, matérias sobre os Clubes da Lavoura, instituições que começaram a surgir na região de Leopoldina no início da década de 1880 e que tinham por objetivo substituir a mão de obra escrava pelo trabalhador livre. E, também, matérias sobre temas recorrentes como a imigração.

Uma destas matérias, que também merece uma nota de rodapé para lembrar o leitor sobre a época em que foi escrita, diz:

“Na opinião desses […] o chinês é a jaça, que desmerecerá o valor moral, intelectual, físico e… nem sabemos mais qual outro, das populações que o Brasil tem de atrair para seus extensos vales e férteis montanhas”. E prossegue: “vícios, trazem-nos europeus e asiáticos; virtudes trazem-nas também ambos, a menos que nos provem, coisa simplesmente impossível, que ao lado das mais peregrinas virtudes, que podem exaltar os povos, não rastejam por toda parte, formando embaixo relevo das misérias humanas, o vício em todas as suas formas de tendências, hábitos e ações”.  Mais adiante declara que “o ponto que nos deve interessar na questão [é] saber se as aptidões do chinês como trabalhador podem corresponder às condições do nosso país e satisfazer convenientemente a necessidade que nos assoberba”.

Interessante observar que o redator do Irradiação, Theophilo Alves Ribeiro, procedia do Ceará, primeiro estado brasileiro a abolir a escravidão. O que torna ainda mais difícil compreender a leitura de matéria publicada na edição de número 60, de abril de 1889, a respeito do serviço doméstico. Escreveu o redator:

“O serviço doméstico, por exemplo, de que se não cogitou ou se cogitou mal, foi abandonado como qualquer outro, reinando no interior das casas a mesma confusão que perturba e aniquila a atividade industrial. […] Se a parte pobre da população fugia do serviço doméstico; se as imigrações estrangeiras fugiam do país, explicavam uma e outra anomalia pela existência da instituição escrava; entretanto, esta desapareceu e com ela desapareceram também todos ou a maior parte dos que se empregavam no serviço doméstico e o estrangeiro só entra no país a custo de enormes sacrifícios da receita e de promessas…”.

E que não pense o leitor em censura porque o motivo para encerrar este artigo agora é bem outro. Acaba de chegar, pelo telégrafo da ferrovia, a mensagem:

– ENCERRAR HISTÓRIA IRRADIAÇÃO vg LEITOR QUER NOVIDADE pt TREM DE HISTÓRIA FALARÁ SOBRE GAZETA DE LESTE pt RECOLHER MATERIAL PRÓXIMO VAGÃO pt SAUDAÇÕES

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA
Publicado no jornal Leopoldinense de 1 de janeiro de 2015

Parte XI de A Imprensa em Leopodina (MG) entre 1879 e 1899

14 – Irradiação – parte 1

O Trem de História volta aos trilhos da Imprensa em Leopoldina no final do século XIX e fala hoje do jornal “Irradiação”, o mais claramente político dos periódicos de Leopoldina daquela época.

Sua história começa pela informação de Xavier da Veiga, em “A Imprensa em Minas Gerais” de que a sua primeira edição tem a data de 25 de fevereiro de 1888 e sabe-se que ele sobreviveu até 1890. Isto é, nasceu alguns meses antes da assinatura da Lei que regulamentou uma prática que já ocorria em Leopoldina desde o início da década: a da libertação de escravos e, circulou até um pouco além da Proclamação da República.

Este jornal era de propriedade das filhas de seu redator, Theophilo Domingues Alves Ribeiro, advogado natural de Aracati, no Ceará, que foi sócio da Cia Engenho Central Aracaty, localizada nas proximidades da Estação de Vista Alegre, no município de Leopoldina, onde se beneficiava a cana de açúcar.

Em 1890 Theofilo foi eleito presidente da Companhia Vila Rica, em Ouro Preto e vendeu o jornal para Sérvulo Fontes & Barreto e não se sabe se o periódico continuou em circulação.

Infelizmente não foi possível analisar os primeiros 39 números deste jornal por não terem sido preservados. Mas da leitura das edições encontradas na Biblioteca Nacional se constata ter sido o único jornal de Leopoldina a se enquadrar na hipótese de Nélson Werneck Sodré a respeito da disseminação das ideias republicanas. Em todas as nove edições compulsadas há notícia do partido. E o próprio subtítulo indica que a folha era um órgão republicano. Mas além desta posição, assim como os demais periódicos este também aceitava colaborações literárias como as de Davi Madeira e Dilermando Cruz que, ainda estudantes do Ateneu Leopoldinense, publicavam ali as suas poesias, conforme relata Cassio de Rezende em “Memórias de um Médico”.

Importante esclarecer que as ideias republicanas atraiam leopoldinenses há alguns anos, não sendo uma consequência do fim da escravidão por decreto, como o senso comum acreditava.

Francisco de Paula Ferreira de Rezende, em seu livro “Minhas Recordações”, conta que no final de 1864 adquiriu a fazenda Córrego da Onça e a crismou com o nome de Filadélfia, “a grande cidade em que se proclamou a primeira das repúblicas americanas para recordar essa república pela qual vivia sempre a suspirar”. E disse mais: “razão porque os meus últimos filhos se chamaram Cássio, Flamínio e Manlio, grandes republicanos dos bons tempos de Roma”.

Como Rezende, outros republicanos viveram em Leopoldina antes de 1889. Embora não se tenha indícios claros a respeito da convicção republicana de todos os colaboradores do jornal Irradiação, é de se supor que se não o fossem não teriam aceitado o convite de um jornal que veio a luz com o objetivo de divulgar as vantagens deste sistema de governo. O fato torna-se mais sugestivo quando observamos na lista de colaboradores da coluna Literatura e Ciências, nomes de notórios opositores da monarquia. Nela estão, por exemplo: Antônio Augusto de Lima (Juiz Municipal em Leopoldina, depois Promotor Público em Serra-ES, Presidente de Minas em 1891, Poeta, Membro da Academia Brasileira de Letras em 1903); C. Drummond (há um literato com este sobrenome em jornais republicanos do Rio); Custódio de Almeida Magalhães (Advogado em Leopoldina); Estevam Lobo; Luiz de França Vianna (advogado em Leopoldina, concunhado do redator deste jornal); J. Lobo; José James Zig Zag (farmacêutico e oficial do judiciário em Leopoldina); Martiniano de Souza Lintz (Advogado, Juiz Municipal e Professor em Leopoldina); Octavio Esteves Ottoni (médico e político em Leopoldina); Theophilo A. Rodrigues; e, Vaz Pinto (nesta época existia no Rio um juiz federal, republicano, chamado Henrique Vaz Pinto Coelho).

É certo que esta lista não esgota os nomes de republicanos em Leopoldina. Outros tantos opositores da monarquia, menos conhecidos, também colaboraram com o jornal e escreveram em defesa dos ideais republicanos. Mas extrapolou a capacidade do vagão de hoje e o assunto precisa continuar. Resta, então, controlar a lenha na caldeira para que o Trem de História tenha tempo para organizar a carga e continuar falando sobre o mesmo jornal, no início do próximo ano. Até lá, um Feliz Natal e Próspero Ano Novo a todos.

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA
Publicado no jornal Leopoldinense de 16 de dezembro de 2014

Parte X de A Imprensa em Leopoldina (MG) entre 1879 e 1899

7 – Periódicos e suas Histórias

Conforme prometido no artigo anterior o Trem de História traz um pouco da vida dos vinte e um periódicos publicados no município de Leopoldina entre 1879 e 1899. De alguns deles se falará um pouco mais em vagões posteriores.

01) O Leopoldinense, o mais antigo deles, circulou de 1879 a 1900. É o primeiro da lista e a ele se voltará em artigo posterior;

02) O Correio da Leopoldina veio em seguida, no ano de 1881. Deste se sabe apenas, por nota d’O Leopoldinense de 03.07.1881 que José de Souza Soares Filho e Manoel Teixeira da Fonseca Vasconcelos eram seus redatores e proprietários.  É possível que fossem moradores do então distrito de Bom Jesus do Rio Pardo, atual município de Argirita;

03) O terceiro periódico é O Povo, que segundo o já citado Xavier da Veiga teria circulado de 1885 a 1890 no distrito de Campo Limpo (atual Ribeiro Junqueira). Dele pouco se sabe. Foram encontradas três edições datadas de 1885 e 1886, ano em que o proprietário se transferiu para Cataguases, onde continuou publicando o periódico;

04) Princípio da Vida. Deste periódico se sabe apenas que foi lançado em 1885;

05) O Pássaro, lançado em 1886, do qual não foram encontradas edições;

06) Estrela de Minas teve sua data de lançamento – 29 de julho de 1887, registrada por José Pedro Xavier da Veiga na monografia A Imprensa em Minas Gerais, publicada em 1894 em fascículo do jornal Minas Geraes e republicada em 1898 na Revista do Arquivo Público Mineiro. Entretanto, nenhuma edição foi localizada;

07) Ideia Nova teve o lançamento informado também por Xavier da Veiga, e assim como do anterior não foram encontradas suas edições. No jornal A Província de Minas, edição 501, 24 de novembro de 1887, página 1, anuncia-se o aparecimento no dia 17 de novembro de 1887, sob direção de Jacobino Freire e Reynaldo Matolla, sendo de propriedade de Arnaldo Lessa;

08) Irradiação circulou entre 1888 a 1890. Sua história será um pouco mais detalhada em artigo posterior;

09) A Voz Mineira. Deste periódico tem-se o registro de que circulou em 1890. Está na lista dos desconhecidos;

10) Gazeta de Leste circulou entre 1890 e 1891. Trazia no subtítulo a informação de que era Órgão Popular. Seu redator e proprietário era José de Moura Neves Filho. É mais um periódico que terá sua história contada em artigo vindouro;

11) A Leopoldina registra na sua primeira edição a data de 16.02.1893. Também sobre este periódico se vai falar em artigo futuro;

12) A Phalena é uma publicação de 1894 da qual nada mais se conseguiu apurar;

13) A Voz de Thebas foi um periódico publicado entre 1894 a 1897 no distrito de mesmo nome. Deste periódico se vai falar mais adiante;

14) O Correio de Leopoldina é de 1894. Um pouco mais sobre a sua história virá em artigo posterior;

15) A Gazeta de Leopoldina, o décimo quinto jornal do período, foi lançada em 1895. Um vagão inteiro será pouco para contar a sua história, como adiante se verá;

16) O Mediador circulou entre 1895 a 1896. Mais adiante se dará mais detalhes sobre sua trajetória;

17) O Tiradentes, publicado em 1897, foi mencionado por Xavier da Veiga como jornal do arraial de Vista Alegre, em Leopoldina. Na única edição encontrada informa-se que o proprietário foi M. C. Machado Júnior, os redatores eram Francisco Gama e Alberto Guimarães e o local consta como Vista Alegre (Minas). Ocorre que o distrito cataguasense recebeu este nome por causa da Estação Vista Alegre que havia sido instalada anos antes no município de Leopoldina, donde é comum encontrar referência a Vista Alegre como se fosse distrito de Leopoldina;

18) O Arame, jornal que circulou entre os anos 1898 a 1899, do qual foram encontrados 23 exemplares em acervo particular. Sobre ele se falará um pouco mais em artigo posterior;

19) A Lyra teria circulado em 1898 no distrito de Campo Limpo, conforme noticiado no jornal O Arame, de 11.12.1898. Seu proprietário e redador foi Jorge de Albuquerque Júnior;

20) O Pelicano, consagrado à maçonaria, teve seu lançamento em 1898. Tinha José Werneck como seu diretor e circulou no distrito de Campo Limpo; e,

21)O Recreio, lançado em 1899 no então distrito do mesmo nome, conforme a Gazeta de Leopoldina de 08.01.1899.  Era editado por “A. Napoleão & C”.

Com o Recreio encerra-se a relação dos 21 periódicos publicados em Leopoldina entre 1879 a 1899. Mas seguindo a História da Imprensa em Leopoldina, a partir do vagão seguinte o leitor conhecerá um pouco mais sobre alguns destes periódicos. “Aguardem a próxima composição”, diria o agente da estação.

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA
Publicado no jornal Leopoldinense de 12 de setembro de 2014

Continuação do trabalho A Imprensa em Leopoldina (MG) entre 1879 e 1899

1889: Água para a Matriz de São Sebastião

Até 1889 não havia canalização de água para atender ao Morro da Matriz. Conforme se vê na notícia abaixo, em abril daquele ano o tesoureiro da Irmandade do Santíssimo Sacramento planejou arrecadar donativos para levar água potável até o prédio onde se realizavam os ofícios religiosos, localizado pouco abaixo do atual.

Canalização de Água para a Matriz de Leopoldina

 

Informe-se, a propósito, que em 1891 o engenheiro José de Moura Neves Filho foi encarregado pela municipalidade de realizar as obras de saneamento da cidade, conforme notícias publicadas no jornal de que era proprietário e redator, a Gazeta de Leste. Além da instalação de rede de água e esgotos, o engenheiro teria elaborado a ‘planta cadastral da cidade’.

Colégio Fraebel

Conforme já mencionamos neste blog, o título de Atenas da Zona da Mata foi dado a Leopoldina pela expressiva quantidade de escolas e alunos existentes na cidade. Confirmando as palavras de Roberto Capri no livro Minas Gerais e seus Municípios [São Paulo: Pocai Weiss & Cia, 1916 p. 248], encontramos inúmeros anúncios de colégios em funcionamento na cidade desde meados do século XIX. Hoje acrescentamos mais um nome de instituição de ensino anunciada há 115 anos, como se vê abaixo.

Colégio Fraebel, Leopoldina, MGImportante recordar que a Rua Primeiro de Março compreendia as atuais ruas Gabriel Magalhães e Luca Augusto e que antes se chamou Rua Direita.

Rua João Neto

Há poucos dias relembramos um dos antigos logradouros públicos de Leopoldina, a Rua Primeiro de Março, que não tem mais este nome. Hoje vamos lembrar de outro, que permanece com a mesma denominação que recebeu no dia 5 de abril de 1889, conforme noticiou o jornal Irradiação, edição do dia 11 daquele mês. Vejam o histórico publicado em nosso livro ‘Nossas Ruas Nossa Gente’:



JOÃO NETO, rua

(Centro) - No passado esta rua era conhecida como Boa Vista. Começa no início da rua das Flores e termina na praça Professor Ângelo. É a subida para o Grupo Novo, caminho que o menino vindo do bairro da Onça trilhava para aprender as primeiras letras. Ali ficavam as vendas do Elias Veiga, do Lingordo, o botequim dos irmãos José e João Rodrigues de Andrade e a sapataria do Renato. Na esquina com a rua das Flores, em frente ao armazém do Joaquim Garcia de Oliveira, ficava o cavalo, aguardando o final da aula e o retorno ao sítio Puris (Onça).

A Gazeta de Leste, de 11.10.1890 diz que o oitavo quarteirão era formado pela rua das Flores até a rua da Boa Vista e por esta, atravessava a ponte até o Alto da Ventania.

Consta que este João Neto seria, em verdade, João Gonçalves Neto, bisavô de Olyntho Gonçalves Netto, também nome de rua na cidade.

João Gonçalves Neto era genro de Manoel Antônio de Almeida, casado com Mariana Flauzina de Almeida. Já estava no Feijão Cru por volta de 1828 e aqui nasceram seus filhos: Rita Tereza de Jesus segunda esposa de João Gualberto Ferreira Brito, Ana e Mariana nascida e falecidas entre 1838 e 1843, Francisco Gonçalves Neto c/c Joaquina Eucheria de Almeida, Zeferina de Jesus c/c João Gualberto Damasceno Ferreira Brito (filho do primeiro casamento do João Gualberto Ferreira Brito), Joaquim Eleotério Gonçalves Neto c/c Maria Presceliana de Sena, João Izidoro Gonçalves Neto c/c Cristina Vargas Corrêa e 2ª vez com Ambrosina Martins de Carvalho, Maria Teodora Neto c/c Antônio Ferreira Neto, e Pedro Gonçalves Neto c/c Maximiana Ferreira de Almeida e 2ª vez com Ana Esméria de Almeida a 04.09.1882.

João Gonçalves Neto transferiu-se para o Feijão Cru junto com seu sogro e demais familiares, tendo formado a fazenda Residência. Em 1859 foi eleito 3º juiz de paz, em 1862 foi eleito vereador, em 1865 foi reeleito vereador, em 1868 foi eleito 4º juiz de paz.