Descendentes de Stefano Cassagni

A pedido de Maria Felipa Castanha, republicamos antiga postagem sobre uma família de imigrantes com referência em Leopoldina, MG. Se você, leitor, tiver alguma informação a respeito dos sobrenomes Cassaghi, Cassagni, Cassagne, Castagna ou Castanha, agradecemos se puder nos escrever.

Segundo os registros da Hospedaria Horta Barbosa, Stefano Cassagni teria nascido por volta de 1859. Pelo casamento religioso do filho, a família procedia de Milano, Lombardia, Italia. Foram encontrados diversos usuários do sobrenome Cassaghi na Lombardia mas não com os nomes da família referida em Leopoldina.

Na mesma época em que eles chegaram, viviam no município pelo menos dois outros personagens com sobrenome semelhante, sendo que um deles, estabelecido no então povoado de Recreio, seria francês como se observa na seguinte nota do jornal Liberal Mineiro de 9 de março de 1883:

“Remeteram-se […] ao juiz municipal e de órfãos do termo da Leopoldina, cópia do ofício do ministério dos negócios da agricultura, comércio e obras públicas, de 16 [de fevereiro], em que exige informações acerca do súdito francês Bertrano Cassagne, que se diz haver residido até pouco tempo na estação do Recreio, estrada de ferro da Leopondina, ou no lugar denominado Conceição da Boa Vista, a fim de que habilite a Presidência a responder quanto antes o mesmo aviso.”

Bertrand Cassagne se transferiu pouco depois para Santo Antonio de Pádua, onde se casou e teve a filha Ernestina, por volta de 1910.

O outro seria Domingos Cassanha de quem sabemos apenas que era imigrante e vivia no distrito de Providência em 1898.

Stefano Cassagni deixou a hospedaria dia 9 de Novembro de 1894 sob contrato com a Camara Municipal de Leopoldina, MG. Estava acompanhado da esposa Rosa Sallai e de três filhos pequenos. Das duas crianças mais velhas, Maria e Maddalena, não temos informações. Já o menino Angelo Cassagni, nascido por volta de 1891, casou-se em Leopoldina aos 26 de Julho de 1930 com Maria Sodré, filha de José Sodré de Souza e Rita Maria de Jesus. O novo casal teria se estabelecido em Laranjal onde nasceu, pelo menos, o filho Paulo Cassagni que se tornou padre e viveu na cidade do Rio de Janeiro.

Em Leopoldina nasceu uma filha de Rosa e Stefano Cassagni, no dia 26 de junho de 1895. Chamou-se Carolina e se casou em Leopoldina aos 25 de Janeiro de 1919 com Rogerio Menezes Dias, filho de Antonio Menezes Dias e Maria Dias de Jesus. Rogerio era leopoldinense, nascido no dia 18 de Dezembro de 1889.

Família Gottardo

No prosseguimento da atualização de informações sobre os passageiros do vapor Washington, que aportou no Rio no dia 30 de outubro de 1888, hoje abordaremos o grupo chefiado por Antonio Gottardo que passou pouco tempo no Brasil, voltou para a Italia e depois veio de forma definitiva. O que chama a atenção, neste caso, é que desembarcaram apenas o pai e as filhas Maria e Regina, e uma filha desta de nome Angelina, no retorno em 1896,

Segundo o casamento de Angelina, ela teria nascido em Leopoldina em março de 1894, o que remete a viagem de parte da família Gottardo para a Italia a partir desta data. Regina tinha outra filha, de nome Petrina Antonieta, nascida e batizada em Leopoldina em 1891, que não desembarcou com a mãe em 1896. E pelo casamento de Angelina, soubemos que o pai dela, Achille Meneghetti, teria falecido em São Paulo.

Considerando que Antonio, as filhas Maria e Regina, a neta Angelina e talvez o genro Achille tenham ficado na Italia entre meados de 1894 e fevereiro de 1896, realizamos buscas na localidade onde o grupo teria vivido no período: Dolo, província de Venezia, bem próximo de Vigonza, onde Antonio Gottardo vivia antes da primeira viagem ao Brasil. Esclareça-se, a propósito, que o pai de Antonio chamava-se Domenico Gottardo e é provavelmente aquele que faleceu em 1877 em Dolo, sendo natural de Arino di Dolo e residente em Cazzago di Pianiga, localidades entre Dolo e Vigonza. Por conta desta informação, estendemos as buscas por estes lugares. Infelizmente, nada encontramos.

Em março de 1896, Antonio Gottardo desembarcou novamente no porto do Rio e foi encaminhado para a Hospedaria Horta Barbosa, de onde saiu no dia 17, com destino a Ubá. Pouco tempo depois já estava novamente em Leopoldina, onde a filha Regina se casou pela segunda vez, com Aquilino Castagna, em fevereiro de 1898. Em Leopoldina também se casaram outros filhos: Maria em 1901, Michele e Giovanni Battista em 1904, e Domenico se casou duas vezes, a primeira em 1914.

Em 1910, Giovanni Battista Gottardo adquiriu o lote 26 da Colônia Agrícola da Constança. Em 1912, faleceu Antonio Gottardo. Pouco depois a filha Regina mudou-se para Belo Horizonte com o segundo marido e os filhos deste casamento. Em meados da década de 1930 foi a vez do filho Michele transferir-se para o estado do Rio. Domenico, Giobatta e Maria permaneceram em Leopoldina. Não temos notícias dos filhos mais novos: Giuseppe e Antonia. A descendência conhecida de Antonio Gottardo já está na sétima geração.

Italianos no arraial de São Lourenço, Leopoldina, MG

Recebemos diversas consultas sobre famílias que, segundo os remetentes, teriam vivido na Colônia Agrícola da Constança e não foram citados em nossas colunas no jornal Leopoldinense.
Em primeiro lugar, gostaríamos de esclarecer que o portal deste jornal foi lançado em 2009 e nossas colunas começaram bem antes. Pelos 90 anos da Colônia, publicamos nossos textos entre 1999 e 2001 em outro jornal da cidade cujo editor posteriormente fundou o Leopoldinense, jornal no qual foi publicada a série sobre o Centenário da Colônia, entre 2006 e 2010. A pesquisa que deu origem às duas séries de artigos encontra-se ao final desta postagem.
Uma das consultas que recebemos nos últimos dias refere-se à família de Ramiro José. Infelizmente o leitor fez o comentário aqui no blog e não deixou seu e-mail para resposta.
Acreditamos tratar-se do italiano Giuseppe Ranieri, filho de outro do mesmo nome e de Celestina Farinone ou Farinazzo, também referida em algumas fontes como Caterina Desboto. Ao que sabemos, Giuseppe (filho) residia no arraial de São Lourenço em fevereiro de 1899, quando foi batizado seu filho Marcelino. Era casado com Catarina Zerbati, também italiana. Não localizamos a entrada da família no Brasil nem outras referências em Leopoldina.
Sabemos apenas que Giuseppe Ranieri (filho) era irmão de Luigia Ranieri que se casou em Leopoldina, no ano de 1896, com Pietro dal Canton, filho de Giovanni dal Canton e Ana Chinellata.
Através do casamento de Luigia descobrimos que a família Ranieri tinha origem na Parrochia Altissimo, em Vicenza, Veneto. Pela data do casamento, podemos afirmar apenas que os Ranieri passaram ao Brasil antes de novembro de 1896.
Já os Dal Canton procediam de Martellago, Venezia, Veneto e chegaram ao Brasil em setembro de 1895. Foram contratados para trabalhar em uma fazenda do então distrito de Santa Izabel, hoje Abaíba. Ali Pietro conheceu Luigia, com quem se casou um ano depois.
Dos irmãos de Pietro sabemos que Angelo dal Canton casou-se em 1898 com Elisetta Marcelina Baldo, procedente de San Mauro di Saline, Verona, e cuja família chegou ao Brasil em abril de 1896, sendo contratada também para uma fazenda de Santa Izabel, por Antonio Carlos de Barros Faria. Referências aos pais de Elisetta – Giovanni Battista Baldo e Lucia Caloi indicam que seus filhos Giuseppe, Ermelinda, Anetta e Maria Teresa viviam no arraial de São Lourenço nas três primeiras décadas do século XX. Ermelinda Baldo foi casada com Pietro Castagna, natural de Velo Veronese, Verona, e cuja família transferiu-se de Leopoldina para Belo Horizonte na década de 1930.
Pietro dal Canton faleceu antes de 1909, quando a viúva Luigia Ranieri casou-se pela segunda vez com o cunhado Luigi dal Canton.
Anetta Baldo, irmã da esposa de Angelo dal Canton, casou-se também com um cunhado – Vittorio dal Canton. Os outros filhos de Giovanni dal Canton e Ana Chinellata foram Antonio, Lugia que se casou com Luigi Rancan, Angela e Benvenuto.
Sobre os Rancan, do marido de Luigia dal Canton, sabemos que o casal Francesco Rancan e Angela Corradin procedia de Mizzole, Verona e passou ao Brasil em 1896, sendo também contratado para fazenda nas imediações do arraial de São Lourenço. Com eles vieram os filhos Giuseppe que se casou com Giulia Fovorini, Carolina que se casou com Luigi Maimeri, Angelo e Maria que se casou com Emilio Giovanni Raimondi.
Reunindo as informações sobre estes personagens, verificamos que os Baldo, Castagna, Dal Canton, Fovorini, Maimeri, Raimondi, Rancan e Ranieri viviam em São Lourenço e não na Colônia Agrícola da Constança. Como temos dito em diversas oportunidades, a Colônia foi apenas um dos núcleos onde viveram muitos imigrantes, especialmente italianos. Mas no ano em que comemoramos os 130 anos de Imigração Italiana em Leopoldina, não podemos nos esquecer de tantos que, estabelecidos nos distritos da cidade, ajudaram a modificar o panorama do município.
Atenção: o livro abaixo foi a primeira edição da pesquisa que deu origem a duas séries de artigos publicados em jornal de Leopoldina entre 1999 e 2001 e entre 2006 e 2010. Em fevereiro de 2019 iniciamos outra série sobre o mesmo assunto, com atualizações obtidas em buscas realizadas após a primeira edição.