Provavelmente outros estudiosos tenham por objetivo a identificação dos personagens que povoaram as terras onde se formou o município de Recreio. Considerando que um pesquisador sempre pode colaborar com o estudo de seus pares e que dificilmente uma busca deste tipo pode ser levada a cabo por uma pessoa só, vamos reunir as informações de que dispomos.
Reputamos como impossível a elaboração de uma listagem exaustiva que contemple todos os nomes daqueles que modificaram a paisagem até então ocupada pelos nativos. Nossa opção é, portanto, divulgar os dados de documentos a que tivemos acesso.
Os chamados Mapas de População eram listagens organizadas pela paróquia e cujo principal objetivo era controlar a arrecadação de impostos. No território objeto de nossos estudos, a primeira destas contagens é de 1831, realizada pela Igreja de Madre de Deus do Angu. Entretanto, dela não consta a delimitação dos quarteirões, dificultando a identificação do local de moradia dos paroquianos. Já a Relação nominal dos Habitantes no Destricto de S. Sebastião do Feijão Crú, Termo da Villa da Pomba, contagem de 1838, divide os moradores em quatro quarteirões.
Importante destacar que a listagem foi encaminhada ao Presidente da Província de Minas através de uma carta na qual podemos observar o seguinte termo de fechamento:
“Dios Guarde a V. Exª muitos Annos
Novo Corato de S. Sebastiam do Texouro do Municipio da Pomba
26 de outubro de 1835
Manoel Ferreira Britto
Juiz de Paz”
Supomos que este Manoel Ferreira Brito seja o pai de Ignacio e Francisco Ferreira Brito porque há apenas um do nome como chefe da família onde Ignacio e Francisco aparecem como filhos. Como Juiz de Paz, foi ele o encarregado de organizar os dados em uma listagem onde constam o número dos fogos (moradias); os nomes do chefe da família, seus dependentes, agregados e escravos; a idade de cada pessoa; a qualidade (cor); o estado civil e uma observação sobre ser ou não alfabetizado.



Construindo Biografias, tivemos oportunidade de observar relações de parentesco ou compadrio entre quase todas as famílias que iniciaram a ocupação sistematizada de nossa região. No nosso entender, isto aponta para a pré-existência de uma determinada cultura concernente àquele grupo, resultando em tentativas de reconstruir, nas terras do Feijão Cru, o ambiente do qual provinham. Lembra-nos Benito Bisso Schmidt, em Construindo Biografias (Rio de Janeiro, Revista de Estudos Históricos, n. 19, 1997), que as articulações entre a vida pública e a vida privada explicam e justificam o desenrolar dos acontecimentos que se pretenda resgatar com grande distância no tempo. Por esta razão, Schmidt cita Christopher Hill quando sugere incorporar os acontecimentos da época em que o biografado viveu.Para uma contextualização mais detalhada, torna-se necessário remontar à história de Leopoldina por diversas razões. Uma delas é o fato de que muitos dos antigos moradores de Recreio chegaram na região junto com os povoadores pioneiros daquela cidade, sendo com eles aparentados. A outra razão, que inscrevemos entre as principais, é a subordinação político-administrativa do território. Entretanto, para não sermos repetitivos, sugerimos que o leitor consulte o site