Famílias italianas em Leopoldina: Manca

A homenageada Gercy Manca Pereira representa uma família procedente da Sardegna. Seu antepassado Luigi Manca foi o primeiro a chegar em nossa região, em 1896, e foi inicialmente encaminhado para Miraí, município que acolheu outros imigrantes que também vieram para Leopoldina mais tarde. Já os primos Antonio e Angelo Manca vieram direto para Leopoldina.

Primeira geração

1.  Gercy Manca, filha de José Manca e Durvalina da Silva, nasceu a 19 Ago 1935 em Rosário de Limeira, MG.

Segunda geração (Pais)

2.  José Manca, filho de Luigi Manca e Giusta Aroni. Casou com Durvalina da Silva.

3.  Durvalina da Silva, filha de José Alves da Silva e Maria Candida.

Terceira geração (Avós)

4.  Luigi Manca nasceu em Uta, Cagliari, Sardegna Italia. Casou com Giusta Aroni.

5.  Giusta Aroni, filha de Francesco Aroni e Elena Meloni, nasceu em Uta, Cagliari, Sardegna Italia.

6.  José Alves da Silva casou com Maria Candida.

7.   Maria Candida .

Quarta geração (Bisavós)

10.  Francesco Aroni nasceu na Italia onde se casou com Elena Meloni.

11.  Elena Meloni nasceu na Italia.

A Sardegna, uma grande ilha no mar Mediterrâneo, é dividida administrativamente em quatro províncias: Sassari, Nuoro, Oristano e Cagliari. Em Leopoldina viveram italianos procedentes das quatro províncias. Além dos sobrenomes Manca, Aroni e Meloni, aqui estiveram Agus, Apova, Bardino, Cappai, Congiu, Cuccu, Deiana, Fanni, Fois, Locci, Putzu, Sestu, entre outros. Muitos sobrenomes se perderam ao longo do tempo.

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Fontes Consultadas:

Carteira de Identidade, RG nr MG 6.422.714 emitida pelo SSPMG em 9/10/2020.

Archivio di Stato di Cagliari.

– Pubblicazioni 1866-1910.

– Matrimoni – Teulada 1886.

– Nati – Uta 1866-1888.

Arquivo Público Mineiro. Livros da Hospedaria Horta Barbosa SA-910 e SA-920.

Família Pazzaglia

A família Pazzaglia chegou a Leopoldina em 1897, tendo sido contratada para trabalhar numa fazenda em São Martinho, distrito de Providência. O sobrenome da Matriarca aparece em algumas fontes como Cappi e em outras como Lucchi.

Os Meloni, da Sardegna

Com a colaboração do descendente Raphael Meloni foi possível identificar esta família radicada em São João Nepomuceno, com pelo menos um descendente em Leopoldina.

São Sebastião da Cachoeira Alegre

Freguesia de 1887, pertencente à Paróquia de São Paulo de Muriaé, São Sebastião da Cachoeira Alegre ocupava grande extensão territorial, com 470 fazendas e 4.000 habitantes na década de 1870.

No seu extremo sul apareceu, ao final dos anos de 1880, o povoado de Bom Jesus da Cachoeira Alegre com metade da extensão territorial e população. Quando Palma alcançou autonomia administrativa, a população somada de São Sebastião e Bom Jesus era 40% superior à de Palma. No processo de incorporação, os 4.200 habitantes de São Sebastião permaneceram vinculados a Muriaé e os de Bom Jesus passaram a Palma que teve, então, sua população aumentada de 5.000 para quase 8.000 habitantes.

Houve muita disputa política entre o final do século anterior e a primeira década do século XX, com os administradores de Palma querendo exercer o poder sobre São Sebastião da Cachoeira Alegre. Em 1911 veio a decisão a favor de Palma,  o que não agradou aos moradores. Prosseguiram as disputas até que, em 1920, São Sebastião da Cachoeira Alegre passou para o distrito de Silveira Carvalho, pertencendo a Muriaé. Entre os mentores desta nova divisão administrativa encontram-se, entre outros, os Silveira Carvalho, Duarte, Almeida, Rocha, Lammoglia, Meloni e Montovani.

Bom Jesus da Cachoeira Alegre permaneceu em Palma até 1962, quando o distrito de Morro Alto foi elevado a município com o nome de Barão de Monte Alto. O principal motivo da separação foi o abandono a que estava relegado o distrito de Morro Alto, ao qual Bom Jesus havia sido incorporado.

Na década de 1920 as localidades de Morro Alto, Bom Jesus e São Sebastião receberam muitos imigrantes portugueses, atraídos pelo baixo preço das terras esgotadas pela monocultura de café. Desde o final do século anterior já havia grande número de imigrantes, especialmente italianos, em São Sebastião da Cachoeira Alegre. A multiplicação de pequenas propriedades, onde outrora existiram verdadeiros latifúndios produzindo apenas café, modificou sensivelmente o panorama local. Muriaé, que foi o 16º município brasileiro em produção cafeeira  naquele 1920, aos poucos passou a dedicar-se a outras atividades, liberando grande extensão de terras para os neo-agricultores. Assim, portugueses e italianos atingiram o sonho da terra própria. Infelizmente, porém, foram os mais atingidos pela quebradeira de 1929.

Entre outras famílias que participaram desta retomada do crescimento está a do tio do poeta Miguel de Torga, que saiu de Leopoldina para comprar a Fazenda de Santa Cruz em São Sebastião da Cachoeira Alegre, na época distrito de Muriaé com o nome de Silveira Carvalho. Seus familiares estão profundamente vinculados ao movimento político que resultou na criação do município de Cachoeira Alegre e permaneciam em sua administração até a realização desta pesquisa, em 2001.

Quanto aos descendentes de italianos, a geração nascida a partir de 1930 conheceu dificuldades inomináveis. Embora a energia elétrica tenha chegado a Muriaé em 1910, seus distritos só a conheceram dez anos mais tarde. Por outro lado, Palma só teve energia elétrica a partir de 1920 e até 1964 este benefício não tinha chegado ao distrito de Morro Alto.

Da mesma forma teve influência a baixa escolarização dos habitantes. Apesar de Muriaé oferecer educação nos distritos desde o final do século XIX, as disputas políticas em São Sebastião da Cachoeira Alegre impediram a criação de escolas antes de sua re-anexação à antiga sede. Enquanto Muriaé contava com 36 núcleos de educação básica em 1916, o município vizinho atendia apenas a população da área urbana em suas 6 escolas.

Este texto foi composto a partir de informações obtidas em:

– entrevistas com descendentes dos Correia da Rocha;

– entrevistas com descendentes de italianos;

– relatórios da Presidência da Província de Minas Gerais;

– dados estatísticos fornecidos pelo Centro de Documentação da Fundação IBGE;

– dados estatísticos da Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais;

– Fundação Henrique Hastenreiter e sua Revista de Historiografia Muriaeense;

– Revista Municípios, número dedicado a Muriaé;

– FARIA, Maria Auxiliadora de. O que ficou dos 178 anos da história de Muriaé. Itaperuna, RJ: Damadá, 1985.