Nocori, Nacav, Naccari

A postagem de 4 de março, intitulada A Pesquisa em Leopoldina II, gerou muitos comentários. Alguns foram respondidos em novas postagens como fazemos agora, para atender a consulta da paranaense Maria Lúcia. Em virtude das muitas alterações ortográficas, ela está com dificuldade para rastrear a trajetória de seus antepassados. Esperamos contar com a colaboração de visitantes que possam acrescentar informações a respeito.

Luigi Naccari e Catterina Paesante foram pais de Antonio Naccari nascido em Porto Tolle, Rovigo, onde faleceu em 1881.

Antonio se casou com Pietra Marangoni, filha de Antonio Marangoni. Eles tiveram oito filhos: Luigi Cesare, Catterina, Cherubino, Beniamino Angelo, Angela, Maria, Prima e Carolina.

Pietra passou ao Brasil com os filhos em 1888. Estabeleceu-se no distrito de Ribeiro Junqueira, onde viveu com o segundo marido, Candido Leone Finotti. Nos primeiros anos do século XX, o segundo marido de Pietra já havia saído de Leopoldina e com ele alguns descendentes dela que se dirigiram para Muriaé, Carangola, Manhuaçu e os atuais municípios de Simonésia e Governador Valadares.

Nem todos os filhos de Pietra e Antonio Naccari usaram o sobrenome paterno no Brasil, o que dificultou localizá-los. A seguir destacamos os que formaram família em Leopoldina.

1-Luigi Cesare Naccari, o mais velho, nasceu a 3 Abr 1868 em Porto Tolle. Casou-se com a italiana Izabel Zannon, filha de Giovanni Zannon e Luigia Pezza. Tiveram dez filhos Palmira Celeste, Maria Laurinda, Antonio Keroubino, Luiza, Santa, Ernesto Giovanni, Epifania Luiza, Cecilia, Julieta Romana e João.

O casal trabalhava na Fazenda Pedro Velho, em 1896. Esta propriedade ficava ao norte do distrito de Ribeiro Junqueira.

4 - Beniamino Angelo Naccari foi o quarto filho de Antonio e Pietra Marangoni. Nasceu a 3 Jan 1878 em Porto Tolle. Casou-se em Ribeiro Junqueira com Rosa Lorenzetto, filha dos italianos Natale Lorenzetto e Cristina Moroni. Em Leopoldina tiveram dois filhos: Carolina e Elvira. Migraram para Apucarana, PR.

5-Angela Naccari nasceu a 15 Out 1880 em Porto Tolle, sendo a quinta filha de Pietra e Antonio Naccari. Casou-se com Domenico Antonio Lorenzetto, irmão da esposa de Beniamino. Deixaram Leopoldina algum tempo depois.

8-Carolina Marangoni foi a última filha de Antonio Naccari, nascida a 1 Nov 1883 em Porto Tolle. Em Ribeiro Junqueira se casou com Aurelio Pimentel, filho dos imigrantes portugueses José Aurélio da Costa Pimentel e Eduarda Pereira. Carolina e Aurélio tiveram 11 filhos: Maria, José Benedito, Julio, Antonio, Maria, Luiz, Sebastião, Maria Consuelo, Aurelio, Maria Aparecida e Wilson. Ao que se sabe, foi a única filha de Antonio Naccari que permaneceu em Leopoldina, onde tem descendentes até os dias atuais. Entre eles, um foi prefeito do município.

 

Italianos no distrito de Providência – final

O leitor interessado nos italianos do distrito de Providência listou alguns nomes que não constam de nossos arquivos. Talvez por serem variações de grafia. Como ele não incluiu o e-mail no comentário, concluímos nossa resposta aqui pelo blog, citando alguns personagens que podem corresponder às últimas famílias consultadas por ele.
  • Brandi – Assim como Brand e Brando, é uma variação da palavra germância branda que significa espada ou gládio. O sobrenome tem o sentido de guerreiro. Em Leopoldina encontramos, além dos descendentes de Braz Brando que viveu na Colônia Agrícola da Constança, referência a Vincenzo Brandi que foi sepultado na sede municipal em 1917.
  • Breschiliaro, Antonieta  – nasceu em 1897 em Providência, filha de Pietro Breschiliano e Luigia Zanetti.
  • Bruni, Albina  – era casada com Giacomo Minelli, família contratada para Providência mas que se espalhou pelo município, com forte incidência em Ribeiro Junqueira. Alvina faleceu na sede municipal em 1916.
  • Bugghaletti, Rigo  – nasceu em 1897 em Providência.
  • Guidotti – Pietro Guidotti com a esposa Vida Matuzzi e três filhos foram para fazenda de São Martinho em 1897. Nomes dos filhos: Alfredo, Silvio, Emilio. Em Providência nasceram Vicente (1899) e Silvio (1902).
  • Lovisetti, Maria Marcolina  casou-se em 1901, no distrito de Ribeiro Junqueira, com Domenico Claudio Finotti. Migraram para Carangola, MG.
  • Scarelli, Adolfo – nasceu em 1898 no distrito de Providência, filho de Francesco Scarelli e Teresa Federici.
  • Vavassovi – Alessando Vavassovi e a esposa Angela Marchetti viviam no distrito de Providência em 1897, quando nasceu um filho do casal falecido no mesmo ano. Este filho aparece em fontes documentais como Giuseppe Vavassovi e também como Joseph Brasile Vavassovi.
  • Zini – Antonio Zini passou ao Brasil em 1877, instalando-se na Colônia Grão Pará, atual município de Orleans, Santa Catarina. Em 1895 já estava em Leopoldina, tendo falecido no distrito de Piacatuba em 1902. Seus filhos constituiram família na cidade: Luigi casou-se com Rosa Farinazzo e Giuseppe casou-se com Orsola Cagliari. Alguns descendentes migraram para a região de Governador Valadares.

A Pesquisa em Leopoldina II

Uma pergunta frequente nas mensagens de nossos leitores:

Quantos sobrenomes italianos existem em Leopoldina?


Geralmente nós começamos a resposta com um caso clássico. Trata-se do imigrante Sancio Maiello que passou a ser identificado como Francisco Ismael, sendo Ismael o sobrenome usado pelos descendentes. Donde perguntamos aos nossos interlocutores: neste caso, devemos dizer que é um ou que são dois sobrenomes?

Agora convidamos nossos leitores para analisar um outro caso.

Teresa Trombini, nascida em Porto Tolle, Rovigo, era casada com Candido Leone Finotti. Foram pais de Giovanni Sante (1868), Battista (1871), Pietro Antonio (1873), Domenico Claudio (1876), Lorenzo (1881), Angelo (1883) e Giuseppe, todos nascidos na Itália. Muitos deles migraram para a região de Carangola e para o Espírito Santo, sendo que atualmente há descendentes também na região de Governador Valadares.

O filho Giovanni Sante Finotti foi casado duas vezes: com Ema Craciotoni e com Emilia Bellan. O segundo casamento foi realizado no distrito de Ribeiro Junqueira, em 1898, e a noiva era filha de Angelo Bellan e Maria Piovesan. Aqui temos um aspecto que pode gerar confusão numa busca apressada: no casamento de Giovanni, consta que ele era viúvo de Tereza Trombini que, na verdade, era sua mãe.

Outro filho, Battista Finotti, casou-se com Maria Dorigo em 1896, também em Leopoldina. Maria era filha de Gaetano Dorigo e Felicitá Omilio. Mais uma dúvida: a mãe de Maria é referida, em algumas fontes, como Emilia Felicitá.

Ocorre que Candido Leone Finotti, o genearca deste grupo, foi casado também com Pierina Marangoni, que, por sua vez, tinha sido casada com Antonio Nacav, cujo sobrenome aparece como Nocori e Nacaré.

Até aqui mencionamos os sobrenomes Bellan, Craciotoni, Dorigo, Finotti, Marangoni, Nacav, Omilio, Piovesan e Trombini. Poderíamos, então, definir como sendo nove os sobrenomes italianos encontrados neste grupo? Ou deveríamos acrescentar a quantidade de variações ortográficas? Deveríamos somar Felicitá como variação de Omilio?

Como um estudante, que está começando a se aproximar de sua própria história familiar, poderia responder à questão: 

Quantos sobrenomes italianos há em sua família?

Para ampliar um pouco mais a dificuldade, alguns descendentes do grupo aqui mencionado adotaram, como sobrenome, o primeiro ou o segundo nome do pai. Muitas vezes isto ocorre porque o italiano, ao informar como se chama, responde com o sobrenome antes do nome. Donde, nesta família, encontramos pessoas com sobrenome Battista, Domenico, Leone, Lorenzo, Pietro e Sante e suas variações ortográficas.

Ao longo destes quinze anos de pesquisas nós descobrimos muitos outros casos semelhantes. Por esta razão, julgamos inadequado quantificar os sobrenomes imigrantes presentes em Leopoldina. Consideramos que, muito mais importante do que um número redutor, são as pessoas que estão representadas na população leopoldinense. Os atuais descendentes nem sempre se sentirão incluídos no grupo se não souberem que usam, por sobrenome, uma variação do que estaria registrado em alguma lista totalizante.

Cada pesquisador escolhe a melhor metodologia para atingir os objetivos de sua pesquisa. No nosso caso, decidimos usar o sobrenome original para vincular o grupo familiar. E estamos disponíveis para ajudar a todos os leopoldinenses, através do acervo de informações que reunimos, a descobrirem o grupo ao qual pertencem.