O Tombamento: de instrumento a processo na construção de narrativas da nação

Julia Wagner Pereira

Resumo

Esta dissertação consiste em uma análise da medida de preservação “tombamento” como um processo de construção de narrativas nacionais. Instituído no Brasil a partir do Decreto-Lei n° 25 de 30 de novembro de 1937, o “instrumento do tombamento” tem consolidado e materializado na memória social através do “Patrimônio Histórico e Artístico Nacional” um passado e uma identidade da nação. A partir do processo de tombamento do Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Icó (CE) discute-se a formação do “Patrimônio Histórico e Artístico Nacional” na década de 1970, considerando a gama de intencionalidades presentes na seleção desse acervo nacional. Sob essa perspectiva, o “tombamento” foi compreendido como um processo político e cultural dinâmico que ressignifica os bens culturais através da atribuição de novos valores, cujo deslocamento simbólico os insere em uma historicidade nacional. Para a abordagem do “tombamento” como um processo que organiza socialmente a continuidade histórica da nação e subsidia a construção de narrativas nacionais são utilizadas as noções de “invenção de tradições” (HOBSBAWN; RANGER) e “comunidade imaginada” (Benedict Anderson).

Palavras chave: : Museologia. Patrimônio Cultural. Tombamento. Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Narrativas nacionais. Preservação.

Biografia: quando o indivíduo encontra a história

Artigo de Mary Del Priore

Resumo
A biografia, uma das primeiras formas de história – depois das dos deuses e de homens célebres –, retém cada vez mais a atenção dos historiadores. Todavia, a moda da biografia histórica é recente. Com efeito, até a metade do século XX, sem ser de todo abandonada, ela era vista como um gênero avelhantado, convencional e ultrapassado por uma geração devotada a abordagens quantitativas e economicistas.

O ofício de historiador: entre a ‘ciência histórica’ e a ‘arte narrativa’ | Roiz | História da Historiografia

Diogo da Silva Roiz

Resumo

O que muitos historiadores franceses e ingleses definiram como a passagem da história-narrativa para a história-problema, nas primeiras décadas do século XX, e da história-problema para uma volta à (uma ‘nova’) história-narrativa, entre as décadas de 1960 e 1970, constituiria uma mudança profunda no conhecimento histórico, e que se desdobraria também pelas Ciências Humanas e Sociais, configurando novas investigações, problemas e interpretações, mesmo que de forma peculiar. Nesse sentido, o principal objetivo deste texto será inquirir parte desses debates, e os contornos que tiveram entre a História e a Teoria Literária, ao procurar demonstrar como esses questionamentos, de os estudos históricos estarem entre a ‘ciência’ e a ‘arte’, contribuíram diretamente para que fossem repensadas as ‘teorias’ na pesquisa histórica, a partir da década de 1970.

 

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A História e a escrita da História

Uma análise sobre o papel que a narrativa exerceu no debate sobre o conhecimento histórico.
Makchwell Coimbra Narcizo
Universidade Federal de Goiás

“De vm ce amigo, servo, venerador…”: comentários sobre o sujeito histórico e a escrita epistolar nas Minas setecentistas

Paulo Miguel Fonseca

RESUMO

O presente texto visa contextualizar as discussões relativas à ação do sujeito histórico e as dinâmicas frente aos sistemas normativos na construção da escrita da História. Para isso, iremos analisar o papel do sujeito como autor e a relação com o produto de seu trabalho. A título de estudo de caso, buscaremos dissecar a correspondência do colono mineiro Paulo Pereira de Souza, comerciante de secos e molhados que atuou na capitania de Minas Gerais nas décadas de 1750 e 1760. É, pois, a partir de Paulo Pereira que procuraremos identificar as variadas formas de narrativa e expressão, que naturalmente geram diferentes percepções do historiador.

Palavras-chave: epistolografia, Minas Gerais, Brasil, Paulo Pereira de Souza.

Varia Historia – “De vm ce amigo, servo, venerador…”: comentários sobre o sujeito histórico e a escrita epistolar nas Minas setecentistas

A Operação Genealógica

“O que é uma Genealogia? Como pode o historiador utilizar-se de genealogias como fontes históricas, e, em contrapartida, quais as possibilidades de tomar a própria genealogia para o objeto historiográfico em si mesmo? Como os indivíduos, famílias e grupos sociais constróem as sua genealogias – selecionando alguns antepassados e descartando outros – de modo a edificar a sua própria identidade? Como as genealogias funcionaram nos diversos períodos históricos?”

De José d’Assunção Barros, o artigo foi publicado na Mouseion, v. 1, nr. 2, julho-dezembro de 2007.

Vejam o texto completo:

operacao_genealogica.pdf (objeto application/pdf)