Colégio Castanheira e Grupo Escolar Ribeiro Junqueira

Ao longo do tempo temos recolhido informes variados sobre a Educação em Leopoldina. De modo geral, vimos formando um arquivo com notícias sobre inauguração ou funcionamento de escolas, bem como sobre professores. E sempre que publicamos uma postagem a respeito, recebemos mensagens de visitantes do blog pedindo informações adicionais ou relatando algum fato sobre pessoa citada.

Há alguns meses escreveu-nos um colateral do casal de professores Bento Castanheira e Maria Brígida de Medeiros. Durante a troca de mensagens, surgiram várias hipóteses que cuidamos de verificar no material que se encontra disponível para consulta. Uma delas ainda depende de encontrar fontes de pesquisa. Trata-se da informação oral  dando conta de que, entre as salas de aulas públicas existentes em Leopoldina nos primeiros anos do século XX, e que se transformaram no Grupo Escolar Ribeiro Junqueira, estava o Colégio Castanheira.

Segundo nosso interlocutor, o colégio do casal Castanheira funcionou na Rua Sete de Setembro e não nas “taboquinhas”, onde residiam, nas proximidades da rua que recebeu o nome da professora Maria Brígida em 1976. Parece-nos que a dedução de que a escola funcionava no atual bairro Maria Guimarães França decorre de informações de Luiz Rosseau Botelho. No livro Alto Sereno, o autor informa que seu irmão Genico (Luiz Eugenio) estudou neste Colégio que era “uma espécie de Caraça, onde eram muito rigorosos”. O mesmo autor, no livro Dos 8 aos 80, informa que o acesso à Chácara do Castanheira era através do “caminho da rua das Tabocas […] lugar de uma vista panorâmica maravilhosa”.

Nosso correspondente ouviu de seus familiares que o primeiro endereço do Grupo Escolar Ribeiro Junqueira foi uma casa na esquina na rua Sete de Setembro com Tiradentes, informação coerente com a imagem publicada por Roberto Capri no livro Minas Gerais e seus Municípios, de 1916.

Rua Sete de Setembro, Leopoldina, Minas Gerais
Grupo Escolar Ribeiro Junqueira por volta de 1910

Restam algumas dúvidas. Se a família Botelho Falcão morava nas proximidades onde viria a ser instalado o Grupo, pode-se supor que Luiz Eugênio tenha sido matriculado em escola próxima de sua casa e que a Chácara dos Castanheira fosse apenas a residência do casal? Se o menino Genico estudou em escola particular, pode-se afirmar que o Colégio Castanheira era pago, apesar do casal ser professor público?

Outras questões permanecem em aberto. Será muito importante receber novas contribuições de leitores que nos ajudem a esclarecê-las e a conhecer um pouco mais da trajetória destes professores. Sabe-se que após a morte do professor Bento, dona Maria Brígida continuou trabalhando no GERJ, sendo diretora naquele ano de 1914, em substituição a Augusto dos Anjos. Também com origem na família é a informação de que ela se transferiu para Cataguases em 1916 e faleceu no Rio de Janeiro em 1946.

Se você, leitor, puder colaborar, por favor, envie seu comentário.

Escola Pública Feminina

Há 118 anos era inaugurada outra escola pública feminina em Leopoldina. Segundo notícia d’O Leopoldinense, no dia 14 de agosto de 1895 a professora Maria Brígida de Medeiros abriu uma escola de instrução primária do sexo feminino.

Em dezembro do mesmo ano foram publicados os resultados dos exames realizados pelas alunas da professora Maria Brígida e de sua mãe, Maria Bárbara, que na nota aparece com o nome de Maria Barbosa de Medeiros.

A professora acima referida como Maria Brígida de Jesus era filha de Joaquim Furtado de Medeiros e de Maria Bárbara da Conceição, tendo nascido aos 18 de outubro de 1874 em Tabuleiro do Pomba, MG.

Aos 6 de janeiro de 1896[1] foi nomeada professora de Leopoldina após concluir os estudos na Escola Normal de Ouro Preto. Em 1914[2] substituiu Augusto dos Anjos na direção do Grupo Escolar e dois anos depois transferiu-se para Cataguases. Faleceu no Rio de Janeiro em 1946.

Seu pai era português e faleceu em Leopoldina aos 20 de janeiro de 1908[3]. Sua mãe, Maria Bárbara, auxiliou a filha nas atividades do Colégio Castanheira, mencionado por Luiz Rousseau Botelho[4].

O nome deste colégio vem de Bento Bernardes Castanheira, natural de Bom Sucesso, Minas Gerais, nascido por volta de 1865[5], filho de José Bernardes de Souza e Delfina Eusébia Castanheira. Residiu em Ubá[6], onde era redator do jornal O Progresso em novembro de 1890. Transferiu-se para Leopoldina e fundou a escola particular que levava seu nome. Casou-se com Maria Brígida aos 28 de novembro de 1896. Em 1906[7] era vice-presidente do Centro Espírita de Leopoldina. Faleceu aos 8 de maio de 1914[8], deixando quatro filhos: Bento, Franca Rosa, Mário e Aurelinda.

Em outro livro de Luiz Rousseau[9] consta que a Chácara dos Castanheira “era um lugar de vista panorâmica maravilhosa” e que o acesso era pela Rua das Tabocas. Esta informação baseou a Lei Municipal 1130, de 12 maio de 1976, que deu o nome da professora Maria Brígida a uma rua no bairro Maria Guimarães França.


[1] Relatórios de Conselheiros e Presidentes da Província de Minas Gerais, 1897.

[2] RODRIGUES, José Luiz Machado e CANTONI, Nilza. Nossas Ruas, Nossa Gente. Rio de Janeiro: particular, 2004. p.145.

[3] Cemitério Nossa Senhora do Carmo, Leopoldina, MG, lv 2 obitos 3º plano sep 613 fls 21 reg 14.

[4] BOTELHO, Luiz Rousseau. Alto Sereno. Belo Horizonte: Vega, 1975. p.75

[5] Arquivo da Câmara Municipal de Leopoldina, Alistamento Eleitoral de Leopoldina século XIX, 1895..

[6] O Leopoldinense. Leopoldina, MG:, 1879 – ?.  1890, ed. 55, 20 de novembro, pag. 1.

[7] Almanack do Arrebol. Leopoldina: s.n., 1984-1985. Ano 2 nr 6 fls 6.

[8] Cemitério Nossa Senhora do Carmo, Leopoldina, MG, lv 2 óbitos sep 3º plano nr. 985 fls 59 reg 95.

[9] BOTELHO, Luiz Rosseau. Dos 8 aos 80. Belo Horizonte: Vega, 1979. p.113.