“Os habitantes parecem saber bem pouco acerca dos requintes da vida, passando a maior parte do tempo na mais completa indolência e lendo pouquíssimos livros, pois o conhecimento não está no rol de suas preocupações. É política assente do governo manter o povo na ignorância, já que isso o faz aceitar com mais docilidade as arbitrariedades do poder.
[…] a educação em geral [inspira] num povo uma altivez de pensamento muito hostil a qualquer modo de opressão.
[…]
A corrupção no estado é, invariavelmente, seguida pela corrupção do povo. A maioria dos habitantes daqui é movida muito mais pelo medo do que pelo sentimento de
honra; e quanto maior a dificuldade que encontram para obter justiça, maior a sua inclinação à astúcia e à desonestidade”.
Carta da viajante inglesa Jemima Kindersley, de São Salvador da Bahia, em agosto de 1764. Publicada em FRANÇA, Jean Marcel Carvalho. Mulheres viajantes no Brasil (1764-1820). Rio de Janeiro: José Olympio, 2008. p. 45-46