Se muitos de nós, brasileiros, gostamos da Tarantella e das óperas italianas, pode ser porque nos fazem pensar numa parte importante da nossa identidade, já que o sangue daqueles imigrantes está presente em muitas de nossas famílias. E não acreditamos ser possível fazer distinção entre cultura que seja verdadeira ou não. Se existem práticas, são sempre verdadeiras. Podemos gostar ou não, claro. Mas jamais diminuir-lhes o valor. Se o cinema italiano da década de 1960 não é mais tão cultuado, nem por isto deve ser desmerecido. Teve o seu momento, arrebanhou multidões e cumpriu o papel de disseminar a produção do país. E acreditamos que o povo brasileiro está aberto para novas manifestações que retratem a Itália e outros países da atualidade. Podendo gostar ou não, assimilar ou não, escolher é permanência na pessoa humana. Ou, filosoficamente pensando, a única permanência é a eterna mudança.
Se os “literatos profissionais” de que fala Ianni julgam “heresia misturar emigração com cultura”, só temos a lamentar. E agradecemos a este autor por nos trazer letras de antigas canções que se tornaram hinos dos que partiam. E homenageamos os imigrantes que viveram em Leopoldina com uma destas letras (página 242)
Mo me parto da qua per n’altro regno,
passo passo mi vado allontanando;
lascio gli amici miei, lascio gli spassi,
lascio chi tanto bene me volia.
La pietre che scarpiso ‘npasso ‘npasso
pure hanno pietà del piano mio.