
Esta viagem do Trem de História toma novo ramal para encontrar o autor de “O Grande Mentecapto”, o escritor Fernando Sabino. E a viagem necessariamente passará pela imigração italiana em Leopoldina para contar que, a partir de 1998, foram escritos diversos artigos com o objetivo de prestar uma justa homenagem aos imigrantes italianos que se instalaram no município a partir de 1880, aos que viveram na Colônia Agrícola da Constança e a todo oriundi que ajudou a transformar a economia da cidade, abalada pelo fim da escravidão.
De início vale recordar que o interesse inicial pelo assunto surgiu no decorrer de um estudo sobre as antigas famílias leopoldinenses quando se observou, nos livros das paróquias, uma grande incidência de sobrenomes não portugueses entre noivos, pais e padrinhos de crianças batizadas. Constatou-se que 10% dos noivos do período de 1890 a 1930 eram imigrantes e, destes, 9% eram italianos e os demais, portugueses, espanhóis, sírios, açorianos, franceses, egípcios e nativos das Ilhas Canárias.
Percebeu-se, então, que um contingente significativo de habitantes estava carente de um estudo melhor sobre suas vidas e importância para o município, estatisticamente com forte presença de descendentes daqueles que, chegados ao Brasil no último quartel do século XIX, aqui se estabeleceram e muito contribuíram para o desenvolvimento econômico e social, sem que se tivesse notícia de qualquer movimento permanente no sentido de manter viva a memória daqueles conterrâneos por adoção.
Na verdade constatou-se que há poucas fontes de consulta para a época em que chegaram os personagens que serão abordados. Ainda não haviam sido implantadas as hospedarias e nem todos os manifestos de vapores foram preservados.
Assim, algumas pistas vieram de intérpretes daquele momento, incluindo a informação de que os italianos procedentes do vêneto eram mais afeitos à agricultura e que os toscanos e os meridionais procuravam as cidades para se estabelecerem com atividade comercial.
Este artigo tratará de um grupo procedente da Campania, mais especificamente da província de Salerno. Mas antes de detalhar suas características, é importante ressaltar que seria impossível compreendê-lo analisando-o de forma isolada, ainda que seus componentes pertencessem a diferentes famílias nucleares, tivessem idade diversa e possivelmente habilidades produtivas também variadas.
É importante, também, relembrar algumas informações sobre a Itália.
Como se sabe, antes da unificação a Campania pertencia ao Reino das Duas Sicílias e estava dividida em quatro províncias: Napoli, Terra di Lavoro (Caserta), Principato Citeriore (Salerno) e Principato Ulteriore (Avellino). Cada província era dividida em distritos e no Principato Citeriore os distritos eram Salerno, Sala, Campagna e Vallo.


Fonte: https://www.maremagnum.com/stampe/provincia-di-principato-citeriore/130340733
É preciso, também, ressaltar que a unificação foi um processo paulatino e que as trocas comerciais não se modificaram abruptamente com a proclamação do Reino da Itália. Por consequência, o trânsito interdistrital permaneceu e seria contraproducente definir o local de origem do grupo pelos estritos limites geográficos, porque sabe-se que as divisas são artificiais e nem sempre se preocupam com a personalidade histórica ou as práticas dos habitantes de uma localidade.
Com estas considerações, partiu-se para a busca de referências aos sobrenomes Appratto, Cazzolino, Eboli, Pagano, Polito, Petrola, Savino e Tambasco, grupo da Campania identificado em Leopoldina, cujos nomes muitas vezes estão grafados de forma diferente nas fontes paroquiais e civis aqui no Brasil.
Foram encontrados diversos vínculos entre alguns deles na documentação do Tribunal de Sala Consilina, disponíveis em microfilme da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. E o comune de Ispani surgiu como provável centro de difusão das famílias pesquisadas. Mas não havia microfilmes dos lugares mencionados naquela documentação e consultas epistolares não trouxeram o retorno esperado. Somente alguns anos depois começaram a surgir outras fontes, como alistamento militar e registros civis, publicadas em sites de arquivos provinciais, permitindo coletar mais informações.
Enquanto isso, a busca por fontes aqui no Brasil continuava. Até que no último ano, com a colaboração de Stanley Savoretti, foi possível fechar o estudo de uma das famílias. Antes, porém, é interessante refletir um pouco sobre o movimento de saída dos imigrantes de sua terra natal. Mas isto será assunto para o artigo da próxima quinzena. Até lá.
Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA
Publicado na edição 341 no jornal Leopoldinense de 16 de outubro de 2017

Olá , boa tarde. meu bisavÔ era de leopoldina, cândido Sabino. será que tem descendência Italiana? Obrigado. Ótimo trabalho, parabèns.
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Olá, Felipe. Imagino que você queira se referir aos ascendentes, pois descendentes são seus filhos e netos. Se for este o caso, informe a época em que seu antepassado viveu em Leopoldina e nome da esposa e filhos para que eu possa fazer uma busca.
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Poxa, nilza! Não tenho muito registro dele. Só sabemos que ele era de Leopoldina-mg e foi para o Rio de janeiro entre anos 1910 a 20. Eu tento fazer relações subjetivas por causa do nome da minha Avó – o nome dela era Florência. nome tipicamente italiano, certo? Então possivelmente foi para manter alguma estrutura de nomes de acordo com a ascedência, vinculos vivídos.
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Olá, Felipe. Candido e Florencia eram nomes frequentes. Tenho 17 mulheres de nome Florencia nascidas no século XIX, todas brasileiras, nenhuma filha de Candido. Com o nome Candido, entre os 149 que encontrei não há o segundo nome ou sobrenome Sabino.
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Muito interessante ver a história da minha família. Obrigado, pesquisadora Nilza cantoni , pelo belo trabalho.
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Olá, Paulo. Obrigada pela apoio.
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Procuro o registro de nascimento ou batistério de Heitor Saviolo , filho de imigrante italiano nascido em 13 de dezembro de 1909 , em 1932 ele se casou , porém não existe na Igreja de Angustura seu batistério.
Acredito que ele nasceu na época , como não existiam Distritos , neste local.
Grata Maria
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Maria: não entendi o que você quer dizer com “não existiam Distritos” porque o Distrito de Madre de Deus do Angu, atual Angustura, foi criado em 1841.
Se o batismo não foi encontrado na Igreja de Angustura, sugiro procurar nas imediações. Em alguns casos nós observamos que o acesso para uma Paróquia de distrito vizinho era mais fácil do que a do próprio distrito.
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Olá. Busco informações da história dos meus antepassados q viveram aí. Família policiano talvez estejam entre esses imigrantes italianos? Talvez a grafia agora foi mudada da original? Sabe de algo ou onde posso encontrar informações?
Grata
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Luana: não temos informação de origem italiana da família Policiano.
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