Expedicionários Leopoldinenses: de Aristides a Derneval

A viagem continua e o Trem recolhe a história de mais três Expedicionários Leopoldinenses: Aristides, Celso e Derneval.

06 – ARISTIDES JOSÉ DA SILVA, segundo Henrique Pinto(1) foi o soldado 1G 271.466, do 1º RI, era natural de Leopoldina e faleceu aos 29.11.45, em Bombiana, Itália. Pelos arquivos da ANVFEB, Aristides, embarcou para a Itália em 22.09.44 com o 1º RI e ficou fora de combate a partir de 24.01.45. O pesquisador Aluízio de Barros(2) registra que Aristides era filho de Antonio José e Inês Francisca e que foi agraciado com as Medalhas de Campanha, Sangue do Brasil e Cruz de Combate de 2ª Classe. Mascarenhas de Moraes(3) o relaciona como um dos 457 mortos e extraviados na campanha da Itália.

Cemitério da FEB na Italia

07 – CELSO BOTELHO CAPDEVILLE, Segundo a ANVFEB, o soldado 1G 295.026 embarcou para a Itália com o 11º RI em 22.09.44 e retornou com o mesmo Regimento em 22.08.45. Gentil Palhares(4) o relaciona como soldado da Cia de Serviços do 11º RI.

Sobre sua vida fora do quartel apurou-se que em 1967 era gerente de agência da Caixa Econômica Federal na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Pela Portaria(5) do Ministério da Fazenda, nº 663, de 13.10.67 foi transferido para agência Visconde de Itaboraí, no centro da cidade, no mesmo cargo.

Apurou-se que(6) nasceu(8) no dia 25 de abril de 1921, filho de Nestor Capdeville e Luisa Hermínia Botelho. Neto paterno do francês Batista Capdeville e de Maria Albuquerque, sendo esta filha de José Antonio Albuquerque e Patrocínia Maria Conceição, Celso era neto materno de Luiz Botelho Falcão e de Emilia Antunes.

Celso casou-se com Elza Guimarães Antunes(8) no dia 14 de novembro de 1941,no Rio de Janeiro e com ela teve duas filhas: Luísa Hermínia e Ângela. Elza era filha de Antonio Bento Antunes e Djanira Reiff Guimarães, nascida em Recreio no dia 1 de agosto de 1901.

08 – DERNEVAL VARGAS Aparece em todas as relações de expedicionários leopoldinenses, talvez por ter sido um dos que mais lutaram, na cidade, pelos interesses dos colegas de farda. Inclusive, segundo o Sr. Pedro Medeiros, foi um dos que lutaram por dar nome à Avenida dos Expedicionários por ter sido ali o caminho, pelo Trem da Leopoldina, por onde os Expedicionários partiram e retornaram para Leopoldina.

Segundo os arquivos da ANVFEB, o cabo 1G 262.664 embarcou para a Itália com o 1º RI em 22.09.44 e retornou com o mesmo Regimento em 22.08.45.

Derneval nasceu a 13.02.1921. Era filho de João Vargas Corrêa Filho (Janjão) e Ilarina Machado Gouvêa. Neto paterno de João de Vargas Corrêa e Altina Maria Vargas. Por esta linha descendia de um dos casais pioneiros de Leopoldina: Francisco de Vargas Corrêa e Venância Esméria de Jesus. Seu bisavô paterno era filho de Francisco de Vargas e de Teresa Maria de Jesus. Sua avó era filha de outro pioneiro, Antônio Rodrigues Gomes Filho e Rita Esméria de Jesus, ele, filho de Antônio Rodrigues Gomes e Jacinta Rosa de Jesus e ela filha do “comendador” Manoel Antônio de Almeida e Rita Esméria de Jesus. Neto materno de José Vital de Oliveira e Mariana Custódia de Moraes, ele filho de Luiz José Gonzaga de Gouvêa e Maria Carolina de Moraes e Mariana filha de João José Machado e Ana Venância da Silva. Casou-se com Maria Auxiliadora Machado Vargas, nascida em 04.09.26 e falecida em 26.01.91, com quem teve sete filhos. Derneval faleceu em 15.02.1985. Foi Avaliador Judicial, comerciante, delegado de polícia e participou da vida social de Leopoldina.

Hoje Derneval empresta seu nome ao logradouro que fica no entroncamento das ruas Nilo Colona dos Santos, Dário Lopes Faria e Clóvis Salgado Gama, no bairro São Cristóvão.

Por hoje o Trem de História fica por aqui. Mas no próximo número tem mais. Até lá.

Notas

(1) PINTO, Henrique de Moura Paula. Lista detalhada dos Mortos da F.E.B na Campanha da Itália. Publicado em 15 jul. 2012. Disponível em <http://henriquemppfeb.blogspot.com.br/2012/07/lista-detalhada-dos-mortos-da-feb-na.html&gt;. Acesso em 22 jul. 12.

(2) BARROS, Aluízio de.  Expedicionários Sacrificados na Campanha da Itália. Rio de Janeiro: Bruno Buccini,  1955. p.89.

(3) MORAES, J. B. Mascarenhas de. A FEB pelo seu Comandante. 2.ed. Rio de Janeiro: Bibliex, 1960. p. 333.

(4) PALHARES, Gentil Palhares. De São João Del Rei ao Vale do Pó. Rio de Janeiro: Bibliex, 1957. p.464.

(5) MINISTÉRIO da Fazenda. Portaria nr 663 de 13 out 1967. Diário Oficial, seção I, parte II, ano X, nr. 8, 18 jun 1959, p. 49. Disponível em <http://www.jusbrasil.com.br/diarios/2794353/pg-49-secao-1-diario-oficial-da-uniao-dou-de-11-01-1968&gt;. Acesso em 01 jan. 15.

(6) ALBUQUERQUE, Pedro Wilson Carrano. Os Albuquerques de Angustura. Publicado em 02 julho 2000. Disponível em <www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=232&cat=Ensaios>. Acesso em 29 jan. 15.

(7) RODRIGUES, José Luiz Machado e CANTONI, Nilza. Nossas Ruas, Nossa Gente. Rio de Janeiro: particular, 2004. p.63.

(8) Após a publicação desta coluna, recebemos informações complementares de Pedro Wilson Carrano Albuquerque que foram acrescidas nesta edição virtual.

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA
Publicado no jornal Leopoldinense de 1 de julho de 2015

Expedicionários Leopoldinenses – Adilon Machado

A relação dos expedicionários leopoldinenses, conforme ficou dito na edição anterior, reúne os que participaram da Segunda Guerra Mundial, seja nos campos da Itália ou no patrulhamento da costa brasileira onde morreram mais brasileiros do que nos campos europeus.

O Trem de História de hoje começa a contar um pouco sobre a vida de alguns combatentes sem qualquer pretensão de fazer apologia à Guerra ou, julgar se ela foi justa ou injusta. Pretende, unicamente, falar do cidadão que foi uniformizado e mandado para a frente de defesa ou ataque. E que em muitos casos não voltou ou trouxe consigo as mazelas de uma guerra. Este cidadão que perdeu parte de sua juventude lutando contra um inimigo que não era seu, mas de seu país, é o foco da pesquisa.

Quando nada para que as gerações futuras possam contar aos mais novos, sem amarras ideológicas, que um dia o Brasil, num determinado contexto político e governamental, se envolveu num conflito mundial e, sem grandes recursos e prática (1), juntou civis e militares para criar a Força Expedicionária Brasileira que cuidaria de defender o território nacional. Nas unidades militares então formadas estavam 2947 mineiros (2) e destes, pelo menos mais de três dezenas eram leopoldinenses. Conterrâneos que num passado não muito distante lutaram e alguns morreram pelo país e, hoje, setenta anos depois, a cidade pouco se lembra deles.

Foram inicialmente considerados os nomes citados por Kléber Pinto de Almeida (3), os constantes no monumento existente na Avenida dos Expedicionários, no Bairro Bela Vista, em Leopoldina, e os pesquisados por alunos da Escola Estadual Luiz Salgado Lima (4).

A partir destas três listagens foram consultadas outras fontes, sendo fundamentais as informações colhidas na imprensa periódica da época do conflito, bem como nos arquivos da Associação dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira – ANVFEB, unidade de Juiz de Fora, MG e em alguns arquivos de familiares.

O primeiro da relação é ADILON MACHADO.

Um nome que aparece na relação do monumento na Avenida dos Expedicionários como Odilon Machado. No trabalho dos alunos da Escola Estadual Luiz Salgado Lima (4) ele consta como sendo Adilson Machado.

Adilon nasceu a 23.05.1919 e faleceu no dia 26.10.2001, em Leopoldina. Era filho de Francisco Custódio Machado e Rita Morais Machado e casou-se com Odete (5) Werneck de Souza, natural de Dona Euzébia (MG), filha de Américo Werneck de Souza e Maria Madalena Pinto. Adilon e Odete foram pais de Francisco de Assis, Lúcia Maria, Adilson, Rita Maria, Antonio Carlos, Sebastião Celso, Alchindar, Edilson e José Renê.

Por certidão (6) de 30.07.85 verifica-se que Adilon foi incorporado ao Exército em 01.03.41 e excluído em 22 de novembro do mesmo ano. Foi reincluído por convocação de 10.04.43 e atuou na proteção da costa brasileira a bordo do navio Itaquera, entre o porto do Rio de Janeiro e Caravelas, na Bahia, tendo participado efetivamente de operações bélicas até 21.10.43. Em 15.03.92 recebeu o diploma da Associação dos Ex-Combatentes do Brasil, em Juiz de Fora (MG).

Segundo informe da Prefeitura (7) Adilon Machado empresta seu nome ao Centro Municipal de Educação Infantil – CEMEI no distrito de Ribeiro Junqueira, onde foi produtor rural e residiu durante toda a sua vida.

Notas

(1) MIRANDA, Francisco. 70 Anos da Tomada de Monte Castelo. A Batalha que Euclides da Cunha não viu. Disponível em <https://chicomiranda.wordpress.com/tag/soldados-brasileiros&gt;. Acesso em 01 jan. 2015.

(2) MORAES, J. B. Mascarenhas de. A FEB pelo seu Comandante. 2.ed. Rio de Janeiro: Bibliex, 1960. p. 401.

(3) ALMEIDA, Kléber Pinto de. Leopoldina de todos os tempos. Belo Horizonte: s.n., 2002. p.101

(4) PEREIRA, Rodolfo. Leopoldinenses na FEB (1943-1945). Publicado em 20 nov. 2013. Disponível em <http://www.acropolemg.blogspot.com.br/search/label/FEB&gt;. Acesso em 08 mar. 15.

(5) PAMPLONA, Nelson V. A Família Werneck. Rio de Janeiro, particular, 2010. p.122

(6) Ministério do Exército, Certidão do Departamento Geral do Pessoal, Diretoria de Cadastro e Avaliação.

(7) OLIVEIRA, Paloma Rezende de. História das Escolas – Leopoldina – Trajetórias e memórias das instituições escolares de Leopoldina/MG. Disponível em <http://historia-das-escolas-de-leopoldi.webnode.com/products/cemei-adilon-machado/&gt;. Acesso em 08 mar. 15.

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA
Publicado no jornal Leopoldinense de 1 de junho de 2015