Na edição do dia 12 de março de 1899 do jornal O Arame, página 3, encontramos a divulgação de um telegrama enviado pelo sacristão de Conceição da Boa Vista para o Vigário, em Leopoldina, informando que o Padre Prudêncio fora envenenado e que teria sido pelo vinho na missa do dia.
Na edição seguinte, número 16 do dia 19 de março do mesmo ano, na página 2 encontra-se o relato do crime em coluna com o título Mostruoso Crime.
“Na ocasião da missa, tendo bebido o vinho, o Padre Prudencio sentiu-se mal; fazendo um esforço, conseguiu terminar o ofício divino, caindo nessa ocasião, com todos os sintomas de envenenamento.Amparado por algumas pessoas presentes, foi chamado logo u medico – o Dr. Octaviano Costa – que não teve dificuldades em constatar o envenenamento pela estricnina, não só pelos simtomas que apresentavo o doente, como porque examinando o cálice, ainda encontrou parte da substância venenosa não dissolvida.Por alguma providencial circunstância, pela precipitação talvez, falhou a obra da perversidade. Socorrido com prontidão e energia, o digno sacerdote, depois de algumas horas de sofrimentos, foi considerado livre do perigo.O Dr. Octaviano Costa – secundado por dois outros distintos clínicos, fez logo experiências com o tal vinho, procedendo a infeções em um coleho e um cachorro, sendo estes animais vitimados com os sintomas de envenenamento pela estricnina.Segundo consta, em Conceição e Recreio a voz pública indigita claramente o nome do autor deste monstruoso crime, pessoa que – aliás – até aquela data gozava de alguma simpatia entre a população.Quanto a nós, o que sabemos e que tem respondido no inquérito feito pelo digno sr. delegado de Polícia, o padre Cetrangulo, que até há pouco exercia o lugar de vigário daquela paróquia, do qual foi demitido pelo Revdmo. Pastor desta diocese.Sabemos também que já tem deposto no inquérito algumas testemunhas, porém não nos consta que tenha sido expedida nenhuma ordem de prisão.É o que podemos informar.”
A próxima e última notícia que encontramos sobre o episódio foi a do número 17 do mesmo jornal, edição do dia 30 de março de 1899:
“na noite do dia em que fora publicada a notícia acima, o padre Miguel Angelo Cetrangulo, alvo já da opinião pública que o apontava ocmo autor do repulsivo delito, e contra quem a autoridade policial já havia colhido provas no inquérito, tentou escapar-se planejando uma viagem à meia noite.
A autoridade policial, porém, estava alerta e quando o fugitivo ia a montar a calo, foi preso e recolhido à cadeia desta cidade, sendo contra ele lavrada ordem de prisão preventiva, concedida pelo digno Juiz Substituto”.
O que terá acontecido com o Padre Cetrangulo? Se alguém souber alguma coisa a respeito, por favor, escreva-nos.
Em 2019 descobrimos que o Padre Cetrangulo assumiu a paróquia de Tombos, onde atuava na primeira década de 1900.
Li a respeito em jornal da época guardado no Arquivo Público Mineiro. O fato era muito comentado em Recreio na primeira metade da década de 1950, quando lá eu residia
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Pois é, Pedro Carrano. A primeira vez que ouvi falar no assunto achei que seria lenda. Depois encontrei o assunto no jornal e, pouco depois, descobri que o acusado se transferiu para Tombos do Carangola, sendo pároco local até, pelo menos, 1904.
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