Resumo histórico sobre a Colônia Agrícola da Constança

O jornal Leopoldinense lançará um caderno especial sobre a Colônia Agrícola da Constança, para marcar o centenário em abril de 2010. O encarte circulará na edição de 01.04 e conterá um resumo dos estudos de Luja Machado e Nilza Cantoni. Também participarão o jornalista e historiador Julio Vanni e a professora e historiadora Rosalina Pinto Moreira, com textos alusivos ao evento.
Ontem, em seu programa matutino na Rádio Jornal, o editor do Leopoldinense falou sobre o centenário e conversou com os ouvintes sobre o assunto durante cerca de 20 minutos. A repercussão demonstra que os leopoldinenses estão ansiosos pela realização de um evento comemorativo.

A Origem da Fazenda Constança

Um leitor nos pergunta se o nome dado à Colônia Agrícola instalada em Leopoldina, em 1910, é homenagem a uma determinada pessoa. Sugerimos a leitura de duas de nossas colunas recentes, no jornal Leopoldinense, em 1 de outubro e 16 de outubro, nas quais historiamos a origem da Fazenda Constança. Nestes textos explicamos que a Colônia tem o nome de uma das antigas propriedades que a constituíram.

Criação da Colônia Agrícola da Constança

O surgimento de uma instituição produz reflexos na sociedade onde se insere, antes e depois de sua criação. Segundo Jacques Le Goff, em Reflexões sobre a História

“a profundidade histórica de uma mudança se prefigura antes e para além do acontecimento”.

Analisando as modificações ocorridas em Leopoldina, percebemos que não foi a criação da Colônia Agrícola da Constança que as produziu, mas que a sociedade encontrava-se num estágio tal que demandava mudanças estruturais, resultando no surgimento daquele núcleo. Portanto, tivemos oportunidade de verificar o que este pensador francês ensinou ao declarar que o acontecimento não cria a mudança, apenas a evidencia.

A História nos Meios de Comunicação

Em entrevista concedida a Francesco Maiello, publicada sob o título Intervista Sulla Storia em 1982, Jacques Le Goff manifesta uma opinião interessante. Segundo ele,

Até há não muito tempo o historiador universitário julgava praticamente indigno, se não mesmo imoral, divulgar as suas ideias, particularmente através da televisão. Esta era considerada uma prática embrutecedora. 

A declaração veio logo após ter dito que

a história não poderá manter uma qualquer função no âmbito da ciência e da sociedade se os historiadores não souberem por-se em dia no que se refere aos novos meios de comunicação de massa. 

A lembrança deste trecho surgiu após conversa com coordenadora de uma faculdade, a qual declarou que uma série apresentada há algum tempo em rede de televisão de grande audiência, tendo como protagonista o jornalista Eduardo Bueno, não têm credibilidade por não ter sido produzida dentro de uma universidade. Não cabe, aqui, discutir a fragilidade de tal argumento. Entretanto, acreditamos que posturas deste gênero estejam na origem do distanciamento que se observa entre o que é produzido na academia e o que é consumido pelo público. Parece-nos incoerente construir conhecimento para ficar restrito ao ambiente universitário.

Umberto Eco, em Como se faz uma Tese, chama a atenção para a “universidade de massa, que transforma o aluno em pesquisador por obrigação para ascender profissionalmente”. E declara que escrever uma tese “é um exercício de comunicação que presume a existência de um público”.

Adaptando as palavras destes dois téoricos ao estudo que vimos realizando há 15 anos, podemos declarar que nosso objetivo é falar de perto ao público em geral, é contar o que descobrimos sobre um aspecto importante da história de Leopoldina. E contribuir para que este conhecimento chegue aos moradores da cidade e a todos os que se interessem pelo assunto. Sendo assim, o nosso meio ideal de divulgação é a rede mundial de computadores. Construir este conhecimento com a colaboração de nossos leitores, com quem trocamos impressões desde que o primeiro site foi ao ar em 1997, tem sido a nossa meta. Que esperamos estar cumprindo a contento.

Como funcionava a Colônia Agrícola da Constança