Cartas como Fonte de Pesquisa

Frequentemente recebemos consulta de leitores sobre as fontes que utilizamos em nosso trabalho. Na maioria dos casos, o interesse é por documentos que esclareçam a composição de uma família e, principalmente, o local de nascimento. Entretanto, há diversas perguntas sobre a melhor maneira de recuperar outras informações. Na medida do possível, indicamos material publicado que permita ao leitor aproximar-se do universo em que viveu o personagem em questão.

Para nós, todo tipo de informação é importante na composição do perfil dos imigrantes que viveram em Leopoldina. A dedicatória no verso de uma fotografia descortina uma relação de amizade ou parentesco, por exemplo. E, claro, a própria imagem fixada pode nos dizer muito mais do que os traços físicos. De modo geral, temos mais interesse por quem foi o imigrante do que exatamente pela sua aparência física.

Sem a colaboração dos descendentes nosso trabalho seria bem mais difícil. Por isto as visitas pessoais aos familiares mais velhos é sempre um grande prazer. Mas nem sempre isto é possível e atualmente, com maior facilidade de comunicação, podemos conseguir muito através de um e-mail.

Foi o que aconteceu, por exemplo, a partir da troca de mensagens com um descendente de Braz/Biase Arleo. Além de fotografia, Antonio nos forneceu cópia de algumas cartas que nos ajudaram a conhecer um pouco mais sobre este italiano de Maratea que morou em Vista Alegre, Conceição da Boa Vista, Cisneiros e Itapiruçu. Pois numa das cartas fornecidas pelo Antonio encontramos uma expressão interessante: “encomenda sem dinheiro fica no Rio de Janeiro”. Braz/Biase demonstrou, por estas palavras, sua perfeita adaptação aos costumes da região.

Dada a proximidade da capital do país, o comércio e o consumo locais eram mediados pela importação de bens encontráveis naquela praça. E o dito popular tornou-se corrente em função do antigo hábito de pedir ao viajante para trazer determinado item, sem contudo dar dinheiro para a aquisição. Ao escrever para seu filho, que residia no meio norte da zona da mata mineira, Braz pediu um produto e acertou a forma de pagamento, citando a expressão destacada.

Pelo menos um dos filhos de Braz Arleo foi batizado em Leopoldina, levando-nos a crer que inicialmente viveu no distrito de Ribeiro Junqueira. Em 1896 este italiano é citado como contribuinte de impostos municipais em Leopoldina, relativos à taxa escolar e a uma casa de negócio denominada Braz Arlego & Cia. Considerando que Vista Alegre, distrito de Cataguases, antigamente denominava também uma parte do território da margem direita do rio Pomba, que permaneceu como território de Leopoldina após a emancipação de Cataguases, é possível que a família Arleo tenha vivido naquele lado, hoje distrito de Ribeiro Junqueira. Além disso, o distrito de Conceição da Boa Vista, hoje município de Recreio, foi subordinado a Leopoldina até 1930. E Itapiruçu, hoje distrito de Palma, pertenceu a Leopoldina até pouco antes de Braz Arleo passar ao Brasil.

Os Arleo espalharam-se por diversos municípios mineiros mas também migraram para o Espírito Santo. Embora não haja vínculo direto com a Colônia Agrícola da Constança, é uma família de imigrantes que partilhou da vivência daqueles primeiros anos da Imigração em Leopoldina, que em 2010 completará 130 anos.

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