Historiografia do Sobrenome

Aproximadamente até 1.100 d.C. usava-se apenas um nome para identificar cada indivíduo. Isto ainda acontece entre alguns povos da atualidade. À medida que a população crescia, tornou-se complicado viver numa aldeia em que talvez um terço da população tivesse o mesmo primeiro nome.

Os sobrenomes (também chamados de segundo nome ou apelido) surgiram com o objetivo de melhor identificar os indivíduos. As quatro principais fontes para o segundo nome foram: ocupação, localização (chamados toponímicos), característica pessoal ou o nome do pai (os chamados patronímicos). Citaremos alguns exemplos para melhor esclarecer este ponto.

Ocupação: Michael Schuhmacher, o piloto alemão de fórmula 1, cujo sobrenome significa sapateiro.

Toponímico: Winston Churchill, primeiro ministro inglês durante a segunda guerra, tem como sobrenome “igreja da colina”.

Característica Pessoal: Paulo Delgado, político mineiro, tem o sobrenome originário de uma família espanhola de pessoas magras.

Patronímico: Inúmeros seriam os exemplos a serem citados. Ficaremos apenas com o Rodrigues de origem portuguesa, que significava “filho de Rodrigo”.

Observe-se, entretanto que, para se chegar à origem do sobrenome, é necessário remontar à primeira pessoa que o utilizou e identificar claramente a língua falada na época e local onde tal pessoa residia.

Ao tempo da adoção do segundo nome, passou também a ser utilizada uma informação adicional para melhor identificar as pessoas: o escudo ou brasão de armas. As lutas representam um capítulo constante na história da humanidade. Guerras sempre existiram e os guerreiros estiveram presentes, quer nas pequenas vilas do interior, quer formando a guarda de reis e senhores. Na idade média, os guerreiros usavam uma espécie de capa de metal, as armaduras, a lhes proteger, bem como um capacete também de metal. Desta forma, tornavam-se irreconhecíveis e isto poderia gerar ataque por parte de seus próprios companheiros de batalha. Surgiu assim a necessidade de identificar suas armaduras.

O modo usual de identificação era a pintura nos escudos ou armaduras. Tais pinturas representavam as atividades exercidas pelo grupo de onde eram originários os guerreiros. A presença de plantas ou animais os identificava como agricultores ou criadores de gado, por exemplo.

Mas à medida que a população crescia, surgiu uma nova dificuldade. Os moradores de um mesmo feudo exerciam atividades semelhantes e tinham suas armaduras com pinturas idênticas. Foi então necessário estabelecer bases para o direito de uso de determinados escudos. As famílias mandavam esculpir um modelo do escudo, geralmente em madeira pintada com as mesmas cores das pinturas das armaduras. Tais modelos eram dispostos nas casas dos membros daquela família.

Nos casos em que havia grande disputa pelo direito de uso de determinado escudo, até lutas foram registradas pela história. Em muitos casos, os símbolos foram distribuídos entre os chefes de famílias locais, ficando estabelecido que a unidade entre eles permaneceria representada na cor de fundo. Desta forma, um sobrenome pode ser representado por uma planta típica da região, por um animal domesticado pela família ou por um animal feroz vencido por um dos varões. Posteriormente estes escudos passaram a ser gravados nos “livros de família”, obra realizada por aqueles que ficaram conhecidos como heraldistas, ou especialistas na arte da heráldica.

Assim, de forma bem simplificada, temos a história do nascimento da heráldica, a arte ou ciência que trata dos brasões ou emblemas de família. Nosso interesse no assunto decorre da intenção de conhecermos a história de nossos antepassados.

A ORIGEM DO SOBRENOME

De Philipp I, O Magnânimo, Senhor das terras de Hesse-Kassel, com sua esposa Christine, Princesa da Saxônia, descende Georg I, O Devoto, Senhor das terras de Hesse-Darmstadt. Philipp I nasceu a 13.11.1504 e morreu a 31.03.1567. Christine nasceu a 25.12.1505 e morreu a 15.04.1549. Georg I nasceu a 10.09.1547 e morreu a 07.02.1596.

Também de Philipp I, da união com Margarethe von der Saale, descendem:

  • Philipp, Conde de Dietz, nascido a 12.03.1541 e falecido a 10.06.1569;
  • Hermann, o segundo Conde de Dietz, nascido a 12.02.1542 e falecido a 29.10.1568;
  • Margarethe, Condessa de Dietz, nascida a 15.10.1544 e falecida em 1608;
  • Albrecht, o terceiro Conde de Dietz, nascido a 10.03.1546 e falecido a 03.10.1569;
  • Moritz, o quarto Conde de Dietz, nascido a 08.06.1553 e falecido a 23.01.1575;
  • Ernst, o quinto Conde de Dietz, nascido a 12.08.1554 e falecido a 26.10.1570;
  • Anna, segunda Condessa de Dietz, nascida em 1557 e falecida em janeiro de 1558.

Do casamento de Margarethe a 31.12.1567, com Johann Bernhard, Conde de Eberstein, inicia-se uma vasta descendência com predominância dos nomes Philipp, Johann, Jakob.

Levantamos alguns dados daqueles que permaneceram utilizando o apelido Dietz no decorrer do século XVII. A guerra entre os estados germânicos, que ficou conhecida como Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), reduziu drasticamente a população e acelerou a decadência econômica. O aparecimento da Prússia, iniciado sob o Grande Eleitor (1640-1688) provocou modificações profundas no mapa do poder. Encontramos, no decorrer do século XVIII, usuários agora de sobrenome Dietz e não título de nobreza, os seguintes nomes: Friedrich, Jacob, Johann, Peter e, em maior escala, Philipp.

Nosso Philipp Dietz nasceu numa região limítrofe da Confederação Germânica, estabelecida em 1815. Seu pai, também chamado Philipp Dietz, procede da mesma região.

Para alguns estudiosos, o sobrenome Dietz é classificado como patronímico, no caso originado de um nome começado por “diet” e significa “filho” ou “pessoal” ou “família” de Dietrich em sua grafia medieval. Nos dicionários de sobrenomes podemos encontrar as variações Dietz e Deitz, não contemplando outras grafias adotadas no Brasil.

De acordo com a evolução de nossos estudos, e pelo exposto acima, concluímos pela origem como um sobrenome de localização. O condado de Dietz estava incluído nas terras de Hesse e não encontramos nenhum Dietrich entre os habitantes do lugar. Considerando que “diet” ou “diät” significava forma de exercício de poder, podemos concluir que os nascidos naquela localidade, vivendo sobre um regime específico de governo, eram chamados de Dietz, ou seja, nascidos em “Diet” ou “Diät”.

O SÍMBOLO DIETZ

Foi desenhado por um artista heráldico a partir de informações oficiais registradas em arquivos heráldicos antigos. A documentação pode ser encontrada no Riestap Armorial General.

Recebe o nome Dietz a figura à esquerda: dois leões em jalne (ouro) com unhas e língua em blau (azul) sobre campo em goles (vermelho).

Dependendo da exata localização dos antepassados mais antigos, poderemos encontrar diversas composições heráldicas que incluem o símbolo Dietz. No nosso caso, por serem nossos antepassados originários do Grão Ducado de Hesse, no Darmstadt, descreveremos a composição do símbolo desta região.

A figura de destaque, o leão coroado sobre fundo azul, é o símbolo de Hesse-Darmstadt, que se distingue do de Hesse-Kassel pela ausência do sabre presente neste último.

Do lado esquerdo, o primeiro símbolo, uma cruz vermelha sobre fundo branco, é o de nome Hirschfeld. O segundo, Katzenellenbogen, um leão de pé voltado para a esquerda. Em seguida, Nidda, estrelas brancas sobre faixa preta, em fundo amarelo. O símbolo do canto inferior esquerdo é de Holstein.

No lado direito, canto superior, Ziegenhayn, uma estrela multifacetada, também sobre faixa preta e fundo amarelo. Abaixo dele, o símbolo Dietz. A figura seguinte foi utilizada por diversas famílias, não tendo ainda sido identificada a família mais antiga que a utilizou. No canto inferior direito temos o símbolo Isenbourg.

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