121 – Imigrantes Italianos em Leopoldina – O início do estudo

Hoje o Trem de História inicia uma nova viagem, em cuja estação de embarque são recolhidas informações publicadas pelos autores nos últimos vinte anos, as quais servirão de guia para uma nova série de artigos.

Sabe-se que pesquisar é buscar resposta para uma questão que surge no contato com um tema. De modo geral, o processo tem início quando, ao procurar conhecimento sobre um assunto, o leitor se sente atraído por um aspecto não abordado nas obras disponíveis. No caso de pesquisas historiográficas relativas ao resgate da memória de uma cidade, como é o caso deste trabalho sobre a imigração em Leopoldina, isto se torna mais claro por não sido encontrada uma fonte suficiente para esclarecer o assunto.

A convivência com descendentes de naturais de outros países que aqui se estabeleceram desde o século XIX, acrescida mais tarde da pesquisa em fontes documentais, da leitura de obras sobre o tema e de entrevistas com descendentes e especialistas, resultou numa parceria que vem produzindo diversos trabalhos, seja para publicar no jornal da cidade ou para apresentação em seminários.

Um deles foi “A Imigração em Leopoldina vista através dos Assentos Paroquiais de Matrimônio”, cuja primeira versão data de 1999. Nele ficou demonstrado que 10% dos noivos que se casaram em Leopoldina no período de 1890 a 1930 eram imigrantes, sendo 9% italianos e os demais vieram de Portugal, Espanha, Síria, Açores, França, Ilhas Canárias e Egito.

Registre-se que, num primeiro momento, parte destes casais ficou sem definição do país de origem. Mais tarde, através de assentos paroquiais de batismo, foi acrescentada a origem germânica de alguns casais que aqui viviam no período.

Naturalmente, uma questão se impôs logo no início da pesquisa: quem eram aqueles imigrantes? Questão que se tornou a justificativa primeira para realizar a busca delineada.

Embora o senso comum reconheça que o centro urbano é habitado por grande número de descendentes de italianos, eram desconhecidas iniciativas de valorização de tal comunidade. A exceção era a representação anual na Feira da Paz, evento dos clubes de serviço com atividades festivas de congraçamento.

Assim, logo se viu que a busca por informações se mostrava infrutífera, já que as pessoas consultadas nada sabiam sobre a chegada dos primeiros imigrantes nem sobre a trajetória das famílias. Mas para quem já se dedicava há tantos anos a buscar conhecimento sobre Leopoldina, uma certeza já se fixara ali.

Sabia-se que a ordenação de informações resultaria em benefício para os moradores, na medida em que conhecer a própria origem dá ao ser humano a oportunidade de reconhecer-se no tempo e no espaço, realimentando sua própria identidade e abrindo um novo olhar para o mundo.

Sendo assim, ficou decidido que seria feita uma análise daquela sociedade a partir de um de seus elementos constitutivos – os imigrantes, com o objetivo de oferecer aos conterrâneos uma informação cultural até então pouco discutida, qual seja o reconhecimento da presença dos descendentes em todas as atividades locais.

Ao ser esboçado o projeto, foi feito um levantamento das fontes passíveis de serem consultadas. Decidiu-se que os dados obtidos no levantamento dos livros paroquiais seriam comparados com os registros de entrada de estrangeiros; processos de registro dos que viviam no município por ocasião do Decreto 3010 de 1938 [1]; livros de sepultamento; pagamento de impostos e tributos municipais; escrituras de compra e venda de imóveis; e notícias na imprensa periódica.

Como se sabe, é fundamental estabelecer um recorte temporal para tornar viável o empreendimento, bem como o objetivo da pesquisa. No caso em pauta, por ser um primeiro trabalho sobre o universo estudado, era aconselhável restringir também o número de pessoas a serem estudadas. Entretanto, levantou-se a hipótese de variações em torno da lista de nomes identificados nos livros paroquiais. E em razão disto ficou estabelecido que seriam acrescentados os nomes que surgissem nos demais documentos disponíveis e que a citação em mais de uma fonte seria tomada como base para o reconhecimento do imigrante como residente em Leopoldina. Determinou-se, a partir daí, que o período de análise corresponderia à segunda fase da história de Leopoldina, o que se verá nos artigos seguintes.

Por hoje, com os cumprimentos às centenas de descendentes de italianos que vivem em Leopoldina, pela passagem do Dia Nacional do Imigrante Italiano no próximo dia 21, o Trem de História dá uma parada para embarque da carga que seguirá viagem na próxima edição do jornal. Até lá!


Nota 1 – Este Decreto, promulgado por Getúlio Vargas, determinava que todo imigrante residente em território nacional deveria preencher um requerimento a ser encaminhando para controle pelo Departamento de Polícia Marítima, Aérea e de Fronteiras, com dados de identificação pessoal e de sua imigração.

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA

Publicado na edição 374 no jornal Leopoldinense de 16 de fevereiro de 2019

21 opiniões sobre “121 – Imigrantes Italianos em Leopoldina – O início do estudo”

  1. Olá
    estou tentando saber mais sobre a origem de minha família , meu bisavô paterno se chamava Genuino Cosmo , mas minha vó não sabe se foi registrada em piacatuba e não não sabe me informar nada.

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  2. Boa tarde algum tempo atrás li em um trabalho seu o sobrenome do meu bisavô monfardini na região de Leopoldina gostaria de saber se vc se lembra aonde exatamente vc vou aquele sobrenome pq não acho o nascimento dele no casamento fala que ele era natural de juiz de fora mas não achei nada por lá ,se vc puder me informar agradeço obrigada

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  3. Bom dia, Nilza!

    Há algum tempo tento pesquisar sobre meus antepassados. Procurei em vários cartórios de Leopoldina (dentre eles os de Abaíba e Piacatuba) tentando encontrar a certidão de nascimento de minha avó (lado paterno) Ana Borela Zangirólani – nascida em leopoldina dia 5 de janeiro de 1909 de pais italianos: Luís Zangirólani e Justina Borela Zangirólani.
    Caso possa ajudar-me, agradeço!
    Do lado materno já consegui alguma coisa: bisavós italianos José Baesso e Elisabetta Manzo Bianco. Inclusive vou solicitar Cidadania Italiana com documentos de José Baesso.
    Abraço, Ronaldo Baesso de Oliveira (32-99103-6410)

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    1. Olá Ronaldo: talvez ela não tenha tido registro civil ao nascer e só o fez por ocasião do casamento. Se for este o caso, estará no processo de casamento civil. No casamento religioso consta que teria nascido em Providência mas não encontrei o batismo.

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  4. Boa tarde Nilza. Sou descendente da família Cantoni. Gostaria muito de saber de qual cidade italiana origina meus antepassados Cantoni. Você saberia informar
    algo que possa ajudar-me?

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  5. Olá boa noite estou à procura de informações sobre o ascendente do meu esposo conta- se a história que eram italiano já tenho algumas informações sobre o bisavô dele é o trisavô, mas precisava do casamento do trisavô se foi realizado nessa região de Leopoldina ou batizado, será que tem como ter informações sobre eles? Pedro Jorge de Oliveira filho de Elias Jorge de Oliveira e Carlota Maria de Jesus, fico no aguardo obrigada.

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  6. Olá, estou a procura de uma certidão de casamento do meu bisavô que veio da Itália
    Nome dele era Jose Panza e casou com Maria Rosa da Luz, ambos italianos, você pode me ajudar?

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    1. Ola Jaira. Na certidão de casamento do meu bisavô, que era filho de italiano (sobrenome Finamore), consta que uma das testemunhas foi Jose Panza. Esse casamento aconteceu em 21/01/1893, no distrito de Campo Limpo (atual Ribeiro Junqueira – Leopoldina/MG). Não sei se é a mesma pessoa, mas saber que ele estava vivo nessa data talvez lhe ajude em algo.

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      1. Aproveito a oportunidade para reforçar a pergunta, Jaira: em que época foi realizado o casamento de José Panza com Maria Rosa da Luz? Tenho um Giuseppe Panza em Recreio mas se casou com Elidia Cristina de Castro em 1911. Quando teria nascido o seu José Panza? Em 1918 o Giuseppe Panza vivia no distrito de Angaturama, onde viveram também alguns Finamori, talvez até mesmo o antepassado de Leonardo, já que o distrito de Angaturama faz divisa com Ribeiro Junqueira.

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  7. Gostei dos dados postados, sou Sandro Bonini Escalfoni, vi que ai em Leopoldina a família se instalou.
    Fiquei curioso para saber se existem ainda descendentes dos Bonini por ai.
    Sou de Duque de Caxias, RJ, aqui somos aproximadamente uns 30 da família Bonini.
    Meu Avô José Bonini (falecido) casado com Maria Bermond Bonini (falecida) tiveram ( Joel(falecido), Maria Arlette(falecida), José Carlos(falecido), Luiz(falecido), José Eduardo(falecido), Cesar(falecido), Regina, Liberaci, Hernandes, Neuza).

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