Colônia Agrícola da Constança e Igrejinha da Onça

No artigo anterior o Trem de História falou de opinião e política e terminou prometendo mudar o rumo da viagem no vagão de hoje. A razão para a mudança foi o cansaço. Para quem não é do ramo, política é um tema pesado e cansativo.

Cumprindo o prometido, o Trem de hoje segue por outros trilhos e recolhe cargas da Colônia Agrícola da Constança que completa neste mês de abril seus 105 anos de criação. Já a Capela da Onça comemora o Centenário de inauguração em 2015.

De início é bom lembrar que a Colônia surgiu da combinação de diversos fatores como os econômicos e políticos. Não nos parece possível eleger um deles como proeminente, embora a proibição do tráfico de escravos, que estimulou a busca de alternativas para o aumento da produção agrícola, possa ser tida como importante para o surgimento do núcleo. Principalmente se considerado que a economia da região dependia de um número cada vez maior de trabalhadores e estes não existiam no território nacional.

Começaram a chegar os imigrantes, antes mesmo do fim do regime escravocrata. Algumas fazendas, segundo consta, passaram a contar com escravos e trabalhadores livres em suas terras, até que os primeiros migraram para a periferia da cidade.

Aos poucos surgiram e se propagaram os sistemas de parceria e colonato como reguladores da nova relação de trabalho. E a experiência do Senador Vergueiro, em São Paulo, deve ser considerada como elemento difusor do sistema.

Agregando experiências diversas surgiram, então, as primeiras colônias destinadas a imigrantes estrangeiros, que foram sendo aperfeiçoadas. É evidente que uma instituição, como uma Colônia, não provém de causa isolada. Ela surge, na maioria das vezes, como resultado de diversos fatores que perpassam a vida do grupo social na qual é criada. E as razões que levaram à criação da Colônia Agrícola da Constança não são muito diferentes das demais coirmãs. O estudo sobre ela ainda carece de mais pesquisas, uma vez que os trabalhos realizados até aqui sempre estiveram focados na vida dos colonos que nela se instalaram, motivados pela vontade de conhecer homens e mulheres comuns que viveram na Colônia e nos seus arredores. Gente que tinha muita história para contar e, como sugeriu o filósofo alemão Walter Benjamin, relatadas na medida certa possibilitou “escovar o passado” recoberto com a poeira do tempo e trazer para a luz do sol, a importância da Colônia Agrícola da Constança e dos italianos que constituíram o seu núcleo mais ativo e permanente. De importância tal que fez a cidade contar, em 1911, com um Agente Consular Italiano, o Sr. Angelo Maciello, representante de Sua Majestade Vittorio Emanuelle III, Rei da Itália na época.

Uma Colônia que não era pequena. Pois contava, segundo os relatórios anuais encaminhados pelo Administrador à Secretaria Estadual de Agricultura, inicialmente com 60 lotes demarcados. No ano seguinte, eram 65 e, em 1911, este número aumentou para 68. Lotes devidamente cercados e com uma casa de morada coberta de telhas, vendidos principalmente aos imigrantes que ali passaram a cultivar toda sorte de produtos, a maioria deles para serem comercializados na cidade ou na “venda de secos e molhados”, Casa Timbiras, que ficava na entrada do Bairro Boa Sorte e que se transformou num verdadeiro entreposto comercial para uma vasta região.

E quando se recorda a Colônia e a Venda do Timbiras é forçoso tomar o “Caminho do Imigrante” e chegar à Igrejinha da Onça. “Caminho do Imigrante”, um sonho que ainda persiste de dar este nome à via secundária que liga a Igrejinha à entrada do Bairro Boa Sorte.

Capela de Santo Antônio de Pádua

Igreja de Santo Antonio de Pádua que comemora 100 anos e foi escolhida como símbolo dos estudos sobre o Centenário da Colônia por ser a imagem a que sempre se referiam os entrevistados no curso daquelas pesquisas, quando abordados sobre a vida dos mais antigos. Símbolo a que todos se referiam com um misto de saudade e orgulho.

A capela foi construída com a participação e o trabalho dos habitantes da Colônia e das propriedades das imediações. A escritura pública de compra e venda de uma quarta de terra (12.100 m2), lavrada pelo 2º Ofício de Notas de Leopoldina em 21.08.1912, é testemunha inconteste da influência italiana, pelos sobrenomes dos vendedores e compradores: Jesus Salvador Lomba e sua mulher Maria Magdalena Lomba (Proprietários do lote nº 04 da Colônia). Luciano Borella, Otavio de Angelis, Luigi Giuseppe Farinazzo, Ferdinando Zaninello, Agostino Meneghetti e Fausto Lorenzetto. A compra teve a destinação registrada no livro do Cartório: – “imóvel para nele ser edificada uma Capela consagrada a Santo Antonio de Pádua”.

Terminado este breve passeio pelas lembranças desta parte da zona rural do município, o Trem de História volta ao perímetro urbano para, no próximo número do Jornal, falar de outra data importante para a nossa história, a da emancipação do Feijão Cru como Vila Leopoldina.

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA
Publicado no jornal Leopoldinense de 16 de abril de 2015

4 opiniões sobre “Colônia Agrícola da Constança e Igrejinha da Onça”

  1. Meu nome é Patricia Gollner Coelho. Sou filha de Ivone Albertoni Gollner (+25 de fev. 1933 em Juiz de Fora/MG) e Sylvio Gollner. Minha mãe, Ivone, é filha de Mário Albertoni.
    De acordo com documentos registrados por pesquisa de Nilza Cantoni e postado aqui, tenho que meu avó Mário Albertoni nasceu em 02 de outubro de 1903 na cidade Piacatuba ( seria hoje Tebas? – tenho a certidão de nascimento dele) , Leopoldina/MG.
    E consta que Mário Albertoni é filho de Giacinto Albertoni (nascido na Itália aprox. 1876) e Regina Calzavara ( nascida na Itália aprox 1882), mas na certidão de nascimento do Mário Albertoni os nomes e sobrenomes estão registrado como Jacintho Albertone e Regina Cassavaro.
    Consta tambem que os avós paternos de Mario são Catharino Albertone e Regina Bescussia e avós maternos (confere com a publicação de Nilza) José Cassavaro ( Giuseppe Angelo Calvazavara) e Anna Cassavara( Anna Maria Scantamburlo). Como visto, há apenas mudança de escrita no nomes e sobrenomes.

    PRECISO COM URGÊNCIA obter informações sobre os avós paternos de Mário Albertoni, ou seja, pais de Giacinto Albertoni. Será que poderiam me ajudar?

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    1. Olá Patrícia: Mário Albertoni nasceu no distrito de Piacatuba, município de Leopoldina. Tebas é outro distrito de Leopoldina onde pode ter sido feito o registro civil de nascimento.
      A diferença de grafia decorre de procedimento metodológico de nossa pesquisa, para a qual estabelecemos que seria utilizada a forma encontrada na fonte documental mais antiga para que todos apareçam reunidos no mesmo grupo familiar no banco de dados.
      Os avós paternos de Mário foram Catterino Albertoni e Regina Bassato, grafias conforme o óbito de Catterino.

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  2. Bom dia, gostaria de saber se existem algum registro da família SCAFFA nessa região. eu encontrei um registro de matrimônio de João SCAFFA na Paróquia de Rosário. Se alguém possuir alguma informação, agradecemos bastante.

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    1. Ariade: em nossas buscas encontramos em Leopoldina o casamento religioso de Carmela Scafa em 1912, no qual consta que era filha de Antonio Scafa e Maria Luizini. Não encontramos o desembarque desta família. Talvez seja a família Scafidi que chegou em junho de 1896, composta de Scafidi, Antonino, 31 anos; Rosalia, 44 anos, mulher; Carmela, 11 anos, filha

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