Pioneiros de Conceição da Boa Vista

Quando nos dedicamos ao estudo das famílias pioneiras de nossa região, corremos o risco de buscar um modelo único, pessoas que se assemelhem por um conjunto de elementos que estariam presentes na vida da comunidade como um todo. Mas tal simplificação é impossível. O ser humano é sempre único em suas características pessoais e acreditamos que na multiplicidade está a riqueza maior.Por esta razão, estabelecemos um desafio para nossos estudos: investigar o que for possível sobre a trajetória das pessoas que, ao se transferirem para a nossa região, construíram uma identidade coletiva especial, legando-nos um passado específico, só nosso, que se comunica com a história de outros lugares e ao mesmo tempo deles nos distingue.

Não temos a pretensão de construir um trabalho de grandeza inquestionável. Pelo contrário, queremos apenas reunir, aqui neste blog, o que nos foi possível apurar até então. Através da vida de nossos antepassados, buscamos vislumbrar um pouco da generalidade e da singularidade, das demandas e contingências que os afetaram e que, por isto mesmo, são as colunas de sustentação da nossa história.

Muitos são os nomes de pioneiros esquecidos. A distância no tempo apagou memórias familiares. Nos tempos atuais já não cultivamos o agradável “proseado” com nossos parentes mais velhos. E perdemos, assim, a oportunidade de ouvir os “causos” deliciosos que os narradores mais antigos mantinham vivos pela oralidade.

Pesquisando a documentação ainda existente, descobrimos nomes de pessoas que desbravaram a serra dos Monos, abriram áreas de cultivo nas nascentes de nossos ribeirões, decidiram a rota dos caminhos que foram abertos e mais tarde, quando as bases da povoação já estavam bem definidas, provavelmente afastaram-se da vida pública e seus nomes caíram no esquecimento.

Como terá sido, por exemplo, a família que recebeu o número 71 no Mapa de Habitantes de 1838? Sabemos apenas que era chefiada por Ana Joaquina, mulher solteira, de 30 anos, que vivia com os filhos Francisca, Manoel, Lucinda e Laura.O pai das crianças seria um tropeiro que passava tanto tempo longe de casa a ponto de não ser computado entre os moradores locais? Ou seriam nativos? Mas como, se a história nos diz que os índios viviam agrupados, em formações familiares diferentes das famílias nucleares que habitualmente conhecemos?

E a família número 75, chefiada por Antonio Valentim, casado, 32 anos? O Mapa de Habitantes informa que ele era casado com Tereza Maria de 20 anos em 1838. Com o casal vivia o filho João, de 1 ano. A mesma casa abrigava também um provável irmão de Antonio chamado Fortunato Valentim, de 26 anos, casado com Luzia Maria, 19 anos. Todos eram lavradores e analfabetos.

Estes são apenas dois exemplos de famílias que sabemos terem habitado o Curato de Nossa Senhora da Conceição da Boa Vista nos pródomos da nossa história. Embora nada mais saibamos sobre eles, decidimos registrar-lhes os nomes como forma de agradecer-lhes por aqui estarem quando o povoamento começou.

10 opiniões sobre “Pioneiros de Conceição da Boa Vista”

  1. Olá Ana Emília, sou Rodrigo Freitas, filho de Ly Freitas.
    Tenho interesse na montagem da árvore genealógica.
    Gostaria de fazer contato com você.
    Tenho alguns dados e documentos do Virgilio Tassara de Padua e respectivo pai, vou conseguir algumas informações novas em Ouro Preto.
    Meu e-mail é rodrigo.almeida.freitas@gmail.com

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  2. Excelente trabalho, parabéns por manter a memória da nossa região e, Parabéns pelo Blog!
    Minha família é de Conceição da Boa Vista, meus famíliares nasceram e estão enterrados lá.
    Bom, notei que o blog de vocês não faz menção à Jerônima Mesquita.
    Jerônima Mesquita (Leopoldina, MG, 30 de Abril de 1880 – 1972) foi uma enfermeira e líder feminista brasileira . Em sua homenagem, 30 de abril é, no Brasil, o Dia Nacional da Mulher.
    Links sobre ela e a família dela
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Jer%C3%B4nima_Mesquita
    http://sandradeandrade.com.br/?p=3951
    Sou grande fã de Jerônima e fiz grandes pesquisas sobre ela.
    Sobre minha família Tassara, meu avô Licinio Tassara de Pádua era Escrivão, cujo Cartório – Ofício de registro civil e tabelionato de notas – conceição da boa vista, CNPJ: 19.774.330/0001-62 CNS: 04.483-4 – de propriedade – na época da instalação em 12/12/1888 de nossa família.
    Meus pais: Cléo Tassara de Pádua e Rosa Moreira Tassara nasceram e foram enterrados em Conceição da Boa Vista.
    Estou tentando fazer a Árvore Genealógica da nossa família, caso alguém queira participar Agradeço antecipadamente.
    Paz e Bem!

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    1. Olá Ana Emília: obrigada pela gentileza de suas palavras.
      Atualmente há apenas um texto meu, sobre Jerônima Mesquita, disponível no site: http://zip.net/bcrlv7
      Retirei o trabalho completo do ar para fazer uma atualização mas ainda não pude republicá-lo.
      Sobre os Tassara de Pádua, tenho apenas o nascimento (1854) e o segundo casamento(1901) de Virgilio Tassara de Pádua, o casamento das filhas Eunice (1903) e Hilda (1911), e o nascimento do neto Elderico (1913).

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    2. Olá Ana Emilia tudo bom? Aqui quem fala é Gabriela, sou neta do ED Tassara de Padua, pelos seus relatos, o seu pai é irmão do meu avô. Gostaria de entrar em contato com você pois estou em busca de documentos para solicitar cidadania italiana, acredito que talvez você possa me ajudar. Se tiver algum contato de email e puder me passar por aqui. Desde já agradeço.

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  3. Olá, obrigado pela ajuda! Eu encontrei o endereço do Matriz (Praça Pe. Higino Latteck, 166, Recreio, Minas Gerais, Brasil). Seria o mesmo que o da Secretaria?
    Novamente, muito obrigado pelo auxílio.

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  4. Há 11 anos trabalho na genealogia de minha família. Por parte de mãe sou madeirense e por parte de pai fluminense. Recentemente, pesquisando na genealogia deste, topei com uma trisavó que, possivelmente, se casou em Conceição. Este casal (Francisco Zeferino da Silva e Rufina Jacinta da Conceição, casaram por volta de 1880/2), viveram em St. Anto. de Pádua. Pelas histórias que obtive, Rufina foi filha ou neta de suíços (mais genericamente não portugueses). No assento de casamento de seu primogênito (nascido em 1883) consta que este nasceu em Conceição, levando-me crer que ela seria natural desta vila (Francisco foi português). Lendo este post, imagino que vocês poderiam ter alguma informação que pudesse ser meu auxilio ou, ainda, poderiam me indicar como posso acessar os arquivos paroquiais de Conceição? Desde agradeço a atenção. E parabéns pela excelente qualidade informativa do blog.

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    1. Olá Marcelo
      Obrigada pela gentileza de suas palavras. É muito bom saber que meu trabalho agradou a vc.

      Sobre os assentos paroquiais de Conceição da Boa Vista, infelizmente não foram microfilmados. Estão no arquivo da Secretaria Paroquial de Recreio, município ao qual pertence o distrito. Seria necessário telefonar para lá e pedir uma busca.

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