A Imprensa em Leopoldina (MG) entre 1879 e 1899

01 – APRESENTAÇÃO E INÍCIO DA HISTÓRIA

Luja Machado e Nilza Cantoni – Membros da ALLA
Publicado no jornal Leopoldinense de 16 jun 2014

Iniciamos com este, a publicação de alguns textos que pretendemos sejam como um TREM DE HISTÓRIA a levar ao leitor do Jornal Leopoldinense um pouco do passado da cidade. E, numa primeira série de artigos, nossa imaginária Maria Fumaça trará para o público da gare a história da Imprensa em Leopoldina-MG no período de 1879 a 1899.

Isto porque segundo Xavier da Veiga na monumental obra intitulada Efemérides Mineiras, Leopoldina figura entre os municípios mineiros com maior presença da imprensa periódica neste período. E porque no dizer de Maria Beatriz Nizza da Silva, no livro Gazeta do Rio de Janeiro (1808-1822), os jornais são fontes preciosas para o historiador como documento da vida cotidiana, permitindo observar aspectos “que dificilmente se encontram em outra documentação”. Embora não se conheça estudo que discuta o papel desta imprensa em Leopoldina, o município teve bom destaque histórico e econômico na zona da mata mineira, o que por si só justifica explorar as fontes desta história.

Serão textos inéditos, baseados em trabalho de Nilza Cantoni para o curso de pós graduação em História Cultural pela Universidade Gama Filho. Assunto ainda não tratado por estudiosos, aqui será apresentado o resultado de uma investigação que procurou reunir e sintetizar uma abordagem panorâmica, identificando os periódicos existentes no período pesquisado, o público atingido e o papel desses jornais locais na difusão da cultura.

Lembrando que para este trabalho Nilza leu e analisou quinhentas e onze edições de cinco periódicos da época, sendo possível identificar que as matérias tratavam de Administração Pública, Agroindústria, Educação, Escravidão, Imigração, Literatura, Poder Judiciário, Política, Religião, Serviços Públicos, Social, Transportes e Variedades.

No correr dos artigos notará o leitor que foi de fundamental importância a análise de algumas das primeiras edições do pioneiro jornal O Leopoldinense, lançado em 1879. Especialmente matérias que declaravam ser sinal de modernidade a libertação dos escravos, bem como de outras que abordavam a necessidade de melhorar a capacidade de produção agrícola. Leituras que permitiram esboçar um panorama da sociedade da época, despertando para o “estudo de um saber local nos moldes históricos” de que Lynn Hunt, em A Nova História Cultural, trata ao definir o que é a História Local. Donde duas questões se destacaram: saber quais eram os assuntos em pauta no período e de que forma eles eram abordados.

Fato é que, manuseando este rico material, Nilza tirou algumas conclusões interessantes e constatou, por exemplo, que os primeiros jornais de Leopoldina funcionaram muitas vezes como os almanaques da época, os quais formavam uma coletânea de informações que se destinavam a instruir o público leitor a respeito dos mais variados assuntos. Concluiu, ainda, que aqueles periódicos se propunham a atuar na formação de um público leitor que viria a se tornar consumidor de outros jornais e dos livros divulgados nas quartas páginas daqueles periódicos.

Mas para que o leitor também possa tirar as suas próprias conclusões, necessário se faz que a viagem prossiga para descobrir que o município de Leopoldina, situado na zona da mata de Minas Gerais, no final do século XIX contou com diversas publicações periódicas.

Segundo Xavier da Veiga teriam sido dezesseis os jornais que aqui se imprimiram no último quartel dos anos de mil e oitocentos. Entretanto, a pesquisa elevou este número para vinte e um títulos lançados, além de um Almanaque.

E para finalizar o artigo de hoje, é de se destacar que de alguns destes informativos só foram localizadas esparsas referências em outros periódicos ou em literatura. Mas aprimorando-se as buscas, foi possível encontrar edições de doze deles, sendo que alguns no Arquivo Público Mineiro, em Belo Horizonte, outros na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro e ainda outros, na Biblioteca Municipal Luiz Eugênio Botelho e na Casa de Leitura Lya Maria Müller Botelho, em Leopoldina. E aqui é preciso registrar um agradecimento especial aos funcionários da Casa de Leitura, especialmente ao seu diretor Alexandre Moreira, que facilitaram o acesso da pesquisadora à única coleção completa da Gazeta de Leopoldina de que se tem notícia.

No segundo vagão se falará sobre público alvo destes periódicos. Até lá!

Deixe um comentário